segunda-feira, 9 de maio de 2022

Inconsistência do "Tenho medo de comunismo"

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Outro dia num encontro fortuito no meio da rua disparei a conversar sobre eleições com um senhor muito bem-vestido. De cara ele disparou "Meu voto está definido pelo medo que tenho do comunismo e por não concordar com 'certas coisas' que foram alavancadas nos governos anteriores" fazendo um gesto desmunhecado com a mão. Na conversa ele disse que atua no setor de moda, um dos grandes do setor, a marca estava em sua camisa. Indaguei porque não demitia todos possíveis esquerdistas da empresa. "Não, não dá. Se fizer isto vou ter sérios problemas com a empresa". "E se o senhor não concorda com certas coisas por que o senhor não demitiu estes funcionários que praticam ou concordam com certas coisas?" e de olhos quase arregalados ele respondeu "Não dá. Se eu fizer isto eu quebro minha empresa". Seguindo uma boa conversa civilizada fiz a pergunta final: "Bom, e daí, tem um meio termo nesta questão da administração empresarial?". "Tem que ter. Se não tiver não funciona" respondeu rindo. Deixo as mesmas perguntas para os dois lados, os dois extremos desta eleição que fecham questão em pontos que os próprios não sustentam em suas vidas pessoais. Se ter medo quase histérico do incerto não funciona na administração da vida pessoal, numa pequena, média e grande empresa, funcionará na administração de um país? Funcionou? Está funcionando? Dois pesos, duas medidas? 

Recomendo muito o brilhante texto do Leandro Karnal, Re-sentir, publicado neste 08 de maio de 2022 no caderno Cultura do Estadão.  

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