domingo, 31 de julho de 2011

Semáforo novo, CET e o Ministério Público

O Estado de São Paulo
São Paulo Reclama


Mesmo tendo afirmado várias vezes, durante anos, em respostas a cartas publicadas no São Paulo Reclama, que a situação dos pedestres era normal no local e não demandava medidas complementares, foi instalado um semáforo para pedestres na esquina das ruas Ministro Rocha Azevedo com Oscar Freire, o que pode levar a crer em uso indevido de dinheiro público. Afinal, se a situação continua exatamente a mesma, por que a autoridade máxima do trânsito agora instala um semáforo para pedestres numa esquina onde encontra-se duas farmácias e um supermercado? O que se tira desta história é que o Ministério Público deveria pensar em rever sua posição com relação às questões do trânsito; porque ou continua atrelado ao discurso técnico funcional ou decide proteger a vida. É uma escolha difícil, eu sei.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre a morte de outro filho de amigo

O Estado de São Paulo
São Paulo Reclama
É aterrorizante a falta de capacidade de ação e reação da sociedade paulistana em específico, e brasileira no geral. Aconteça o que acontecer aceitamos de cabeça baixa. Só há reação quando o absurdo acontece dentro de casa, com seus muito próximos. Sei do que falo porque desde de 1982 estou no meio de um grupo pequeno de pessoas que busca transformar nossas cidades, em particular São Paulo, em locais que tenham urbanismo e trânsito voltados para a vida. Quem trabalha pela vida sempre ouve comentários que vão do desdém à curiosidade inútil. Só em raríssimos casos, que posso contar nos dedos, vi de parte destes qualquer ação de fato. Somos uma sociedade que sequer consegue enxergar a ponta do nariz.

No começo do ano uma amiga, Myrian Araujo, perdeu, atropelado em circunstâncias ainda não esclarecidas, seu filho mais novo Leonardo Araujo dos Anjos, recém matriculado na FEA USP. Garoto de raríssimo mérito e qualidades. Agora morre atropelado Victor, também um jovem raríssimo, filho de Jairo Gurman, pai de raro cuidado, carinho e amor pelos filhos. Leonardo e Victor, pelo que fizeram em suas breves vidas, são uma perda absurda para este país. Meninos como estes definitivamente não se encontram em qualquer esquina. O Brasil parece ter prazer de jogar no lixo oportunidades valiosas.

Fica aqui meu pedido à comunidade judaica para que tenha uma reação proporcional a perda de Victor e a dor de Jairo. Acredito em vocês porque sempre se mostraram socialmente atuantes. Façam isto por Myrian e todos que perderam seus queridos. Myrian está inserida numa classe média brasileira que infelizmente não tem a educação e, portanto, o hábito de articulação histórico que vocês têm. A morte de Leonardo, como de milhares, infelizmente está a beira do esquecimento. Por favor, ajudem a iniciar a reversão deste socialismo da morte que vivemos hoje. Basta de genocídio!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

UFABC Santo André - a procura de um caminho para minha palestra

Faz mais de uma semana que venho quebrando a cabeça sobre como devo levar a palestra que vou dar na UFABC em Santo André. Talvez mesmo que tivesse informações mais precisas sobre o público que estará presente, que é óbvio que será universitário e estudantil, provavelmente eu continuaria a ter dificuldades em definir a linha da fala. Todas as informações que tenho sobre o meio universitário de hoje não são exatamente as que eu gostaria de ouvir. Todo professor que conheço faz duras críticas ao despreparo, precariedade e em muitos casos a falta de interesse de parte dos alunos. E eu não consigo me livrar da imagem dos bares nos arredores das faculdades cheios de garrafas de cerveja vazias. Ou de alunos que tem que lutar pela sobrevivência e não conseguem ter uma boa formação porque no final do dia estão simplesmente acabados. E finalmente tem aquela tropa dos “se há governo eu sou contra” (não sei por que, mas sou contra!). É um coquetel muito difícil de lidar e hoje só não estou dando aulas por insistentes pedidos de todos estes amigos professores. “Se você tiver oportunidade, faça qualquer outra coisa (que não seja dar aulas)”, me recomendou uma amiga no meio de uma reunião onde só havia professores. Ninguém disse o contrário.

Falar sobre transporte alternativo e bicicletas é cair sempre na mesma, mas este é o tema da palestra e do momento. E vamos lá. A expressão “transporte alternativo” começa a me incomodar. Em cidades onde o trânsito entrou em colapso o que seria transporte alternativo? Alternativo ao que? Ao que está instituído? Ao que uma minoria obriga os cidadãos a usarem? A burrice e bitolação institucional e institucionalizada? Bicicleta é transporte alternativo ou é de fato transporte de massa? Creio que dependa de quem esteja vendo a realidade. Para quem nunca teve interesse em ver a realidade que passa lambendo a ponta do nariz a bicicleta praticamente não existe. Pedestres também não, mesmo que a maioria dos deslocamentos sejam realizados a pé. De fato, dentro de um carro de vidros pretos correndo por uma avenida congestionada, onde o barulho é infernal e as calçadas são praticamente intransitáveis, será difícil ver pedestres. Até porque o motorista não pode tirar o olho dos carros da frente ou vai bater.

Alternativa a esta situação demanda a mudança de mentalidade e com ela uma mudança mais aprofundada de todo funcionamento da cidade. O projeto da cidade que está ai, que vivemos hoje, foi para o lixo há décadas em todo mundo, menos aqui no Brasil. A cereja do bolo foi a inacreditável irresponsabilidade do Lula em ter baixado os impostos para os carros. Foi a socialização do congestionamento e mesmo assim parece que ainda não chegamos sequer ao réquiem de nossas cidades. O brasileiro perdeu a noção do que é cidade e cidadania. Triste. A bem da verdade, não fazemos mais idéia do que seja vida. Nossa cultura é muito voltada para a banalidade da morte.

O tom que se deve dar numa palestra destas é o que vai afinar a orquestra dos alunos. O que se quer deixar para eles? Eu já devo estar na terceira tentativa de construir uma palestra e todos os discursos não me agradaram.

Infelizmente vi uma matéria no SPTV 1ª edição, da Globo, onde apareceu o Jairo, ex-aluno e amigo, falando sobre a morte do filho, amado filho Victor, vítima de atropelamento acontecido no sábado de madrugada na rua Natingui. Esta é segunda vez no ano que falo aqui sobre morte de filhos de amigos. Primeiro Leonardo Araujo dos Anjos, recém matriculado na FEA USP, brilhante menino, com um histórico de fazer inveja. Agora Victor, 24 anos, também com uma história rara para a idade.

http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/cidades/mat/2011/07/28/jovem-atropelado-na-calcada-por-jipe-blindado-em-sp-tem-morte-cerebral-924993742.asp

Infelizmente a morte de Victor me dá o caminho da palestra. Transporte alternativo ao que temos hoje é manter as pessoas vivas ou sem sequelas

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O evento do SESC e minha provocação

O evento “Cidades, bicicletas e o futuro da mobilidade” no SESC Pinheiros acabou sendo melhor do que eu poderia imaginar. Uma semana depois ainda tem gente falando, comentando, elogiando, criticando, o que deixa claro que as falas não caíram no esquecimento. Há quem tenha se decepcionado com o David Byrne, adorado o Eduardo Vasconcelos e até quem tenha falado bem sobre minha participação.

“David Byrne não é um ativista, mas escritor”, alguém retrucou numa espécie de desabafo aos que esperavam um show dele. De fato, o que ele apresentou foi o olhar de um ciclista sobre as cidades, a meu ver interessante porque mostrou slides sobre projetos de urbanistas, alguns alucinantes, completamente desconhecidos pela maioria. É claro que, como artista e cidadão do mundo, e também como ciclista, portanto preocupado com a própria segurança, David acabe formando opinião sobre a questão das mobilidades. É um processo quase que automático, inerente ao trabalho dele, mas daí a ele virar um especialista em cidades e mobilidades vai um longo caminho. David foi importantíssimo pelo público que levou ao SESC, mais de 600 pessoas. Merece nosso agradecimento e desejo de “volte sempre”.

Eu falei logo depois do David, o que não é muito fácil. Felizmente as falas, minha, de Marcelo Branco (Secretário de Transportes), e do Eduardo Vasconcelos (ANTP), acabaram se complementando. Não sei quem me disse antes do evento que o ideal seria que houvesse uma linha entre as falas, e isto aconteceu naturalmente. Para mim foi fantástico, fluido; talvez a melhor mesa da qual eu tenha tomado parte.

O evento só não foi teve repercussão maior porque houve alguma falha na assessoria, do próprio David Byrne ou do evento, não sei ao certo. Um dos trabalhos que a Escola de Bicicleta normalmente realiza é auxiliar a imprensa. Há um grupo de jornalistas que sabe que pode recorrer a nós para conseguir nomes ou caminhos para a boa notícia. E nesta nossa longa experiência nunca tivemos pedidos de socorro tão enfáticos como neste evento. Pedidos de socorro e não de orientação ou ajuda para pauta. Algo não funcionou como devido. Teve quem tivesse ficado irritado com a posição do David, mas pelo que vi acredito que ele sequer tenha sabido o que realmente estava acontecendo. A sensação que me deu, pelo pouco tempo que estivemos juntos no camarim, é que David Byrne é um tanto tímido, agitado (o que todos viram), mas solícito, atencioso. A questão é que o evento tinha muito a ver com a promoção do livro, mais que com mobilidade.

De minha parte fico feliz em ter sido reconhecido na rua por algumas pessoas que estiveram na palestra e gostaram de minha fala. A maturidade me está fazendo muito bem. A cada dia fica mais claro que calma e bom trato social fazem o melhor caminho para chegar onde se quer. Como já escrevi aqui fiz uma fala para “puxar as orelhas” do pessoal. Não é fácil dizer que as coisas estão do jeito que estão porque a população assim quer, e que a maioria não abre a boca para reclamar de melhoras ou do que está errado. Eu adoraria ter o volume de aplausos que o Eduardo Vasconcelos teve, mas já ser aplaudido no final da fala me fez bem.

Um dos blogueiros que estavam lá referiu-se a minha fala como “uma provocação”, o que acho interessante, mas não real. Eu não tenho dúvida que esta barco chamado Brasil está navegando em mar agitadíssimo porque a imensa maioria está em festa e não esta nem ai com nada. Alguns fatos atuais provavelmente levariam a população às ruas em protesto no passado, hoje sequer são motivo de conversa. Outras tantas barbaridades a maioria sequer toma conhecimento por pura falta de interesse. O pior tombo é cair da soberba. Espero que eu esteja errado, mas parece que caminhamos para isto. Há fortes indícios que a coisa não vai bem. Minha fala definitivamente não foi provocação, mas fatos reais que estão ai para quem quiser ler.

Outro fato interessante é que todos que vieram falar sobre o evento perguntaram como se faz para que se organize uma fala da Meli Malatesta, responsável pela questão das bicicletas no Município de São Paulo. Vamos ver como se faz.

domingo, 10 de julho de 2011

David Byrne e o futuro das mobilidades no Brasil

David Byrne está fazendo um giro aqui pela América Latina e aqui em São Paulo, no SESC Pinheiros, vai fazer uma fala dentro da mesa “A bicicleta e o futuro da mobilidade”. Compõe a mesa o Secretário de Transportes do Município de São Paulo Marcelo Branco, Eduardo Vasconcellos da ANTP, e eu, com muita honra. Participar de qualquer mesa sempre é uma honra; nesta em particular é mais que uma honra, é fato interessante.

Há uma grande expectativa que David Byrne, aqui no Brasil mais conhecido por seu trabalho no Talking Heads, venha a encher a casa, ou seja, o teatro do SESC Pinheiros, que não é pequeno. E esta é a questão. David Byrne deve encher o teatro.

Já postei um texto sobre Nova Iorque. Estive lá recentemente e estou até agora um tanto embasbacado com o que vi, muito mais pela comparação imediata que faço com nossa, paulistana, brasileira, inacreditável inércia para transformar, mudar, evoluir, responder às demandas do tempo e principalmente as do futuro. Estive em NY em 1994 e depois não voltei mais. Mas tenho recebido constantemente notícias sobre o que está acontecendo lá com a questão da bicicleta e dos pedestres. Antes de ir havia ficado maravilhado com o vídeo e texto do Sérgio Abranches “Ruas sustentáveis de NY” sobre a transformação da 7ª Av. com a retirada de espaço para os carros para a “invasão” de pedestres e ciclistas no leito da própria avenida. Gente sentada em cadeiras municipais no meio do asfalto, ciclovia, floreiras, mesinhas, tudo usando metade do espaço que antes era do automóvel e trânsito infernal. Fizeram e não resultou num caos, muito pelo contrário. Incrível, fizeram e deu certo. Em NY! Não é mole!

Fui conferir pessoalmente e fiquei pasmo com que vi. (Repito com prazer!) A quantidade de espaço que foi tirada dos carros e passada para pedestres e ciclistas, andando, sentados e distraídos, é muitíssimo maior que eu pudesse sonhar. Como toda vez que alguém ia para lá pedia que entrasse numa bicicletaria e pegasse um mapa das ciclovias, portanto sabia que o processo de mudança está sendo rápido, forte e constante. A malha cicloviária de NY cresceu uma barbaridade nesta última década. Nunca vi números comparativos, mas acredito que seja a maior transformação de todas grandes capitais do mundo, batendo Londres, Barcelona, Paris e outras que a gente tanto ouve falar. Mas a coisa não para por ai porque estão recuperando áreas degradadas por todas os cantos. Há projetos curiosos e muito inteligentes como a transformação de uma linha férrea aérea em bulevar para pedestres junto com toda a área no entorno. Mágico! Mas o que impressiona mesmo é que a cidade está incrivelmente mais leve. É visível que as pessoas estão muito mais leves, felizes. NY está indo para frente, para o futuro. A transformação não se restringe só a estes locais, mas reflete em toda Manhattan. NY é hoje muito agradável, completamente diferente da cidade de 1994 onde não se podia andar em paz nas ruas e cheia de áreas proibidas.

E penso como as coisas acontecem por aqui. A transformação humana de São Paulo é praticamente zero. As cidades brasileiras começam a sofrer as conseqüências da irresponsabilidade daquela tropa pseudo-socialista, com-certeza-sindicalista-populista que comanda o país e que acha e propagandeia que salvou a pátria da crise mundial via carros quase de “grátis”. Lê-se notícias de ex-cidades calmas lá nos cafundós sofrendo com congestionamentos absurdos. Morrem pedestres às pencas, também motoristas, motociclistas, morre todo mundo. Quem se danem! E o transporte coletivo foi para o brejo, investimento pífio, resultados ridículos. Mas a economia foi salva (a maioria acredita) e todo e qualquer um pode ter o conforto de seu próprio carro. A cidade brasileira involuiu incrivelmente num espaço de tempo muito curto. Socialismo puro! O sonho de humanismo é das montadoras.

No SESC Pinheiros minha fala será curta, 10 minutos, e eu terei que me controlar, o que vendo o que vejo no dia a dia é bem difícil. Vou agradecer a presença do David Byrne, do auditório cheio, mostrar fotos do que vi em NY (adoro falar sobre isto - não custa sonhar), falar rapidamente sobre o que deve ser mobilidade, e terminar perguntando quem gostaria de se inscrever para uma possível palestra de Meli Malatesta. (Silêncio.....) Quem é Meli Malatesta? Meli é hoje a responsável pela questão da bicicleta na cidade de São Paulo. É, em última estância, quem manda no pedaço. Sempre que falo isto ela nega, dizendo que as coisas não são bem assim, mas as leis federais que regem a assinatura técnica dizem o contrário. Será que teremos um auditório tão cheio para ver Meli?

Eu não acredito que nós, ditos cidadãos paulistanos (ou qualquer brasileiro), tenhamos interesse em gastar nosso tempo para entender, pensar, discutir e propor um futuro para nós próprios. A mobilidade que existe dentro de cada um de nós vai da casa para o trabalho e volta, e eventualmente para algum lazer. De preferência de carro. Construir uma cidade humana onde as crianças possam andar nas ruas com total liberdade não está em pauta.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sobre as mortes de pedestres em São Paulo e no Brasil

Bom dia Brasil
Rede Globo

Assisto o Bom dia Brasil sempre que posso, pois considero um dos melhores noticiários da TV brasileira. Mas quando trata sobre a questão da violência no trânsito, em especial sobre a questão dos pedestres e ciclistas, o jornalismo da Rede Globo comete o eterno erro básico de pousar a responsabilidade sobre o motorista ou sobre a vítima; esquecendo o fator técnico da via e responsabilidade de seus executores. Infelizmente o jornalismo desta casa parece ter bons ouvidos só para o corpo técnico da CET SP. Não ocorreu ainda que estes técnicos têm grande interesse em defender suas próprias verdades, e que estas mesmas verdades talvez tenham algum problema porque de alguma forma são também responsáveis pelas quase 1.500 mortes / ano (que se repetem há mais de uma década) que temos só no Município de São Paulo. A questão técnica tem, sim, grande influência sobre os índices de acidentalidade. E no comportamento de todos.

Soube que a CET Santos está indo, imediatamente, no local de acidente fatal para verificar todas as condições locais que possam ter influenciado no acidente, o que deveria ser regra para todo e qualquer técnico e órgão responsável de trânsito. Saber olhar a verdade, entender o próprio trabalho, assumir as próprias responsabilidades e corrigir o que está errado, é o caminho para de fato diminuir a barbárie. Foi assim que se construiu os caminhos para um trânsito mais humano em todas as partes do mundo.

Deixo a dica para que a Globo procure entrar em contato com qualquer departamento de trânsito de cidades civilizadas para ver qual a influência das técnicas de trânsito inclusive no comportamento de pedestres e ciclistas. Como a Globo tem filiais recomendo que entre contato com o ITDP (http://www.itdp.org/ - Walter Hook), ou com Michael King em Nova Iorque; e na Europa com I-CE (http://www.i-ce.nl/) ou GiZ (http://www.giz.de/en/home.html) . Estas entidades conhecem a situação no Brasil e em São Paulo. Acredito que uma boa conversa deixará claro que o buraco dos pedestres e ciclistas é bem mais em baixo e que a pauta deva ser conduzida de maneira mais realista. Colocar a culpa no outro é muito fácil. Duro é chegar a verdade.

Para os leitores deste blog: Ainda não consegui enviar o texto para eles porque há uma série de bloqueios para fazê-lo. Diferente de outras mídias que o acesso é direto, a Globo parece não querer receber comentários. Infelizmente