quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ciclovia da Eliseu, assim como qualquer outra...
















 
Ciclovia fica para o próximo ano

créditos: Reprodução

Após muitos protestos e reuniões, o subprefeito do Butantã, Luiz Felippe de Moares, havia prometido que a tão esperada ciclovia da Av. Eliseu de Almeida ficaria pronta este ano. Pois bem, já estamos quase em novembro e nada de obras.

As obras eram para ter começado no fim de setembro porém o canteiro da avenida permanece intacto. O motivo dado foi a rejeição do projeto pela CET (Companhia de Engenharia e Tráfego).

Segundo Moraes, a CET alegou que o projeto elaborado pela empresa não apresentava as altimetrias, marcações necessárias para a construção de rampas e travessias. Ele ainda afirmou que a escolha da JBA foi feita durante a gestão anterior da subprefeitura e por meio de um acordo.

“Partindo desse problema, nós contratamos a empresa Tecnotrans para fazer um projeto de sinalização somente em três cruzamentos, que estão compreendidos entre a rua Camargo e o Shopping Butantã. Não sabemos se esse trecho ficará pronto ainda esse ano”, disse. A execução ficará a cargo da subprefeitura.

As obras de sinalização dos outros trechos da ciclovia também serão elaborados pela Tecnotrans, mas não serão executados neste ano.

http://www.mobilize.org.br/noticias/5252/ciclovia-da-av-eliseu-de-almeida-nao-ficara-pronta-este-ano.html

Não é só a ciclovia que não ficará pronta, mas a ciclovia de ligação da favela Paraisópolis com a Ciclovia Eliseu de Almeida, prevista no primeiro projeto, e todo sistema de alimentação interno aos bairros, com recuperação urbana, recuperação das águas com o Projeto Córrego Limpo, interligação da bicicleta com metro e sistema de ônibus, sistema completo de sinalização e orientação.... Projeto apresentado pelo ITDP em... acho que foi 2006. Este sim sumiu... desapareceu... puft... ninguém sabe, ninguém viu...
Situação como esta é regra no Brasil e não vai mudar enquanto nós, população, não pressionarmos para que se coloque ordem na coisa pública e nas leis que regem projetos e obras, principalmente a Lei 8.666, a lei das licitações, que é um absurdo: parece  correta, mas de boa intensão o inferno está cheio.






sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Miami e Miami Beach

Miami e Miami Beach, que são condados (cidades) diferentes, estão muito diferentes do que vi na virada para 1991. Já na chegada, indo do aeroporto para o hotel, deu para perceber uma grande mudança no centro de Miami, hoje muito mais construído. É natural, mas mesmo assim impressiona. Cruzamos a ponte para Miami Beach, vi de longe a parede de edifícios altos e modernos e ai caiu de vez a ficha que se passaram 20 anos.
Aquela primeira viagem foi presente do meu velho. Passei as festas com ele e voltei para São Paulo para começar meu trabalho com a Specialized, na época sob a responsabilidade dos irmãos Beto e Luiz Dränger. No dia seguinte a minha chegada em Key Biscayne, onde fiquei, entregaram no apartamento uma Specialized  M2 na caixa, novidade ainda desconhecida no mercado, que eu usei para fugir um pouco da família e conhecer o pedaço.
A experiência de pedalar por Miami foi fantástica, tanto pela delícia da M2 como pelo asfalto impecável, sem um buraco, lisinho, lisinho. Pedalar ali era como se estivesse sentado no meio do teatro, só, e a filarmônica tocasse Clair de Lune do Debussy só para mim. Rodei bastante por Miami, de dia, de noite, sul, norte e oeste, bairros ricos, médios e áreas consideradas barra pesada por eles, tranquilidade total comparado a nossa loucura. Foi divino.
Naquela vez eu só passei mui rapidamente por Miami Beach, e ainda de carro. Pouco vi, mas estava tudo meio deprê, caído. Recuperaram o patrimônio histórico art deco, que não é muita coisa, mas vale a pena, e fizeram da área central um ótimo local para caminhar ou encarrar uma bagunça noturna, que não é o meu pedaço. Bicicleta, que pode ser a comunitária, vale mesmo a pena para conhecer as ricas ilhas que estão entre Miami Beach e Miami. Numa rua da primeira destas ilhotas as pequenas casas da década de 50 me remeteram cheio de boas emoções às minhas férias na praia de infância no entorno do Morro do Maluf, Guarujá, e todos meus tios e primos Falzoni, os Bellotti, a boa vida com simplicidade. Outros tempos, bons tempos...

Como já contei, o calor era infernal e eu não aguentaria sair pedalando a esmo. A bem da verdade o calor e estes vinte anos a mais nas costas são infernais. Repeti de carro por boa parte de onde eu pedalei à vinte anos. A mudança na cidade é grande, como disse. E deprimente quando se faz uma comparação com o que fizemos com nossas cidades. Miami cresceu ordenadamente, dá sensação de segurança, com gente na rua, ciclistas por todo lado inclusive nas calçadas, vida produtiva e tranquila. Talvez mais prazerosa para viver que antes. Quanto a nós? Guarujá foi estraçalhada e hoje é uma baderna cheia de assaltantes. Santos, que é das raríssimas cidades brasileiras com personalidade, melhorou um pouco. São Paulo? O que você acha?

Miami, que muita gente diz que nem Estados Unidos é.... vale a pena. Vale, mesmo!

Futuro dos beagles na terra dos homicídios

para:
São Paulo Reclama
Fórum do Leitor

O Estado de São Paulo

Futuro dos beagles na terra dos homicídios

Leonardo Araujo dos Anjos, filho de Myrian, morreu atropelado a mais de dois anos depois de uma festa de calouros da FEA USP. A história, muito estranha, poderia ser esclarecida caso os alunos, três pelo que se sabe, que ao que tudo indica estavam com Leonardo se apresentassem para dar depoimento. O rastro deles se perdeu, ninguém sabe, ninguém viu... A mesma lei do silêncio que impera neste Brasil de nunca antes tantos morreram tão violentamente.

Se há um silêncio macabro com pessoas, imaginem o que acontecerá com os beagles. Para se retirar da reta neste país de Macunaíma vale qualquer coisa, inclusive queima de arquivo. Aposto que muitos destes beagles não estão saindo para passear, não estão vivendo em matilha em espaços abertos, crucial para o bem estar da raça, estão sendo controlados para não latir (latido de beagle é inconfundível),... E por medo dos vizinhos e da polícia, descartados...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Silêncio - por Lúcia Guimarães

Minha opção pela bicicleta se deu muito pelo seu silêncio. A possibilidade de passar pelas situações e lugares e ouvi-los plenamente foi importantíssimo para meu crescimento, minha vivência e sobrevivência. Para ouvir é necessário silêncio. Neste momento estou ouvindo Concert for George (Harison), com o Paul McCartney abrindo com um uma espécie de cavaquinho, e agora vai entrar á tropa convidada, com o Eric Clapton solando e cantando; impossível de continuar escrevendo. Eles precisam do silêncio do teclado e de minha cabeça, principalmente pelo mais puro respeito.

O dia que li Sidarta pela primeira vez, que pensando bem talvez seja a mesma época que comecei a caminhar longas distâncias e depois a pedalar, foi quando percebi o como uma das melhores riquezas.

Sinto muita falta do silêncio. É muito pior quando se volta de viagem, de lugares longínquos que funcionam bem justamente pela inteligência do silêncio. A cada volta para nosso batuque de bateria de escola de samba no recuo da avenida lembro da funcionária do aeroporto de Miami (1991) que me indicou o caminho do gate do voo de volta para o Brasil: “Siga os berros das crianças (brasileiras)”, disse ela sem apontar. Não teve erro.

O texto da coluna de Lucia Guimarães no O Estado de São Paulo sobre o silêncio é brilhante e recomendo a leitura com atenção. De fato, uma das prerrogativas da democracia é o silêncio.

 
Depois de ler ouçam no mais profundo silêncio
 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

inteligência dos beagles

para:
Fórum do Leitor

O Estado de São Paulo


inteligência dos beagles
 Acho que a humanidade sequer chegou à idade média do olhar para a vida do planeta. Sonho que um dia seja assinada a Declaração Universal da Vida e que nós, ditos humanos, venhamos a reconhecer a equidade de toda e qualquer cadeia ambiental e suas inter-relações, sem qualquer resquício de crença. A vida no sentido mais puro, bruto. É o sonho. De imediato e com pé na realidade espero que absolutamente todos os que invadiram o laboratório e levaram os beagles usados para experimentos, e os receptadores destes, sejam enquadrados na lei, julgados e que paguem por seus atos. O estado está sendo completamente irresponsável em não recolher imediatamente estes animais para a quarentena que lei e o mínimo de sensatez obrigam. Esta ação mostra o grau de infantilidade social que assola nosso país e os perigos desta imaturidade, melhor dizendo, retardamento. Sou contra o uso de experimentos em animais, mas a mudança tem que ser realizada através dos recursos da lei, ou em casos extremos até da pressão forte, mas sensata, inteligente, consequente. Colocar na rua qualquer animal de laboratório é um risco imensurável para a saúde pública humana e principalmente animal. Vide a perda de controle sobre as abelhas africanas, os caramujos gigantes africanos, javalis, espécies exóticas de peixes, flores, dentre outras tantas. Não me lembro de ter visto destes invasores qualquer ação realmente inteligente e produtiva para melhorar a trágica condição ambiental do Brasil. Alguém ai que está com um destes beagles, provavelmente preso na cozinha para não mastigar o apartamento, já ouviu falar sobre o Aquífero Guarani? Tá bom, e Projeto Córrego Limpo?

sábado, 19 de outubro de 2013

Orlando e a bicicleta


Brasileiro falou em Orlando vem direto a imagem dos parques da Disney, Universal, compras, outlets, mais compras, fila do caixa, gente apinhada de pacotes como burros cargueiros felizes, geralmente brasileiros, malas imensas, entra no carro, sai do carro, vias expressas ou avenidas, direto pro hotel, dormir e repetir a dose até acabar a excursão. Eu tinha uma visão muito ruim de Orlando. Mas, é lógico, existe uma cidade até bem interessante, preservada, limpa, verde, rica, que vale a pena ser conhecida.

Parte do sul da cidade é muito espalhada, talvez até um pouco mais que a média americana, principalmente por conta dos parques temáticos, outlets, shoppings e rede hoteleira. Esta é a Orlando que os excursionistas voltam se gabando de ter estado lá. Pensando bem é uma periferia para gente de periferia que vai com vontade às compras, nada mais do que isto.

Ai a ligação entre praticamente tudo se faz por largas e saturadas avenidas, vias expressas e viadutos, ambiente desagradável para os ciclistas. Nestas vias praticamente não há sombra, mesmo tendo um ajardinamento, até com árvores, muito bem cuidado. Em toda a cidade é possível pegar um ônibus e levar a bicicleta no rack dianteiro de duas vagas, mas a maioria dos pontos de ônibus não tem cobertura, principalmente os de vias expressas. O passageiro frita a espera na borda do asfalto. O número de ônibus circulando é baixo.

Há ciclofaixas e sinalização por toda cidade, mesmo que se veja pouquíssimas bicicletas circulando. Pela forma técnica como foi implantada a sinalização fica claro que tiveram que colocar algo ali meio a contra gosto. Caminhar, pedalar e transporte coletivo carrega uma imagem muito forte de coisa de pobre, mesmo que tudo seja muito bem feito, limpo e bem cuidado. Passando por revenda de carros um pouco desta realidade se explica: há muitos carros não tão velhos com preços abaixo dos US$ 1.500,00 parcelados em infinitas prestações e com boa garantia. Não tem carro quem não quer ou está numa muito ruim. Carro velho, que não é lata velha, vê-se com facilidade; pedestres, ônibus e ciclistas são bem mais difíceis de ver circulando nas ruas. Dentro de parques e shoppings beira o empurra-empurra.

Impressionou o número de bicicletas brancas, ghost bikes, espalhadas pelas vias expressas. Mesmo com um trânsito muito organizado e disciplinado pedalar não é convidativo. Nestas vias os que vi com bicicleta é gente muito simples, latinos ou negros. Ciclista ‘chique’ ou vestido de franga com bicicleta cara não vi um sequer, pelo menos na área dos parques, outlets e shoppings. No centro e ao norte de Orlando o número de ciclistas cresce e o perfil também muda. O zoológico fica completo.

O Centro é pequeno, com bem pouca gente circulando mesmo em hora de almoço, mas é limpo e organizado, cortado por um corredor de ônibus grátis todo ajardinado, até um pouco kitsch. O Centro está colado num bairro de residências típicas americanas de classe média, muitas das décadas de 20 e 30, datadas na porta, provavelmente tombadas, bem preservadas, em ruas estreitas, calmas, com praças e lago próximo, entre elas e o Centro, um luxo. Por dentro dos bairros dá para ir até Baldwin Park, bairro de gente rica, e Winter Park, no mapa outra cidade, com sua rua central chique, simples, e muito agradável. É um outro planeta, uma Orlando bem agradável.


Estranho é que muitos ciclistas circulam pela calçada, até pedalando rápido, mesmo nesta rua principal de comércio, restaurantes e cafés, o que não é legal. Ter medo do trânsito daquelas ruas calmíssimas é patético, ou doentio, muito doentio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Fim inspeção veícular

para:
São Paulo Reclama

O Estado de São Paulo

Fim inspeção veicular em São Paulo
Deprimente o fim da Inspeção Veicular aqui em São Paulo. Sou consultor e uso a bicicleta para trabalhar. A diferença do ar paulistano de antes e depois da Inspeção foi enorme. Pedalando em grandes e congestionadas cidades da Europa fica claro que nosso ar ainda está longe do ideal, mas hoje é muitíssimo mais leve, menos poluído, que em qualquer cidade da região metropolitana. Costumo vestir camiseta branca (para ser visto) e o cinza da camiseta no fim do dia é prova fácil destas diferenças. Mesmo que o contrato tenha algum problema é uma leviandade deixar a cidade sem a inspeção um dia sequer. O custo para saúde pública logicamente será alto. O que parece é que mais que um problema legal a suspensão se faz por pura questão política e populismo. Deprimente. 

Janette Sadik-Khan: New York's streets? Not so mean any more

Esta fala da Janette Sadik-Khan é absolutamente imperdível, obrigatória. Ela é uma das responsáveis, o símbolo, da transformação maravilhosa que NY está passando, a meu ver a mais profunda do planeta. Janette, a frente de uma equipe e com apoio de uma Prefeito preparado e sóbrio, mostra que é possível realizar; bastando vontade real e condição de civilidade. Civilidade é o que não temos por aqui, tanto pelo o que somos como população como pelas leis que nos regem - e que são o nosso reflexo perfeito. Por isto não anda, por isto o pessoal do mesmo nível de Janette não aparece.
Janette Sadik-Khan esteve recentemente aqui em São Paulo. Provavelmente deixou sonhos, assim como deixou um dos responsáveis (não me lembro o nome) pelo programa de recuperação de NY que fez uma apresentação mostrando a construção do planejamento do é conhecido  como Tolerância Zero. Se não tivesse acontecido a estabilização de NY com programas como o Tolerância Zero muito provavelmente as mudanças descritas por Janette não seriam exequíveis.
NY, como qualquer outra cidade, prova mais uma vez, como sempre, que não existe milagre e que milagre populista é um tiro no pé; ou dependendo do grau de absurdo das medidas populistas, Como tentar derrubar a lei de Responsabilidade Fiscal para ganhar eleições, um tiro na cabeça. Vão fazer um monte de engana trouxa e destruir a economia do Brasil. Vide Argentina, Venezuela.... Vejam depois da Copa.
Janette Sadik-Khan (e NY) é imperdível.
 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Primogênita invisível

Eu me lembro de ver o campinho de futebol no fundo do vale antes da construção da avenida. Lembro também vagamente da edícula de dois andares à esquerda de quem ia para os fundos do terreno, de onde se via o campinho. O estranho é que lembro bem da edícula para os homens, mas a memória não faz a passagem da fachada desta para a lateral da mesma. A imagem que tenho é descontínua.
Na minha época (anos 60) vivia lá, no segundo andar da edícula, uma criança com alguma deficiência grave, paralisia mental, é isto?
 
Também não me lembro direito como era a edícula. Afinal, a casa de vovó era bem mais interessante do que as edículas.
Sim, tinha Ana. Não sei o que ela tinha, mas não saia da cama, não andava, e tinha que ser assistida 24hs, mas conversava direitinho.
Não era criança, pois era a neta mais velha.
Ela era uma espécie de tabu familiar, que quase ninguém podia ver.
Por alguma razão que não me lembro qual, um dia eu fui vê-la. Ela me recebeu tão bem, que guardo dela a melhor das lembranças.
Nunca mais a vi, e até hoje não posso imaginar porque a segregavam a esse ponto. Nem de longe era uma figura grotesca ou apavorante. E olha que eu só tinha uns 10 anos (início da década de 50).
 
Imagina o que foi para o futuro da família, principalmente naquela época (provavelmente década de 20), ter nascido esta primogênita. E é fácil entender por que ela sempre foi escondida. Um especialista em pessoas com necessidades especiais afirma que a cidade de São Paulo tem hoje meio milhão de presidiários, seres humanos que não podem sair de casa, vivem escondidos, não são comentados, inexistem até para relações mais próximas ou mesmo internas da própria família.
Lembro de ter visto a porta da edícula aberta uma única vez. O mistério para minha geração beirava o conto de terror. Esta história sobre seu encontro com ela é muito forte. Muda completamente toda a perspectiva dos acontecimentos da família.
 
Nossa história real corre em trilhos muito diferentes de nossas crenças e verdades.
Brasil tem um quinto de sua população invisível, inexistente. Mais invisíveis que a bicicleta foi até bem pouco. Será que nós, ciclistas, não podemos temos nada a oferecer a estes invisíveis?

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

quantas bicicletas há no Brasil - 2

Volto à velha pergunta: quantas bicicletas temos no Brasil? A comunicação que segue  estas minhas linhas não dá a resposta, mas dá pano para conjecturas.          
Vou arredondar os números para facilitar, assim não tenho que abrir a calculadora.


A produção de bicicletas da Zona Franca de Manaus roda as 90.000/mês, ou seja, 1.080.000/ano.
Elas por elas, diz que diz, vamos colocar a produção nacional completa em 6.000.000/ano
. Me resta a dúvida se estes 6 milhões é a produção total, oficiais mais as não oficiais. De qualquer, com esta informação, conclui-se que a Zona Franca de Manaus produz 18% das bicicletas brasileiras.

Os números das importadas apresentadas pelo comunicado são um pouco confusos. O período base de cálculo é Janeiro – Agosto ou Janeiro – Setembro? Que seja; a quantidade de bicicletas importadas está girando em 20.000/mês, ou seja, algo lá pelos 240.000/ano, uns 4% da produção. Se for isto a fatia das importadas se mantém estável desde a época que eu trabalhava na Specialized, e isto faz séculos. Se estou certo, porque tanto tiroteio contra os importadores? Porque eles são tão perigosos para a estabilidade das nacionais? Bicicleta produzida na Zona Franca de Manaus é nacional mesmo, fabricada aqui, ou me engana que eu gosto?

O interessante será ver estes números dentro de um ou dois anos, quando a acionista majoritária da Caloi, que está inteira na Zona Franca de Manaus, começar a mostrar sua força, que espero que mostre.

 

Bicicletas – Produção, Atacado e Importações – Balanço Agosto

O segmento de bicicletas encerrou o mês de agosto com índices positivos, de acordo com balanço divulgado pela Abraciclo. No mês, o volume produzido no Polo Industrial de Manaus (PIM) aumentou 5,1% em comparação ao mês anterior, totalizando 90.781 unidades fabricadas contra 86.388. Em relação às vendas no atacado, a alta foi de 14,4%, passando de 77.625 unidades para 88.815.

Sobre agosto de 2012, quando foram produzidas 95.007 unidades, houve uma queda de 4,4% na fabricação de bicicletas (90.781). Perante as vendas no atacado, a comercialização sofreu queda de 19,2%, de 109.977 unidades para 88.815.

Nos oito primeiros meses de 2013, o volume fabricado recuou 10,9% em comparação ao acumulado do ano passado, totalizando 535.703 unidades produzidas, ante 601.014. Já no atacado, houve queda de 13,9%, com 483.024 unidades comercializadas contra 561.264.

As importações de bicicletas em geral no Brasil somaram 15.982 unidades em agosto, volume 74% superior do registrado no mês anterior (9.186), porém 60,4% inferior do que agosto de 2012 (40.381). No acumulado de 2013, foram importadas 160.422 unidades, volume 21,1% menor do que o registrado de janeiro a setembro do ano passado (203.322 unidades).

 Produção de Motocicletas Registra Alta de 14,6% em Relação ao Mesmo Mês de 2012


Volume de emplacamentos apresentou acréscimo de 2,2% em comparação com setembro do ano passado. No entanto, houve queda de 8,8% sobre agosto


Segundo levantamento da ABRACICLO, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, o setor de duas rodas fechou o mês de setembro com 150.121 motocicletas fabricadas, 14,6% superior que o registrado em 2012, 130.940. No mesmo período, as vendas no atacado subiram 10,7%, passando de 129.011 unidades para 142.871.

“Podemos atribuir o crescimento da produção aos lançamentos do ano. Mesmo diante da crise vivida pelo setor desde o ano passado, as montadoras investem na inovação da indústria de motocicletas, acompanhando as tendências mundiais no que se refere a design, performance e segurança”, afirma Marcos Femanian, presidente da entidade.

Já em comparação ao mês anterior (agosto de 2013 x setembro 2013), quando foram produzidas 157.477 unidades, houve queda de 4,7%. Apesar deste cenário, as vendas no atacado tiveram alta de também 10,7%, totalizando 142.871 unidades comercializadas, ante 129.065 unidades em agosto.

Em contramão a esses resultados, o encerramento do mês de setembro foi negativo para as vendas no varejo. Com base nos licenciamentos registrados pelo Renavam (Denatran), houve queda de 8,8% nos emplacamentos de motocicletas em relação à agosto, passando de 129.050 unidades para 117.754. É válido ressaltar que setembro teve 21 dias úteis, um a menos do que o mês de agosto.

Sobre setembro do ano passado, houve um acréscimo de 2,2% no volume de emplacamentos, passando de 115.269 para 117.754 motocicletas. Em contrapartida, no acumulado de 2013, quando foram emplacadas 1.129.282 motocicletas, as vendas no varejo tiveram baixa de 9,1% em comparação a igual período de 2012.

As vendas no atacado no acumulado do ano ficaram 7,2% abaixo do índice alcançado no mesmo período de 2012, passando de 1.283.929 para 1.191.090 unidades. No mesmo comparativo, a produção de motocicletas teve redução de 6,9%, totalizando 1.259.300 ante 1.352.751.

“As restrições ao crédito e o atual contexto econômico limitam um maior avanço do setor. Diante disso, estimamos que a retração da demanda por questões macroeconômicas deverá resultar numa queda da produção e vendas de motocicletas em 2013, ante os números de 2012”, aponta Fermanian.

Nas exportações, o acumulado nos primeiros nove meses do ano registrou 76.622 unidades, mantendo a estabilidade com o mesmo período de 2012, com 76.961 motocicletas.
 
 

 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Riqueza é pecado

É muito desgastante para um brasileiro conhecedor e consciente de nossa realidade caminhar pelas ruas e avenidas das cidades da Florida. Tudo é limpo e organizado, funciona bem ou perfeitamente. A comparação com a baixa qualidade de vida que temos por aqui dói muito. Ontem comentava a comparação com um amigo de ascendência europeia e ele afirmou que não se pode fazer tal comparação, mas concordou que é inaceitável nossa situação. Dá sim para fazer comparações, do contrário é ficar olhando o próprio umbigo.
 



A primeira economia da América do Sul é o Brasil, a segunda é o Estado de São Paulo, a terceira o Município de São Paulo. O Brasil é um dos 10 países mais ricos do mundo. Não sei qual é a posição do Estado de São Paulo, mas a da cidade de São Paulo está lá pela 40ª economia do mundo quando comparado a países. É uma brutalidade de riqueza, de pujança econômica, para tanto problema, dos complexos aos mais simples, baratos, idiotas, fáceis de resolver, mesmo assim a cidade mais rica é pobre, precária, até mesmo em seus locais mais nobres. Calçada e calçamento ruins, muros altos, seguranças, pouco verde, falta de espaços de vivência... Bom exemplo é a foto ao lado de calçada recém inaugurada na rua lateral da Igreja de Pinheiros que já foi refeita 11 vezes...
 
Não sei como está hoje, mas Guarulhos era até pouco o 8ª orçamento da união, principalmente por causa do Aeroporto de Cumbica. Conheço praticamente toda a cidade e a quantidade de problemas é absurda, começando pelo baixíssimo índice de coleta de esgoto, até pouco tempo abaixo dos 10%. Dinheiro nunca faltou porque mesmo antes do aeroporto era um importantíssimo polo industrial.
Só é possível fazer alguma comparação do interior de São Paulo, suas ótimas estradas e algo mais, com o que se vê na Florida, e mesmo assim perdemos. Comparação mais parelha é com a Turquia, e também estamos bem atrás. O triste é que o Estado de São Paulo é das poucas exceções de qualidade deste Brasil sem rumo.
Nossas cidades merecem o nome de cidade? Quando se sai dos centros, áreas mais ricas, que qualquer cidade brasileira entra-se em uma zona de precariedade típica de guerra civil. Fico mais deprimido ainda quando lembro uma filmagem das ruas feita de dentro de um jipe americano no Afeganistão, em plena guerra, que que circulava por uma vila muito mais organizada e limpa que nossas periferias.

Podemos não ter a riqueza deles, americanos, mesmo assim não nada justifica o nosso esculhambo generalizado. Somos mais ricos que muito país europeu que nos enche os olhos pela beleza, tranquilidade e organização. Nossa baderna começa pelo fato que rico brasileiro é pobre, muito pobre - pobre de espírito. E pobre no respeito ao seu próprio dinheiro, seus interesses.

A referência de todos nós deveria ser a riqueza, o bem feito, o que dá resultado, o que tem futuro, o que produz bens. Já foi assim e ainda é; em ilhas isoladas. Somos todos pobres, deprimentemente pobres, em todos sentidos. Não conseguimos entender o sentido correto de riqueza, que, aliás, neste país de sentido de culpa tão enraizada é mais que pecado, é o demônio em pessoa. Mediocre!
A ironia divertida é ver como o nosso politiburo tem apreço pela riqueza que lhes cabe.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Prestação de serviço honesto

É impressionante a qualidade dos serviços prestados na Flórida, em tudo, serviço público e privado. Não sei qual é o percentual de latinos trabalhando por lá, mas certamente é muito alto. Dá para ficar lá falando só espanhol. Muitos vieram de países pobres e aparentam um baixo nível de escolaridade, mas todos, absolutamente todos, tem respeito por quem recebe o serviço. Você entra nos lugares é bem recebido. Se estiverem conversando entre eles enquanto trabalham, coisa usual por aqui, o fazem em voz baixa e param de falar imediatamente para atender o cliente. Todos sabem perfeitamente que estão ali para trabalhar e que o cliente tem que ser bem atendido. Ponto! Não tem cara de cansado, mau humor, falta de vontade, cólica...
Simples: realizou um trabalho insatisfatório, de baixa qualidade, toma um pé na bunda e adeus. A diferença no resultado final é brutal. Tudo funciona. É óbvio que tem seus problemas, mas são raríssimos e se acontecer algo o problema é corrigido (para valer) o mais rapidamente possível. A lei não protege o mau feito nem o coitadinho.
Vivenciando aquele respeito ficou passando o “Brasil, ame-o ou deixe-o” da época dos militares. Zero diferença para a burrice do discurso dos que sustentam este país do nunca antes tantas esmolas. Zero! Vejo um Brasil cada dia mais deprimente. Não temos futuro. Os miseráveis, os esmoleiros e os crentes vão seguir unidos no caminho do futuro dos coitadinhos. Fodeu! O resultado já está ai; leiam, vejam e ouçam as notícias. Olhem em volta. Veja o que recebemos em troca.
Nos acostumamos com o que é ruim. Se a piora é homeopática e não dolorosa pior.
De volta a minha casa e televisão sintonizada por antena, arrumando o quarto e ouvindo a matéria do Fantástico sobre crianças de rua, ouvi o óbvio: dar esmolas é a pior coisa que se pode fazer, em toda situação, até por que sustenta a droga e a violência. “Não dê esmola, dê um futuro”, dizia a campanha do Governo de São Paulo na gestão Covas. Os aproveitadores dos direitos humanos martelou pesado contra. “Coitadinhos!”
Zumbi, meu cachorro, ficou cego. A regra para a construção de uma nova e sadia vida é não ter piedade, deixar que aprenda a se virar sozinho. Bateu muita cabeça, tive que discutir com muita gente que me considerava impiedoso, mas hoje ele caminha por toda parte como se pudesse ver normalmente. Está livre.  Move-se um pouco mais lentamente, com limitações, mas está livre, não depende de ninguém.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O direito à obesibilidade e à vida

Meu primeiro contato com a obesidade americana foi em um trem, cruzando de Seatle para NY pela via norte. Quanto mais distante das costas Pacífica e Atlântica mais obesa fica a américa. Nos estados centrais o número de obesos graves e obesos mórbidos ocupando duas cadeiras foi assustador. Não tem nada a ver com os americanos grandes, bem mais altos que 1,90m e uma grande dose de sobrepeso, que é quase o padrão desta população e se vê em qualquer imagem das ruas daqui.


Ontem, na Disney, fiquei realmente assustado com a quantidade de pessoas deformadas pela gordura, algumas caminhando com dificuldade, muitas em cadeiras de rodas, a maioria obesa grave a um passo da morbidez. Apavorante, literalmente apavorante. Mas eles estão lá no Magic Kingdom, Epcot e com certeza em todos outros parques, circulando por todas as partes, entrando em todas as diversões, vivendo. E pelas ruas, menos visíveis, mas saindo de casa, indo às compras, comendo em restaurantes, comando café, refrigerantes, conversando, comprando roupas, vivendo a cidade. De toda idade, infelizmente muitos jovens, muito jovens para tanta obesidade grave. As mulheres, principalmente as casadas e mães, parecem deformar de vez. Mais impressionante para um brasileiro é que a maioria está com os maridos, que são mais magros, alguns com baixo índice de gordura até em boa forma. Como funciona? Posso entender, mas é louco para nossa cultura latina.

Fiquei mais apavorado, deprimido, e um monte de sentimentos juntos, quando caiu a fixa que é raríssimo ver alguém assim no Brasil. Ver; não falo de circular nas ruas, falo em ver alguém com obesidade grave. Eles não existem? Somos um país só de magros? Ou existem, não conseguem sair de casa, os mais próximos tem vergonha de comentar? O nosso Governo Federal divulgou números sobre obesidade, que cresce sem parar. Entrei mais fundo ainda na espiral triste de pensamentos e perguntas sobre a questão da mobilidade destes cidadãos com deficiência física ou de mobilidade no Brasil. Não sei qual é o número aqui nos Estados Unidos, mas no Brasil estes cidadãos chegam a 17% da população. Onde estão que não os vemos, não sabemos deles, não conversamos, não nos interessamos...