Miami e Miami Beach, que são condados (cidades) diferentes, estão
muito diferentes do que vi na virada para 1991. Já na chegada, indo do
aeroporto para o hotel, deu para perceber uma grande mudança no centro de Miami,
hoje muito mais construído. É natural, mas mesmo assim impressiona. Cruzamos a
ponte para Miami Beach, vi de longe a parede de edifícios altos e modernos e ai
caiu de vez a ficha que se passaram 20 anos.
Aquela primeira viagem foi presente do meu velho. Passei as
festas com ele e voltei para São Paulo para começar meu trabalho com a
Specialized, na época sob a responsabilidade dos irmãos Beto e Luiz Dränger. No
dia seguinte a minha chegada em Key Biscayne, onde fiquei, entregaram no
apartamento uma Specialized M2 na caixa,
novidade ainda desconhecida no mercado, que eu usei para fugir um pouco da
família e conhecer o pedaço.
A experiência de pedalar por Miami foi fantástica, tanto pela
delícia da M2 como pelo asfalto impecável, sem um buraco, lisinho, lisinho. Pedalar
ali era como se estivesse sentado no meio do teatro, só, e a filarmônica tocasse
Clair de Lune do Debussy só para mim. Rodei bastante por Miami, de dia, de noite,
sul, norte e oeste, bairros ricos, médios e áreas consideradas barra pesada por
eles, tranquilidade total comparado a nossa loucura. Foi divino.
Naquela vez eu só passei mui rapidamente por Miami Beach, e ainda
de carro. Pouco vi, mas estava tudo meio deprê, caído. Recuperaram o patrimônio
histórico art deco, que não é muita coisa, mas vale a pena, e fizeram da área
central um ótimo local para caminhar ou encarrar uma bagunça noturna, que não é
o meu pedaço. Bicicleta, que pode ser a comunitária, vale mesmo a pena para conhecer
as ricas ilhas que estão entre Miami Beach e Miami. Numa rua da primeira destas
ilhotas as pequenas casas da década de 50 me remeteram cheio de boas emoções às
minhas férias na praia de infância no entorno do Morro do Maluf, Guarujá, e todos
meus tios e primos Falzoni, os Bellotti, a boa vida com simplicidade. Outros
tempos, bons tempos...
Como já contei, o calor era infernal e eu não aguentaria
sair pedalando a esmo. A bem da verdade o calor e estes vinte anos a mais nas
costas são infernais. Repeti de carro por boa parte de onde eu pedalei à vinte
anos. A mudança na cidade é grande, como disse. E deprimente quando se faz uma
comparação com o que fizemos com nossas cidades. Miami cresceu ordenadamente, dá
sensação de segurança, com gente na rua, ciclistas por todo lado inclusive nas
calçadas, vida produtiva e tranquila. Talvez mais prazerosa para viver que
antes. Quanto a nós? Guarujá foi estraçalhada e hoje é uma baderna cheia de
assaltantes. Santos, que é das raríssimas cidades brasileiras com personalidade,
melhorou um pouco. São Paulo? O que você acha?
Miami, que muita gente diz que nem Estados Unidos é.... vale
a pena. Vale, mesmo!
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