quinta-feira, 30 de maio de 2019

USP proibida de novo


A USP colocou limites para os ciclistas que vão lá para treinar. Desta vez não baniram os ciclistas como da vez passada, mas colocaram regras claras para quem quer entrar na Cidade Universitária do Butantã e treinar com suas bicicletas de estrada. Desta vez não tenho meu irmão Murillo por aqui para me contar o que está acontecendo, mas da vez passada a paciência do Prefeito e da Diretoria estourou quando um ciclista partiu para cima de senhora que dirigia um carro e que, por ironia do destino, era casada com um dos conselheiros. Isto depois de uma semana quando um corredor (a pé) foi espancado por um ou mais ciclistas que vinham num pelotão. Naquele momento a USP estava recebendo no mínimo duas reclamações formais, no papel, contra os ciclistas, o que aqui neste país só acontece quando a situação extrapolou qualquer limite, e olha que o limite brasileiro é bem “largo”. Brigas com motoristas de ônibus, motoristas, pedestres e até mesmo com ciclistas tinham virado hábito. E a USP foi fechada. Na época fiquei feliz de ouvir de alguns ciclistas que “eles (ciclistas que treinam) tem que ir pedir desculpas (para a USP) e mudar o comportamento”.
Não faço ideia do que está acontecendo agora. Fui pedalar com amigos num começo de noite não faz muito e foi tranquilo, exceto na “bolinha”, a grande praça rotatória que fica no final da avenida da entrada principal da USP. Lá os ciclistas ficam dando voltas no entorno da praça a milhão. Thomaz teve a pachorra de contar quantos ciclistas passavam por volta e foram mais de 120, um senhor pelotão. O pessoal pedala muito rápido mantendo a esquerda e vai conversando descontraído, sem se preocupar com o trânsito, o que pode ter causado alguns conflitos. Nos fins de semana os ciclistas pedalam por todas as partes, principalmente na avenida da raia olímpica. Não resta dúvida que acalmaram, que os absurdos que se via antes do último fechamento diminuíram muito, mas ainda deve estar acontecendo algo não bom ou a USP não fecharia as portas de novo.
Vai restar treinar na ciclovia do rio Pinheiros. Sábados pela manha muitos ciclistas pegam pesado, achando que aquele espaço é exclusivo para eles, os que mantém média maior que 30 km/h. Uns poucos, é verdade, vem aos gritos com os mais lentos e fazem ultrapassagens que o bom senso evitaria. Repete-se ali o pouco civilizado comportamento dos mesmos quando motoristas. Somos todos brasileiros.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

64 anos, 14º de 678?


Num domingo destes participei de uma corrida a pé beneficente para a Graac. Estou descobrindo agora, muito tarde, o grande prazer de me inscrever nestas corridas. O ambiente amigável me lembra muito o início do mountain bike no Brasil quanto todos se conheciam e as rivalidades eram resolvidas na boa gozação. 
O que me assustou foi meu resultado. Dizem eles que fui o 14º em 678 da minha categoria, 64 anos, para 5 km. Eu duvido, e tenho minhas boas razões para duvidar. Sei quanto corro, qual é meu condicionamento atual, assim como sei que estou mais próximo de uma lesma usando bengalas, ou seja, um pouco mais rápido do que caminhando. Na corrida fui ultrapassado por uma senhora de seus 70 e muitos anos e achei supernatural. Me assusta o resultado porque, tirando a própria gozação, se a cronometragem está correta e fui o 14º na minha categoria o sinal é muito claro: o condicionamento do pessoal vai mal.
Faz uns meses participei de minha primeira corrida a pé beneficente, pró Hospital A C Camargo. Neste fui o 36º na categoria, para 8 km, o que também não faz sentido, mesmo num tipo de evento onde o foco é o encontro, a diversão, zero competição. Ou faz sentido se, de novo, o condicionamento físico do pessoal estiver mal. 
O que me incomoda é o que diz respeito à saúde pública e a reboque a saúde das cidades brasileiras. Felizmente o povão vem se mexendo e melhorando sua condição física, o que é ótimo para a saúde individual e coletiva. As cidades brasileiras também estão mais preocupadas em abrir espaços para o povo fazer seus exercícios, pedalar, dar suas corridinhas, mas ainda estamos muito longe do mínimo ideal. Nossos índices de área verde por habitante nas cidades é muito ruim, bem abaixo do índice considerado ideal pela UNESCO.
Ouvi de um participante de uma etapa amadora do Tour de France que ficou impressionadíssimo com o nível de todos ciclistas, incluindo idosos e velhinhos. Ele foi muito bem preparado, se comparado com o que pedalam aqui, e não acreditou quando não conseguia acompanhar ciclistas da idade do pai dele. Eu várias vezes pendurei a língua para acompanhar velhinhos e velhinhas holandeses pedalando suas Old Dutch sem marcha. Já corri a pé lá fora, mas nunca acompanhado ou em local que poderia dar uma base de comparação com os daqui, mas fico imaginando que sejam mais rápidos. Lá é muito mais fácil e seguro sair para rua e simplesmente correr ou treinar. O trânsito é muito mais amigável, o número de parques é maior e sempre há algum por perto. A poluição é muito, mas muito mesmo, menor que a nossa. Enfim, tudo joga a favor.

terça-feira, 21 de maio de 2019

sinal apagado

Em pleno domingo de av. Paulista fechada para veículos e lotada de pedestres, ciclistas, crianças, patinetes e outros circulando para todos lados, o semáforo do cruzamento com a av. Consolação apagou. Rapidamente juntou um povão para cruzar a rápida e movimentada avenida de trânsito que nunca para. Ao meu lado esperava uma brecha ou um golpe de sorte para cruzar sem ser atropelado um professor de uma das principais universidades do país. Impacientes com a demora sem fim, a massa se lançou pela faixa de pedestres, uma alma bondosa parou seu carro, outra mais, e assim foi indo até que todos conseguimos chegar sãos e salvos do outro lado. No meio desta operação de guerra reclamei da situação precária dos semáforos de São Paulo, o professor ao meu lado ouviu, concordou. Quando afirmei que não trocarem os semáforos era responsabilidade direta da população que não faz pressão, ele discordou e partir daí começamos uma longa e proveitosa conversa sobre a situação geral que vivemos. Ele jogou a responsabilidade destes problemas para os que tem poder de mudança, ou seja, governantes, e seguiu falando sobre a situação da educação e da saúde, para ele prioridade absolutas.

Custo direto e custo indireto, eis a questão. A bem da verdade sequer fazemos corretamente o cálculo de quanto vai custar, o que dizer sobre projeção futura e suas consequências. E no meio desta baderna generalizada fica muito difícil estabelecer as prioridades e deixar para trás o que parece - e é - correto, mas pode e deve esperar mais um pouco. Nunca consegui achar um livro sobre como são estabelecidas prioridades em situação de guerra, informação que nos seria valiosa nesta altura do campeonato.

Ele contou que alunos da cota que tem que dormir em leito hospitalar porque não tem condição de voltar para casa; o que é impróprio do ponto de vista da saúde e ilegal, mas fato. O drama de não conseguir voltar para casa todos dias não é novo. Faz muito tempo que o Centro de São Paulo está cheio de trabalhadores dormindo nas ruas porque não tem condições, tanto por tempo quanto por custo, de voltar diariamente para suas casas na periferia. O conforto de dormir em casa só nos fins de semana.
Junta-se a este drama que jovens vindos de áreas pobres não conseguem pensar em futuro. Para eles fica bom estar vivo mais um dia. Simples e trágico assim. No Jardim Ângela a média de vida da população local é de 56 anos, quando a nacional é de 72. Jovens pobres e negros são as principais vítimas da violência que é mais que notícia, é uma realidade brutal. E estes são boa parte dos estudantes que dormem em qualquer canto para conseguir terminar seus cursos universitários.
Os professores estão perdidos, não sabem o que fazer com esta nova realidade, até porque formaram-se num tempo onde a quase totalidade dos alunos vinham da classe média e sonhavam com um futuro – até porque havia futuro. Hoje os problemas são críticos e imediatos.

O que significa gastar com troca de semáforos? É prioridade? Mesmo no meio desta tragédia acredito que sim. Tenho várias razões para tanto, não só a proximidade com o tema. A primeira é diminuir os custos gerais da cidade, o que influencia diretamente no custo de todo e qualquer cidadão. Para a saúde semáforos funcionando melhoram significam uma sensível diminuição de atendimentos não só na ortopedia, mas em todas áreas. Só o número de atendimentos de emergência já deve justificar dar prioridade para os semáforos, ou seja, o preventivo. Há uma relação direta entre congestionamento e violência de todos tipos, o que se traduz em piora na produtividade no trabalho e escola, problemas diversos de saúde, degradação urbana... Os benefícios de um trânsito mais organizados são incontáveis. É preventivo, não é gasto para remediar.

São Paulo vem perdendo seu poder no cenário nacional e internacional, o que é uma tragédia não só para paulistanos. Porque investir numa cidade que não funciona? Ou se trata os principais males da cidade ou a situação geral fica muito pior que está. O mínimo que qualquer cidade tem que ter é fluidez ou ela morre sufocada.
Detroit: o supremo dos Estados Unidos bateu martelo definindo que a cidade deve ter prioridade sobre os problemas de seus habitantes. Exagero? Absurdo? Se o teto da tenda hospital de campo de batalha rasgar no meio de uma tempestade você continua tratando dos pacientes estragando equipamentos ou prioriza salvar o hospital para salvar muito mais vidas futuras?
João Batista, querido primo, diz que lei de trânsito é o código social mais simples de ser entendido por qualquer um. Está vermelho para, ficou verde segue, numa placa de pare deve-se parar... Para mudar uma sociedade tão perdida e deturpada quanto a nossa é preciso dar um primeiro passo. Fazer fluir o trânsito com certeza que tudo vai continuar funcionando bem é um ótimo exemplo que as coisas podem funcionar. Os motoristas de ambulâncias vão agradecer.

Conversamos, eu e o professor, o que seria o gatilho social para uma mudança perene no Brasil. Creio que o que quer que seja está na forma de pensar do brasileiro. Não adianta investir no que quer que seja se o pessoal acha que depredar é normal. Para ver futuro ´necessário saber que você seguirá em frente com tranquilidade e segurança.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Patinetes e capacetes

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Temos no Brasil um dos mais altos índices de incidentes, acidentes e fatalidades no trânsito do planeta Terra.  As causas são várias, sem dúvida falta de educação e desprezo pelo coletivo. O problema dos patinetes elétricos por aplicativo está principalmente no completo despreparo da população para usá-los. Foi assim com o banho de sangue dos motoboys, foi assim com o desrespeito dos ciclistas para com os pedestres (e trânsito geral), e está sendo assim com o caos provocado pelos patinetes. Mais uma vez prevenção e educação foram deixados de lado pelo poder público. Sobre o caso uma autoridade deu entrevista à TV Globo (SPTV 1) dizendo que o acordo da Prefeitura com os responsáveis pelos patinetes era colocar 100 deles para testes e para surpresa deles agora temos 4.000 rodando e enlouquecendo a cidade. Como assim? Sem comentários. Qualquer veículo mal conduzido é perigoso, até um tanque de guerra, quanto mais um veículo instável como um patinete. Para resolver os problemas sempre buscamos soluções mágicas. Desta vez capacetes e multas. Ninguém se pergunta porque capacete para ciclistas (urbanos) não é obrigatório, repito: não é obrigatório em todos países da Europa, nos Estados Unidos e Canada, ou em qualquer país ou cidade onde segurança no trânsito é coisa para lá de séria. Capacete não é obrigatório porque os dados são irrefutáveis: não funciona. A explicação é longa e parece não haver interesse em sabe-la. No caso dos patinetes o capacete não evitará bater com o rosto no chão, onde ocorrem praticamente a totalidade das lesões na cabeça, ou evitar que dentes, ombros, braços, pulsos acabem quebrados, ou ainda lesões graves nos joelhos e pés, ou mesmo lesões cervicais. Patinete é instável e suas pequenas rodas inapropriadas para o horror de calçamento que temos. Também ninguém parece se lembrar, nem se perguntar, porque não se multou ciclistas com comportamento pouco adequado. Um buraco no emaranhado de leis torna impossível multar ciclistas. Quero lembrar que estamos no país onde tem lei que cola e lei que não cola, simples assim. Capacete e multa vai resolver o caso? Foram incluídas aì monociclos, skates, minimotos elétricos? E os entregadores de aplicativos? Só os patinetes?

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Falta de critério no trato com as ruas

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

A rua Canada foi recentemente recapeada. E a uns dias atrás abriram buracos para fazer manutenção de gaz ou água, não sei bem. Fecharam os buracos com qualidade de concessionária de rodovia, deixando o asfalto perfeito, liso, liso. E sobre este remendo perfeito recapearam a rua, faltando só a pintura. Deveria ser sempre assim, mas dado a péssima condição do asfalto de nossas ruas o perfeccionismo beira o completo absurdo. Por todas as partes ruas e avenidas estão em péssimo estado de conservação, esburacadas, com remendos mal feitos, bueiros afundados, ou com crateras tão grandes que podem entortar o eixo de um ônibus e até mesmo matar um motociclista ou ciclista. Sei que por lei o responsável por abrir o buraco deve fecha-lo com perfeição. Preferia que o mesmo recurso usado para chegar ao primoroso trabalho realizado na rua Canada fosse distribuído para que tivéssemos boa qualidade no maior número possível de consertos de buracos ou manutenção do asfalto. E que houvesse prioridade no uso do parca verba pública ou verba privada para fins públicos. É inacreditável que a administração pública e sua zeladoria não consiga ordenar este completo caos que é a manutenção de nossas ruas. 

terça-feira, 7 de maio de 2019

a insegurança de xingar

Qualquer erro pode resultar em acidente, erro próprio ou erro de outro.

Uma fechada na maioria das vezes resulta em susto. Não passa de um incidente. O que não se fala é que reagir a um incidente, como uma fechada, pode sim resultar num acidente de fato, com vítima, não imediatamente, mas mais a frente. Com a reação, um xingamento por exemplo, o nível de tensão do condutor é tirado do foco das ações seguras e se o acidente não aconteceu lá trás aumenta muito a possibilidade que aconteça depois. Quem já não viveu esta experiência de apagar fogo com gasolina. Simplesmente não funciona. 

Dados estatísticos de todas as partes do mundo provam e comprovam que discussão no trânsito reduz a segurança dos que discutem e de todos em volta. Os dados são claros, inequívocos. Por isto está estabelecido em lei e em todos códigos de trânsito, daqui, Brasil, e de todas as partes do planeta, que qualquer disputa, discussão, xingamento ou ofensa está sujeito a punição, algumas pesadas. Não buzine em país civilizado porque pode acabar na frente de um chefe de polícia, e não duvide do que falo.

Mantenha o foco no essencial, controlar desvios, administrar erros (incidentes) e evitar distrações. Abstraia as besteiras. Quem é tranquilo tem muito menos possibilidade de se envolver em acidentes. 

Que xingar é bom é bom, ninguém duvida. Ufa! Você berra, xinga e pelo menos naquele momento você extravasa sua raiva, PQP! Mas que não funciona, isto não funciona.

E ai entra Goebels com seu minta mil vezes que a mentira será verdade. Vendeu-se que todo motorista é uma besta assassina que odeia ciclista. Assim como vendeu-se que a esquerda come criancinhas, que a direita odeia pobre, e outras besteiras sem nexo. Cultura religiosa onde o bem tem lado certo, o mal também - a culpa é dos outros. 

A maior qualidade da bicicleta é melhorar a condição cardio - respiratória, e com isto acalmar o ciclista. Aproveite este pequeno milagre do ciclismo. Pedale em paz.  

sábado, 4 de maio de 2019

Bueiros paulistanos. meio fio, valetas, canaletas também.

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

São Paulo talvez seja campeã mundial de bueiros com problema. Encontra-se por todas as partes, em qualquer rua ou avenida bueiros afundados, com o concreto em volta quebrado e até mesmo sem tampa. Perde-se o número de pneus, rodas e suspensões arruinadas, motociclistas e ciclistas com lesões na coluna ou acidentados. É um problema que vem de muito tempo sem solução e não há sinal que alguém tenha inteligência e competência para mudar. Para quem reclamar? É um empurra empurra sem solução. A Prefeitura que deveria fiscalizar claramente não o faz e os bueiros vão se deteriorando rapidamente até que o escândalo, ou será escárnio, seja tão gritante que alguém seja obrigado a refazer o serviço, de novo com baixa qualidade, que de novo apresentará problema, de novo será consertado, num círculo debochativo e vicioso. Alguém deve ganhar muito e a população perde sempre constantemente. Nada muda, o jogo é este, todos aceitam. Mas não caba aí. Meio fio, valetas e canaletas em cruzamentos parecem ser construídas com um concreto de gesso, alguns refeitos com uma frequência e constância admiráveis. O mesmo concreto que se vê despedaçando em pontes e corredores de ônibus. Faz-se um remendo, pouco depois é necessário refaze-lo, e refaze-lo, e refaze-lo....
Em Milão, Itália, vi uma rua próxima ao Scala sendo reformada. Obra praticamente concluída uma tampa de ventilação da calçada tinha ficado exatos 2 mm mais alta. O engenheiro, bravo com o erro de um operário, me disse que o trabalho seria refeito para alinhar perfeitamente. E foi. A garantia da obra é de 25 anos.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

The Freedom Writers Riders e o escrever a história

Outro dia vi na TV o filme TheFreedom Writers Diary, história real sobre uma professora, Erin Gruwell, que transformou a vida dos alunos problemas de uma escola usando a inteligência e sensibilidade fazendo com que eles escrevessem um diário sobre suas próprias vidas. Os diários foram publicados em livro de sucesso e o trabalho realizado pela professora Erin Gruwell na High School Woodrow Wilson, em Long Beach, Califórnia, virou referência educacional colocando em cheque métodos tradicionais de pedagogia em classes de alunos ditos problemas.

Encontrei e pedalei com um dos garotos que fizeram parte do núcleo do cicloativismo na época que São Paulo recebeu as melhorias, eficientes ou não, que estão aí. Ele disse que está trabalhando em outra área, não mais no cicloativismo. Como é muito tranquilo achei que tinah saído do movimento por conta do que considero radicalismo de então.  "O que é radical?" respondeu ele completando "Foi a forma de conseguir resultados". Conseguiram, mas não poderia ser diferente?
Estávamos pedalando para o mesmo lado e ele fez questão de seguir na ciclofaixa, pelo que entendi até como uma forma de reafirmar suas posições e realizações. Como a conversa estava interessante eu o segui, mesmo tendo críticas sobre o trajeto da ciclofaixa e principalmente pela qualidade técnica e de segurança do que foi implantado. Ao nos despedirmos coloquei que "Vocês (movimento cicloativista daquela época) pensaram dentro das ciclovias e ciclofaixas (fazendo um movimento cartesiano com as mãos). A cidade é toda possibilidades".

A história dos alunos e alunas do Freedom Writers prova mais vez que com a forma correta de comunicação e estímulo é possível tirar leite de pedra mesmo do mais duro dos jovens. Bater de frente pode ser produtivo a curto prazo, mas raríssimamente o é a longo prazo. Os cicloativistas paulistanos fizeram muito, não resta dúvida. Boa parte do resultado é facilmente questionável, até porque as ciclovias que realmente deram certo estavam na lei muito antes deles entrarem em ação, mas a mudança está ai, eles realizaram, colocaram a discussão na ordem do dia. Tem que se levar em consideração que é questionável porque o país chamado Brasil é questionável, duvidoso, ineficiente, errado, insensato. O resultado que eles tiveram é coerente com nossa realidade.

Paul McCartney em entrevista diz que nos Beatles sempre houve uma preocupação em ter limites no que as letras colocavam. Questionar sim, criticar também, mas ultrapassar certos limites não. Estimular violência de qualquer tipo não. Deu certo. Os Beatles mandaram mensagens positivas que foram 'compradas' por todas sociedades e simplesmente viraram o planeta de ponta cabeça, revolucionando costumes com resultados positivos que estão aí e ninguém pode negar. Revolution, que abre um dos dois discos do álbum branco deixa esta posição pacifista muito clara.

Procurando algo na estante dei de cara com o livro "A 3° visão" de T. Lobsang Rampa, um dos primeiros livros que li com interesse para valer. Logo depois li Sidarta, o mais marcante de minha vida. Estes e outros livros fizeram parte de uma geração pacifista, até porque ainda se vivia as feridas abertas do horror da Segunda Guerra Mundial. Não que fossemos uns anjinhos 'paz e amor', fazíamos das nossas, mas a imensa maioria tinha um norte e limites muito claros, não violentos, independente do lado que se estava, o que não vejo agora. Aqui tem história para mais de mil, mas aceitem pelo quanto a simplicidade e simploriedade.

País questionável, duvidoso, ineficiente, errado, onde um único funcionário pode, num chilique ou atendendo interesses muito particulares, melar todo um projeto de grande interesse da população. Ou fazer o contrário, como queira.  A estrutura do funcionalismo público e as leis que o regem permitem esta absurda distorção.
Como vi e vivencie coisa surrealistas acontecerem posso não gostar do aconteceu, mas não resta dúvida que aconteceu. Poderia ser diferente? Com certeza, em qualquer lugar minimamente civilizado.