terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Sirenes que não soam


Hélio
bom dia 

Parabéns pelo texto 'Sirenes que não soam'. Só sinto que bons colunistas, pensadores, articulistas, como você e outros que tem espaço nos grandes jornais deste país, sejam obrigados a manter-se em textos tão curtos (uma lauda?) que não permitem que o pensamento se conclua. 
Gostaria de fazer uma correção ou um comentário. Seu ponto de vista é absolutamente correto, mas é traido quando fala sobre capacete para ciclistas urbanos, o que se pode deduzir que seja o caso. Esportistas é outra história.
Uma coisa é a segurança que capacete dá para usuários de skate, patinete, patins, está comprovada e é inegável. Aliás, pesquisas sérias que dizem ser necessário incluir aí pedestres.
Outra, completamente diferente, é sua eficiência para ciclistas urbanos adultos, o que todas as pesquisas científicas respeitáveis do planeta provam ser praticamente nula e em até mesmo prejudicial a segurança do ciclista.
Capacete tem se tornado obrigatório para crianças e só. Somente Austrália e mais uns dois países o capacete é obrigatório e os números ai provam que a obrigatoriedade é contraprodutiva. Há uma pressão internacional para derrubar esta obrigatoriedade, inclusive de respeitadíssimas entidades representativas de ciclistas urbanos como ECF e WFC, só para citar duas.
De fato 'Sirenes que não soam' vale perfeitamente para a discussão sobre o uso de capacete no Brasil. De fato "Nossa espécie é péssima em avaliar riscos", principalmente num cenário onde os cicloativistas precisaram demonizar o trânsito e criar salvações mágicas não importando a realidade dos fatos e boa parte dos que pregam a segurança que capacete proporciona para ciclistas "urbanos" tem (ou tiveram) algum patrocínio que demanda um olhar amigo.
Segurança não se faz com mágica, mas com ciência, com o que de fato é, não com que as pessoas imaginam. 

Meu primo, Ricardo Falzoni, médico, sempre diz para eu usar capacete porque câncer de pele aqui no Brasil mata muito mais que acidente de trânsito. Esta sim é uma boa razão para defender capacetes. 

Você pode ler uma série de referências sobre capacetes em: http://escoladebicicleta.com.br/dicascapacetes.html

abraço
Arturo Alcorta

domingo, 27 de janeiro de 2019

Mais um acidente com vítimas fatais em trecho conurbado de estrada

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo


Um grupo de ciclistas foi envolvido numa colisão com um ônibus resultando em vítimas fatais (duas ou três) e vários feridos. O acidente aconteceu em área conurbada da estrada dos Bandeirantes.

Acidentes envolvendo ciclistas (e pedestres) em estradas conurbadas são bem mais comuns do que se possa imaginar, a maioria tendo como vítimas trabalhadores e operários de fábricas que circulam no lusco fusco da madrugada, o momento de segurança mais crítico por questão de visibilidade. A maioria das estradas conurbadas de São Paulo tem acostamento o que melhora muito a segurança, o que não acontece Brasil afora, mesmo assim incidentes e acidentes são comuns e não param de acontecer. 
Em várias cidades do litoral e interior, e em áreas mais pobres, a situação é crítica e não se faz nada, além de instalarem lombadas, o que já se provou que não resolve o problema. Quem já teve a oportunidade de ver o trânsito de ciclistas trabalhadores circulando na SP 55 no litoral norte de São Paulo, em especial em Ubatuba, ou nas rodovias Dutra e Ayrton Senna na altura de Guarulhos, dentre tantos outros exemplos, sabe a dimensão do drama. 
Estradas conurbadas são uma realidade e um problema planetário. Dividem cidades, isolam populações, não raro são a única alternativa viária para uma vasta população periférica ir e voltar do trabalho ou estudo. Deve-se incluir ai as vias expressas que não raro se transformaram em estradas conurbadas. É um absurdo que até hoje não tenha merecido a merecida atenção do poder público, e ou dos grupos de pressão da sociedade civil. Medidas paliativas há muito não bastam. Se faz mais que urgente buscar soluções que atendam a nova realidade que há muito se apresenta não só pela mudança que as novas mobilidades que ai estão apontam, como também pelo respeito à vida da população que se transforma rapidamente estabelecendo novos usos e costumes do uso do espaço urbano. Rodovias são cruciais para a economia da cidade, mas não devem suplantar a vida de seu entorno

Parabenizo por não terem colocado automaticamente o dedo acusador no nariz do condutor do ônibus. É sábio esperar o resultado das investigações para saber o que realmente aconteceu. Sábio principalmente para a segurança futura dos ciclistas.  

sábado, 26 de janeiro de 2019

Barragem de Brumadinho. e o que mais?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Três anos depois do estouro da barragem de Mariana repete-se o desastre em Brumadinho. Inacreditável! Inacreditável? Para quem?

Ontem até sentei para escrever, mas preferi ficar vendo e ouvindo as notícias e entrevistas sobre o desastre. Hoje, 26 de Janeiro, um dia depois de mais este mega desastre ambiental, acordei com a imagem vivida na cabeça da poluição do rio Pinheiros, por onde passei mais uma vez ontem, pedalando, ou sentindo um forte cheiro podre, ou engolindo mosquitos, ou sempre triste com a inacreditável quantidade de lixo encalhada nas margens e bancos de arreia, que também é um problemão ambiental, ou ainda tudo junto e mais o que não sei. Se pedalássemos às margens do rio Tiete no seu trecho metropolitano provavelmente a sensação de desastre ambiental seria a mesma. O mesmo para o Tamanduateí ou para qualquer córrego urbano. 

Brumadinho é a notícia, o desastre, a repetição. A repetição. De Mariana, um dos maiores desastres ambientais da história, tragédia que até agora, três anos depois, não se sabe qual sua extensão. Uma coisa é certa, foi, é e continuará sendo um dano ambiental brutal, imensurável.

A diferença que há desta tragédia de Brumadinho para a tragédia secular do Brasil sem tratamento de esgoto é que pelo menos o rompimento de uma barragem de minério de ferro assusta e chama a atenção de todo mundo por um certo tempo, depois é esquecido. O esgoto correndo a céu aberto faz parte de nossa cultura, está no nosso dia a dia, não serve mais de notícia. Ou é notícia fraca até quando o entulho e o lixo é carregado pela enxurrada e causa uma tragédia cheia de corpos sendo retirados do barro, exatamente como veremos agora nas imagens de Brumadinho.

Das entrevistas e notícias souber que estouro de barragem não é exclusividade brasileira, nem coisa de país pobre. Estados Unidos, Canada, México, Espanha, Guiana e mais outros países tiveram desastres causados por rompimento de barragens, alguns tão graves quanto as nossas. Também soube que o Brasil tem mais de 700 barragens segundo a Globo News, e 1.000 barragens segundo o Presidente Bolsonaro. Ninguém sabe ao certo em que condição estão. Assim como duvido que alguém saiba exatamente qual é o desastre ambiental causado diariamente pela população brasileira; começando pelos papelzinhos de bala jogados no chão, as bitucas de cigarro, os pacotes de salgadinhos, as garrafas pet... Provavelmente os danos ambientais causados pelo descaso sem fim da população é muito maior.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Um quase assalto e o socorro a dois jovens suspeitos

1 - Um distraído e dois na moita
Inicio de noite
Tive que ir ao supermercado e fui pedalando pela ciclovia do Largo da Batata até a altura da Ignácio Pereira da Rocha. Na minha frente pedalava um ciclista com uma 29 básica, mochila nas costas, fone de ouvido, distraído. Um pouco depois do Largo da Batata vi um garoto sair pedalando de trás de um arbusto assim que passou o ciclista distraído. Um pouco mais adiante vejo um segundo ciclista cruzando do outro lado da av. Faria Lima no sentido da ciclovia. Ele olhou o ciclista distraído a certa distância, deixou-o passar, emparelhou com o garoto que saíra do arbusto, trocaram palavras, voltou a cruzar a Faria Lima, acelerando forte até ficar à frente do ciclista distraído. Um na frente, outro atrás, o distraído viajando na dele e eu vendo tudo sem ser percebido pelos três. Aí decidi entrar na brincadeira, acelerei e me aproximei do que se armava. Quando o garoto que estava do outro lado da Faria Lima estava voltando para a ciclovia percebeu minha presença, fez um sinal para o amigo, que acelerou, passou o distraído, emparelharam e ganharam distância, conseguindo cruzar a Pedroso de Moraes um segundo antes que o sinal fechasse. Um deles quase foi pego pelo trânsito que partia no sinal verde. Sinal vermelho para nós, parei ao lado do distraído e perguntei se ele percebeu o que iria acontecer. "O que?" respondeu ele tirando o fone do ouvido; "Você acha que iam me assaltar?"

2 - Dois numa bicicleta, um tombo e uma dúvida 
Fim de tarde
O tombo foi feio, de frente, uma capotada sem piedade que deixou o ciclista estatelado no asfalto. Eu vinha longe, uns 100 metros, e assisti tudo de camarote. O ciclista ficou estendido no chão por um tempo e eu acelerei para prestar socorro. Foi quando vi um segundo corpo se mexendo. "Tinha uma criança junto...", o que aumentou minha angústia. Conforme fui me aproximando um dos corpos, um adolescente já grandinho, se levantou e saiu a mancar até sentar-se no meio fio. O outro, menor e mais jovem, moveu-se e sentou-se onde estava no asfalto mesmo. Eram dois adolescentes na mesma bicicleta, um no selim pedalando e outro sentado no tubo da frente. Estavam um pouco atordoados, sem qualquer marca de batida na cabeça, doloridos, reclamavam e xingavam baixinho sem parar, mas estavam bem. "Estão bem?", e sem dizer uma palavra mostraram que sim. Mais que doloridos mostravam estar constrangidos, incomodados com minha presença. Dois adolescentes numa única bicicleta, uma 29 boazinha toda pixada, inclusive pneus, num final de tarde indo para ou para o Parque Villa Lobos ou para a ciclovia? E quanto mais me preocupava com eles, mais constrangidos ficavam. Desentortei a roda dianteira para poderem pelo menos empurrar a bicicleta de volta para casa. Agradeceram. Perguntei onde moravam, se queriam ajuda para levar. Entreolharam-se e baixaram a cabeça, "Moramos logo ali" respondeu o menor daquele jeito que não convence nem o padre. Situação estranha, muito estranha. Então chegou uma jovem mulher passeando o cachorro e veio ver o que acontecia. Eles se levantaram, passaram do incomodo para o assustados, resmungaram um agradecimento sincero, e trataram de sair rapidinho de perto. Vendo-os se afastar, já quase dobrando a esquina, ela me perguntou sem rodeios "Estes são ladrões de bicicleta, não são?"

E o complemento deste texto; o que se pode ou não fazer numa situação destas: 
Sair atrás de um ladrão de bicicleta - Escola de Bicicleta correio  

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Casa bola da rua Gália e outras arquiteturas

Sempre que possível procurei e continuo procurando fazer caminhos diferentes ou desconhecidos. Nesta brincadeira acabei conhecendo não só São Paulo, mas boa parte das cidades por onde passei, caminhei ou pedalei. Foi e continua sendo um despertar de emoções, a maioria boa.

Por causa de uma série de lesões nos joelhos e pés tive que redescobrir o correr a pé e por isto acabei descobrindo as poucas trilhas em terra dos poucos parques que temos em São Paulo, Capital. Uma delas, minha preferida, é a do Parque Alfredo Volpi. Para chegar lá cruzo o rio Pinheiros, olho a vista ampla com o Pico do Jaraguá ao fundo, o que por si só já vale sair de casa, e pego a avenida do Jockey direto até o parque.

casa bola pintada em vermelho, no meio das árvores
Vez ou outra pedalo um caminho mais longo e puxado subindo ou em linha reta para os fundos do parque ou dando uma voltinha na rua Gália onde se encontra uma das casas bola do arquiteto Eduardo Longo, um dos ícones da arquitetura brasileira. Pode ser melhor vista através de um terreno baldio cheio de samambaias que está nos fundos da casa, na rua Sarabatana, ou parcialmente de um ponto encostado no muro do Jockey Club a uns 300 metros da Francisco Morato. A outra casa bola, bem mais conhecida e fácil de se ver, fica a esquerda da rua Amauri, a terceira construção depois da esquina com av. Faria Lima. As duas casas bola fazem parte de uma época de ouro da arquitetura brasileira que merece ser redescoberta.
vista dos fundos da primeira casa bola, a da rua Amauri. 
Durante muitos anos nem percebi a existência da casa bola da rua Gália porque do outro lado da rua está uma das mansões paulistanas pela quais tenho paixão.
casa bola vermelha, no centro e acima
Com uma construção de tempos passados, provavelmente muito anterior a da casa bola, lembra ou foi uma casa de fazenda no meio de um vasto terreno, que ainda hoje com seus muros baixos permite o deleite do belo e bem cuidado jardim. De seus terraços a vista do Jockey, do rio Pinheiros, dos Jardins e da Paulista deve ser maravilhosa, daquelas que cura qualquer mau humor. Seus moradores viram de camarote uma transformação impressionante e assustadora nesta cidade que nunca para de crescer.

Um pouco mais a frente, na mesma rua Gália, fica uma descomunal mansão projetada por Rui Otake, hoje desabitada por conta de um processo na justiça contra seu dono, o banqueiro proprietário do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira. Tem 4,5 mil metros quadrados de construção e ocupa um terreno de 12 mil metros quadrados, todo o quarteirão menos um lote. Como está na justiça a obra de Rui Otake tem toda chance de se perder como tantas belas obras arquitetônicas se perderam. 
mansão Safra a esquerda, mansão Edemar a direita
Do outro lado da rua, frente a frente com mansão Edemar Ferreira, escondida atrás de um muro alto, intransponível, fica a mansão do Safra, a maior construção residencial de São Paulo e provavelmente do Brasil, com seus 11 mil metros quadrados de construção, cinco andares, 100 cômodos, 125 banheiros.... O próprio Safra considerou-a um "exagero". A bem da verdade passar entre as duas casas é estranho para quem sabe o que há por trás dos muros. Não faz qualquer sentido. Para os simples mortais só vale a vista para os Jardins e Paulista que se tem da esquina à esquerda.

Atrás do Parque Alfredo Volpi há um quarteirão com edifícios, uma das muitas histórias estranhas desta cidade. Era proibido construir edifícios lá. Conta-se que... o Prefeito Jânio Quadros derrubou esta proibição contra a vontade de todos. As construtoras entraram rapidamente na Prefeitura com os seus projetos e quando a liberação foi derrubada na justiça uns meses depois as construtoras já tinham direito adquirido e foram em frente com seus projetos. A gritaria foi geral, mas já era fato consumado. A minha forma de contar o que aconteceu pode estar errada, mas os edifícios estão lá, e não se fala mais nisto. Aliás, o Hospital São Luís também. 

O bairro está cheio de belíssimas casas que pouco podem ser vistas, o que é uma pena, senão uma tragédia cultural, mas o pouco que se vê vale a pena. É um sobe e desce suave, trânsito tranquilo para ciclistas, com poucos carros circulando, muito verde, muita sombra, ótimo para o espírito, um bom treino e deleite cultural. É o registro de um momento da história do Brasil que crescia e enriquecia não só financeiramente.  

São Paulo ainda é de uma riqueza arquitetônica talvez incomparável. Muito se perdeu, muito mesmo, mas ainda vale a pena se perder por ai.


Só mais uma coisa: boa parte deste patrimônio está se perdendo porque o IPTU é muito alto e os tempos são outros. Sim, é certo, são propriedades de famílias ricas, mas também é líquido e certo que destruir um patrimônio que no fim das contas é da cidade, do país, porque é cultural, histórico, é de uma burrice sem tamanho. Não posso imaginar o que propor, mas sei que dá forma como está não funciona.

Violência ainda mais rentável

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo
16 de Janeiro de 2019
Vivemos numa guerra civil, os números apavorantes provam isto. A principal razão foi e continua sendo o silêncio, portanto a aceitação implícita, de toda a sociedade brasileira. A venda de armas pode aumentar a violência, o banho de sangue, mas quem realmente se importa? Vai se importar a esquerda populista que teve 16 anos para socializar a paz e por razões estranhas à justiça social dividiu os Brasil em nós e eles, o primeiro passo para a discórdia? O pessoal da violência, do crime, da barbárie, dos que aterrorizaram todos, inclusive e principalmente os mais carentes, de que lado estavam, nós ou eles? Vão se importar os outros que tanto gritaram por uma mudança que agora ai está? Por ter uma arma na mão vão sair heroicamente dando tiros por ai sonhando em frear a barbárie? Duvido. Não reagiram por meios legais no passado, no máximo resmungaram em roda de amigos, trivial tema de conversas. Será diferente com uma arma na mão, vão contar bravatas se estiverem vivos? Com a liberação de armas nossa guerra civil provavelmente só mudará de cores. Vai aumentar, talvez, quem se importa realmente? Uma coisa é certa: o negócio da violência vai ficar ainda mais rentável. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Patinete estacionado cruzado na ciclovia

Ontem voltando para casa dei de frente com um patinete elétrico verde de aplicativo parado cruzado no meio da ciclovia da Faria Lima. Era fim de tarde, no lusco-fusco, e estava bem pouco visível. A probabilidade que um ciclista não o percebesse e tomasse um tombo era grande. Logo atrás vinha um casal pedalando e minha preocupação imediata com eles me levou a tirar do caminho o patinete rapidamente, o que aconteceu de forma desajeitada, transparecendo a irritação que realmente existia. De qualquer forma o patinete foi levado para a grama e estacionado em pé antes que o casal ali chegasse. Ele chegou primeiro, distante dela, com cara de espanto pela minha reação.
- Parado deste jeito pode causar um acidente, disse eu. 
- Quebrar o brinquedo dos outros não é legal, respondeu ele provavelmente em razão do meu mau jeito com o patinete que cria vida própria quando se segura com uma única mão e se anda feito pato empurrando a bicicleta entre as pernas. 
- É mobilidade, continuou ele, faz bem para a cidade...
Não, não é, não desta forma. Não é o patinete, mas o mau seu uso, a falta de ordem e respeito pelo próximo. Falta de civilidade estraga qualquer coisa. A bem da verdade estes aplicativos estão sendo a cada dia mais questionados em várias partes do planeta porque os usuários não estão nem aí para o próximo. Paris, que tem uma tradição com patinetes patinetes, os não elétricos, está pensando o que fazer com a bagunça que se armou com elétricos de aplicativos. Não só Paris.
Qualquer coisa nova é uma solução? Pode ser e pode não ser, depende de uma série de fatores. No caso da mobilidade, principalmente, respeito ao funcionamento da cidade e ao sistema de transporte de massas existente. Integração é a palavra. Mudança é a outra. As duas devem caminhar juntas para dar certo. É óbvio que há uma fase de adaptação, mas também é verdade que já deveríamos ter aprendido que acreditar em soluções milagrosas não funciona. "É, mas me facilitou a vida", dizem. E a vida dos outros, e o resto, como fica? O que vale é o selfie? Ai não vai dar certo mesmo.
O que importa é a cidade: aglomeração humana...




https://www.theguardian.com/uk-news/2019/jan/10/ofo-cycle-hire-firm-pulls-out-of-london?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Prix L'Oréal- UNESCO 2018 for Women in Science

O mundo precisa da Ciência. 
A Ciência precisa das mulheres
Prêmio L'Oreal-UNESCO

Cada vez que vejo estas propagandas
sobre 'uma' das premiadas fico emocionado
Emocionado 
tanto pelo respeito às mulheres, 
que ainda não temos por aqui
Quanto pelo respeito á Ciência, 
que também não temos por aqui.
Ainda não conseguimos sequer entender
o básico 
Para que serve qualidade?
Temos um longo caminho a percorrer
que seja rápido
o tempo passa
e foi-se
Quem fica para trás desaparece





quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Melhorar a comunicação da população

Fórum do Leitor 
O Estado de São Paulo

Bertrand Périer, advogado no Conselho de Estado Frances e professor de fala pública em seu artigo "O grande retorno da palavra", publicado na Paris Worldwide, fala sobre a discrepância entre a educação para a escrita e para a expressão oral dos alunos franceses, o que faz que muitos jovens tenham dificuldade em comunicar-se. "Há uma grande demanda (para a melhora do ensino de expressão oral e comunicação)  nos bairros mais pobres onde a população jovem compreendeu que a capacidade de expressarem a si próprios corretamente e de serem ouvidos é um marco social e profissional precioso (que faz toda diferença para um futuro promissor)". Como a maioria dos brasileiros que teve acesso a uma boa escola tenho dificuldades em compreender o que boa parte de nossa população fala. É normal que existam regionalismos, gírias, dialetos, informalidades, expressões particulares, simplificações, mas não é normal nem apropriado que as pessoas de um mesmo país não se comuniquem bem entre si. Respeito à diversidade de outras culturas se faz com compreensão destas, o que só é possível através do entendimento, portanto da boa comunicação entre partes. O brutal empobrecimento da verbalização que tivemos nestes últimos anos só fez crescer o abismo social. A diminuição ou a distorção do vocabulário afeta não só a comunicação, mas a capacidade de pensar, de progredir, de entender por que há direitos e deveres e qual a justiça social que podem conter e trazer. "... (Ministério de Educação deve tomar atitude para) "cultivar o gosto pelas palavras e discussão na era dos smartphones, emails e da inteligência artificial" (tradução livre) termina o texto Bertrand Périer, autor de "La parole est un sport de combat" (A palavra é um esporte de combate). Sem sombra de dúvida é.

Feliz Ano Novo

A todos!
Eu? Passei da melhor maneira possível: na caminha e dormindo. Acordei muito cedo no dia primeiro e fui para as ruas pedalar. É o melhor dia e momento do ano para sair livre e solto pelas ruas da cidade. Não tem carro, não tem pedestre, não tem ciclista, a bem da verdade não tem ninguém. Só a cidade, as plantas e os bichos. Paz total, a vida é sua, só sua, de quem quer de fato comemorar o ano novo. Bem vindo. Dá até para desejar Feliz Ano Novo a todos em paz e com sinceridade; tem coisa melhor?
Interessante, é a passagem do ano e todo mundo brinda, independente do estado de ânimo e da vontade. Um brinde é obrigatório! Cumpra-se! No dia seguinte volta tudo como antes no mar de Abrantes. Aliás, o dia seguinte não é dia um, mas o primeiro... de janeiro. Se tudo continua igual será o primeiro da mesmíssima coisa? A ressaca que responda.
Eu, heim? Sessenta e três anos depois cansei de brindar. Não gosto de champagne, nunca gostei. Desejo o melhor a todos o ano todo por que tenho que repetir os votos a meia noite de passagem do ano tomando champagne? "Feliz Ano Novo a todos!!! Mas você não vai brindar com cerveja, vai?" Para mim não faz diferença nenhuma. Deve fazer para os que enchem de sorriso e sinceridade o toque de taças borbulhantes nas festas vestidas de branco. Nestas festas minha melhor hora sempre foi quando terminei de lavar os pratos e taças e fui para cama. Alguém fica para trás para ajudar a organizar a boa bagunça, aí sem ironias? Nem meter na Raimunda (a maquina de lavar pratos) o pessoal mete, uma sacanagem. Brochante. Casa organizada e cama, ai sim feliz ano novo. É a repetição do dia a dia meu e de milhões de mulheres e uns poucos homens civilizados. Feliz ano novo ou igual ao ano que termina no calendário que vai para o lixo? A bem da verdade entre sorrisos duvidosos e lavar pratos eu fico com os pratos que chegam sujos e deitam no escorredor limpos de qualquer resto. Limpar de qualquer resto para colocar as coisas a limpo para futuros prazeres, este não deveria ser o resultado esperado dos brindes de despedida do ano velho? A verdade é que via de regra só os pratos cumprem estas boas palavras: Feliz Ano Novo.  

Fica minha recomendação para ver o filme 'O fio da navalha', The Razor's Edge, de 1984, do original de Willian Somerset Maugham. A leitura deve ser ótima também porque o autor é excepcional. 
E 'Comer, rezar, amar', comédia romântica sobre transformação de uma vida através de um acidente (incidente) de bicicleta. 
Finalmente 'Sidarta' de Hermann Hesse, apropriada leitura para estes tempos humanos