quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Segurança de pedestres (e todos outros modais) em NY e Estados Unidos

No final deste editorial do NY Times é citado que em Chicago se está implantando ruas modernas; leia-se: automóveis, pedestres, pessoas com deficiência, e ciclistas circulam numa via que não tem qualquer tipo de segregação. Nada de meio fio, nada de pinturas, tachas, pequenos obstáculos, e se estão seguindo o que já está implantado na Holanda e Inglaterra, como a Exhibition Road em Londres (fotos abaixo), sequer sinalização. Estão optando pelo que a princípio parece uma loucura, mas não só não é como está provado que aumenta a segurança de todos, incluindo ciclistas. 
Enquanto isto nós...





Primeira ciclovia solar

Os holandeses estão construindo a primeira ciclovia solar da história:
http://blog.velib.paris.fr/blog/2014/10/23/la-premiere-piste-cyclable-solaire-sinstalle/ 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cigarro, aspirina, ciclovia e pisca-pisca

Um amigo disse que não entendia minha recomendação sobre usar o farolete ou farol da bicicleta na posição de luz fixa em vez do pisca-pisca recomendado pelos fabricantes dos mesmos. Outro me pediu para explicar porque faço críticas às ciclovias que estão sendo implantadas aqui em São Paulo se uma pesquisa mostra que estas são aprovadas por mais de 80% da população (ou dos usuários, não sei bem ao certo). Minha resposta esta no cigarro e na aspirina.
Pisca-pisca: Porque será que as polícias rodoviárias pedem que com nevoeiro nunca seja acionado o pisca-pisca ou pisca alerta do veículo? Porque os códigos de trânsito de todos países, de todo planeta, até mesmo os bolivarianos, impõe que o veículo circule com luzes dianteira e traseira fixas e definem que pisca-pisca só deve ser usado em casos específicos, como conversões ou algumas emergências? Alguma razão deve haver.
Eu li e não sei onde coloquei, e assim perdi um artigo sobre “efeito vaga-lume”, meio reportagem, meio documento oficial de algum departamento de trânsito da Austrália abordando colisões de motoristas contra ambulâncias, bombeiros e carros de polícia que foram provocados pelas suas luzes piscando. Acho que foi neste mesmo que estava citado o efeito prejudicial destas luzes intermitentes em epiléticos. Na época que li o artigo já havia ciclistas com pisca-pisca, mas não tão fortes como os de agora, e mesmo assim começou a tocar meus sininhos: e o uso destes pisca-pisca por ciclistas, qual o resultado?
Agora fiz uma busca e encontrei muitos artigos falando a favor do uso de pisca-pisca nas bicicletas. Era de se esperar, já que fabricantes têm uma capacidade de lobby e divulgação forte; vide capacetes. Obviamente não encontrei o artigo sobre o efeito vaga-lume, mas encontrei alguns textos interessantes. Algumas autoridades fora do Brasil até recomendam o uso do pisca-pisca, o que dá para pensar. Acredito que estão apostando que pisca-pisca neste momento fará com que o trânsito se acostume a ver o ciclista, o que pode ser um perigo para o futuro da segurança do próprio ciclista. Aceitar uma quebra de regra para resolver um problema temporário é mais que temerário. Exceções costumam ter um posterior custo alto, já cansou de provar a história. Crer em besteira é o maior perigo, o caminho mais rápido para o acidente. Faço uma prévia mea culpa e digo que não há pesquisas, pelo menos nunca vi uma contra ou a favor. Estabeleço minha lógica em cima do passado, da história.
Quero ver até quando vão permitir esta baderna de luzes pelas ruas. Já começa haver reação. Em Portland as ciclofaixas estão sendo pichadas com ofensas aos ciclistas que usam pisca-pisca indiscriminadamente. Uma reação destas aqui não significa muito, mas lá é coisa séria.

Sobre ciclovias:
Interessante, o pessoal pede ciclovia por que se sente mais seguro. Interessante, tanto pediram, mas não saem para pedalar, mesmo com as benditas ciclovias implantadas. Interessante também, mas este mesmo pessoal que sente mais seguro na ciclovia não consegue perceber que nestas ciclovias pintadas de vermelho e segregadas do trânsito por simples tachões os carros passam tão ou mais raspando que quanto estão pedalando numa rua sem ciclovia, de trânsito partilhado. Mais interessante ainda é que o ciclista desce da bicicleta, vira pedestre, vai cruzar uma avenida e os carros passam raspando o nariz e o espelho do ônibus quase arranca o escalpo, o que naquela situação, de pedestre, é normal, não causa medo, sequer merece reclamação.
No exato momento em que as cidades do mundo afora estão sofrendo mudanças para integrar todos modais, nós, brasileiros, estamos segregando a bicicleta do resto do trânsito, pior, na porrada, goela abaixo. Não falam tanto sobre os capetas da ditadura? (Que ditadura, de direita ou esquerda? Ah! de direita, é lógico.) Que diferença há? Porque é em nome do bem? De boas intenções o inferno está cheio. E nossas pobres cidades também.

Cigarro já foi inofensivo à saúde. Aspirina fazia milagres contra infarto e outras mazelas do envelhecimento. Margarina foi mais saudável que manteiga. Como prova a população da China e Índia, selim causa impotência. E assim por diante. O que será a ciclovia? E o pisca-pisca?

O que está acontecendo com os ciclistas é que eles refletem o admirável mundo novo e seu individualismo extremo. Que se foda o próximo! Dedo no olho do outro não dói.

Há uma verdade histórica: Ou todos temos segurança ou ninguém realmente tem.

Protestos contra o uso de pisca-pisca em Portland:

Posicionamento do Governo Inglês

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

bicicletas comunitárias em Boston, Washington e NY

Boston


NY

Washington

Londres
Bicicletas públicas estão se espalhando pelos Estados Unidos. Em Boston, Washington e NY o sistema é o mesmo, com a mesma estação e bicicleta. O funcionamento é simples e eficiente, bastando ter um cartão de crédito e seguir as instruções da telinha da estação, respondendo algumas perguntas, deixando o número do telefone (para brasileiros 55 11 (SP) e número), lendo breves recomendações, e finalmente recebendo o código de liberação. Caso fique mais de um dia recomendo pagar os US$25,00 e ter direito por uma semana. Em poucos minutos você sai pedalando. Na próxima retirada de bicicleta é só pedir o código de liberação e sair pedalando. Raro, mas houve algum tipo de problema, principalmente no desbloqueio e bloqueio da bicicleta na estação. Nos fins de semana pode ser difícil encontrar bicicleta disponível, foto comum em todas partes.
Em NY só há estações no sul de Manhattan, da 59th Street, início do Central Park para baixo, e no BrooklinAs laterais do Central Park são das áreas mais ricas e sofisticadas de NY, mesmo assim, pelo que se vê, são ainda inviáveis pelo custo operacional. Em São Paulo houve e talvez continue havendo uma guerra ideológica para implantação de bicicletas comunitárias na periferia. Lembro que no mundo inteiro mesmo com as bicicletas comunitárias implantadas só em área de uso mais intenso, os operadores do sistema não estão tendo dificuldades de equalizar o balanço financeiro, que sem propaganda não subsiste.
O interessante é que as cidades vizinhas a NY estão também implantando seus sistemas de bicicletas coletivas, a maioria igual a de Manhattan e Brooklin, mas uma das cidades decidiu optar por um sistema diferente por causa dos custos. Buscaram uma alternativa no sistema alemão que não precisa de estações fixas para estacionamento das bicicletas. Cada bicicleta tem seu próprio cadeado que trava ou destrava a bicicleta através do celular ou por código. A desvantagem é que você tem que ficar caçando bicicleta. A vantagem é o custo muito menor no modelo alemão, US$ 1.200,00 contra US$ 5.000,00, por bicicleta. A diferença está exatamente no custo embutido das estações. Vide link abaixo.
Quando estive no Velo City de Munich nos entregaram estas bicicletas. O sistema funciona perfeitamente, pelo menos num local onde os celulares funcionam também com perfeição, o que definitivamente não é o caso daqui, Brasil. 
Tanto a bicicleta usada nos Estados Unidos, que é a mesma de Londres e muito parecida com a Velib de Paris, como a bicicleta alemã são uns tanques de guerra. Elas andam bem no plano depois que embalam, mas mostram todo seu peso na menor subidinha. Para mim a melhor bicicleta continua sendo a Samba, do sistema da Serttel (Bike Samba - Rio, Bike Sampa - São Paulo, Bike Santos...): básica, simples, sem frescura, a mais leve... Não gosto do critério de manutenção e gosto menos ainda da opção de pneus, errados para o uso, o que prejudica muito a imagem da bicicleta. 
Manutenção é um problema, em todas as partes. Sempre tem uma ou outra bicicleta meia boca ou funcionando mal, principalmente entre as mais velhas. A dica é fazer uma rápida checagem nos pneus, freios, câmbio e blocagem de selim antes de soltar a bicicleta. Infelizmente o pessoal que usa não cuida como deveria. É um bem público, de todos, incluindo de quem usa. 
PS.: Ontem pedalei pela primeira vez uma bicicleta do Ciclo Sampa, o sistema de bicicletas comunitárias concorrente do Bike Sampa aqui em São Paulo. Não entendo por que dois sistemas de bicicletas comunitárias concorrentes e independentes, mas isto é uma outra história. As bicicletas do Bike Sampa são parecidas com as de NY, mas tem câmbio de três marchas Sturmey-Acher e transmissão por eixo cardam. Sturmey-Acher é tradicional, de qualidade praticamente inquestionável, mas muitas bicicletas estão com passadores de marchas Shimano, o que é ridículo. Não funciona. O patrocinador do Bike Sampa é o Bradesco e é patético que eles permitam um erro tão primário; erro este que pode colocar em cheque todo investimento. Se os passadores quebraram, o que duvido, quanto custa trazer novos? Para uma potência como o Bradesco zero. É lógico que há um contrato entre o Bradesco e o operador do sistema, mas ai... Não vou ensinar o pai nosso para o padre. Como disse as bicicletas vem com eixo cardam, que não tem a elasticidade de uma corrente. A sensação do pedalar não me agrada. A Ciclo Sampa é muito bonita, mas um caminhão.

...While the Citi Bike system relied on docking stations that sometimes malfunctioned, Hoboken’s shared bikes could be locked to standard bicycle racks, lampposts or street signs with an integrated lock activated by either a smartphone app or a keypad mounted over the rear wheel. Users located available bikes, all of which were equipped with GPS, through the app....

Mapa da distribuição das bicicletas em NY:
https://www.citibikenyc.com/stations

Inteligência salva vidas

Smart!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O que fazer com o velódromo da USP SP?

É triste ver a situação do velódromo da Cidade Universitária da USP de São Paulo. Abandonado, como várias outras construções dentro do próprio Campus, e a bem dizer em todas partes de São Paulo e Brasil, o velódromo está deteriorado, neste momento imprestável. 
O que fazer para recupera-lo? "É a inteligência, imbecil!" lembrando do slogan da campanha de Bill Clinton. "É a inteligência, imbecil!". Pensa! Age! Faz! Preserva! Talvez seja pedir muito neste Brasil do nunca antes.
Enfim; deprimente!
Matéria na UOL:

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Ciclovias de São Paulo: tantas críticas porque?

Reinaldo Azevedo: "Haddad, o maníaco da ciclofaixa, conta com jornalismo biciclopetista para atacar os conservadores e anuncia pistas para bicicletas em 12 pontes da Marginal do Pinheiros"
 
Já vi muita coisa nesta vida e sei que certas mudanças, por menor que sejam, dificilmente acontecem sem algum desconforto, mesmo que seja trocar o sofá velho e incomodo da casa. Foi nele que você viu televisão, leu jornal de domingo, conversou com os irmãos, segurou a mão de mamãe, comeu pipoca, deu uns pegas na namorada, tomou uma puta bronca da velha que pegou o casal no pulo... Mesmo que o sofá esteja caindo aos pedaços, dando dores na coluna, cheio de pulgas, furado, desbotado, ele tem história, faz parte de sua vida, vai deixar saudades.
No mundo inteiro a inclusão da bicicleta como modo de transporte foi, é ou até mesmo continua sendo traumática em menor ou maior grau. Vide NY e Londres, para ficar nos exemplos de problemas mais agudos. Mesmo em Amsterdã o uso da bicicleta cresceu tanto que ela deixou de ser uma maravilhosa solução para ser um dos problemas urgentes a serem resolvidos, principalmente no que se refere a estacionamento. 
Quem já teve que fazer uma reforma na casa sabe o tamanho da confusão e desgaste. Eu sei e pago para não ter pião aqui dentro, mesmo que minha casa necessite urgentemente de alguns consertos. 
No caso de São Paulo, que vinha em crise faz décadas, o IPI Zero não deixou alternativa que fazer mudanças rápidas, algumas radicais; daí os corredores de ônibus e a necessidade de melhorias para ciclistas, com o que concordo. Mas não da forma que vem sendo feita. De simplório para simplórios.
O drama do Brasil é que tudo é realizado na base do improviso, mal feito, aparentemente sem projeto. Tudo, não só as ciclovias e ciclofaixas. Mais ainda, vamos progredindo, se é que isto é progresso, pontualmente. "Mais pior ainda", com segundas intenções, ...eleitoreiras. O pedestre que se foda! Agora é a vez do ciclista. Pinta de vermelho, coloca obstáculos, sinaliza e pronto, feita a revolução da noite para o dia. A meu ver definitivamente não, isto não é revolução; só é se for estilo estado islâmico, com o qual não concordo, mas faz o estilo de muita gente do partido.
Quando sonhei com o Projeto de Viabilização de Bicicletas como Modo de Transporte, Esporte, Lazer, e Cicloturismo para São Paulo, sonhei com uma mudança lenta e gradual, o menos conflituosa possível. Sonhei em agregar, paz, conforto, segurança, prazer e vida, com qualidade, a melhor possível. Estruturar passo a passo, com inteligência, crucial para um futuro perene. Não foi possível.
Não tenho absolutamente nada a ver com o que está sendo feito, como não tive nada a ver e fui absolutamente contra os que agrediram em nome da bicicleta. A verdadeira revolução da bicicleta é outra, no caminho oposto. Bicicleta é da paz, cultura da paz como diz Walter Feldman. 
São Paulo sempre teve um restrito grupo de ciclistas batalhando pela bicicleta. Felizmente hoje temos uma nova geração, garotada gente fina, de qualidade, que procura fazer as coisas bem feitas. Já expressei minha preocupação, pessoalmente e aqui, que eles estejam sendo usados como massa de manobra. Espero que não, mas tendo em vista o pessoal que está na Prefeitura de São Paulo, não é difícil que esteja acontecendo. 
Sejamos justos: não é hoje que se faz porcaria para a bicicleta. As ciclofaixas de Moema foram implantadas pela CET SP, Governo Kassab, da mesma forma que estão implantando o sistema cicloviário hoje, ou seja, pinta de vermelho em cima da buraqueira e pronto. 
Espero que eu esteja errado. Alguma coisa vai restar disto, mas a que custo? Este é o ponto? Buenos Aires refez boa parte do que havia sido implantado. Não foi o único caso. 
Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, é anti-petista, mas ninguém duvida que escreve com linhas que atiram direto nos fatos reais da mosca. O texto "Haddad, o maníaco da ciclofaixa, conta com jornalismo biciclopetista para atacar os conservadores e anuncia pistas para bicicletas em 12 pontes da Marginal do Pinheiros" fala o que se ouve nas ruas, nada mais. Pena que o mesmo Haddad, protetor dos pobres e oprimidos, não tenha feito desde o primeiro minuto de sua administração as mesmas pontes, do rio Pinheiros e também Tiete, mais amigáveis para pedestres, que somos todos nós e fazem mais de um terço dos deslocamentos (modais) da cidade. Estes sim merecem atenção. 


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Pedalar, ganhar tempo, informar-se

O transporte de massa nas grandes cidades é um massacre diário, uma nova forma de escravidão. Se eu morasse na periferia e fosse obrigado a usar transporte público provavelmente não teria tido a possibilidade da leitura que tenho hoje (que é infinitamente menor que a que gostaria de ter) pelo simples fato que enjoo quando leio dentro de qualquer coisa que chacoalhe. Invejo para valer quem consegue. Como curiosidade um dos maiores ciclistas da história, o italiano Fausto Copi, ia para escola pedalando e estudando ao mesmo tempo.
Leitura, bem dito, informação, faz toda diferença no grau de liberdade e civilidade do indivíduo. Ninguém coloca em dúvida. É preciso tempo e concentração, além de qualidade, para que a leitura seja proveitosa. O resto depende do indivíduo.
Um dos milagres da bicicleta é que ela fornece uma sensível diminuição do tempo de transporte, principalmente em viagens curtas ou até médias. Dentre outras, ciclistas têm grande chance de chegar a casa mais cedo  e com isto ter mais tempo para si e a família, o que resulta em melhor relacionamento familiar e melhora do aproveitamento escolar dos filhos. Como pedalar melhora o condicionamento físico o ciclista normalmente é mais calmo, atento e perspicaz que os usuários de outros modos de transporte. O impressionante aumento do número de reclamações sobre as condições ambientais do Rio Pinheiros depois da abertura de sua ciclovia é prova.
Vale dizer que ciclistas são mais informados e esclarecidos? Não dá para ir tão longe. Conversas com amigos usuários da bicicleta como transporte me trazem a este texto. Falo sobre cidadãos que estão acima da média intelectual do brasileiro comum, inclusive se comparados ao nível social que pertencem, universitários de classe média alta trabalhando em empresas de qualidade reconhecidamente também acima da média. Conversávamos sobre o resultado do primeiro turno da eleição e perspectivas para o futuro do Brasil e fiquei impressionado como no geral não se interessam pela realidade do país. Navegam nos ventos do social e quando muito trabalho; ponto! Não é exclusividade dos ciclistas, mas de toda a sociedade brasileira.
Tive a oportunidade de acompanhar a campanha presidencial da França entre Sarkozy / Hollande. Foram semanas seguidas, dias e dias, quase inteiros, de debates nas mais diversas áreas, praticamente todas. Jornais, rádio, TV com mediadores e jornalistas inteligentes, intelectuais, especialistas, números, projeções... Quem quisesse (e aguentasse tanta falação) teve uma visão clara da situação da França, Europa, e mundo. Mesmo assim elegeram Hollande com sua proposta de intervir nos estoques reguladores das petroleiras para congelar o preço dos combustíveis, uma imbecilidade populista sem tamanho (vide Venezuela, produtora). Mas o francês sabia onde estava colocando o pé, ou melhor, o voto. Arrependeu-se logo em seguida e continua profundamente arrependido até hoje.

Ciclistas: a bicicleta lhes oferece o milagre do tempo e a possibilidade de informar-se e pensar, ser melhores cidadãos. Mas milagre nenhum vai se realizar se você não desligar o smartphone e procurar informação de verdade, consistente, não de breves toques. Seja você smart. 

Leitura imperdível:
O Estado de São Paulo
E2 / Aliás / Domingo, 5 de Outubro de 2014
matéria de Capa
O país da tocáia. 
por Carlos Guilherme Mota
- Vivemos numa nação esfrangalhada e de precária cultura política, em que a difamação substitui a informação no debate público, diz historiador
(Políticos guardam resquícios coloniais, imperiais e republicanos unidos numa mixagem tropical perversa)

e E3 / Aliás / Domingo, 5 de Outubro de 2014
De Fidel a Fidelix
de Eugênio Bucci
- Candidato do PRTB fez o que áulicos do ditador cubano lá e cá não têm mais coragem: repetir o discurso com que Castro humilhou e baniu gays. 
(Moral sexual da esquerda nos anos 80 afinava com a da TFP)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Pedestres morrem atropelados por ciclistas em NY

Tenho reclamado do comportamento dos ciclistas aqui em São Paulo. Em NY está pior. A última vez que estive lá, a pouco mais de dois anos, o maior problema eram os entregadores chineses e suas bicicletas elétricas que circulavam sem respeitar praticamente nada. Esta situação piorou e agora virou “xixi”: chineses e chicanos por todos lados, em qualquer sentido, sem avisar, a mil. Tomei e vi outros tomarem vários sustos ao cruzar a faixa de pedestre. Desrespeitar pedestre não é exclusividade dos “xixi”, mas de uma quantidade tristemente sensível de ciclistas.
Nas últimas semanas morreram três pedestres atropelados por bicicletas, sendo dois no Central Parque, o que está gerando justas e pesadas críticas aos ciclistas. Não sei quanto os nova-iorquinos estão indignados, mas me faz lembrar a época que o prefeito, não sei o Koch ou Giuliani, tentou tirar das ruas os bike couriers, tal sua agressividade e o pavor dos pedestres. Só não tiraram por que a Constituição Americana não permite, mas tinham apoio de integral dos nova-iorquinos.
Sintomático foi o espanto de uma senhora por que eu parei a bicicleta para que ela entrasse no taxi. A quantidade de ciclistas que não respeita praticamente nada, nem outros ciclistas, é grande, acredito eu muito maior que a média mundial de 5% de infratores agressivos. Infelizmente o individualismo exacerbado impera. A única solução que vejo é repressão, já que educação para o trânsito o americano tem. Americano tem um letreiro constantemente passando nos olhos que diz quer se infringir a lei vai dançar mesmo. A tolerância deles é bem baixa.

Morre um pedestre ou ciclista a cada dois dias em NY, o que eles consideram inaceitável. (Imagine só, aqui em São Paulo morrem mais de 600 pedestres ano, que foram por muito tempo 750/ano e ninguém diz nada.) É meta do Prefeito atual Bill de Blasio chegar a zero mortes no trânsito. Para isto está fazendo mudanças na cidade, principalmente diminuindo a velocidade em várias partes da cidade. Vai ter que diminuir a velocidade dos ciclistas no Central Park por que máxima atual de 25 milhas/hora (40 Km/h) numa bicicleta é absurdo. O comportamento dos ciclistas que treinam no Central Park não difere em nada dos que treinam na USP SP ou na ciclovia do Rio Pinheiros.
Outro problema que de Blasio terá que enfrentar é a lei, ou pelo menos a forma como são feitos os julgamentos de mortes no trânsito. Hoje só é condenado por morte em atropelamento o condutor que tiver cometido duas infrações de trânsito, um absurdo!

NY Times sobre os pedestres atropelados por ciclistas no Central Park




Sobre o atropelando e morte do menino de 9 anos. O horror é que ele estava na faixa de pedestres e seguro pela mão do pai. Deprimente. Pior, o motorista se livrou da acusação.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Olavo de Carvalho e a opção pelo crime

Quem convive comigo sabe que eu me defino como adepto do socialismo responsável e que considero este pessoal que está ai populistas baratos e fascistas, não socialistas. 
Socialismo responsável é o que existe em países como Holanda e países nórdicos, onde o foco da macro política é a responsabilidade social. Para chegar a resultados se usa qualquer instrumento que dê resultados reais de longo prazo, sem milagres, sem propaganda enganosa. No socialismo responsável o importante é o resultado e não as ideologias ou o fundamentalismo. 
Por exemplo, bicicletas fazem parte do cardápio de um socialismo responsável por que, comprovadamente, trazem o bem para o individuo, cidade e macro econômia, portanto para todos. Esta foi a razão por que lutei mais de 30 anos pela bicicleta. Mais ainda: bicicleta é crucial para o combate da extrema pobreza, como está provado pelo projeto Bike Afrika e números que o IBGE apresentou em 1981, a última vez que a bicicleta apareceu no senso do IBGE.
Não por ironia do destino este pessoal que está comandando o Brasil faz 12 anos cagou e andou não só para a bicicleta, mas para pedestres, a imensa maioria pobre, e pessoas com deficiência, uma parcela imensa da população (17%), esta completamente esquecida. Deficientes não votam, portanto não servem à causa.
Quando eu estava na faculdade quis assistir as reuniões que resultaram na criação do PT. Não me permitiram por que eu usava mocassins, o que sem dúvida é um critério político importantíssimo. Sou de deixar para trás estas besteiras, mas coisas do gênero se sucederam, principalmente em relação ao apoio á questão da bicicleta. Devo ser justo, não só o PT cagou e andou sobre a bicicleta, a maioria dos partidos de esquerda, incluindo ai o Partido Verde em seus primeiros dias. Não demorou muito o PV passou a apoiar a bicicleta. Com já disse, quem apoiou a bicicleta foi a direita e algumas pessoas de centro ou esquerda responsável. A esquerda cagou em cima - vide IPI zero para carros.
O vídeo abaixo de Olavo de Carvalho, um dos mais respeitados escritores e colunistas do Brasil, fala sobre violência e como as esquerdas se utilizam dela. 
Meu trabalho durante estes anos esteve muito voltado para segurança no trânsito, principalmente de ciclistas. Esta fala de Olavo dá uma pista do porque um governo que se diz pai dos pobres não fez nada para diminuir a brutal violência que temos no Brasil. Eu estava em NY quando soube que Dilma falou que se deveria dialogar com estes sociopatas do Estado Islâmico e outros do gênero. Hoje a Turquia, que de alguma forma no passado deu apoio a eles, decidiu de maneira clara e inequívoca mandar suas tropas para combater estes assassinos, escravagistas e violentares de mulheres e crianças. Todos os países do mundo, incluindo os mais radicais e até mesmo a Al Qaeda estão contra. Mas Dilma disse nas Nações Unidas que tem que dialogar. Para o Brasil foi um desastre. 
Estes anos do Brasil do nunca mais aconteceram coisas estranhíssimas, principalmente no que diz respeito ao crime e a violência. Por leitura sempre soube que as esquerdas mais ideológicas apoiam a ilegalidade, portanto a violência. Por esta razão estou fora. Quero distância. Aliás, quero este pessoal fora, de preferência com seus mentores presos por traição à Pátria e crimes contra a humanidade. Que levem o aliado Maluf, criminoso garoto propaganda da campanha atual da Interpol contra o crime internacional, junto. 
Vote em quem é socialmente responsável. Não vote em criminosos. Há uma grande diferença.


http://www.youtube.com/watch?v=-FNhAgLBHqY 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Completamente perdido

Eu devo um pedido de desculpas para Marisa, uma das meninas do Saia na Noite e gracinha de pessoa, nota 10. Marisa veio pedalando de frente para mim na ciclovia da Faria Lima com a luz dianteira piscando e mal a cumprimentei já saí dando bronca por conta do pisca-pisca. Mesmo que eu tivesse razão, o que acredito que tenha, mais de uma e boas razões, não tenho direito de fazer o que fiz. Ou talvez tenha e deva, até por preocupação com quem gosto, e Marisa é destas pessoas que valem a pena. Talvez a forma..., talvez tenha razão, talvez não, já não sei mais.  De qualquer forma fica aqui meu pedido de desculpas por que realmente gosto dela.
Perdi o controle do convívio social, em especial aqui no Brasil. Não aguento mais selvageria, politicamente correto, burrice, preguiça, desinteresse e outras grosserias sociais. Lá é muito difícil vivenciar situações desagradáveis. Via de regra vive-se em regime de cordialidade e cooperação coletiva; e as coisas funcionam.
Numa loja de roupas de NY uma mulher brasileira foi até uma atendente com uma blusa na mão e perguntou literalmente em português “Tem em amarelo?”. Como obviamente a funcionária americana não entendeu nada a brasileira repetiu a pergunta algumas vezes aumentando a voz até soletrar “A-MA-RE-LO!” aos berros. E ai, fazer o que?
Estou cada dia mais intolerante com este tipo de situação. Virar as costas e deixar de lado ou continuar a enfrentar para construir um futuro melhor?
No JFK, aeroporto de NY, a American Airlines comunicou pelo sistema de som alto, claro, audível e compreensível, em inglês e português, a ordem de entrada no avião: primeiro a primeira classe, depois a econômica, logo em seguida e por ordem os grupos 1, 2, 3 e 4 marcados na passagem de todos. Um bom punhado de brasileiros avançou sobre a funcionária que organizava a fila de embarque e conferia passagens. Ela repetiu algumas vezes com calma o pedido de organização da fila, mesmo assim quem tinha que embarcar não conseguia passar pelo tumulto. Desrespeitada, o tom da funcionária mudou e ela passou a repetir que o embarque ficaria suspenso enquanto não se fizesse uma fila. Os brasileiros não se moveram e houve até que fosse para frente pedir explicações, aumentando o tumulto. Na quinta vez que a funcionária da American Airlines repetiu o pedido e não foi ouvida eu perdi a paciência com os brasileiros e desandei eu a pedir ordem, dignidade e respeito. Fui vaiado por um punhado e aplaudido por outros, inclusive por funcionários da American Airlines (o que me contaram depois por que não vi). No meio da confusão veio um funcionário americano com crachá, que não sei de onde, se da AA, da segurança ou das lojas próximas, fez um incisivo agradecimento e me deu um saco cheio de guloseimas e água como prêmio, atitude que nos Estados Unidos tem significado forte. Uma menina brasileira que está estudando nos Estados Unidos parou junto a Tereza Murray que não quer mais voltar para o Brasil por conta destas coisas. Um jovem baiano veio me apertar a mão em agradecimento. Outros fizeram de longe sinal de positivo. Muitos fecharam a cara. Foi uma das sensações mais patéticas que tive na vida. Fiquei envergonhado, mas neste meio termo a fila se organizou e todos começaram a embarcar civilizadamente.

Aqui no Brasil menos controle no convívio social. Me sinto socialmente doente, um marginal. Lá fora é muito difícil vivenciar situações grosseiras. Via de regra, lá fora, nos Estados Unidos, Europa, Turquia, Equador, e mesmo na decadente Buenos Aires, vive-se em regime de cordialidade e cooperação. Civilidade é a peça chave. Exagero meu? Não sei mais, mas estou cada dia mais propenso a achar que não. Vide nossas cidades completa e desagradavelmente emporcalhadas. Não aguento mais ver no que nos transformamos. Peço desculpas a todos.