Um amigo disse que não
entendia minha recomendação sobre usar o farolete ou farol da bicicleta na posição
de luz fixa em vez do pisca-pisca recomendado pelos fabricantes dos mesmos.
Outro me pediu para explicar porque faço críticas às ciclovias que estão sendo
implantadas aqui em São Paulo se uma pesquisa mostra que estas são aprovadas
por mais de 80% da população (ou dos usuários, não sei bem ao certo). Minha
resposta esta no cigarro e na aspirina.
Pisca-pisca: Porque será que
as polícias rodoviárias pedem que com nevoeiro nunca seja acionado o
pisca-pisca ou pisca alerta do veículo? Porque os códigos de trânsito de todos
países, de todo planeta, até mesmo os bolivarianos, impõe que o veículo circule
com luzes dianteira e traseira fixas e definem que pisca-pisca só deve ser
usado em casos específicos, como conversões ou algumas emergências? Alguma
razão deve haver.
Eu li e não sei onde coloquei,
e assim perdi um artigo sobre “efeito vaga-lume”, meio reportagem, meio documento
oficial de algum departamento de trânsito da Austrália abordando colisões de
motoristas contra ambulâncias, bombeiros e carros de polícia que foram
provocados pelas suas luzes piscando. Acho que foi neste mesmo que estava
citado o efeito prejudicial destas luzes intermitentes em epiléticos. Na época
que li o artigo já havia ciclistas com pisca-pisca, mas não tão fortes como os
de agora, e mesmo assim começou a tocar meus sininhos: e o uso destes
pisca-pisca por ciclistas, qual o resultado?
Agora fiz uma busca e
encontrei muitos artigos falando a favor do uso de pisca-pisca nas bicicletas. Era
de se esperar, já que fabricantes têm uma capacidade de lobby e divulgação forte;
vide capacetes. Obviamente não encontrei o artigo sobre o efeito vaga-lume, mas
encontrei alguns textos interessantes. Algumas autoridades fora do Brasil até
recomendam o uso do pisca-pisca, o que dá para pensar. Acredito que estão
apostando que pisca-pisca neste momento fará com que o trânsito se acostume a
ver o ciclista, o que pode ser um perigo para o futuro da segurança do próprio
ciclista. Aceitar uma quebra de regra para resolver um problema temporário é
mais que temerário. Exceções costumam ter um posterior custo alto, já cansou de
provar a história. Crer em besteira é o maior perigo, o caminho mais rápido
para o acidente. Faço uma prévia mea culpa e digo que não há pesquisas, pelo
menos nunca vi uma contra ou a favor. Estabeleço minha lógica em cima do
passado, da história.
Quero ver até quando vão
permitir esta baderna de luzes pelas ruas. Já começa haver reação. Em Portland
as ciclofaixas estão sendo pichadas com ofensas aos ciclistas que usam pisca-pisca
indiscriminadamente. Uma reação destas aqui não significa muito, mas lá é coisa
séria.
Sobre ciclovias:
Interessante, o pessoal pede
ciclovia por que se sente mais seguro. Interessante, tanto pediram, mas não saem
para pedalar, mesmo com as benditas ciclovias implantadas. Interessante também,
mas este mesmo pessoal que sente mais seguro na ciclovia não consegue perceber
que nestas ciclovias pintadas de vermelho e segregadas do trânsito por simples tachões
os carros passam tão ou mais raspando que quanto estão pedalando numa rua sem
ciclovia, de trânsito partilhado. Mais interessante ainda é que o ciclista
desce da bicicleta, vira pedestre, vai cruzar uma avenida e os carros passam
raspando o nariz e o espelho do ônibus quase arranca o escalpo, o que naquela
situação, de pedestre, é normal, não causa medo, sequer merece reclamação.
No exato momento em que as
cidades do mundo afora estão sofrendo mudanças para integrar todos modais, nós,
brasileiros, estamos segregando a bicicleta do resto do trânsito, pior, na
porrada, goela abaixo. Não falam tanto sobre os capetas da ditadura? (Que
ditadura, de direita ou esquerda? Ah! de direita, é lógico.) Que diferença há?
Porque é em nome do bem? De boas intenções o inferno está cheio. E nossas pobres
cidades também.
Cigarro já foi inofensivo à
saúde. Aspirina fazia milagres contra infarto e outras mazelas do
envelhecimento. Margarina foi mais saudável que manteiga. Como prova a
população da China e Índia, selim causa impotência. E assim por diante. O que
será a ciclovia? E o pisca-pisca?
O que está acontecendo com os
ciclistas é que eles refletem o admirável mundo novo e seu individualismo
extremo. Que se foda o próximo! Dedo no olho do outro não dói.
Há uma verdade histórica: Ou
todos temos segurança ou ninguém realmente tem.
Protestos contra o uso de
pisca-pisca em Portland:
Posicionamento do Governo
Inglês
Nenhum comentário:
Postar um comentário