segunda-feira, 26 de abril de 2010

O capacete da imprensa

Folha de São Paulo sobre artigo “Trânsito ruim faz procura por bicicleta aumentar”.
C10 cotidiano ; domingo, 25 de abril de 2010

O bom artigo “Trânsito ruim faz procura por bicicleta aumentar” publicado pela Folha de São Paulo deste último domingo, 25 de abril, cai no vício comum à toda imprensa brasileira: não fazer uma pesquisa mais profunda sobre assuntos que parecem óbvios, como é o caso do uso do capacete por ciclistas. Faz todo sentido acreditar que capacete é importantíssimo para a segurança do ciclista, mas uma pesquisa mais aprofundada leva a páginas e páginas sobre pesquisas governamentais e artigos científicos que provam que a verdade não é bem esta.

Uma busca no Google em “bicycle helmet australia”; “bicycle helmet canada”; “bicycle helmet safety”; velo casque france; bicycle helmet ny; ou até nos links do site - http://www.escoladebicicleta.com.br/dicascapacetes.html, apresenta pontos de vista baseados em uma profunda coleta de dados, cruzados com metodologia inquestionável, e que os torna praticamente irrefutáveis.

O que temos no Brasil é uma boa vontade para ver a vida do ciclista mais segura, mas parte do que se diz está baseado em experiência própria ou de conhecidos, artigos de revistas ou mesmo em propaganda de fabricantes. Há uma perigosa distorção ai principalmente porque o discurso corrente é sensibilizador. O que se diz sobre capacetes nestas terras é verdade sim, mas para competição, o que fabricantes e interessados costumam omitir, e leigos apaixonados não se interessam por saber. No meio dos ciclistas, principalmente os esportistas, é socialmente inclusivo usar um bom capacete.

Dos artigos encontrados pode-se ler um em especial: “A helmet saved my life” (Um capacete salvou minha vida) - http://www.cyclehelmets.org/1019.html . O texto questiona a mística sobre histórias de acidentes e eficiência do capacete. Os depoimentos dados por ciclistas aqui no Brasil provavelmente são reais, mas nem sempre expressam a situação real do acidente.

Por uma questão de pura física um tombo de bicicleta a 20 km/h, boa velocidade para um ciclista urbano, é muito diferente de um tombo a mais 30 km/h, velocidade tranqüila para ciclistas esportistas e profissionais. A posição do ciclista urbano na própria bicicleta, que costuma ser mais em pé, faz com que os vetores de caída sejam muito diferentes de um ciclista esportivo que tem sua cabeça mais baixa e próxima do chão. E assim vai.

Oferecer segurança de fato só é possível quando se atem à verdade mais profunda dos fatos e não a conjunturas. Ainda acredito que seja dever do jornalismo cruzar informações e buscar novas fontes, o que tenho consciência plena sobre as dificuldades, principalmente na questão das bicicletas, tema tão novo. A questão do transporte e trânsito brasileiro é dificílima, caótica, cheio de velhos e mesmos caciques e pajés, o que só faz aumentar os descaminhos, a falta de bom gerenciamento, quando não a enganação. O que só faz crescer o número de vitimas.

Não somos tão diferentes nem pretensiosos a ponto de querer mudar leis da física, mas há os que dizem que a verdade lá fora é diferente. Ciência vale para todos.

Pelo que li até hoje a favor e contra, pela incrível palestra que assisti sobre capacetes no Velo City de 2007, afirmo que não há nada mais seguro que saber conduzir corretamente um veículo; que a bicicleta o é. Para a cabeça recomendo alguma proteção contra os raios solares, que até pode ser um bom capacete com aba.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

bicicleta roubada, numerada e identificada

Sai de uma reunião de trabalho no Centro da cidade exatamente às 15h00m e tomei meu rumo para casa porque me sentia um pouco mal. O tempo estava mudando rapidamente, passando de uma leve garoa para uma chuva fina, fria e forte. Minha leve dor de cabeça e nariz escorrendo pediam encarecidamente a proteção de casa, um banho e chá quentes. Trabalhar no seco é outra coisa. E no meio do caminho, em plena av. Tiradentes, passa por mim uma bicicleta importada vermelha e preta destas de mais de dez mil reais, provavelmente tamanho médio, sendo pedalada por um senhor muito simples que levava no pescoço alguns aros novos. Segui meu caminho mais um pouco e lá adiante minha consciência bateu forte. “Não dá para deixar passar, esta bicicleta não é deste cara. Meia volta volver”. O segui. Primeiro parou num bar próximo ao Choque da PM. Continuei em frente até dobrar esquina. Clássico de filme policial. Telefona para este e para aquele e logo descubro que a bicicleta havia sido roubada em Janeiro. Volto a passar pelo bar e a importada segue lá. Depois de acalmada a chuva o senhor deixa o bar, ajeita tranquilamente os aros no pescoço e segue viagem. E de novo vou atrás até seu destino final: uma pequena e pobre bicicletaria. Volto a dar telefonemas avisando a posição e para chamar 190. Do outro lado da linha uma correria de amigos para localizar o proprietário e o boletim de ocorrência. A polícia chega uns 15 minutos depois, o que foi muito bom, já que uma Scania estava empacada no meio do cruzamento da av. do Estado com rua Cantareira. Descem os polícias, explico a situação e nos encaminhamos para a bicicleta. Quem se diz atual dono está calmo, explica que a comprou na feira do rolo; deu uma velha GT mais uma grana. Achou a bicicleta bonita. Os policiais, fazem perguntas e ficam ali comigo esperando a possível vítima, então já localizado. Sei pela esposa que ele já voltou para casa, que está vindo para o local de taxi. Demora. Repito o telefonema e tenho como resposta que ele saiu de bicicleta e que deve estar chegando. Mais demora. Os policiais, pacientes, explicam que quando acontece situação semelhante o proprietário não raro fica meio aturdido e se perde. Segue a demora, já difícil de sustentar. Os PMs propõe que por telefone seja passado o número de série da bicicleta para facilitar a confirmação que aquela era o produto do roubo. Ligo de volta e atende mais uma vez a esposa. “Ele esqueceu o celular aqui em casa.” (Não posso acreditar). “Espera que vou entregar para ele na garagem” (Ops, então ele ainda não saiu de casa, isto quase duas horas depois). Desligo o telefone e sou indagado pelos policiais sobre o paradeiro da vitima. Ajeito a situação, eles compram minha história. O comandante deles começa a cobrar pelo rádio a demora dos seus subordinados. Eles se inquietam. Volto ao telefone e a resposta que tenho é que ele está vindo de bicicleta, mas no B.O. não há número de série. “Como não há número de série?” Não há, ponto final. Digo aos policiais que eu, velhinho e sem treino, faço o trajeto no máximo em 45 minutos. Recebo telefonemas perguntando como está a situação e só posso responder “Nada da vítima!”. Depois de quase três horas de espera, já batendo seis da tarde, os PMs recebem ordens para atender outra ocorrência, para voltar ao trabalho. Sem B.O. e sem número de série não há provas de roubo. Está na lei e eu concordo. Não posso segurá-los mais. Não há provas. Mesmo assim os PMs pedem ao senhor que mantenha a bicicleta em casa até que apareça a possível vítima, o que o possível receptador concorda. Saio de lá encharcado e deixo os PMs ainda no local. Na esquina, do outro lado da rua, um ciclista perdido busca informações. É a vítima. O final da história? Não faço idéia. Que a bicicleta é dele talvez não reste dúvida porque foi a única importada para o Brasil, mas o descuido de não anotarem o número de série na nota fiscal deve ter dado um bocado de trabalho para recuperá-la, caso tenha sido recuperada. Pela lei a vítima tem que provar que o produto suspeito é seu. Todos são inocentes até que se prove o contrário, e isto vale para o senhor e sua bicicleta bonita, mas provavelmente roubada.

Não me arrependo de ter ido atrás de uma bicicleta que me pareceu “imprópria para o ciclista”. Talvez em outra encarnação eu consiga comprar um brinquedo daqueles, imagine só aquele senhor muito simples, pobre até. Só fico chateado que o verdadeiro proprietário, a vítima, não tenha tido sequer a gentileza de comunicar o fim da história para todos que tentaram ajudar.

Quanto a todos vocês, tirem fotos de toda a bicicleta e façam decalque do número de série da bicicleta. Está debaixo do movimento central. Nota fiscal e garantia numerada e corretamente preenchida. Fácil e eficiente.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sobre a situação do pedestre - São Paulo Reclama, O Estado de São Paulo

14 de junho de 2009
O Estado de São Paulo
São Paulo Reclama

Leis, calçadas e pedestres

As matérias publicadas no Cidades / Metrópole de 06 de Abril de 2010 sobre leis que ficam só no papel e a situação de pedestres e ciclistas, muito apropriadas, me fizeram lembrar uma passagem interessante que vivenciei há alguns bons anos, talvez uma década. Minha avó, Carminho Whitaker, morava então na esquina da av. Paulista com rua Haddock Lobo, reconhecido um dos cruzamentos mais letais da cidade. Depois de vê-la quase atropelada nos míseros 8 segundos para cruzar a avenida Paulista decidi tomar uma providência e fui buscar ajuda na Prefeitura. A resposta recebida tinha, como sempre, qualquer coisa a ver com fluxo do trânsito. Quem já tentou reclamar conhece bem a ladainha, repetida até nas cartas de leitores deste jornal. Como segunda alternativa, fui até o Ministério Público que então ficava na esquina da av. Paulista com rua Minas Gerais. No balcão fui atendido por um funcionário que afirmou com todas as letras que não poderiam fazer nada porque não existiam leis que garantisse o pedestre. A chefa ouviu o comentário de seu funcionário e sem mover a cabeça que lia documentos olhou para nós e em voz bem baixa, mas audível, pediu para outro funcionário vir me atender. Expliquei novamente a situação, coloquei o que está no Código de Trânsito Brasileiro, e perguntei sobre providências. Novamente, mas desta vez com explicação “advoguês nonsense” mais inteligente, me foi dito que não se podia fazer nada. Perguntei quem poderia tomar alguma providência e a resposta foi enfática no sentido do “não há o que fazer”. Assunto morto e enterrado!

Tem lei que cola e lei que não cola. Pedestre, o ser vivo, simplesmente não cola. Somos todos irremediavelmente pedestres, até mesmo, e por incrível que pareça, todos os que de alguma forma são legalmente responsáveis pelo o que está claramente definido em lei como “pedestre” (CTB), seus direitos, o direito a vida, o direito ao ir e vir. Assim como a vida, pedestre não cola. Velocidade média e fluxo de trânsito cola bem. Não cola a ladainha, mas passa e nós aceitamos. Nada importa que 34% da mobilidade de São Paulo (O.D. Metro) seja realizada única e exclusivamente a pé; que 50% (aproximadamente 750 mortos/ano) dos mortos sejam exatamente pedestres. Desde 1983, quando fiz minha primeira reclamação, ouço a mesma cantilena. O tempo passou, o mundo evoluiu, há um forte movimento internacional para humanizar as cidades, Brasília mostrou que é possível reverter a barbárie e respeitar pedestres, mas aqui, São Paulo, a mais importante capital do país, um exemplo, os valores sobre a vida continuam iguais. A questão do pedestre é a melhor prova da inacreditável falta de respeito que todos nós, brasileiros, temos pela vida. Viva o fluxo, viva a velocidade média, viva o automóvel, viva o motorista!

Que adianta melhorar calçadas, quando existem, se não se consegue cruzar a rua. Pedestre não sai do papel. Que o digam as estatísticas e o IML.

sábado, 3 de abril de 2010

carta comentário sobre editorial "A nova Marginal" publicado no jornal O Estado de São Paulo

Fórum dos Leitores
sobre Notas & Informações
A nova Marginal
(e a cidade)

Desde sempre leitor do Estado de São Paulo sei da qualidade de seus textos e editoriais. Mesmo assim sempre me incomodou a forma pouco trabalhada, com pouca informação de qualidade cruzada, que é tratada a questão do trânsito e dos transportes, o que não exclusividade deste jornal. Infelizmente estamos num tempo onde o pensamento é cada vez mais verticalizado, específico. Infelizmente quando se fala sobre trânsito se fala sobre trânsito, desvinculando este até da cidade e seus cidadãos. Normalmente as referências buscadas pelos jornais do Brasil vêem basicamente e quase sempre dos mesmos personagens; e quando não os mesmos, gente alinhada com a mesmice. Muito raro sair um texto completo e sem cortes de voz, pensamentos ou experiências dissonantes.

Há uma falta de provocação à discussão sobre as implicações maiores que o caos das mobilidades traz para a qualidade de vida de todos, motorizados ou não. Não se olha para o passado com a isenção necessária para fundamentar a conversa de hoje sobre o futuro. Quando não há princípio, não há meio, não haverá futuro.

É grande a quantidade de textos, a maioria baseada em experiências comprovadas, que apontam para a relação entre o aumento da velocidade de fluxo e a desintegração social e urbana. Fala-se sobre uma via sem falar questões outras que o simples fluxo. O resto não existe, é abstrato. Como fica a vida depois de qualquer intervenção, principalmente as de grande porte? Será que a nossa violência brutal do próprio trânsito não extrapola para outras violências a partir da segregação naturalmente criada? Os números oficiais não mentem que há algo muito errado em nossas cidades. Ou está tudo separado, perfeitamente divido, e juntaras pontas da vida é uma besteira. Via é via, bairro é bairro, cidade é cidade, cada um por si e nada está conectado, tudo interage sé dentro de seu próprio universo? Esta é a sensação que se tem.

Sobre a nova Marginal e o publicado

Enquanto boa parte das metrópoles está discutindo a restauração da prioridade da vida, São Paulo pensa a questão do automóvel da mesma forma infantil que Pateta em Motor Mania - http://www.youtube.com/watch?v=0ZgiVicpZGk, ainda da década de 50. Falta a este jornal dar uma passada de olhos pelo menos em Ivan Illich, “Energia e Equidade” - http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/illich/index.htm . É ótima referência para um novo olhar.

Tudo pode ser solução, como diz o texto, mas da forma como está escrito, um tanto ufanista , pouco aprofundada, deixa um abismo no pensar do leitor. A obra é boa, simples assim. Simples porque o pensar não está inserido num contexto maior que é a vida na cidade, ou a cidade viva.

São Paulo, de fato, praticamente não tem outra alternativa que remediar seus erros do passado, como o caso da nova Marginal. A sociedade paulistana não faz idéia que há outras alternativas, portanto resta esta mesma, praticamente a mesma que as janistas ou malufianas, desde sempre tão anacrônicas e tão destrutivas. Mas é o que o paulistano quer e é o que lhe vendem.

A reforma da Marginal do Tiete... é exemplo de investir permanentemente na ampliação do sistema viário.

O que o jornal está dizendo é que quanto mais gordo ficar o trânsito mais se deve gastar em cintos e calças largas, não importa que com este estímulo o paciente vá enfartar. Lembro a este distinto jornal, e em particular a quem redigiu o citado texto, que em praticamente todas grandes metrópoles do mundo a palavra de ordem é resgatar a vida. Investir permanentemente na ampliação do sistema viário, simples assim, começou a ser questionado há muito, muito tempo. Que tal investir na melhoria dos fluxos de todos os modais de transporte tendo como meta a integridade social?

O trânsito não pode parar porque a economia depende disto, ninguém questiona. Mas é relativamente fácil provar que a partir de um determinado ponto investimentos se tornam exponencialmente caros e praticamente inúteis, quando não improdutivos. É uma equação básica.

Os benefícios desta obra .... ficaram evidentes ... como comprovam medições da CET e da reportagem.

Os efeitos imediatos da obra são óbvios, mas uma metrópole como São Paulo é um organismo vivo. Mexeu aqui hoje as resultantes serão irremediavelmente irradiadas até para aqueles que estão na outra ponta da cidade. Pergunto: o que esta obra irá representar de fato a médio e longo prazo? Quais as conseqüências nos sistemas alimentadores da própria marginal; na movimentação da cidade, na qualidade de vida de quem sequer passa por ela? Qual o estímulo às mobilidades desnecessárias e quais conseqüências na desorganização futura da cidade? Qual a relação custo/benefício a curto, médio e longo prazo, direta e indireta? Qual a necessidade de futuras intervenções tendo como base o que foi implantado agora? Qual a relação com a água? Como se pode utilizar esta obra para reorganizar o uso de solo, recuperando o rio Tiete para a vida dos cidadãos? Como não repetir o Minhocão, para ficar num exemplo bastante paulistano?

Tudo isto justifica plenamente o investimento de R$ 1.3 bilhão

Em o quanto tempo este volume de dinheiro terá se pago. Qual é o custo linear desta obra? Para que este R$ 1.3 bi tenha valido a pena quais os próximos passos de investimentos? Quais as grandes intervenções urbanas que serão realizadas nas proximidades da Marginal Tiete e quais as conseqüências destas na nova Marginal? Quantas perguntas devem ser feitas para que a afirmação “justifica plenamente” se sustente literalmente? Creio que se “justifica”, já o “plenamente” é pelo menos um arroubo de motorista.

Creio que provavelmente o custo valerá a pena por conta do tempo que demorará a construção do trecho norte do Rodo Anel, uma conta pesadíssima, mas provavelmente interessante para a escala econômica da Região Metropolitana de São Paulo. E um custo interessante se houver uma programação estabelecida desde já para a recuperação do precioso espaço de vivência que um rio proporciona a uma cidade, mas, como dizem até meus amigos, é muito sonho meu. Veremos dentro de uns anos.

A única coisa a lamentar é que providências como essas ... não tenham sido tomadas antes. Sobretudo porque, se considerarmos os seus benefícios para os paulistanos, os recursos ... são relativamente baixos.

Só creio que a obra é necessária para resolver problemas de curto prazo. Falta de planejamento, que é resultado da falta de uma discussão mais aberta e fundamentada por parte da sociedade, gerou esta obra. Por sua vez a informação de má qualidade que a sociedade paulistana sempre teve acaba gerando besteiras. Não há pior perigo que acreditar em besteira. Informação é tudo. Oferecer ferramentas para dar liberdade de pensamento traz resultados sempre interessantes.

Minha questão não é a obra em si, mas a forma do texto publicado sobre ela.

A este jornal tão conceituado cabe o dever de publicar texto que não dê a sensação que foi datilografada por um motorista que tem por caminho obrigatório para chegar ao trabalho a própria Marginal Tiete em questão.

Governos são eleitos e tem que dar a resposta desejada às demandas de seus eleitores e da população em geral. Diferentemente os jornais devem informar com um viés, abrangente e neutro de preferência, estabelecido pelo questionamento que faz do jornalismo o ato libertário desta sociedade.