segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Espaços públicos e as mobilidades de NYC, segunda parte

Fui ao Brooklin de metro até a estação Bedford. Brooklin que continua sendo uma cidadezinha de interior, mas a margem do rio foi recuperada e reurbanizada. Todo mundo já viu algum filme passado em NY onde estas margens são usadas para desovar cadáveres. Passado de sujeira, lixo, entulho, poluição, bêbados, drogados, prostituição e desova de cadáveres simplesmente desapareceu, como contou um jovem pai para seus filhos, todos de bicicleta, prontos para embarcar na barca rumo ao Downtown. NY respeita sua história e um velho porto com seus dois guindastes e um prédio estão restaurados e preservados, fazendo parte de parque – deque linear.

Estão dando a notícia sobre a morte de um garoto ciclista de 14 numa colisão com um caminhão. A notícia foi neutra, dizendo que vão investigar para saber o que realmente aconteceu. Neste ano foram 21 ciclistas mortos entre os 400 mil ciclistas\dia de NY. Para fazer uma comparação, pelo que foi noticiado, São Paulo teve 25 ciclistas mortos para 360 mil ciclistas\dia no mesmo período. A diferença é que NY tem um sistema cicloviário muito extenso, bem implantado, e a lei e justiça é para valer. Americano simplesmente não consegue entender “Lei que cola e lei que não cola”; para eles não faz o mais remoto sentido, e a bem da verdade não faz mesmo.
No mesmo noticiário deram destaque a um pequeno protesto de uma população local contra ter que derrubar um deck recém inaugurado em razão de alguma obra não realizada anteriormente. No fim das contas estavam protestando contra gastar duas vezes, fazer mau uso de dinheiro público, e dinheiro é algo que por aqui não parece faltar. A questão é que uma coisa que americano não admite é jogar dinheiro pela janela. 

É impressionante como cresceu o número de ciclovias e ciclofaixas pela cidade. O novo mapa do sistema cicloviário de NY é cheio de ruas e avenidas marcadas. Tem besteiras, como em qualquer parte. Subi do sul de Downtown até o Central Park por ruas sinalizadas, mas no meio da 6th Av. a ciclofaixa e a sinalização acabou do nada, sem uma indicação que eu tenha visto, e acabei pedalando sem problemas os últimos 10 quarteirões no meio do trânsito. Não tem muita diferença de pedalar no meio do trânsito de São Paulo.
O problema maior é a quantidade de idiotas pedalando. Os entregadores estão trabalhando, o que não justifica as besteiras que fazem, e fazem de montão. Vem pela mão, contramão, não param em semáforo, passam raspando por pedestres... Fora isto tem montes de ciclistas que não tem a mais remota noção do que é pedalar civilizadamente. 

A construção das mobilidades, a de verdade, não a de propaganda política, passa pela criação de espaços específicos para bebes, crianças, jovens, idosos, adolescentes e áreas fechadas para cães, áreas verdes, trabalho conjunto com todas áreas de transporte, espaços específicos para pedestres, corredores, ciclistas, skatistas, patinadores, velejadores, jet skis, barcos particulares... Vi no East River uma excursão com 9 jet skis, achei uma loucura, mas eles estavam lá. Segurança para todos, segurança e prazer de viver a cidade. Crianças soltas, inúmeros pais pedalando na frente de dois três crianças sem se preocupar com segurança. Todo mundo com celular na mão tirando fotos, conversando, tirando sonecas... Muita gente trabalhando com computadores caros no meio da rua, em praças, em mesinhas de rua de restaurantes e cafés. Mercadoria de supermercado exposta do lado de fora, na calçada, sem problemas.

















Espaços públicos e as mobilidades de NYC, primeira parte

Boa parte das linhas e estações do metro de NY estão interditadas, em funcionamento parcial, lentas nos fins de semana para manutenção ou em reforma, parte de um programa bilionário de modernização não só do metro, que receberá de US$ 52 bi, como de todo sistema de transportes públicos da cidade. Dar um jeito no metro é a grande novidade para os novaiorquinos. Na superfície todas as outras mudanças, que são muitas, expressivas e constantes, não surpreendem mais. NY é a cidade que não para, diz a famosa canção, e nada mais real. Das maiores e mais importantes metrópoles é a que tem as mudanças mais profundas e radicais. Trânsito, transporte e mobilidades, além do repensar os espaços públicos para a convivência, estão sendo trabalhados numa rapidez e com uma qualidade de tirar o folego e fazer inveja.
Ontem, sábado, esqueci que a estação 79th da linha vermelha 2 do metro estava fechada. No caminho para a estação 72th, que estava aberta, dei de cara com a pista de 4 faixas da av. Broadway sentido Harlem fechada para os carros entre a 77th e 75th Street, criando mais um espaço para a vida da população local. Bem próximo, a 200 metros, está o Central Park. Isto num sábado, não domingo. Uma funcionária do departamento de trânsito que estava ali para conversar com a população e fazer pesquisa contou que a prefeitura já tem implantados 69 espaços como este pela cidade; 69! e aos sábados! Domingo o babado é outro. Perguntei se estavam usando o mesmo processo de audiências públicas que foi usado por Jeanette Sadik Khan quando introduziram o sistema cicloviário e a resposta foi sim, tudo está sendo feito em comum acordo com a população. Lembro que Jeanette fez mais de 2.000 audiências públicas oficiais para explicar, ouvir e acertar detalhes do que seria feito antes de implantar as ciclovias, ciclofaixas, reduzir espaço para automóveis e amplia-los para pedestres. Num dos cartazes explicativos sobre o que se pretende nesta interdição da Broadway se vê uma avenida completamente tomada por pedestres, ou seja, completamente interditada para veículos motorizados.
Foi na Broadway que tudo começou, mas entre a 42th até a 34th, com o que se chamou de Broadway Boulevard. Pouco tempo depois estive lá e já começava no Columbus Circus, na 59th. Acompanhei o processo e vi primeiro a rua com grandes pedras para evitar a invasão dos carros e asfalto pintado delimitando espaços para ciclistas e pedestres. Depois vi a praça do Times Square em obras para passar da pintura para calçada definitiva. Agora não existe mais ciclovia, na praça e em mais uns dois quarteirões sentido sul, entre a 47th e a 42th, porque o espaço criado foi completamente tomado pelos pedestres. Os ciclistas hoje circulam junto com o trânsito de veículos. A saber, a área do Times Square tem um policiamento próprio, educado, eficiente, com autoridade. O espaço é para pedestres; ponto.
O parque linear do rio Hudson existe a tempo, mas dá prazer ver como está bem cuidado. Cheguei a pedalar junto com os pedestres, mas agora o borde do rio é só para pedestres. Ciclistas tem uma larga ciclovia que é muito usada para transporte durante a semana. Corre uns trechos sob a imensa estrutura metálica do viaduto da via expressa que acompanha o rio e que serve de teto para quadras de basquete. Este e outros viadutos foram limpos e repintados, o que torna muito mais agradável a vivência de seus espaços. Nos dois rios, Hudson e East, os deques foram reformados, alguns redesenhados, modernizados, os velhos galpões e edifícios estão sendo restaurados, alguns reformados. Os espaços de trânsito de passageiros das barcas melhoraram muito.
Como resultado da mega intervenção do mega projeto imobiliário Hudson Yard finalmente terminaram o The High Line, uma extinta linha férrea construída sobre um elevado que foi usada pelas indústrias que existiram no local. Se transformou numa mágica passarela ajardinada para pedestres. Passa no meio de uma mistura de velhos, novos e moderníssimos edifícios, uma muito bem-sucedida integração de uso de espaço de passagem e vivência pública com propriedade privada. Vai até o Meatpacking District, mais um local deteriorado que revivido. Quem te viu, quem te vê, e eu vi o que era e como ficou.
Pensando em mobilidades, High Line é um parque linear e imagino que pouco deva servir como área de passagem para pedestres porque, mesmo tendo alguns acessos, é necessário reeducar a população, que via de regra prefere o caminho mais curto e mais rápido. Subir e descer escadas ou sair um pouco mais adiante requer repensar muito mais que simplesmente o melhor caminho, requer repensar o tempo, o que nos dias de hoje urge. O High Line é tão agradável que até os vícios encrustados podem estar sendo vencidos.
E eu estava quase esquecendo: por todas partes de NY agora se vê faixa exclusiva para ônibus, a maioria com horários para funcionar. NY é um tanto bagunçada, com um sério problema de entrega de mercadoria, e é comum os caminhões e vans pararem sobre a ciclofaixa ou em fila dupla, dentre outras. Como sei como funciona o policiamento novaiorquino tenho certeza que na hora marcada de funcionamento da faixa exclusiva de ônibus ninguém se mete a besta. A multa por invasão é de US$ 130,00, uns R$ 500,00, e lá eles aplicam mesmo. Na 14th e na 23th os carros estão praticamente banidos; só ônibus, como se vê na foto. 
Eu precisaria de vários textos para contar a revolução que NY está passando. Está claro que a população e a administração da cidade entenderam que ou se faz uma grande mudança ou estão fora do jogo. 
Nova estação do World Trade Center

estação de subway Lincon Center - típica



















a bicicleta circula junto com os carros na Times Square 

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Mudanças, ativismo, e história da bicicleta em NY



Eu não queria ir lá. Estou cansado de museus, eventos e exposições sobre bicicletas; o que tinha que ver já vi (que besteira!), quero pedalar, me sentir livre. E acabei sendo levado para a exposição Cycling the City no Museum of the City of New York que conta a história da bicicleta em NY. Nunca havia ouvido falar deste museu, um casarão discreto na 5th Av. uns 15 quarteirões acima do Metropolitan. Na entrada, vazio, só os funcionários da recepção, bilheteria e loja, e mais ninguém. São três andares, o primeiro vencido por uma bela escada que termina nas mesas da pequena lanchonete. Três gatos pingados. Os outros dois andares só por elevador ou pelas escadas de emergência. Estranho. A exposição sobre bicicletas está no segundo andar, subo pelas escadas de emergência. As exposições, pequenas e concentradas, são sobre a história dos movimentos gay, cultural e trabalhista de NY, cada uma em uma sala. Pequeno acervo, de ótima qualidade; deixam seu recado, vão direto ao ponto, sensibilizam. Noutra sala a das bicicletas. 

Do corredor vi as bicicletas azuis da Citi Bike, entro e descubro que servem para pedalar e acionar um game projetado na parede. “Deus, outra exposição sobre bicicletas?” Volto para a sala de entrada e olho com mais cuidados os posters grudados na parede esquerda. Dali posso ver as bicicletas históricas que estão expostas no centro da sala principal. Com certa má vontade entro e começo a olhar a exposição em si. Aos poucos minha má vontade vai sendo vencida por consistentes textos, fotos e colocação de contextos. No fundo mais uma projeção de filmes históricos chama a atenção pela inteligência como foi montado. A exposição Clycing the city não só me agrada como creio que seja a melhor que tenha visto. 

Na quase na saída da exposição “The voice of the Village” duas caixas acústicas, uma de cada lado da porta do espaço central de fotos toca The Wind Cries Mary do Hendrix na versão original. Já ouvira Dilan e outros de época, anos 60. Lembro de um documentário quando George Harrison diz que foi para São Francisco para conhecer o movimento Flower Power e que achou um horror. A voz de NY naquela época foi outra, muito mais ligada à realidade. 

Na loja do MOMA no Soho um monte de besteirada para alegrar adultos e incautos alguns designs realmente interessantes. No subsolo brinquedos para crianças e livros; lá vou eu. Na pilha de livros um sobre a história completa de Woodstock, o de 1969 é lógico. Folheio, descubro que desconheço vários artistas que se apresentaram. Quando lançaram o disco em vinil triplo e depois o filme o sobre festival nem sequer citavam a apresentação de Mountain. Vim a descobrir muitos anos depois que o festival não se resumiu ao que já conhecia quando foram lançados os dois outros discos sobre Woodstock, que no fim das contas gerou 5 LPs, mesmo assim sem todos que tocaram nos três dias que quase mudaram o mundo. No livro estão os que deveriam, mas não se apresentaram: Bob Dilan, Led Zeppeling, Iron Butterfly, The Doors, Jeff Beck Group, Roy Rogers, sim, o cowlboy, que deveria fechar o festival, e outros mais. Folheando o livro cheguei as páginas do dia seguinte, do lixo deixado para trás, das contas não pagas.... Durante décadas Woodstock foi só a utopia, um norte, a bem da verdade, desvio magnético de bússola.

Ironia do destino saio da loja MOMA e dou de cara com uma senhora já velha de cabelos brancos longos, escorridos e mal tratados, roupas grudadas ao corpo muito magro e duro, tingidas em cores primárias, tecido de algodão torcido, amarrado, fervido em várias etapas, Flower Power total, parada na frente de uma vitrine, cara mal humorada, camiseta estampada “Woodstock 1969” em letras garrafais sobre os peitos murchos e sem sutiã... Ela entra na loja de sapatos esportivos sofisticados pisando leve com seus Crocks e meias também coloridas, andar soberbo, olha tudo com interesse, passa por uma mulher de sua idade, gente que viveu aqueles momentos incríveis da história e houve um comentário simpático sobre as lembranças que as roupas e o estampado no peito trazem, mas passa batido, sem mudar o olhar perdido, a mesma cara dura e mal humorada, talvez não tanto por ter olhar fixo na próxima prateleira de tênis novo, cheios de estilo, de tecnologia, quase opacos, mais por puro desprezo pelos que estão a sua volta. A senhora que tentou entrar em contato com a velha hippie ao receber o desprezo continua sorrindo, desvia seu olhar para mim que estou de frente, dá com os ombros, e move os lábios falando algo que não posso entender no meio da movimentada loja, mas que posso imaginar o que seja. A velha hippie examina tênis por tênis, alguns tira da prateleira, roda toda loja, parece não encontrar nada que lhe agrade. Passa por uma menina toda tatuada, o que é correspondente ao que ela teria sido naquela idade, mas a distância de pensamentos das duas está a um ano luz, qualquer um naquela balburdia de desejos e compras pode imaginar.
Chego no hotel e tenho que fazer as malas. A quantidade de papeis e sacos plásticos que tenho que descartar das compras é absurda. Imediatamente lembro da foto da montanha de lixo juntada dias depois do fim do festival de Woodstock, toneladas mais toneladas de lixo revolvido com o barro dos dias de chuva. Aquilo foi para toda uma geração um sonho, três dias utópicos, paz, música e amor; o resto é resto. Deu tudo certo, pelo menos no imaginário de quem não esteve por lá e só viu fotos, só ouviu as músicas.

Venderam o sonho, se aproveitaram da diversão, fizeram milhões, bilhões por anos, lucraram políticos e ideológicos... A menina tatuada tem o celular na mão, mas conversa com o namorado. Aquilo deu nisto. O Museu da Cidade de Nova Iorque está quase vazio. Conta como foram as coisas de fato, além do quanto mais louco melhor ou da tatuagem e celular individualistas.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

NY continua mudando e para melhor

No aeroporto de Chicago sentado na área de alimentação antes do embarque para NY comecei a conversar com os dois americanos que estavam sentados ao lado. Ouvi eles falando sobre seus times de futebol, que aqui é aquela coisa de bola oval e jogadores vestidos de armadura e eu quis saber como era a vida de torcedor. O jogo deste fim de semana foi decidido literalmente no último segundo e havia muita excitação. Os dois amigos são de Portland, já viajaram praticamente todos Estados Unidos para ver jogos, um deles conhece todas as principais cidades, exceto Nova York, e pela expressão tinha certo orgulho e desprezo por nunca ter estado em NY. Ficou espantado quando desandei a falar sobre a transformação que NY vem tendo em suas ruas e a importância disto para o futuro de todos nós, americanos ou não. Mais uma vez fiquei pasmado com a falta de informação que mesmo os americanos mais bem educados, como estes dois, têm sobre o que está acontecendo nas principais cidades do mundo. "Americano (médio) só olha para o próprio umbigo" todo mundo sabe, e NY não é Estados Unidos, também é sabido, mesmo assim é preocupante o desconhecimento. O que está sendo feito aqui é muito consistente e mais cedo ou mais tarde será replicado em todas cidades americanas e do planeta. É impossível para as cidades continuarem do jeito que estão e não só por causa dos problemas causados pelo automóvel. 
Já do avião vi que estão construindo mais torres estupidamente estreitas e altas em Manhattan. Sei que está havendo uma reação dos nova iorquinos a esta completa estupidez. Só vendo pessoalmente para entender o significa um fino e longo palito residencial de 100 andares. Alguns deles construídos a um quarteirão do Central Park fazendo lá longas e profundamente incômodas sombras; e aí tudo passou da conta. A prepotência destas construções me lembra a caipirada de pequenas cidades do interior de São Paulo e Minas onde no meio de pequenos telhados de sobrados ergue-se um edifício; mimetismo complexado das cidades grandes. Quanta pobreza! NY não precisa disto, mas como sempre digo, somos todos humanos. 

A boa notícia sobre NY veio quando ainda quando estava no táxi do aeroporto para o hotel que fica na 77th. Street com Broadway. O que começou em 2007 em 20 quarteirões da Broadway Av. está não só continuando, mas indo cada vez mais longe e se espalhando pela cidade. A última vez que estive aqui, faz uns três anos, as “Ruas sustentáveis de NY”, como chamou Sérgio Abranches a retirada de espaço dos carros para dar lugar para pedestres e ciclistas, ia da 34th Av. até o Columbus Circle, na altura da 59th.. O impacto positivo foi imediato. Agora a Amsterdam Av. recebe o mesmo projeto, uma faixa de rolamento pintada de verde para a ciclovia, outra para estacionamento e pequenas ilhas para pedestres, e duas para a circulação de automóveis e outros. Na Broadway o espaço para pedestres foi definitivamente consolidado e espaço para automóveis diminuiu mais ainda, o que deve ser o segundo passo para a Amsterdam, imagino eu. Sensato repetir as etapas de um projeto bem sucedido.

Saí para andar pela Broadway, passando pela Times Square, que por incrível que pareça ainda está em obras, quatro anos depois de minha última caminhada. Fui até a novidade de NY, o Hudson Yards, um complexo de edifícios de escritório, shopping, teatro e uma espécie de torre de babel feita de escadarias, ainda não terminado. O shopping é um shopping como qualquer outro shopping do planeta, uma fórmula que começa a dar problemas em várias cidades, a meu ver felizmente. A torre de babel é muitíssimo mais interessante ao vivo que as melhores fotos e artigos que vi sobre, tão interessante que nem se percebe as escadarias que se sobe até o último andar, creio que o 10° andar, de onde se tem uma vista maravilhosa do rio Hudson e dos novíssimos edifícios que circundam as escadarias. O High Line, um maravilhoso parque suspenso construído numa antiga linha ferroviária que servia as indústrias locais, foi concluído até o Hudson Yards, passando entre velhas e novas construções, um mix de arquitetura de rara qualidade e inteligência. 
Desci do High Line e dei de cara com cruzamentos do Meat Pack District que foram completamente recuperados e estão cheios de vida. Subi a 8th Av. e cruzei as 14 e 23 Streets, duas ruas que vão de rio a rio onde os carros foram praticamente banidos para dar passagem para ônibus. Hoje fui para a 5th Avenida e lá também duas faixas de rodagem agora são exclusivas para ônibus

NY me faz pensar; como será a nova metrópole? Vamos conseguir frear o poder das construtoras, o complexo de inferioridade, o individualismo exacerbado e a pobreza de espírito urbano daqueles que vem arrebentando a cidade? Por outro lado a revolução urbana nas mobilidades que principalmente NY está fazendo não tem retorno, até mesmo porque a nova geração não está interessada em ter carro. Mas somos todos humanos, e aí reside o pequeno detalhe. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Viajando no meio ambiente

Voando para Dallas com conexão para Chicago, fiquei com inveja de Greta Thunberg, aquela menina de 16 anos que cruzou o Atlântico num veleiro movido a vento e energia solar porque aviões geram muita poluição, no que ela está absolutamente certa. Adoro o mar, velejar, mas enjoo, portanto vomitaria um bocado. Ou me encheriam de remédios que na fabricação poluem dois bocados. 


Estou lendo "300 dias de bicicleta" de Sven Schmid que conta a história de sua longa viagem de Buenos Aires até o Alasca, 22.000 km pedalando. Estou no meio do livro e ele ainda está deixando a Bolívia, portanto ainda tenho muita leitura pela frente e muita inveja para curtir. Tenho uma vontade danada de subir pedalando do Brasil para cá, USA, mas tenho certeza que os peidos que soltarei pelo caminho poluirão muito mais que o avião no qual voei. Ademais estou velho e não tenho a mais remota vontade de montar uma barraca no meio de um deserto congelante. Montada a barraca, acender o fogareiro para comer macarrão com molho enlatado de tomate. Enlatado? Polui! Não que o chicken or pasta da American Airlines seja mais animador, muito pelo contrário, dá mais ou menos no mesmo. Sven Schmid não conta como resolveu o número 2, a bem da verdade nenhum destes viajantes conta em seus livros, mas certamente sinto-me mais confortável tendo o botão azul e quadrado escrito flush dos apertados banheiros voadores, mesmo que o papel higiênico seja fura bolo. 

Em Chicago, como em qualquer aeroporto, as locadoras de automóvel estão logo ali, uns metros de onde se pega as malas na esteira rodante. Já para chegar até os shuttle ou transporte coletivo é uma boa caminhada. Por que será? O shuttle que peguei foi uma SUV clássica da indústria americana, grande por fora, apertada por dentro. Piso levantado e o pouco espaço interno, é uma carroceria montada sobre chassis, coisa de Ford T, tecnologia de ponta em 1908, que não faz mais qualquer sentido. Estes caras nunca viram uma Kombi. Num determinado momento emparelhamos com uma vã do mesmo tamanho, uma Dodge Ram, na realidade um Iveco Daily do grupo Fiat, grande por fora e por dentro, muito espaçosa, projeto autoportante, sem chassis. Tecnologia de ponta. Não ter eixo cardã faz uma diferença brutal em tudo, espaço interno, peso do veículo, perdas de energia, funcionalidade, inúmeros benefícios para o meio ambiente. A maioria dos ônibus urbanos no Brasil ainda são montados sobre um chassi de caminhão por causa de custo e para aguentar nossa buraqueira. A saber: uma lei de São Paulo proíbe desde o início da década de 80 que os ônibus de transporte público sejam montados sobre chassis de caminhão. Creio que ainda está valendo, mas quem se interessa? 

Não me lembrava mais de Chicago. É muito mais interessante que esperava. Tem calçadas maravilhosas, é graciosamente ajardinada, silenciosa, e apesar do trânsito pesado a cidade é tranquila, civilizada. É uma delícia caminhar e as pessoas caminham, sentam nos parques, correm, pedalam, vivem a cidade, inclusive os velhos, bem velhos que estão aí aos montes. Caminhei muito mais que estou acostumado em São Paulo. inclusive fora da área turística e mais chique. Todas as calçadas estão boas, regulares, com pouquíssimos defeitos, limpas, raro ver lixo no chão. Arborizados, com canteiros floridos. Americano sabe o que é uma cidade, ama sua cidade, cuida de sua cidade.

Nos primeiros metros de caminhada dei com a foto maravilhosa de uma menina com síndrome de Down dançando fixada num ponto de ônibus. Fiquei tão emocionado quanto quando vi os imensos banners pendurados no aeroporto de Paris com todas premiadas pelo Prêmio L'Oréal-UNESCO Mulheres pela Ciência. Aqui, Chicago, pela TV vi a recepção que toda uma escola daqui deu para um aluno dos primeiros anos que voltava a estudar depois de um dramático tratamento de câncer. Continuo a caminhada e cruzo a avenida que margeia o lago Michigan, uma pista expressa, como é habitual. Vão demorar um ano luz para integrar a cidade com o lago, assim como vamos demorar muito para tirar os automóveis das margens do rio Tiete, da lagoa Rodrigo de Freitas, de nossas praias. 

No centro de Chicago algumas ruas estão começando a ficar com cara da Broadway de NY, repetindo uma experiência muito bem sucedida, mas mais de 10 depois. Estranho que com a consciência sobre a importância dos pedestres e a vida na rua que se tem aqui tenham demorado tanto para repetir um caso de sucesso.

Há uma grande diferença, e toca diferença aí, entre o ambientalmente correto e o correto. Antes de pensar no "de avião ou pedalando?" é preciso firmar posição no "pensar no local para ter resultado global". São tantos detalhes que tudo vira uma confusão sem fim. Diz a sabedoria que quando há dúvidas o melhor a fazer é dar um passo à frente, mesmo que seja pequeno, e depois outro, mas caminhar. As pessoas ficam felizes em entrar num avião e fugir do caos do Brasil por uns dias, o que mais que entendo. Só não entendo porque não aprendem a jogar lixo no lixo, por que nossas ruas são tão sujas, mesmo nos bairros mais ricos e mesmo pelos mais ricos. Isto sim faria diferença sem tamanho; mais que os primeiros passos. O resto é como a lata de molho de tomate no meio do deserto ou a van com ou sem chassis. Cruzar o Atlântico num veleiro high tech é chique pacas, coisa de viking, aliás de onde a menina vem.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Capacetes são a salvação para os patinetes?

O Estado de São Paulo
Fórum do Leitor

Ontem anunciaram mais uma morte de usuário de patinete elétrico de aplicativo, agora em Belo Horizonte. Como é regra no noticiário foi dito que se o ciclista estivesse usando capacete provavelmente não teria morrido, mesmo ele tendo batido a cabeça contra um obstáculo tecnicamente impróprio para a segurança no trânsito de usuários daquela ciclovia. Fala-se muito sobre a eficiência dos capacetes e quase nada sobre outros elementos que concorrem para a segurança no trânsito de ciclistas, ou de usuários de patinetes. Capacetes para ciclistas e skatistas são abertos e não protegem a face, onde ocorrem a maioria das lesões em acidentes principalmente com usuários de patinetes porque estes conduzem o veículo soltos e em pé. O erro geral e crasso é acreditar que o simples uso do capacete resolve o grave problema de segurança dos usuários de patinetes ou ciclistas. Não resolve nem parte do problema. Segurança, em qualquer setor da vida, só existe quando se respeita em conjunto uma série normas e procedimentos estabelecidos tendo como base conhecimentos testados e comprovados. Acreditar em solução mágica é um perigo e quando se faz ou induz a mágicas a possibilidade de erro e acidente é grande. Não existe perigo maior que acreditar em informações erradas ou suposições. A principal causa de morte de ciclistas é politraumatismo, principalmente por colisão lateral, sendo raros os casos de morte por trauma na área coberta pelo capacete. Não confundir a eficiência do uso de capacetes em competição com a de quem usa a bicicleta como modo de transporte, duas situações muito diferentes tanto pela posição do ciclista como pela velocidade da bicicleta. Quanto mais em pé o ciclista, menor a possibilidade de lesão no topo da cabeça, provam inúmeras coletas de dados, todas de países e cidades seguras. Num patinete o condutor vai em pé, ereto. Estas são as razões pelas quais o uso de capacete por ciclistas (o mesmo que é recomendado para patinetes) urbanos não é obrigatório em todos países com altíssimo nível de segurança no trânsito e baixíssimos níveis de fatalidade; aliás, também não é obrigatório em nosso CTB. Fala-se muito em capacete e nada sobre falta de informação correta ou erros crassos nos projetos de engenharia viária, dentre outras, estes sim causas de vítimas fatais. No caso dos patinetes nem precisa ir muito longe porque até um leigo vê o que a ciência da física não deixa dúvidas: qualquer objeto em equilíbrio precário tem grande possibilidade de perder a estabilidade; portanto cair. E machucar. Mas como dizem, o capacete teria salvado.


Aos jornalistas do Estadão:
Primeiro, obrigado pelo trabalho sério.

Não sou contra o capacete. Sou contra desinformação. Esta sim mata. A matéria em questão não foi de vocês, mas o Estadão publicou várias matérias, escritas e na rádio, sobre segurança no trânsito onde capacete aparece como salvação, o que é comum a toda imprensa. A propaganda pró capacete é pesada, vem dos fabricantes e contaminou os pouco letrados. Infelizmente não temos a divulgação de dados precisos sobre as causas dos acidentes, o que traria a toda sociedade um outro olhar sobre segurança no trânsito e provavelmente faria os números horrorosos de vítimas despencar. Todo acidente é causado por uma cascata de erros que nunca são descritos, mas onde o capacete via de regra aparece como solução. Se capacete fosse a solução definitiva para a segurança do trânsito motociclistas nunca morreriam. Repito; normalmente a causa é politraumatismo e raramente trauma na área coberta pelo capacete.
Para terminar: a física deixa muito clara as diferenças entre os vetores e forças envolvidos num acidente com moto e outro com bicicleta para meio de transporte. Ou seja, comparar capacete para moto com capacete para ciclista é um belo deslize.
Agora, patinete é perigoso e está sendo proibido em várias cidades do planeta. Capacete ajuda? Se não ajudar o usuário, vai ajudar muito os proprietários do negócio dos patinetes.

http://escoladebicicleta.com.br/dicascapacetes.html
http://escoladebicicleta.com.br/WTP.pdf

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Refletores: segurança sem lampada ou bateria

São raros os ciclistas que têm em suas bicicletas bons e bem ajustados refletores, dianteiro, traseiro, de rodas e pedais. A maioria só confia e se sente seguro com lanternas, faroletes, back lights e outros emissores de luzes dos mais diversos tipos, formatos e luminosidades. Há os que usem estes sinalizadores o tempo inteiro, noite ou dia, certos que esta é a única forma de serem vistos pelo trânsito para pedalar com segurança. Verdade, quanto mais visível mais seguro está o ciclista. Meio verdade, o simples fato de ter uma luz ligada já traz segurança para o ciclista. Verdade, bons refletores são importantíssimos para a segurança do ciclista e não devem ser descartados mesmo com o uso de back light e farol. Se acabar a bateria como fica?
Este texto surgiu quando vi mais uma vez um ciclista (um primo distante) pedalando a noite com um bom back light ligado e piscando, mas completamente escondido por uma caixa presa sobre o bagageiro, portanto invisível. Ele não tinha percebido. É muito comum ver estes sinalizadores mal posicionados, baixos ou muito altos, desalinhados, e até mesmo escondidos, o que diminui ou anula sua visibilidade, ou intensifica tanto que ofusca a visão dos outros. São erros crassos muito frequentes e perigosos porque o ciclista acredita que está sendo visto, e “acreditar” no trânsito é caminho certo para incidentes e acidentes, até os fatais.

Enquanto escrevo este texto, crucial para a segurança de ciclistas, pensei em mandá-lo para uma revista especializada que vem me pedindo artigos, mas não dá. Por que não dá? Muito simples: Boa parte dos fabricantes, distribuidores e vendedores destes sinalizadores luminosos estão muito mais preocupados em vender seus produtos que na real segurança no trânsito para ciclistas. Se estivessem tão preocupados assim dariam orientações e educariam o público para o correto uso de seus produtos. Se uma revista especializada em ciclismo publicar um artigo com críticas a produtos de interesse dos anunciantes provavelmente vai ter algum problema. Não é teoria da conspiração, mas fato, assim que funciona.

Voltando: um dos problemas com sinalizadores, faroletes, lanternas, é o efeito indutivo: "Me dá segurança (usar luzinhas)". Como o ciclista se sente seguro ele não toma algumas precauções que deveria tomar. Ele imagina que está sendo visto, portanto ele pressupõe que a responsabilidade de evitar incidentes ou acidentes é do motorista ou motociclista que o vê, uma suposição muito perigosa. Um dos maiores problemas de segurança no trânsito é justamente pressupor, acreditar, induzindo que algum fator lhe dá plena segurança. Por exemplo: motociclistas acreditam que quando buzinam o motorista ouve, o que pode não ser fato, aliás não é regra, e por isto não diminuem a velocidade ou desviam, o que de fato é causa de inúmeros acidentes. Outro exemplo: está provado que capacetes aumentam a possibilidade de acidentes porque induzem o ciclista a acreditar que estão completamente seguros.

Mas... refletores, funcionam de verdade? O número de acidentes com caminhões caiu vertiginosamente depois da obrigação que todos tivessem suas caçambas adesivadas com refletores. Os ‘atropelamentos’ de ciclistas despencaram na antiga Rodovia dos Trabalhadores, hoje Rodovia Ayrton Senna, depois que fizeram uma campanha e adesivaram material refletivo nas bicicletas dos trabalhadores que circulavam de madrugada pelo acostamento. Refletores são obrigatórios em todas as partes do planeta há décadas. São importantíssimos para a segurança no trânsito até porque não dependem de lâmpada ou de bateria. Um bom refletor simplesmente é visível.

Aqui no Brasil refletores caíram em desuso entre ciclistas, mesmo sendo obrigatórios pelo CTB, porque os que vinham nas bicicletas nacionais eram frágeis e pouco eficientes. As bicicletarias pararam de montar refletores porque virou regra o comprador mandar retira-los antes de receber a bicicleta. “Vai cair mesmo...” Virou cafona, saiu de moda, perdeu status, dá vergonha... Chique virou comprar qualquer coisa luminosa e sair pedalando de árvore de natal. É ótimo para o comércio, vende. As fábricas de pilhas e baterias agradecem. O meio ambiente não. Seguro? Adianta explicar?

Complemento de matéria com dicas 
https://escoladebicicletacorreio.blogspot.com/2019/09/refletores-e-sinalizadores-ser-visto.html

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Santos, São Vicente, uma ilha no meio e grandes diferenças

Ontem pedalei em Santos e São Vicente, da balsa até a Ponte Pênsil, exatos 12 km. O tempo estava fechado, um pouco frio e com ameaça de chuva, o que felizmente deixou a ciclovia pouco carregada e muito mais divertida. É um passeio que vale a pena. Para quem tem pernas e tempo recomendo esticar até Praia Grande, que é logo ali. E pedalando lembrei um pouco da história desta ciclovia. 

A quantidade de ciclistas circulando pela avenida da praia sempre foi muito grande, principalmente em horário de pico da manhã. Os incidentes de trânsito eram frequentes, organizar o fluxo de ciclistas era necessário fazia muito. A ideia de uma ciclovia não devia ser nova e foi apresentada quando a situação era quase insustentável. Implantar a estreita ciclovia foi um parto difícil. O extenso jardim das praias de Santos é tombado pelo Patrimônio Histórico e isto gerou muito mais confusão que a instalação de ciclovias costuma gerar. Depois de muita discussão acabaram aceitando a ciclovia que está lá, estreita, dentro do jardim, paralela à calçada da praia, que virou imediatamente um atropeladouro de pedestres, principalmente da velharada santista. Não só. O projeto nasceu subdimensionado para a pesada carga matinal de ciclistas trabalhadores que vem de Praia Grande e São Vicente rumo ao porto ou Guarujá. E nasceu com um estranho desvio. 
Entre São Vicente e Santos há uma ilha de edifícios que ficam sobre a praia. Por razões desconhecidas… (para nós, simples cidadãos) a ciclovia um pouco antes desta ilha era desviada para o canteiro central através de um semáforo para cruzar a avenida e logo depois desta ilha voltava novamente a cruzar a avenida e margear a praia depois de novo semáforo. Nascida subdimensionada e estrangulada por semáforos virou um caos. Achei esta filmagem (abaixo) realizada por Eric Ferreira (dirigindo meu maravilhoso e saudoso Fiat Uno azul marinho), mas não achei outra filmagem feita de cima de um dos edifícios que mostra um pesado congestionamento de ciclistas esperando estes semáforos abrirem para cruzar a avenida. Havia mais outro filme que mostrava policiais indo atrás e parando ciclistas que decidiam cortar pela avenida junto com o trânsito. Este pequeno "desvio" da ciclovia foi durante muito tempo um dos melhores exemplos de desrespeito e falta de sensatez no trato das mobilidades. Pelo que nos foi dito na época fazer a passagem da ciclovia por trás dos edifícios, junto a areia da praia, o que evitaria toda aquela estúpida confusão, quem não permitia eram as leis… Perguntávamos "E por que não fazem os ciclistas passarem na frente dos edifícios?" A resposta era um riso amarelo e um levantar de ombros. Alguém falou baixinho que os moradores bateram o pé porque queriam entrar e sair das garagens sem problemas. Faz sentido? E para evitar possíveis conflitos com os ônibus. Também faz sentido?
E pedalando neste domingo para minha surpresa a ciclovia está passando por trás dos edifícios, como deveria ter sido desde o primeiro momento. Como a tinta está gasta a mudança deve ter sido feita faz tempo. A areia perdeu uns 2.50 m., fez diferença? (Vou entrar no assunto num outro texto).

Na outra ponta da ciclovia, entre a ponta da praia, onde está o Aquário, e a balsa estão modificando a avenida, diminuindo o espaço para automóveis para dar espaço para pedestres e ciclistas. Está ficando ótimo, civilizado. 
Tudo tem seu tempo, mas poderia ter sido feito antes, bem antes. 

E em São Vicente? Conheci São Vicente na sua época áurea. Hoje o estado geral da cidade me deixa triste, muito triste. Depredaram a cidade como fizeram com Guarujá, dois exemplos a não ser seguidos, mas que infelizmente se repetem aos montes Brasil a fora. O jardim da praia de Santos é um encanto, uma delícia de ser vivenciado, o mesmo não se pode dizer do jardim da praia de São Vicente. O mesmo quando se compara os dois trechos de ciclovia; Santos bem cuidado, São Vicente não, Santos contínuo e conectado, São Vicente não; Santos prazeroso… etc... Triste, muito triste, muito muito triste. Como disse pedalei em São Vicente até a Ponte Pênsil, um trecho com ciclovia, outro não, noutro os ciclistas não sabem para onde vão, noutro a marcação da ciclofaixa está apagada e tem carro estacionado em cima... É incrível porque aquelas cidades litorâneas têm um grande fluxo de turistas e ninguém em sã consciência tem qualquer dúvida que ciclovia é um forte atrativo.