segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Espaços públicos e as mobilidades de NYC, segunda parte

Fui ao Brooklin de metro até a estação Bedford. Brooklin que continua sendo uma cidadezinha de interior, mas a margem do rio foi recuperada e reurbanizada. Todo mundo já viu algum filme passado em NY onde estas margens são usadas para desovar cadáveres. Passado de sujeira, lixo, entulho, poluição, bêbados, drogados, prostituição e desova de cadáveres simplesmente desapareceu, como contou um jovem pai para seus filhos, todos de bicicleta, prontos para embarcar na barca rumo ao Downtown. NY respeita sua história e um velho porto com seus dois guindastes e um prédio estão restaurados e preservados, fazendo parte de parque – deque linear.

Estão dando a notícia sobre a morte de um garoto ciclista de 14 numa colisão com um caminhão. A notícia foi neutra, dizendo que vão investigar para saber o que realmente aconteceu. Neste ano foram 21 ciclistas mortos entre os 400 mil ciclistas\dia de NY. Para fazer uma comparação, pelo que foi noticiado, São Paulo teve 25 ciclistas mortos para 360 mil ciclistas\dia no mesmo período. A diferença é que NY tem um sistema cicloviário muito extenso, bem implantado, e a lei e justiça é para valer. Americano simplesmente não consegue entender “Lei que cola e lei que não cola”; para eles não faz o mais remoto sentido, e a bem da verdade não faz mesmo.
No mesmo noticiário deram destaque a um pequeno protesto de uma população local contra ter que derrubar um deck recém inaugurado em razão de alguma obra não realizada anteriormente. No fim das contas estavam protestando contra gastar duas vezes, fazer mau uso de dinheiro público, e dinheiro é algo que por aqui não parece faltar. A questão é que uma coisa que americano não admite é jogar dinheiro pela janela. 

É impressionante como cresceu o número de ciclovias e ciclofaixas pela cidade. O novo mapa do sistema cicloviário de NY é cheio de ruas e avenidas marcadas. Tem besteiras, como em qualquer parte. Subi do sul de Downtown até o Central Park por ruas sinalizadas, mas no meio da 6th Av. a ciclofaixa e a sinalização acabou do nada, sem uma indicação que eu tenha visto, e acabei pedalando sem problemas os últimos 10 quarteirões no meio do trânsito. Não tem muita diferença de pedalar no meio do trânsito de São Paulo.
O problema maior é a quantidade de idiotas pedalando. Os entregadores estão trabalhando, o que não justifica as besteiras que fazem, e fazem de montão. Vem pela mão, contramão, não param em semáforo, passam raspando por pedestres... Fora isto tem montes de ciclistas que não tem a mais remota noção do que é pedalar civilizadamente. 

A construção das mobilidades, a de verdade, não a de propaganda política, passa pela criação de espaços específicos para bebes, crianças, jovens, idosos, adolescentes e áreas fechadas para cães, áreas verdes, trabalho conjunto com todas áreas de transporte, espaços específicos para pedestres, corredores, ciclistas, skatistas, patinadores, velejadores, jet skis, barcos particulares... Vi no East River uma excursão com 9 jet skis, achei uma loucura, mas eles estavam lá. Segurança para todos, segurança e prazer de viver a cidade. Crianças soltas, inúmeros pais pedalando na frente de dois três crianças sem se preocupar com segurança. Todo mundo com celular na mão tirando fotos, conversando, tirando sonecas... Muita gente trabalhando com computadores caros no meio da rua, em praças, em mesinhas de rua de restaurantes e cafés. Mercadoria de supermercado exposta do lado de fora, na calçada, sem problemas.

















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