terça-feira, 30 de setembro de 2014

Hot Rod Coney Island, NY

Para entender os Estados Unidos pós 1900 quase basta olhar com um pouco de atenção a história de seus automóveis. Para mim o auge da soberba está nas linhas e modelos fabricados em 1972, antes da crise do petróleo. São imensos, verdadeiras banheiras, com uma variedade de desenhos a beira do surrealismo, ao mesmo tempo apoteóticos. O que se seguiu depois pode ser definido pelo Pinto (bem entendido, Ford Pinto) e principalmente seus concorrentes diretos, um mais escroto que o outro. A partir dai a indústria automobilística americana nunca mais foi a mesma, aliás se perdeu para valer.
Dentro da cultura americana do automóvel um dos movimentos mais marcantes é o Hot Rod. Hoje tem até programa de televisão, horrível por sinal, quase desrespeitoso.
Em Coney Island, na entrada do tradicional parque de diversões, dei de cara com uma pequena amostra de Hot Rods, a maioria deles é purista, ou seja, modelos originais mexidos com pouco dinheiro e muito veneno. Conforto? O que é isto? Eles devem andar muito em reta fazendo um barulho infernal. Frear? Para que? Os mais bacanas são os enferrujados, principalmente as caminhonetes de antes da Segunda Guerra Mundial.
Bem vindos à divertida loucura. Fotografei praticamente todos.
 












 

 

 

 

 



 



 

 





 





 

 

 

 



 

 

 

 

 

 





 


 

sábado, 27 de setembro de 2014

Civilizados

Miriam é brasileira, paulistana e vive em Santa Bárbara, Califórnia. Está em São Paulo para tratar a dor crônica que tem no pé, mas não aguenta mais nossa selvageria. Está desesperada para voltar para Santa Bárbara. Uns dias antes de minha vinda para cá, Estados Unidos, fomos tomar um café e jogar um pouco de conversa fora. Quando estávamos nos despedindo contei que estaria uns dias aqui, nos Estados Unidos. Miriam, teatral e comicamente acentuada, mudou imediatamente a cara, ameaçando um choro forte, me deu um forte abraço e disparou a repetir em voz alta e forte “Me leva junto, me põe dentro da mala, não me deixa nesta loucura, não me deixa dentro desta loucura”.
Estas viagens para a civilização me estão fazendo mal. Estou a cinco dias da volta e já não consigo dormir direito. Tenho tido pesadelos com violência, desonestidade, atos pouco civilizados, coisas básicas que não funcionam; nada além do cotidiano que vivemos neste Brasil do nunca antes que está singelamente registrado em jornais, TVs, rádios, revistas, internet.
Aqui, Estados Unidos, se vive o fim do verão, com dias ainda quentes, céu azul. As ruas, praças, bares, cafés e restaurantes estão lotados de gente que vive a vida normalmente. É limpo, organizado e via de regra tudo funciona bem. Em Boston, Georgetown, Washington, Cape May, e mesmo aqui em Nova Iorque, as pessoas são polidas, socialmente educadas, civilizadas. Não se pensa em segurança. É possível ver que há dificuldades, algumas crônicas, outras sérias, mas há coletividade, vontade de ir para frente, respeito às regras, boa vontade, liberdade. Liberdade! Tolerância. Coletividade. Respeito. É um prazer viver a cidade, trabalhar, socializar, se divertir, exercitar, sem medos ou receios.
Dentro de uns dias estou de volta. Volto para colocar meu humilde voto na urna. Espero que ajude a mudar o rumo do país. Temos que retornar à civilização.
Agora sei bem o quanto foi desespero a reação de Miriam. É inaceitável o Brasil que temos hoje.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Boston e Georgetown


Tudo é organizado, limpo e funciona bem por aqui. Que diferença! Estive quatro dias em Boston e agora estou em Georgetown, Washington, próximo do imenso parque que liga Casa Branca, Capitólio, memoriais, tendo ao centro o grande obelisco. É impressionante, só vendo pessoalmente para entender escala e força. Georgetown continua sendo uma pequena cidade histórica, com a maioria das construções de meados de 1800. Olho para a leveza daqui e não quero lembrar o absurdo que fizeram com a modernização de Joinville, que em pouco tempo demoliu uma das mais lindas cidades que conheci. Foi-se muito da bela história de nossa colonização alemã. Deprimente. Esquece, vamos voltar para cá.

Boston é realmente muito simpática, cidade de estudantes, ciclistas e corredores a pé, que são vistos em todas as partes e todas horas. Corrida a pé é tão importante em Boston que no aeroporto há uma espécie de rosa dos ventos com os oito principais eventos históricos da cidade e um deles é a figura de uma maratonista. Correr pelos parques que margeiam as águas, principalmente o canal, deve ser maravilhoso. Deve ser... por que infelizmente não corri. Fiz a volta completa no canal pedalando ao por de sol, o que já foi uma benção comparável (mar é mar) a pedalar nas praias do Rio. Pretendia correr lá no dia seguinte, mas infelizmente o tempo mudou. Boston é mágica para quem corre a pé por que, repito com uma imensa inveja, sempre tem gente correndo para todos lados o tempo todo. E gente feliz. E meninas maravilhosas correndo em shortinhos ou pedalando em mini saia. Belos corpos, belos corpos!, de todas cores, raças e etnias; tamanhos e belezas. Deve ter menino bonito também, mas não consigo lembrar. As meninas... Comentário de velho, avô, sem segundas intenções.
Aqui em Georgetown é praticamente a mesma coisa, numa escala menor. Há remadores, que não os sei distinguir na rua, mas das belas margens podem ser vistos treinando. O número de ciclistas é sensível, de todas as idades, a maioria vestido para trabalho, magros, bem condicionados. Numa América com sério problema de obesidade, principalmente longe de suas bordas oceânicas, é ótimo ver tanta gente bem condicionada, bonita, com pernas realmente vigorosas.
Boston e Washington têm sistemas de bicicletas comunitárias. A bicicleta é a mesma, mas com marca e pintura diferente, é lógico. É tão ou mais pesada que uma Velib e roda parecido. Basta passar o cartão de crédito na máquina, responder algumas questões no visor e rapidamente sair pedalando. Os dois sistemas são relativamente novos e as bicicletas ainda estão pouco rodadas, portanto não se vê os problemas das Velib já muito surradas e com alguns problemas.
Pedalar pelas ruas é muito fácil. Americano dirige com grande cuidado, ou com muito medo de parar na frente de um juiz. As ruas são todas sinalizadas, mas se não fossem também seria fácil pedalar. Falo por que pedalei antes desta febre ciclística. Como em qualquer lugar do planeta o perigo para terceiros está nos malditos celulares, principalmente quando digitados, o que não é exclusividade de motoristas e inclui pedestres. Muita gente se movimenta por estas ruas, mas está em outro planeta. Nas calçadas você tem que ir desviando, o que é ridículo.  

Triste é que os malditos faróis pisca-pisca estão por toda a parte. Quando vão regulamentar? Do jeito que está só aponta para uma epidemia mundial de individualismo, nada diferente do que acontece com celulares, smart fones e outras porcarias.

domingo, 14 de setembro de 2014

Aeroporto

Não me lembro quando foi a primeira vez que fui pedalando a um aeroporto, mas tenho lembrança clara das várias vezes que o velho amigo Luís Fernando, o Tio Lú, nos levou para Congonhas, onde tomávamos café e íamos ver os aviões decolando e aterrissando. Era uma espécie de programa clássico. Tio Lú, que conhecia como poucos São Paulo e suas histórias, fazia de um programa piegas uma diversão consistente. Não me lembro de ter ido com ele ao Campo de Marte, o que talvez tenha acontecido, mas lembro a última vez que fomos os três, eu, ele e Teresa D’Aprile, até o Aeroporto de Guarulhos. Foi uma aventura incomum para a época, isto lá pelos idos de 1992. Chegamos, entramos com as bicicletas para o espanto geral, comemos algo nos divertindo vendo o povo passar, deixamos o sol baixar, começamos a volta parando na cabeceira da pista e voltamos pelo acostamento da rodovia Dutra até entrar em Vila Maria. Já era noite e terminamos numa deliciosa pizza na tradicional Cantina Castelões, no Brás. Com bucho cheio, duas cervejas na cabeça, os mais de 50 km rodados debaixo de sol forte, volta da pizza para casa é que foi duro.


Estou no aeroporto de Guarulhos. Vim de taxi olhando a vida ou o que resta de sua loucura pela janela. Demoramos quase uma hora para cruzar o centro da cidade e chegar na Marginal Tiete, onde o trânsito começou a andar. É inevitável fazer a comparação e até ali de bicicleta seria muitíssimo mais rápido. Não sei o que faria com a mala, mesmo assim preferia estar pedalando. Bicicleta nos deixa neuróticos. O taxista pegou a Dutra e seguiu rápido, mesmo assim deu para ver que em muitos pontos não existe mais acostamento, o que não permite mais fazer as molecagens que fizemos com o Lú. Naqueles tempos o único perigo de pedalar na Dutra era cruzar as alças de rodovia Fernão Dias, o que, se comparado com hoje, era muito menos perigoso que cruzar certas pontes do Tiete ou Pinheiros. Quando chegamos, uma hora e meia depois, cruzamos pelo bicicletário dos funcionários do aeroporto que fica na ponta do Terminal 1 e que vive lotado. Se tivesse vindo pedalando embarcaria agoniado por deixar a bicicleta parada no bicicletário, mas confesso que já desembarquei do avião com muita vontade de voltar pedalando para casa. Não dá. Já fiz isto em Congonhas, mas quando estava travando a bicicleta um funcionário do aeroporto me contou que estavam roubando todas, inclusive bicicletas mais simples dos funcionários. O jeito foi colocar a bicicleta no guarda volumes, quase o mesmo preço que ir de taxi. Não faz sentido. 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

e meu voto vai para....

Mara Gabrilli e José Serra, sem dúvida. José Serra, então Prefeito de São Paulo, criou a primeira Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência municipal do país, e Mara Gabrilli assumiu a pasta. Continuam lutando pela causa, isto já basta. Brasil tem quase 1/5 da população com necessidade de mobilidade especial, e não preciso mais me alongar.
antiga estação CPTM Pinheiros em 2005

Não acredito em “exclusivo”. Para mim tem que ser inclusivo, ou melhor, inclusive. Cidade, pedestres, transporte público, automóveis, motos, pessoas com deficiência de mobilidade, meio ambiente, fauna, flora, espaço público,... inclusive bicicletas. Mais skatistas, patinadores, patinetes... Ciclovia? Somente quando completamente necessária. Como a maioria dos ciclistas não sabe pedalar fica choramingando “ciclovia” e aceita segregação, mesmo em detrimento do resto generalizado como “um carro”. Os outros são todos carros ou motoristas assassinos.
Integração, palavra que parece ter recebido placa de mão única ou segregada para a passagem de uns eleitos. Infelizmente a maioria perdeu a capacidade de entender o básico. “Este espaço é meu”, “Eu tenho direito...” Não é para a maioria, mas para os eleitos. É para o futuro! ou para os eleitos? Populismo! Desculpem, mas estou fora.
Leu Shogun? Pois então leia. Tenho simpatia pelo velho jardineiro.
Autoridades; são todas iguais? Definitivamente não. São todas humanas. Qual a diferença? O tempo diz tudo a todos, mas é relativamente simples entender quem é quem. Basta não acreditar em milagres ou teorias da conspiração, ideias que sempre conspiraram para o nosso futuro.
O garoto usando uma camiseta pró FARC no meio de uma grande manifestação na av. Paulista mostra que ele realmente acredita que a guerrilha do narcotráfico um dia será a solução social desejada, mesmo que a história de sofrimento de toda população da Colômbia ou Afeganistão não deixem dúvida contrária. Infelizmente é um absurdo que muitos aceitam como ideal político normal. Não creio que seja normal que 106% do orçamento da USP seja ‘socializado’ entre funcionários em detrimento da qualidade da educação, o pilar básico da equidade. A frase “socialismo bom é (o que ganho) com o dinheiro dos outros” é politicamente correta?
Em nome da segregação, dos coitadinhos, se está permitindo praticamente tudo coisa. Populismo. A intenção foi boa, a inocência não. Dizem que é democracia, mas onde a maioria não vence. Vide as tabelas na ultima revista Exame sobre o que é realmente o Bolsa Família.

Gastei minha vida sonhando em ajudar quem quisesse usar a bicicleta a ser feliz. Nunca pensei que fosse dar nisto. Fui burro, inocente, insensível, por que só poderia dar no que deu. Mais que nunca os sinos das palavras de minha família dobram forte: não existe milagre. Minha mãe sempre dizia “Quer construir? Estude e trabalhe. Nada vem de graça”. E é bom mesmo que não venha. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

GM USA coloca 19.000 funcionários para pedalar

Inimigos? Inimigos ou rivais? Inimigos, rivais ou concorrentes? Inimigos, rivais, concorrentes, ou parceiros? Como você coloca a indústria automobilística? A resposta irá apontar com certa precisão o grau de cidadania de quem responde por que apontará o grau de tolerância. Provavelmente apontará também o grau de gentileza no trânsito, portanto o grau de segurança como ciclista, e de quebra o auto respeito ou egocentrismo. Sem dúvida apontará o grau de segurança dos pedestres que circulam próximos do ciclista que respondeu. Inimigos? Inimigos ou rivais? Inimigos, rivais ou concorrentes? Inimigos, rivais, concorrentes, ou parceiros?
Diminuir o número de veículos motorizados nas ruas é premente, o que nem mesmo a indústria automobilística duvida. Um carro a menos é crucial, mais que isto, vital. Mas de que forma chegar a "um carro a menos", este é o ponto. Dependendo da postura de uma das partes vai demorar mais ou menos para sairmos desta brutal enrascada. 
Exterminar o inimigo definitivamente não funciona, como prova fartamente a história. A vida dá voltas e o troco vem em mais ódio. 
Tentar colocar em prática o ditado árabe "o inimigo do meu inimigo é meu amigo", que está tão em moda, também se mostrado pouco ou absolutamente nada produtivo.
A saída mais inteligente costuma ser tratar com respeito o inimigo. 
Inteligente mesmo é conseguir dialogar com quem discorda ou mesmo prejudica. É, mais ai precisa de inteligência, o que infelizmente muitos não creem mais. 

http://www.latimes.com/search/dispatcher.front?Query=Why+General+Motors+wants+to+put+19%2C000+tech+employees+on+bicycles&target=all&spell=on

Why General Motors wants to put 19,000 tech employees on bicycles

GM Implements Bike Share Program At Tech Center
GM Implements Bike Share Program At Tech Center
John F. Martin / John F. Martin for General Motor
General Motors will start a bike-share program at its Warren Technical Center in Warren, Mich. The program is the first of its kind from any U.S. automaker, and will enable its 19,000 employees to commute on and off campus.
General Motors will start a bike-share program at its Warren Technical Center in Warren, Mich. The program is the first of its kind from any U.S. automaker, and will enable its 19,000 employees to commute on and off campus. (John F. Martin / John F. Martin for General Motor)
GM turns to bicycles to solve transportation problem for 19,000 employees at Warren Technical Center
General Motors bike share program is first for a U.S. automaker

Faced with a serious transportation problem on its sprawling technical center campus in a Detroit suburb, General Motors Co. has turned to a solution that predates cars – bicycles.
GM has launched a bike share program for 19,000 employees at its Warren Technical Center. It will help them navigate the 61 buildings on the 330-acre campus and provide convenient transportation for errands in the surrounding community.