Não me lembro quando foi a primeira vez que fui
pedalando a um aeroporto, mas tenho lembrança clara das várias vezes que o
velho amigo Luís Fernando, o Tio Lú, nos levou para Congonhas, onde tomávamos café
e íamos ver os aviões decolando e aterrissando. Era uma espécie de programa
clássico. Tio Lú, que conhecia como poucos São Paulo e suas histórias, fazia de
um programa piegas uma diversão consistente. Não me lembro de ter ido com ele ao
Campo de Marte, o que talvez tenha acontecido, mas lembro a última vez que
fomos os três, eu, ele e Teresa D’Aprile, até o Aeroporto de Guarulhos. Foi uma
aventura incomum para a época, isto lá pelos idos de 1992. Chegamos, entramos
com as bicicletas para o espanto geral, comemos algo nos divertindo vendo o
povo passar, deixamos o sol baixar, começamos a volta parando na cabeceira da
pista e voltamos pelo acostamento da rodovia Dutra até entrar em Vila Maria. Já
era noite e terminamos numa deliciosa pizza na tradicional Cantina Castelões,
no Brás. Com bucho cheio, duas cervejas na cabeça, os mais de 50 km rodados
debaixo de sol forte, volta da pizza para casa é que foi duro.
Estou no aeroporto de Guarulhos. Vim de taxi
olhando a vida ou o que resta de sua loucura pela janela. Demoramos quase uma
hora para cruzar o centro da cidade e chegar na Marginal Tiete, onde o trânsito
começou a andar. É inevitável fazer a comparação e até ali de bicicleta seria
muitíssimo mais rápido. Não sei o que faria com a mala, mesmo assim preferia
estar pedalando. Bicicleta nos deixa neuróticos. O taxista pegou a Dutra e seguiu
rápido, mesmo assim deu para ver que em muitos pontos não existe mais
acostamento, o que não permite mais fazer as molecagens que fizemos com o Lú.
Naqueles tempos o único perigo de pedalar na Dutra era cruzar as alças de
rodovia Fernão Dias, o que, se comparado com hoje, era muito menos perigoso que
cruzar certas pontes do Tiete ou Pinheiros. Quando chegamos, uma hora e meia
depois, cruzamos pelo bicicletário dos funcionários do aeroporto que fica na
ponta do Terminal 1 e que vive lotado. Se tivesse vindo pedalando embarcaria
agoniado por deixar a bicicleta parada no bicicletário, mas confesso que já
desembarquei do avião com muita vontade de voltar pedalando para casa. Não dá.
Já fiz isto em Congonhas, mas quando estava travando a bicicleta um funcionário
do aeroporto me contou que estavam roubando todas, inclusive bicicletas mais simples
dos funcionários. O jeito foi colocar a bicicleta no guarda volumes, quase o
mesmo preço que ir de taxi. Não faz sentido.
Me lembro bem desta aventura foi genial aliás foram muitas com Tio Lú. Beijo
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