Miriam é brasileira, paulistana e vive em Santa
Bárbara, Califórnia. Está em São Paulo para tratar a dor crônica que tem no pé,
mas não aguenta mais nossa selvageria. Está desesperada para voltar para Santa Bárbara.
Uns dias antes de minha vinda para cá, Estados Unidos, fomos tomar um café e
jogar um pouco de conversa fora. Quando estávamos nos despedindo contei que
estaria uns dias aqui, nos Estados Unidos. Miriam, teatral e comicamente
acentuada, mudou imediatamente a cara, ameaçando um choro forte, me deu um
forte abraço e disparou a repetir em voz alta e forte “Me leva junto, me põe
dentro da mala, não me deixa nesta loucura, não me deixa dentro desta loucura”.
Estas viagens para a civilização me estão fazendo
mal. Estou a cinco dias da volta e já não consigo dormir direito. Tenho tido pesadelos
com violência, desonestidade, atos pouco civilizados, coisas básicas que não
funcionam; nada além do cotidiano que vivemos neste Brasil do nunca antes que
está singelamente registrado em jornais, TVs, rádios, revistas, internet.
Aqui, Estados Unidos, se vive o fim do verão, com
dias ainda quentes, céu azul. As ruas, praças, bares, cafés e restaurantes
estão lotados de gente que vive a vida normalmente. É limpo, organizado e via
de regra tudo funciona bem. Em Boston, Georgetown, Washington, Cape May, e
mesmo aqui em Nova Iorque, as pessoas são polidas, socialmente educadas, civilizadas.
Não se pensa em segurança. É possível ver que há dificuldades, algumas crônicas,
outras sérias, mas há coletividade, vontade de ir para frente, respeito às
regras, boa vontade, liberdade. Liberdade! Tolerância. Coletividade. Respeito.
É um prazer viver a cidade, trabalhar, socializar, se divertir, exercitar, sem
medos ou receios.
Dentro de uns dias estou de volta. Volto para colocar
meu humilde voto na urna. Espero que ajude a mudar o rumo do país. Temos que
retornar à civilização.
Agora sei bem o quanto foi desespero a reação de
Miriam. É inaceitável o Brasil que temos hoje.
Concordo c vc q as viagens, qdo voltamos, nos fazem mais mal do q bem, pq vemos o q não temos :liberdade
ResponderExcluirrespeito pelos outros,pelo q é dos outros,pela cidade q vivemos.Aflige-me qdo passo p caçambas e vejo vasos
c plantas vivas, jogadas no lixo,pq não estão mais na "moda" Qdo consigo,eu as resgato e levo p minha casa.Sinto-me entristecida qdo vejo animais abandonados,crianças descalças soltas pelas ruas e famintas p um sorvete num dia de verão,moradores de rua ...P td isso, e graças a Deus,posso e preciso de um respiro e viajo.Fujo, p pouco tempo, respiro e retorno e como vc me bate uma melancolia à vésperas da volta e tento usufruir o máximo possível dessa vida simples e normal.
Eu gostaria mesmo seria construir um Brasil descente. Amaria voltar em paz, mas é impossível, absolutamente impossível.
ResponderExcluirCoragem !!!!!!!! Lembre-se para ter um país decente é necessário um voto decente.
ResponderExcluirQue é isso, Arturo?
ResponderExcluirIsadora, dois anos, estava no metrô quando tirei uma foto dela. A mãe, sorte que não se opôs. Tão linda!
Como você pode querer tudo pronto, acabado e organizado quando nós nascemos aqui exatamente para trabalhar para a Isadora e todas as outras crianças do Brasil???