segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Patinete estacionado cruzado na ciclovia

Ontem voltando para casa dei de frente com um patinete elétrico verde de aplicativo parado cruzado no meio da ciclovia da Faria Lima. Era fim de tarde, no lusco-fusco, e estava bem pouco visível. A probabilidade que um ciclista não o percebesse e tomasse um tombo era grande. Logo atrás vinha um casal pedalando e minha preocupação imediata com eles me levou a tirar do caminho o patinete rapidamente, o que aconteceu de forma desajeitada, transparecendo a irritação que realmente existia. De qualquer forma o patinete foi levado para a grama e estacionado em pé antes que o casal ali chegasse. Ele chegou primeiro, distante dela, com cara de espanto pela minha reação.
- Parado deste jeito pode causar um acidente, disse eu. 
- Quebrar o brinquedo dos outros não é legal, respondeu ele provavelmente em razão do meu mau jeito com o patinete que cria vida própria quando se segura com uma única mão e se anda feito pato empurrando a bicicleta entre as pernas. 
- É mobilidade, continuou ele, faz bem para a cidade...
Não, não é, não desta forma. Não é o patinete, mas o mau seu uso, a falta de ordem e respeito pelo próximo. Falta de civilidade estraga qualquer coisa. A bem da verdade estes aplicativos estão sendo a cada dia mais questionados em várias partes do planeta porque os usuários não estão nem aí para o próximo. Paris, que tem uma tradição com patinetes patinetes, os não elétricos, está pensando o que fazer com a bagunça que se armou com elétricos de aplicativos. Não só Paris.
Qualquer coisa nova é uma solução? Pode ser e pode não ser, depende de uma série de fatores. No caso da mobilidade, principalmente, respeito ao funcionamento da cidade e ao sistema de transporte de massas existente. Integração é a palavra. Mudança é a outra. As duas devem caminhar juntas para dar certo. É óbvio que há uma fase de adaptação, mas também é verdade que já deveríamos ter aprendido que acreditar em soluções milagrosas não funciona. "É, mas me facilitou a vida", dizem. E a vida dos outros, e o resto, como fica? O que vale é o selfie? Ai não vai dar certo mesmo.
O que importa é a cidade: aglomeração humana...




https://www.theguardian.com/uk-news/2019/jan/10/ofo-cycle-hire-firm-pulls-out-of-london?

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