segunda-feira, 30 de maio de 2022

Carro voador, delírio, futuro ou o quê?

Acabou de passar um avião em cima de minha casa. Moro na rota final para a aterrissagem em Congonhas e das 6:00h às 22:00h passa direto todo tipo de avião, o que mais tem são os 737 e similares. Comprei esta casa em 1987, tempo que ainda voavam com turbina charutinho, aquelas fininhas que fazem um barulho infernal e que hoje estão proibidas em praticamente todo o mundo. Hoje usam umas grandonas que são muito mais silenciosas, mesmo assim bem audíveis. Para completar a barulheira ainda tem os helicópteros. Dois heliportos ficam do outro lado do rio, um próximo ao Parque Villa Lobos e outro na Eliseu de Almeida quase em Francisco Morato, também não muito longe daqui. Enquanto escrevo este parágrafo já passaram três aviões e nenhum helicóptero, aliás, aproveitando, o número de helicópteros depois da pandemia diminuiu muito. 

Silêncio! Um dia em Milão tomei um susto com o barulho de um helicóptero dos grandes cruzando os céus. Só então me dei conta que estava na Itália fazia 15 dias e não tinha ouvido ou visto um helicóptero sequer. São Paulo tem uma das três maiores frotas de helicópteros do planeta. Que riqueza! Não penso assim. "Que pena", significa que a cidade não funciona. Aguente-se o maldito barulho deles.
Cidades são barulhentas, as nossas mais ainda porque o controle de poluição sonora que se faz no Brasil é patético, para surdo ver. É da cultura brasileira considerar um chato de galochas quem reclama do barulho da conversa alheia ou do bate-estaca do churrasco a cinco quarteirões de distância. Passa avião e ninguém mais olha para cima, virou coisa normal não importa quão barulhento seja.

Mas, senhoras e senhores, preparem-se! Vem aí os automóveis voadores, ou carros voadores, ou sei lá o que. O sonho a tanto tempo esperado de voar sobre os congestionamentos está para se realizar. Aqui, para que motoristas aviadores não tenham suas cabeças degoladas pela fiação elétrica, telefônica, de internet, de TV a cabo... Bom se fosse um fio só creio que degolaria, no caso deste emaranhado de fios creio que seja caso para o Homem Aranha. De qualquer forma por estas paragens ainda demorará um pouco mais, nossa fiação aérea não mente. A não ser que os bem-aventurados proprietários destas novíssimas maravilhosas máquinas voadoras queiram ter, aí sim, seus escalpos arrancados pelas hélices dos inúmeros helicópteros que nos sobrevoam constantemente um pouco mais acima. Vai que a moda pega...: "Quem tem arrancou o escalpo?" "Foi um Robinson 22" "Que pobreza! Da próxima vez faz teu corte cabelo pelo menos num 44. Vai ao casamento? Então decola quando tiver um Esquilo da PM por perto. Corte militar está na moda. Top Gun na cabeça!" 
Nestes tempos modernos, tão esperados, é provável então que teremos saudades dos tempos de um avião após o outro aterrissando em Congonhas, dos helicópteros decolando do alto do edifício do outro lado da rua. Mas tudo tem seu lado bom: acostumados com o zumbido dos drones perderemos o medo de enxames de abelhas. Olhem só que maravilha! Quem não tiver dinheiro nem para um carro voador nem para botox vai acordar todo inchado, sem uma única ruga. 

Carros voadores deixaram de ser ficção, estão aí, alguns prontos para venda e uso. Como nós, brasileiros, ainda não temos sinal de internet com um mínimo de qualidade e estabilidade a coisa aqui não vai funcionar nas cidades e vai virar brinquedo. Aí, meu Deus! Será que além do maldito som dos jetski agora nossas praias e lagos terão o som de abelhas pilotadas? Jetsky?

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