terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Trãnsito que destrói o sentido do Natal

SP Reclama
Fórum do Leitor
Rádio Eldorado FM
O Estado de São Paulo


É inacreditável que os paulistanos não tenham se dado conta que o caos no trânsito vem aos poucos matando o melhor de nossas vidas, inclusive o espírito do Natal, reunião fraterna da família e amigos. 
Quem pode foge, e foge para outros congestionamentos. Só diferem por estar longe. Longe! Cada um para seu canto. Salve se quem puder, o último que sair apaga as luzinhas da árvore de Natal. Nosso problema social, inclusive o da violência endêmica, decorre desta exaustão de viver e trabalhar numa cidade caótica, que não anda, que rouba o tempo para estar junto, conversar, conviver. Parece um floreado, mas é a ciência quem diz. Final do dia, exausto, cada um para seu canto. 
Feliz Natal?

Sou ciclista e acima de tudo sou cidadão, ou me esforço para ser. Como ciclista estou muito impressionado que como ficou trivial que em vários momentos do dia e em várias ruas eu simplesmente não encontre espaço para passar com a bicicleta. A rua está tão congestionada, tão cheia de automóveis, que não há espaço sequer para um ciclista costurar entre os automóveis parados. Hoje não há opção a não ser para, mesmo em uma bicicleta. Calçada? Pedalar nelas é mais que desrespeitoso ao pedestre e pessoas com necessidades especiais, é falta de cidadania. Quando faço, e o faço porque não tenho outra alternativa, vou a passo de pedestre pedindo desculpas, mais que  sinceras, profundamente envergonhadas, com medo de ser atropelado pelas motos que a cada dia mais tomam as calçadas.
Meter ciclovia em tudo quanto é canto? Sou contra. A bem da verdade é solução de quem não conhece o assunto: a cidade. Quero ver resolvido o problema de todos os cidadãos, não só os meus ou dos meus iguais mais próximos.

Só vamos resolver o caos desta cidade quando a maioria se interessar, procurar entender o que realmente acontece, e der um basta. Mais, precisam olhar o que se fez e faz mundo afora, com respeito. "Eu sei...", "nós somos diferentes...", e outras respostas vindas do umbigo, nos trouxe a está baderna que hoje vivemos.
Acreditem sem quiser, somos todos humanos, inclusive nós, paulistanos. Acreditem, as experiências bem sucedidas de outros valem para nós.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Onibus elétricos: sonho dos inocentes

O Estado de São Paulo
SP Reclama 

Mais uma vez foi prorrogado o prazo para a obrigatoriedade das empresas de ônibus operarem totalmente eletrificadas. Não estranho. Só acreditou que aconteceria no prazo estabelecido quem é muito inocente. Não poderia dar certo porque o sistema de distribuição de energia elétrica não funciona como deveria, não está aguentando sequer para alimentar as residências, imagina só para fazer rodar toda uma frota de ônibus.
Talvez o mais grave problema deste país é a população embarcar nas lorotas mais furadas, aquelas que não conseguiriam passar pelo crivo de uma criança esperta e bem educada. Acreditar que veículos elétricos,  sejam ônibus, vans, automóveis, bicicletas ou mesmo patinetes elétricos resolverão a questão ambiental num passe de mágica porque são um milagre da tecnologia moderna, é  simplesmente querer fechar os olhos para uma questão muito maior: se o Brasil, incluindo a cidade de São Paulo, está ou não preparado para tais tecnologias. Não está, e não faltam sinais óbvios para chegar a esta conclusão.

Poluição ambiental se resolve com uma série de ações que extrapolam muito o elétrico. Deveriam começar por um rearranjo urbano sério, muito além da liberação da construção de edifícios próximos ao transporte público, que por sinal está trabalhando em seu limite e sem qualquer sinal de melhora. Planejamento sério deveria iniciar resolvendo as prioridades da realidade que está ai, não um delírio populista de intenções que ninguém sabe quais, para que ou a quem servem. É fato que uso de diesel aumenta a poluição, assim como é fato inequívoco que motor desregulado, diesel adulterado, semáforos quebrados, corredores de ônibus esburacados, motoristas mal treinados para a condução do veículo e com condição de trabalho precária, trajetos questionáveis, motociclista acidentado parando tudo, motoristas infratores não multados, e tantos outros detalhes que aumentam muito o consumo, portanto a poluição.

Não se resolve absolutamente nada com fórmulas mágicas e principalmente colocando todos ovos numa única cesta. É absolutamente incrível que nós, paulistanos, não tenhamos nos dados conta destas verdades. Pior, faz muito estamos brincando de colocar a mágica para todas soluções numa única cesta, não raro furada.

Não é sobre eletrificar, é sobre a cidade. Eletrificar é uma pequena parte da questão, que só funcionará caso o resto também funcione com uma mínima qualidade e precisão. Imagine que divertido ter uma frota de ônibus elétricos no meio dos apagões. Aliás, eles funcionam bem em alagamentos?


Rádio Eldorado FM 

Fica sugestão de pauta:
Como o sistema de bondes acabou, ou como foi sabotado?
Por que os trólebus foram desaparecendo?
O que está acontecendo com os automóveis elétricos aqui e fora?
Etc...

Não sou contra os elétricos, muito pelo contrário. Sou contra fazer mal feito, sem princípio, meio e fim, aliás, futuro?

Podem pesquisar também qual foi o projeto original da av. Santo Amaro para transporte de massa, Prefeitura Covas. 

E como se deu a escolha do monotrilho, av. Roberto Marinho, em vez do VLT que se aventou?
Aliás, seria interessante ouvir quem avisou que monotrilho daria caca.

Eu amo ônibus elétricos. Subia nos trólebus toda vez que podia. Sei a delícia que é qualquer veículo elétrico, mas tenho um mínimo de interesse e leitura para perceber que da forma como se está fazendo não ia dar certo.

Nem vou dizer para se colocar em pauta uma matéria profunda sobre as empresas de ônibus urbanos.



O segundo é o primeiro perdedor

Rádio Eldorado FM 

Palmeiras nos últimos anos ou foi campeão ou vice, ou chegou quase lá. Os comentários depreciativos sobre este ano do Palmeiras remetem a um comentário acertado de Nelson Piquet: para o brasileiro o segundo colocado é o primeiro perdedor. Não tenho dúvidas que o Brasil é o que é, com todos seus problemas, porque brasileiro se recusa a aceitar um trabalho sério que não deu exatamente o resultado esperado. Enfim, aqui perdeu, aqui é um imbecil. Venceu, não importa como, a que preço, é bom, é a referência.
PS. Não sou palmeirense, nem torcedor fanático de outro time. Sou um simples brasileiro

sábado, 7 de dezembro de 2024

Filho turista, família e mãe empregada doméstica

Solidão e solitude.

Está chegando aquele momento do ano no qual as pessoas em festa se dividem entrem "eu sou o último biscoito do pacote" e as que gostariam que a reunião fosse de família, coletiva. É também o momento que a divisão entre servidos e serviçais se escancara. É quando filhos turistas (bem brasileiros, que foram ou não foram à Disney) imaginam ou tem certeza que seus avos, pais, mães, tios e tias, têm cara ou são a definitiva encarnação do Pateta ou Clarabela. Também podem acreditar que a estes mesmos, avos, pais, mães, tios e tias, fazem parte do banco imobiliário, aquele jogo de tabuleiro, mas aqui como banco, literalmente, e imobiliária, literalmente, ou seja, que tem obrigação de fornecer o melhor da casa e comida, e ai se não oferecerem! 
Enfim, chegaram o Natal, a festa imposta para aqueles que tem a síndrome do selfie com certeza que é o último biscoito do pacote (abundado no sofá). Os servicais que sirvam, incluindo a avó.

Poderia, ou deveria, continuar a descrever tipos que estarão presentes nas comemorações deste e de todos Natais. Este chega a galopes. O ano se foi, acabou 2024, ninguém sabe, ninguém viu. 
Não, não são só os meus que quero aqui descrever. Em todo o planeta Cristão estarão presentes familiares e amigos que tem ojeriza a qualquer esforço que não seja ficar sentado, quanto mais dizer a pratos e copos sujos, a chegar perto da cozinha, esticar a mão para o próximo. Também estarão presentes aqueles mais novos, a geração eu, que educadamente em sua infância ou adolescência se recusam a ceder uma cadeira para os mais velhos. Sim, não, ahmmm? respostas ou não respostas de uma inteligência suprema, mais, sem tirar o olho da telinha. 

Ah! Sim! Ou não! Sei lá. Pelo menos em casa parece que conseguimos controlar os malucos que adoram política. Se começam, logo se coloca um freio.
A ceia de Natal de um amigo terminou com o peru voando pela sala como bala de bazuca contra seu inimigo. Como ele contou as gargalhadas, e já estava preste a ter um ataque cardíaco com a história, acabei não sabendo se o tiro foi disparado por um fascista ou comunista. A comemoração só não acabou porque a mira estava errada, o atacado conseguiu desviar a cabeça e o peru encaixou-se no meio da árvore de Natal iluminada. Um tio bem humorado e completamente bebado foi lá, arrancou a coxa gorda e engordurada e saiu comendo lambusado pela sala. Peru resgatado, colocado de novo sobre a rica mesa, e fatiado para a felicidade de todos... e para calar a boca dos dois imbecis que envergonhados pararam de urrar.

Enfim, lá vem o Natal. FELIZ NATAL 

Cansei de ver a matriarca da família sendo usada como eletrodoméstico. A gota d'água foi um almoço de boas vindas no qual uma das convivas que além de ter problemas para levantar a bunda da cadeira, foi atrás da serviçal matriarca reclamar que não estava sendo bem servida. Gota d'água porra nenhuma! Foi um balde de gelo, pedra de gelo, iceberg na cabeça. Na hora deixei passar, mas uns dias depois, mais calmo, mandei mensagem bem pensada, medindo bem as palavras, lembrando a todos que, mais do que matriarca, era ela quem havia sustentado e continuava sustentado toda tropa, além disto já se encontrava na melhor idade. "Melhor idade é sacanagem, é a pqp!" responderia ela, ofensa para quem ainda não pode deixar de trabalhar. Ok, lembrei a todos os abundados do dito almoço que a eletrodoméstico em questão já se encontra vizinha dos 80, e que levassem em consideração este pequeno detalhe. "Não seria justo que a esta altura da vida, depois de tudo que fez por vocês, em vez de servir fosse servida?" Acreditem se quiser, tomei uma cortada em minha mensagem. Aí explodi, o que foi considerado um exagero minha parte.
Com tristeza e ao mesmo tempo aliviado, avisei que deste Natal estou fora, ou, como disse, "o mordomo, empregado doméstico, ou ainda e também o eletrodoméstico, pede demissão irrevogável".  
Antes só que...

A verdade é que não consigo mais estar presente para ver abusos de filhos e netos turistas. "É adolescência", ouço como resposta, e não aceito, não consigo aceitar. Aí digo eu: "adolescência a PQP!". Sou bem viajado e afirmo com todas as letras que nossos pimpelhos são muito mal educados. Aliás, não preciso eu dizer isto, basta ler artigos e mais artigos, e mais artigos de epecialistas que dizem e confirmam a mesma coisa. Temos uma geração "o outro que se foda" e achamos normal, até mesmo no Natal.

Filho turista foi uma expressão que ouvi numa entrevista e que define aquele filho que usa a casa dos pais como se fosse um hotel. Está lá para ser servido e ponto final, e ai se tudo não estiver do jeito que ele gosta. É o que mais tem nesta nossa classe média vai ao paraíso. 

Estou muito mais leve. Uma das situações que fiquei livre, e não tem nada a ver com a tropa do dito almoço, nem com Natal, foi deixar ouvir o senhorio enfiar o dedo na campainha eletrônica que disparava um dim dom altíssimo chamando a senhora que passou a vida lá servindo exemplarmente. Não era um sininho ou algo que chamasse com respeito, mas um dim dom altíssimo, desagradável até para os convivas que estavam lá visitando do senhorio. O senhorio se foi, felizmente. A campainha continua lá. O que vocês sugerem que eu faça com ela? Minha ideia é quebrá-la a porretadas. O que vocês acham?

Tudo começa dentro de casa. Em nossa cultura o Natal é (ou deveria ser) a reunião de família onde todos se abraçam (ou deveriam se abraçar) em nome de um começo ou recomeço de esperança, paz e amor. 

Feliz Natal a todos.
Precisando, me chamem que vou ajudar.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Karma do karma

Gostaria que o inventário terminasse ontem. Melhor, que nunca tivesse existido. Tive a ilusão que com a morte dele tudo se resolveria como num passe de mágica. Definitivamente não! Nunca pensei que os dias seguintes fossem ser tão mais pesados que o que se foi com o desaparecimento dele. Perdi a capacidade de me controlar, descobri o que pode ser o karma do karma. Usei as técnicas mais bestas para esquecer e mudar de rumo emocional, segui as recomendações de amigos e familiares, nada. Tentei lembrar dos momentos bons vividos, mas estes invariavelmente terminavam com a lembrança de outra estupidez idiota, coice certeiro e desnecessário, em mim ou em outra pessoa que dizia por ele querida. Bastava que estivesse por perto. Os passantes, aqueles que tiveram contato eventual, informal ou desinteressado, viam nele um anjo caído do céus, uma pessoa boníssima, um exemplo social, o que não deixava de ser naquelas circunstâncias, não posso negar. Frienemy puro. 

Soube que foi achado algo inesperado no fundo do armário de roupas dele. Confirma mais uma vez e definitivamente uma das reclamações que minha mãe tinha. Bate o martelo sobre quem estava correto nas desagradáveis gritarias que teve com seus enteados. Pensei que tudo se resumisse a uma pequena caixa vermelha cheia de bugigangas que eu sabia da existência porque foi mostrada por ele próprio. Não consigo entender para que ele fez mais esta besteira sem tamanho.

Karma do karma porque olho para o passado, sei quem fui, como me comportei, e a imagem que deixei, e não posso reescrever, mostrar o que realmente aconteceu, tirar pesos pesados passados das costas de minha consciência. Colocando em outro patamar, que vale como referência, a história é escrita pelos vencedores. Ele venceu, e diferente da grande história, a da humanidade, não conseguirei reescrever a minha. Transitado de julgado, assunto encerrado.
 
Depois que ele saiu de casa, quando eu tinha 11 anos, comecei um processo doloroso para sair do círculo vicioso. Tive sorte. Fui morar num edifício onde moravam vários adolescentes com a mesma idade e que eram judeus. Mudaram minha história, me ajudaram muito sem saber, muito mesmo. Me fizeram olhar as relações numa outra escala. Lá, naquele edifício, vivi anos maravilhosos, tanto porque meu núcleo familiar ficou em paz, maravilhosa mágica, como porque tive amigos queridos, Beto, Neco, Saulo, que sem saber me apoiaram. Não posso deixar de citar seus pais e outros vizinhos, todos judeus, gente equilibrada. Com minha mãe e irmão em paz tudo começou a se encaixar. Paz!

No meio desta tormenta karma do karma que vivo agora, e por causa dela, olhei-me no espelho e senti-me ridículo. Nos anos do apartamento e meu convívio com os judeus pude ver alguns deles que escaparam de campos de concentração. Não é necessário parar e ter uma conversa profunda e dolorosa com alguém que viveu ou conviveu com algo que muito além de um karma para sentir a diferença. Em tudo expressam a vida. Passou de um grau de sofrimento as atitudes práticas perante a vida, a vida, a vida, a vida, são outras, sem mimimi. E olhando no espelho pensei "Cara, deixa de ser ridículo. Olha o abençoado que você foi e é. Mas estarei tendo um mimimi?

"O tempo diz tudo a todos. O tempo ensina". Já se passaram duas semanas. O que eu senti como um linchamento oferecido de bandeja pelo karma vai esvanecer, mas continuará uma sombra, disto não tenho dúvida. Não é uma exclusividade minha, isto tenho certeza. 
Cumpri minhas obrigações sociais, mas me pergunto o porque as cumpri e se valeu a pena. De qualquer forma cumpri. Não houvesse cumprido o karma seria outro, mas karma. Disto não se escapa.

Ouvi os conselhos de uma tia, segunda mãe, ou agora 'a' mãe. Não me lembro suas palavras, o karma do karma é mais pesado que sábias palavras, mas sei que sua sabedoria, sabedoria de quem viveu a vida, e sabe bem o que pode ser um karma do karma, me deu referência que não estou sozinho e definitivamente não sou o único. Aconchego.

Tenho que responder com educação aos que me vem dar condolências, mas ninguém está escapando de minhas palavras sobre como foi para mim e como estou me sentindo. Não tenho a mais remota dúvida que só a verdade salva - pelo menos suaviza para mim. 

A maioria das verdades desta vida são construídas sobre patamares das verdades individuais de cada um, que por sua vez distorcem a verdade que está sob seu nariz. Quem conta um conto, aumenta um ponto. Dependendo  do que, o karma do karma. A história é dos vencedores. Aos perdedores migalhas suadas.

No Estadão saiu um denso e pesado ensaio "Sobre os sentimentos silenciosos que possuímos e não confessamos" com título "Pequenas vilezas humanas".  
Diferente do que repete a exaustão um amigo, não considero a vida dura. E como está em várias escrituras sagradas, a paz da maturidade só vem com as passagens de sofrimento. Sim, agora me lembrei, foi isto que minha segunda mãe me disse. Me pergunto, precisava? Não teríamos outros caminhos?

Do que vivi, posso dizer que não teria entrado neste profundamente dolorido karma do karma caso tivesse sabido colocar a verdade como prioridade sempre, ou algo próximo a ela, em cada situação, em cada instante. Não teria sido presa tão fácil, isto é - caso tivesse feito a comunicação correta. Não raro a verdade é uma baita mentira.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Desperdício

Cai na asneira de fazer um comentário numa rede social sobre o desperdício de dinheiro que foi a falta de critério na implantação de ciclovias e ciclofaixas em São Paulo. Para piorar respondi a um entusiasta do sistema cicloviário implantado em Sorocaba. "No fim de semana tem até congestionamento..." respondeu ele.

A palavra que pegou pesado foi "desperdício". 'Como assim ciclovia é desperdício?' A pergunta foi repetida em tom de sarro em várias postagens. Desperdício!? Pelo que se entende das postagens, se foi feito em nome do social então não é desperdício. Não mesmo?

Fiquei procurando como responder e cheguei a duas conclusões, a primeira sábia: não responder. A segunda, mais sábia ainda, procurar com calma um bom exemplo que possa explicar para os mais fanáticos porque mesmo a mais urgente ação social pode ser um desperdício de dinheiro público. E não demorou muito, lá veio um ótimo e terrível exemplo. 

Juan Domingos Peron assumiu a presidencia de uma Argentina em 1950, recém saída da Segunda Guerra Mundial e riquíssima, com a maior reserva de ouro do planeta. Um dia Peron foi para a rádio e disse que estava caminhando sobre o ouro, que o povo não comia ouro, e que daria este ouro para o povo. De um país riquíssimo, a quinta economia do mundo, com índices sociais invejáveis, a Argentina se transformou no que é hoje, com seus 50% de pobres ou abaixo da linha de pobreza, uma economia completamente desajustada... O ouro? Ora o ouro! O que foi feito dele. Não importa para muitos, Perón é de esquerda (?) e tem que ser aplaudido. 

Enfim, mesmo riqueza abundante não se deve desperdiçar, mas é difícil não cair em tentação. Amir Klink fala muito  sobre desperdício, sobre a perigosa facilidade que vem com o ter em abundância.

O Brasil é o que é porque o nível de desperdício que temos por aqui é completamente absurdo, todo tipo de desperdício, de riquezas, oportunidades, no mal feito, no pensar errado, comodismo...

Talvez o desperdício que mais me incomode seja o de boas cabeças com boas e verdadeiras intensões. 

Bicicleta é crucial para a transformação que se espera das cidades, está mais que provado. As razões são inúmeras, muito além das questões de mobilidade. Encher as cidades de ciclovias não resolve porque tem gente que não usa e provavelmente nunca usará uma bicicleta. Técnica de segurança no trânsito moderna também descarta o concentrar em ciclovias e ciclofaixas.  

Num bairro com uma topografia muito acentuada, como a Pompeia, colocar uma ciclofaixa numa subida que elimina 95% dos usuários de bicicleta é de uma burrice sem tamanho. Implantar ciclofaixa em bairro com topografia acidentada, de classe média muito alta, onde o automóvel é regra social, sem comércio  por perto, onde há pouco trânsito e só circulam meia dúzia de ciclistas esportistas, é ou não é  desperdício? Brigar com todo um bairro comercial para facilitar a passagem alguns ciclistas vale a pena? 
 
Responsabilidade social requer um cálculo bem elaborado de custo benefício de tudo, ou haverá uma boa possibilidade de desperdício de dinheiro público, que por sua vez é crucial para as urgências sociais que temos.

Não é porque tem viés social que investir desmesuradamente vai ajudar a resolver a questão. Neste nosso Brasil isto está mais que provado. 
Tem que investir bem, pensando a curto, médio e longo prazo, com todas as variantes, pró e contra no cálculo,ou a possibilidade de desperdício será alta. 
Boas intenções por si só são um bruto desperdício. 
Seja pragmático.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Continuam os roubos em cemitério

O Estado de São Paulo
SP Reclama
Fórum dos Leitores

Esta é a primeira vez que entro no Cemitério da Consolação e tem um segurança na porta. Agradeço a quem tomou a providência, mas ou chegou tarde ou não foi capaz de evitar o roubo de placas, detalhes e esculturas de bronze. Olhando em volta do túmulo de minha família descubro que fizeram uma rapa completa. O belo baixo relevo redondo num dos túmulos foi-se e todo resto que puderam encontrar. É simplesmente inacreditável que ninguém ouça o barulho de uma talhadeira. Deprimente.

Incrível que, mesmo sendo crime continuado, e faz muito, não se tem uma notícia sobre investigação, sobre os receptadores, e nem onde vai parar a barbaridade de material já roubado dos cemitérios ou de fiação elétrica, entre outros.

Sobre o pedaço da escultura de  400 kg de bronze do   monumento histórico a Carlos Gomes, nem palavra. Ninguém viu, ninguém sabe, tudo indica que já foi esquecido. A histórica escultura sem um importante pedaço virou arte moderna devem pensar as autoridades.

Tal qual o monumento a Carlos Gomes, talvez a próxima peça de bronze a ser roubada seja uma das belíssimas esculturas que decoram túmulos, mais ou menos do mesmo peso da peça roubada da homenagem ao genial músico.  
Ou talvez alguém já tenha descoberto que as escuturas maravilhosas de Victor Brecheret que ornam alguns túmulos, peças em pedra bruta de algumas toneladas, podem ser vendidas no mercado paralelo. Basta parar um caminhão com um guindaste dentro do cemitério que ninguém vai perceber. 

Um dia saiu uma matéria que afirmava que numa noite tinham sido roubados 4 km de fios de cobre de uma das linhas da CPTM. Como assim? Sobre as investigações, ninguém sabe, ninguém viu. Roubar túmulos deve ser muito mais seguro que pendurar-se em torres eletrificadas para roubar fios eletrificados. 

O túmulo em questão é de ninguém mais que do Educador, Sociólogo Fernando de Azevedo, que também poucos sabem quem foi, o que fez. Mesmo antes de morto o cidadão que fez história desaparece neste país. Morto então é um igual a qualquer um que nos cemitérios estão, não faz diferença nenhuma, não importa se teve ou não relevância para este Brasil. 

A beleza e a qualidade cultural de nossos cemitérios foi impressionante. Foi, há muito. Quem se importa? Vários cemitérios italianos são patrimônio histórico e alguns, como o de Gênova, geram boa receita com turismo. Os nossos estão mortos.

Outro dia inauguraram mais um museu em São Paulo, dos o dos Livros Esquecidos. Não pude peder a oportunidade de perguntar quando vai pegar fogo. Faz todo sentido. Museu Nacional, Museu da Lingua Portuguesa, outro dia o Museu da Casa Brasileira, dentre outros tantos que desapareceram pelo fogo, roubo, por cair aos pedaços, por não ter espaço para seus acervos, pelo simples e completo desprezo, que o digam. 
Bronze de cemitério? Já ouvi que só serve para dar um prato de comida aos desabrigados que pulam o muro. Pelo preço do bronze deve ser no Casserole. Boa definição do que pensam alguns sobre como corrigir nosso desastre social.   

sábado, 23 de novembro de 2024

Mortes no trânsito








O Estado de São Paulo 
SP Reclama 

Rádio Eldorado FM 

Os semáforos continuam a ser sabotados, agora mais. Alguém continua mudando a posição dos focos de maneira a confundir o trânsito. Isto ocorre há muito tempo e ninguém faz nada, mesmo que o perigo criado seja muito alto.
Enquanto alguém importante ou uma autoridade não morrer em consequência desta "brincadeira" assassina parece que não acontecerá nada. Nem notícia.

Não é de se estranhar. O número de acidentes no trânsito, muitos graves, só aumenta, e não se faz nada como sempre nada se fez. Dizer que fizeram campanhas, que as autoridades agiram, tomaram providências, o que quer que seja, pode e deve ser colocado no campo da falácia porque o resultado aí está. Me lembro que faz uns 20 anos, foi divulgado que São Paulo, a cidade, ocorriam em média 70 atendimentos de motociclistas acidentados in loco por dia, ou seja, atrapalhando ou parando o trânsito, fora os absurdos custos hospitalares. Não se fez e continuamos a não fazer nada, pelo menos que sinalize que venha a ser produtivo e que os números realmente caiam. O que ouvimos normalmente, são falácias, bem ao "me engana que eu gosto".

Atacar a questão de trânsito, dentro da seriedade de problemas que temos, só vai apresentar resultados sensíveis quando o planejamento olhar e respeitar a realidade. A lei e o CTB são as diretrizes, mas não raro mais que desconhecidas e descumpridas, pouco ou nada servem no combate à mortandade que vivemos. Interessa o que o motociclista em geral pensa, quais são seus erros conceituais, o porque ele pensa daquela forma e o levou ao acidente, ou antes deste ao incidente. Interessa saber quais foram as causas precisas do acidente, não uma falácia de causas prontas para entreter a platéia. 
Ou se olha a realidade, ou nunca resolveremos a questão. As autoridades já mais que provaram que na base de sua realidade é que vale, e nossa história vem provando que a realidade do que está nas ruas é definitivamente outra. As mortes no trânsito que o diga.
Ou se encara a realidade ou o país do futuro será sempre o lugar do tem lei que cola e lei que não cola, o que garante a tranquilidade do emprego público de muita gente e todo o resto que se dane.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Mulheres tem medo de se deslocar a pé




Insegurança faz com que 97% das mulheres temam se deslocar a pé

Para
Rádio Eldorado
SP Reclama - Estadão 

Bom dia. Pura verdade. A violência no Brasil perdeu as regras e limites que toda criminalidade normalmente se impõe. Assaltar mulheres de baixa renda que saem para o trabalho de um ponto de ônibus de periferia, sendo que os assaltantes são vizinhos, filhos de vizinhos conhecidos, como já ouvi mais de uma vez, ultrapassa e muito o que se pode chamar de absurdo. E ninguém faz absolutamente nada, nem as autoridades, nem a própria comunidade onde vivem assaltadas e assaltantes. O medo impera. Ninguém sabe, ninguém vê, ninguém ouviu.

Ontem, na porta de uma academia de bairro rico, perguntei a uma jovem onde morava para pegar um Uber. Seis quarteirões dali, respondeu ela, e não ia a pé por medo.
Respostas como esta são regra. Medo!

Equilíbrio e justiça social de um país só são viáveis quando a cidade oferece condições para isto. Um é reflexo e produto do outro.

"São Paulo não pode parar", velho lema dos paulistanos, da forma como vem acontecendo é bem mais que um tiro no pé. A idiotice do desenvolvimento urbano desenfreado que se vem praticando por aqui vem há muito causando distorções sociais que nos recusamos a ver. O mundo inteiro tem provas cabais que o modelo não é este, e não é de hoje. Mas quem se interessa? Acham lindo, um progresso. Sim, continuamos progredindo para uma cidade de cada vez mais guetos, ricos, médios e pobres, onde cada um cuida do seu. Medo!

O primeiro passo para qualquer futuro digno é vender a ideia que somos todos paulistanos, sem selfies. Paulistanos!, não indivíduos que usurpam para si a mesma cidade, ou melhor, o mesmo espaço urbano, o seu espaço urbano.

São Paulo deixou há muito de ser uma cidade. Nos recusamos ver, tudo em nome de nossa ilusória segurança individual. Deprimente, e burro.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Foi-se meu karma

Terminei de tomar o café da manhã, olhei para o leito e me perguntei "Ué? Não está respirando?" Fui até ele, coloquei a mão no seu peito. Sai do quarto, fiz sinal discreto com as mãos para o médico sinalizando que parou, ele respondeu também com as mãos sem fazer alarde, levantou se e me acompanhou, entrou no quarto, colocou o dedo no pescoço e com cara de espanto disse " Foi. Não esperava que fosse tão rápido". Foi-se meu karma, o mais pesado de minha vida.

Mesmo com todos problemas que tive com ele pela vida, e foram muitos, frequentes, alguns para lá de desagradáveis, as pernas deram uma amolecida. Sinto profundamente pelo que foi. 

A dimensão do que aconteceu pode estar numa resposta que ouvi várias vezes pela vida de amigos próximos dele: ¨Não sabia que Arturo tinha um filho¨. A última foi numa reunião entre amigos aviadores dele quando quem falou a mesma frase quase caiu da cadeira com a descoberta depois de mais de 60 anos de convívio.

Não faz muito o apartamento dele ficou sem internet durante alguns dias. Quando fui avisado, fui até lá, peguei os documentos necessários para religar tudo, tomei o elevador para a garagem, quando abri a porta dei com meu tio que me deu um esculhambo sem tamanho. ¨Você quer matar seu pai?¨. Coisas de família. Só fiquei chateado de não ter respondido que ele, meu pai, como pai, estava morto desde antes de 1966, quando se separou de minha mãe e saiu de casa. Os anos seguintes, sem ele por perto, foram os mais leves e tranquilos daquele momento de minha vida, sem nenhuma discussão dele com meus irmãos, filhos do primeiro casamento de minha mãe, viuva, nem com ela se trancando no quarto por causa de enxaqueca, que minha irmã dizia ser sempre curada com bife gelado.

A primeira surra a gente não esquece. A bem da verdade, eu não me lembro, mas tenho claro o primeiro espancamento, e o pavor que passei a ter dele depois disto. Confesso que de anjinho eu tinha nota zero, e que a razão para a feroz e desproporcional surra foi minha primeira suspensão, ainda no pré-primário. 
Da segunda escapei com a intervensão do braço forte de minha mãe, que conseguiu segurar o punho fechado dele ainda no ar. Pelo menos reagi e deixei claro que por mais aquela reação desproporcional ao meu acidente de carro, causei uma batida, ficaria dois anos anos sem vê-lo, e assim o fiz. Eu tinha 16 anos e até os 18 foi uma paz. Por causa da pressão de toda família, principalmente minha avó, mãe dele, acabei num restaurante, de merda direi, para uma sincera conversa pai - filho. Desde restaurante italiano, ou dito italiano, que felizmente fechou logo depois, e da conversa, que ele falou muito, lembro de uma das sacadas boas que tive na minha vida: ¨Me diz uma coisa, quem é o adulto aqui?¨. Não podeira estar mais certo. Ele enfiou o rabo entre as pernas. Anos depois descobri que os mais próximos da família dele o chamavam de "eterno adolescente". Nada mais real. 

Hoje tanto se fala de bulling, inclusive sobre bulling familiar. Sei bem o que é isto. Ou não terá sido isto? Certo é que ele competia comigo, coisa da cabeça dele, não minha. 
Uma vez, voltando do Guarujá, ele no seu potente SP2 e eu no Fuscão de sua mulher de então, no meio da Serra do Mar me encheu o saco da lerdeza dele, passei e sumi. Não imaginei que seu ego de brilhante motorista, ou piloto, ficasse tão afetado. De novo, não tomei uma surra porque a divina senhora o conteve. 
 
O filho que ele gostaria de ter tido sei bem quem seria porque ele nunca teve qualquer constrangimento não só de apontar quem eram, mas chamá-los de filhos para toda plateia presente. Ciumes meu, dirão? O que houve antes de 1966 e a separação de minha mãe foi bem pesado, supera, melhor, apaga qualquer outro sentimento. Ciúmes? Eu pensava: vai firme que o pai é teu.

Ao que aconteceu comigo juntou-se o que ocorreu com minha mãe e o que pela vida foi ocorrendo no relacionamento com suas outras companheiras. Sempre me questionei se não havia um exagero por parte de minha mãe, mas não, a prova conclusiva veio com o encontro de minha babá faz uns poucos anos. E, mais cômico,  com as próprias histórias que ele contava de sua vida nestes últimos anos. O que minha mãe contou bateu palavra por palavra.
Os jantares de quintas-feiras tinha este confessar inconsciente que tirou um monte de fatos pesados do limbo da raiva para os campos da comédia. 

Ele era um monstro? Definitivamente não. Vou defini-lo como um tanto pragmático para sí próprio. Com a maioria das pessoas era um doce, uma pessoa adorável, querida. Também tive estes momentos, mas recheados de estupideses completamente dispensáveis. 

Sei quem sou e sei muito bem quem fui. Nestes poucos dias pós sua ida fiquei relembrando e, pós perda, buscando culpas, razões e etc... A bem da verdade, não soube me posicionar e reacionei muito menos que o necessário, e não raro da forma pouco apropriada para o momento. No final da vida dele, quando finalmente ele baixou a bola, eu até quis conversar, passar a limpo, mas já não era mais tempo, passou, acabou, portanto tenho que engolir o que foi e ponto final. Defino isto como o karma do karma, o não poder vomitar. 

Da mesma forma que simplesmente apagou de minha memória os tempos que ele ainda estava em casa, casado com minha mãe, espero que a maluquice pesada desta nossa vida se apague na minha cabeça. Os bons momentos que ele me proporcionou, que existiram, ainda estão vivos. Afinal, como esquecer um razante de avião na rua Augusta? Sim, verdade. PT BDU, ou Bidú, o apelido do maravilhoso Aero Comander 560U vermelho e branco.

Teve e tem piores, muito piores, muito piores mesmo, gente com uma capacidade destrutiva sem tamanho. Não foi o caso dele. A vítima dele, se é que se pode chamar assim, foi o filho, eu no caso, o único filho, pelo menos que se saiba até aqui. 
A psiquiatria ou psicologia criou um termo para definir a personalidade dele: frienemy, ou o amigo-inimigo. Encaixa perfeito. A mulherada que passou pelo seu mel pelo menos saiu da piração encantada com as qualidades dele. Como disse sabiamente uma delas ¨amor emburrece¨. Sacada genial, a mais pura verdade.


Frienemy ("Frenemy" is an informal term that describes a person who is both a friend and an enemy, or pretends to be a friend but is actually an enemy)

Vá em paz e por favor comporte-se com as mulheres que encontrar aí em cima ou lá em baixo. Lá em baixo acho que não vão se importar muito, mesmo assim, onde quer que esteja veja se deixa a adolescência para trás.

A bem da verdade entender uma brincadeira ou piada nunca foi o seu forte.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Prolongar a vida e o business da medicina

Fórum do Leitor 
O Estado de São Paulo 

50 atrás participei de minhas primeiras reuniões "ecológicas". Naquela época a maioria não fazia ideia do que seria a palavra e sua importância vital para o planeta e todos nós. A discussão dentro da sociedade era praticamente zero, quando não, motivo de piada. Deu no que deu, neste desastre sem precedentes e sem solução. 
Hoje se sabe que o problema é  ambiental, muito mais amplo e sério.

Mais uma vez estou num hospital acompanhando um familiar idoso que vai ser "ressuscitado" para ter uma "vida normal".

Estou revivendo mais uma vez exatamente a mesma história de 50 anos atrás. Óbvio que esta política de manutenção da vida não dará certo. Os números e a curva de faixa etária provam. 
Não discutir racionalmente o que é morte, qual o ponto de se deixar a vida ir, é tão irresponsável, tão inconsequente, tão perigoso quanto foi a cegueira ambiental daqueles anos passados. Repito, os números, a verdade, está aí para quem quiser ver.

Aliás, aos jornalistas pergunto: como é a matemática financeira do sistema de saúde privado em relação aos mortos vivos? Assim os chamo com conhecimento de causa e respeito à verdade.

Por que é para que o sistema está funcionando desta forma? Perguntas que não querem calar no país de uma farmácia em cada esquina.

Por que não investigar e tornar público a questão?

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Jornalismo e credibilidade


Com profunda emoção leio este texto de Carlos Alberto Do Franco, no Espaço Aberto do Estadão, sobre os caminhos para se recuperar o jornalismo. Acerta na mosca quando diz que passamos e muito do ponto de se fazer jornalismo, investigar além das fofocas ou do que atenda às próprias crenças e verdades, o que infelizmente vem sendo muito frequente. Passou muito do ponto de ficar ouvindo sempre as mesmas fontes e seus mesmos princípios, pensamentos e verdades. Além de chato, por repetitivo, é desinformativo. Faz muito que o "E aí, o que mais?" sumiu da pauta.

(A imprensa) "...cada vez mais falamos apenas com uma certa elite. Cada vez mais falamos com nós mesmos", está no texto, pura verdade. A comprovação está na eleição de Trump, como mostram os resultados. Foi, dentre outros, um voto de desconfiança ou desinteresse no discurso fechado desta mesma elite que lê a grande imprensa, portanto o jornalismo mais apurado, profissional e que trabalha dentro de critérios sérios.

De minha parte, como alguém que estudou sobre transformação da cidade e seus cidadãos pelo uso da bicicleta, sei bem o que o artigo trata. 
A baboseira da cabeça dos jornalistas, associada a seus medos infantis, nunca foi capaz de ouvir e respeitar a ciência e as experiências internacionais. Para eles capacete e ciclovias fariam a revolução, e são a resposta incontestável para a segurança do ciclista. É mesmo? Que revolução? Esta que está aí? Nunca foram capazes de ler ou se informar corretamente o porque da bicicleta, o para que a bicicleta, o que se fez correto lá fora. Nunca se interessaram pelo que diz a história e a ciência. Olham o próprio umbigo e ponto final, texto feito e publicado.

Cito a questão da bicicleta, que é exemplo batata para mim, mas o mesmo acontece com vários setores de nossa vida que são divulgados pela imprensa. A questão da violência que o diga, é ótimo exemplo. Eliane Cantanhede, por quem tenho todo respeito, ficou espantada quando descobriu ao vivo na Globo News que a coleta de dados sobre crimes não é uniformizada entre os Estados e que este é um sério problema para a segurança pública. Como assim não sabia?

E daí? O que mais? É o que falta ao jornalismo. 
Aqui cito outro ponto sobre a baixa qualidade do jornalismo que se pratica no Brasil: jornalismo não se aprende na escola. O verdadeiro jornalista tem alguma coisa fora do comum que aqui brinco a sério: jornalista de verdade é um cão farejador de primeira. Só ele sabe onde estão as trufas. É de se tirar o chapéu.

sábado, 9 de novembro de 2024

Violência sem limites

Rádio Eldorado FM


Não só o número de casos de assaltos e roubos têm aumentado, mas a forma como ocorrem.

Sempre houve uma espécie de regras e limites mesmo entre a bandidagem. Sem dúvida não há mais.

O que realmente está acontecendo?

Onde e quando os acordos subterrâneos entre poder público e bandidagem deixaram de funcionar? Por que "o desta linha vocês não passam" simplesmente não está funcionando?

A verdade é que estamos ou nos permitimos estar a mercê de duas bandidagens, uma deprimente política e outra dos ditos bandidos ilegais.


O assassinato a tiros de um denunciante em pleno aeroporto internacional diz muito sobre onde estamos.



sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Fascistas, fantasias politicas, e a nova era

Num agradável jantar em Roma, no meio de gente da esquerda, alguns bem esquerda, subiu a discussão sobre se deve ou não usar o termo fascista para designar algumas figuras.

O artigo abaixo esclarece.


Dois artigos sobre a eleição de Trump e derrota Democratas.



Um tio, gente grande como editor, um dia disse para não ser exagerado na escrita, mas dizer que estes três artigos do Estadão são brutais não é nenhum exagero. 
Esta eleição nos USA define um antes e depois, e o título "Bem vindo ao mundo de Trump" é muito mais acertivo do que possa parecer.
De minha parte diria: esqueça tudo que você sabia. 

Infelizmente o Estadão não dá acesso a não assinantes. A leitura destes três artigos é formativa para uma nova consciência.

Para terminar, fotografei este quarto artigo publicado, sem autorização do Estadão. Que me perdoem, mas é de tanta importância que aqui vai.

Se for ler, antes vai uma tirada de sarro minha ao "libelu" desta vida.
Quando estavam fazendo as primeiras reuniões para a formação de um novo partido político, isto lá na segunda metade dos anos 70, pedi para acompanhar uma amiga da faculdade que estava participando. A resposta dela foi profética:
- Não levo porque você usa mocassim. 

A ironia que vem deste quarto artigo do Estadão é que ele mostra, ou prova, que a revolução social,  a verdadeira, a que veio do povo, de baixo para cima, e não comandada por ditos heróis, ou uma elite ou um grupo fechado em si mesmo, aconteceu no país dos "canalhas capitalistas", como dizem os até ontem revolucionários do e para o povo que seriam seguidos por suas boas ideias. E este recado revolucionário vindo do povo se consolidou através do discurso completamente disparatado, agressivo, criminoso. Ou seja, os que cacarejam suas histórias prediletas como verdades absolutas que guiariam o povo para liberdade deram com os burros n'água.

Não é a história que está sendo reescrita, o que é mais que pertinente quando necessário e honesto, mas o futuro do planeta. 
Peço desculpas às gerações futuras. Errei grotescamente.

Fico triste que uma caminhada digna esteja terminando ou tenha terminado com esta eleição americana, mas falo há tempo que meios e forma não eram adequados. Esticamos demais a corda.
Repito: olhe-se no espelho. 

Sou de esquerda, mas digo que há uma imensa diferença entre populismo de esquerda e projeto realista de responsabilidade social e ambiental que evite vôo de galinha. 

Dizia minha mãe, e repito aqui:
- Não interessa o que você pensa. Me interessa o que os outros pensam de você.

As esquerdas têm suas verdades inabaláveis. As inconsistências são e sempre foram patentes. O resultado está aí para quem quiser ver.

Daqui para frente será uma trabalheira reverter está loucura. Espero que este mundo novo sirva de lição para não repetirmos os mesmos grosseiros erros.





Sentir-se seguro, ser seguro. Tem diferença

Sentir-se seguro e estar seguro: é bom não misturar as coisas.

Ciclismo é essencialmente técnica. Quanto mais você se atem a técnica - correta - mais seguro você está.
A bem da verdade, "Não é a bicicleta que é insegura, mas qualquer veículo mal conduzido é inseguro"; usando as palavras de meu caro amigo Luiz Dranger. Ele costumava tirar um sarro completando "faz besteira num tanque de guerra para ver a merda que dá".

Capacete, luzinhas piscando, ciclovias, e tudo mais que possa ajudar na segurança do ciclista. Ajuda? Óbvio que o sujeito sente-se mais seguro, mas será? As pesquisas são absolutamente claras: uso de capacete aumenta em 17% a possibilidade de acidente. Não faz sentido? Faz. Simples, capacete faz o ciclista sentir se mais seguro, e sentindo-se mais seguro faz dele mais propenso a acidentes.

Não é o sentir-se mais seguro, mas o ser mais seguro que vale. Há uma diferença enorme entre as duas situações. Mais um pouco chego aos 50 anos pedalando praticamente direto, diariamente e com boa quilometragem. Estou farto de conhecer ciclista que bate o pé que faz tudo certo, mas vira e mexe sofre acidente. Óbvio que os outros sempre são os culpados. 

Pensando neste texto lembrei de quando tornaram obrigatório o uso de cinto de segurança e muita gente dizia que não usava porque se caísse num lago com o cinto preso morreria afogado. Quando perguntado sobre quantos carros haviam caído num lago ou córrego, a resposta era imediata: "sem cinto me sinto mais seguro". 

Num pais onde a individualidade é essencial, quanto mais se chama a atenção melhor e se poderá fazer praticamente tudo sem punição, fazer o que se deve fazer é mais que chato, é um risco social. 
Brasil tem índices altos de acidentes de trânsito porque o "eu sei o que estou fazendo" vale mais que tudo. 
Segurança definitivamente não tem nada a ver com eu, mas tudo a ver com nós, com o jogo coletivo, com regras que foram aprendidas por muitos. Deu certo para um ou dois é eventual, deu certo, foi bom para muitos tem tudo para ser o caminho certo.

Seja seguro.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Roubo chique é outra coisa?


Bom dia. Quer um símbolo muito explicativo do que o Brasil se transformou?

Não entendeu? Então veja e verá o cadeado para evitar roubo.

Este aparelho está instalado num dos hospitais top da rede Prevent. Aqui só circula classe média alta ou funcionários diferenciados. O detalhe bem explicativo deste Brasil é o cadeado auto-explicativo.

No café do hospital conversei com dois senhores, ligados ao sistema, que confirmaram o uso obrigatório de cadeado e outros sistemas para evitar roubo. Já aconteceu de levarem a bóia da descarga, tampa de privada, etc...

Que vergonha!
Todos querendo um país melhor, menos violento. Responsabiliza se a população mais pobre. Seria bom reavaliar a realidade. Os que estão por cima tem a obrigação de dar o exemplo. Não é o que ocorre.

Estive por um mês e meio em Roma, Itália, morando nas redondezas da estação Termini de trens, área normalmente mais tensa da cidade. Risco de roubo ou assalto? Zero.

De volta ao hospital. Compare as duas fotos. O que está faltando? Advinha porque está faltando.



Estou falando besteira? Por que não dá um pulo até às Kalungas que ficam em áreas ricas e pergunta qual é o perfil dos meliantes? Por que não faz o mesmo no Santa Luzia, o mercado dos mercados, gente fina é outra coisa para valer.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Ambulâncias, e suas dificuldades na cidade

SP Reclama
O Estado de São Paulo 

Bom dia meus caríssimos

Meu pai está com um problema de saúde, o que me fez passear de ambulância. Conversando com os dois motoristas, confirmei mais uma vez as dificuldades que eles têm no trânsito. Eles e todos os veículos que pelo CNT deveriam ter prioridade de circulação. Como ciclista, em especial quando fui Bike Repórter Rádio Eldorado, posso afirmar sem dúvida, que boa parte dos cidadãos motoristas não sabe como ajudar, dar ou abrir passagem. Fora os que se recusam a sair do lugar com medo de tomar multa da CET, fato absurdo que infelizmente é fácil de comprovar. De um dos motoristas de ambulância ouvi que já foi multado por um CET mesmo provando a ele que tinha situação de risco iminente de morte da criança transportada. Como ciclista já ajudei a abrir passagem no trânsito para ambulâncias, polícias e bombeiros e sei bem como é.

Num dos trajetos em ambulância passamos por uma rua, rota lógica para a chegar ao hospital e está com asfalto muito irregular, obrigando o motorista a praticamente parar para não prejudicar a situação clínica do paciente.

Para terminar, meu pai está no Prevent Paris, na Saúde, que é novo e ótimo para pacientes, mas teve projeto de engenharia e arquitetura aprovado pela Prefeitura completamente inadequado para as ambulâncias. Quem autorizou este projeto de garagem / recepção veicular não faz a mais remota idéia do que seja uma ambulância, sua manobrilidade, as necessidades do veículo e as dos socorristas. Provavelmente também não sabe do que se trata um paciente.

A cidade não ter um planejamento realista e funcional para veículos de emergência e segurança é um absurdo. Educação, treinamento e informação precisa para a população. Posicionamento apropriado, claro e aberto ao público sobre política e ações correlatas. E prioridade de manutenção de vias de acesso e saída de hospitais e outros.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Maturidade

A razão para ter parado em Roma foi ter sido incluído numa exposição coletiva de arte. A partir daí cresceu o sonho da possibilidade de vender algumas obras minhas no mercado europeu. Não saiu como imaginava, mas saiu e espero que tenha resultados futuros, o que parece provável.

Por que Roma? Porque lá tenho onde dormir e espaço para pintar e deixar algumas obras para ver no que dá. Como disse, não vendeu, mas os trabalhos tiveram uma boa recepção por parte do mercado que fizemos contato, algumas respostas bem positivas.

Toda esta experiência me fez mais uma vez olhar para trás. O que teria sido caso eu tivesse saído para o mercado de arte e trabalho fora do Brasil ainda jovem? Segundo o que dois amigos, muito experientes, me falaram num passado distante, eu teria tido uma vida de resultados mais certos, inclusive financeiros. Foi-se. Estou velho, mas ainda não morto.

Aposentadoria é uma merda! Mas você acaba tendo tempo de sobra para olhar o passado. Olhar o passado, não ficar remoendo o passado, o que faço um pouco, confesso.

Um dos erros atávicos deste país, Brasil, é que nós, brasileiros, deixamos o tempo passar, deixamos as coisas se acomodarem. Eu, classe média, sou um brasileiro típico, não fujo a regra.

Um dos melhores momentos deste meu amadurecimento está sendo revisitar e revisar meus trabalhos como artista. A primeira exposição individual foi em 1981 e até 1990 continuei expondo, algumas individuais grandes, mas poucas vendas. Considerava o dito mercado de arte um saco e não tive a maturidade de abaixar a cabeça e entrar no jogo, o que foi um erro com reflexos inclusive na qualidade de meus trabalhos. Só agora tenho consciência disto. Maturidade.

Nesta longa e lenta revisão não precisei muito para tomar consciência e entender minhas limitações patentes, e as minhas qualidades, várias, peculiares. Passei um bom tempo corrigindo desenhos que considerava perdidos e fiquei bem satisfeito com o resultado. Amadureci!

Roma me fez olhar mais fundo para meus erros passados, que vão além do desenho ou pintura. "Não basta saber fazer, tem que saber comunicar", e com isto vender, e no vender fui um desastre. O trabalho teria crescido uma barbaridade caso deixasse de olhar para o umbigo e caísse na vida.

É inerente ao nosso ser, o aminal e mais ainda o humano, trocar, o que hoje se traduz também como 'vender'. Assim como é inerente a nós o ser aceito pelo simples fato que "unidos venceremos". Vender, comprar, ou trocar, por valores, monetáiros ou não. Os que mais trocamos são os não monetários, os humanos, este é o jogo essencial.
Eu fiz uma besteira sem tamanho na vida de tentar preservar minha pureza não entrando no mercado de trocas. Passei boa parte da vida tentando limpar os meus próprios diabos, os comportamentos sociais que eram impróprios ou inapropriados. Em outras palavras, me esforçando para crescer a alma, pensando bem diria 'seja lá o que isto signifique'.

Um dia me olhei no espelho e disse em alta e boa voz: "Idiota! Para com besteira!"

Em Roma me foi perguntado quem sou eu e o que pretendo (ou pretendi) da vida. Minha resposta foi imeiata, certeira e sem dúvida: "Ajudar os outros". O quem eu sou ainda não sei bem e não vai ser a maturidade que vai me mostrar, só vai me fazer aceitar.

Só se ajuda os outros se você estiver ajudado ou 'se ajudado'. Talvez português errado, mas pensamento correto. Se você não estiver centrado tudo não funciona bem, começando por você próprio e terminando nas trocas, as vendas e compras, o jogo básico do 'unidos venceremos' que sem ele ninguém ganha, repito. Diálogo! simples assim.

"Cala a boca Arturo!" ouvi muito pela vida, em palavras ou não, e deveria ter ouvido e agido. "Não interessa o que você fala, interessa o que você faz (e fez)", esta ouvi de minha mãe uma única vez de minha vida, o suficiente. Pura verdade. "No lo diga al pedo", dizem os argentinos. Certíssimo. Falamos mais besteira do que peidamos. "Que nojo!". Nojo? O que? O 'pedo', que é espontâneo e natural, ou a besteirada que vomitamos no dia a dia em nome da "verdade", em nome de ensinar as verdades aos outros? Fósforos anulam o cheiro. O estrago de uma besteira dita costuma não ser tão fácil de ser contornado, quando é possível contornar.

Comecei a ser gente quando calei a boca (pelo menos tento) e passei a ouvir mais (o que me esforço). Sentir-se gente traduz-se por equilíbrio. Equilíbrio! Ufa! Paz! Hoje sinto o prazer de afagar o equilíbrio, delicioso equilíbrio, e sua paz subsequente.

Unidos venceremos só funciona se os indivíduos forem bons, ou, joguem o jogo do coletivo do bom para fazer parte do unido. Aí entram as regras impostas; e dança ou não a cabeça do indivíduo. Quem sou eu?

A maturidade traz uma capacidade diferente no avaliar as situações. Quem amadurece bem cresce muito e só fica com raiva do por que não pensou e agiu melhor no passado.

É muito fácil cometer erros de avaliação, mais do que fácil, é praticamente uma regra social. "Uma mentira dita mil vezes tornar se verdade", dizia Goebbels, um dos homens de Hitler. Acertou na mosca. Começou com ele? Definitivamente não. Provavelmente surgiu muito antes do poder da igreja católica que hoje rege a vida de crentes e não crentes. Ninguém escapa do olhar de Deus, diz a religião. Vale para o social, o coletivo, e muito mais para o pessoal.
Nos mentimos milhões de vezes e muitas de nossas verdades são fruto deste repetir mil vezes, diria milhões de vezes, as mesmas besteiras. Para justificar o que aqui digo, prefere Freud, Jung ou Pavlov, para começo de conversa?

Ou incapacidade de fazer uma avaliação apropriada que me levou aos erros passados? Disto não tenho dúvida. Meus princípios! ah! meus princípios - muitos idiotas diria. Avaliação apropriada só ocorre quando temos capacidade de um olhar amplo e neutro. Não era nem amplo e muito menos neutro, de boa fé quero eu. Com os valores que eu perseguia, "minta(-se) mil vezes". Foi impossível ter uma avaliação correta, portanto obter os melhores resultados.

Me resta acreditar na minha boa fé, mas de boa intensão o inferno está cheio. Novamente me olho no espelho e vejo que meus 'valiosos princípios' foram aplicados em situações onde não eram aplicáveis, ou, não serviram para nada. Muito esforço no que não deu resultado.
Pelo menos consigo ver os meus erros, que obvio persistem, em muito menor grau, mas ainda estão aí. Maturidade!

Em Roma ouvi mais uma vez, quase como sempre nestes dias de redes sociais, teorias da conspiração. Um pensador político definiu bem "teoria da conspiração" como um resposta simples para um problema complexo. No dia seguinte fiquei pensando quando conspiro contra minha própria vida.

Último dia em Roma revi todas sete pinturas que fiz lá. As condições de trabalho não foram as melhores, mas reconheço que reclamo de boca cheia. Como tudo na vida, ficou claro que o olhar que tive imediatamente após terminar cada pintura é muito diferente daquela revisão final antes de voltar ao Brasil. Nem todas me agradaram como no momento do "terminei". O tempo transforma a realidade.

Pouco posso fazer agora, aqui no Brasil, para acertar as obras terminadas que ficaram em Roma. Espero que vendam. Deixo para os outros julgar. Do que fiz, aprendi, amadureci, simples assim, com algumas dores e prazeres. A vida é assim. Tudo mais é "no lo diga al pedo".


Para quem quiser ver, aí vai. Agradeço muito ao Renato de Camilis não só pela recepção, mas principalmente pelo ótimo trabalho de divulgação.


https://arturoalcortaarte.blogspot.com/?m=1 As pinturas realizadas em Roma estão aqui