segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Onibus elétricos: sonho dos inocentes

O Estado de São Paulo
SP Reclama 

Mais uma vez foi prorrogado o prazo para a obrigatoriedade das empresas de ônibus operarem totalmente eletrificadas. Não estranho. Só acreditou que aconteceria no prazo estabelecido quem é muito inocente. Não poderia dar certo porque o sistema de distribuição de energia elétrica não funciona como deveria, não está aguentando sequer para alimentar as residências, imagina só para fazer rodar toda uma frota de ônibus.
Talvez o mais grave problema deste país é a população embarcar nas lorotas mais furadas, aquelas que não conseguiriam passar pelo crivo de uma criança esperta e bem educada. Acreditar que veículos elétricos,  sejam ônibus, vans, automóveis, bicicletas ou mesmo patinetes elétricos resolverão a questão ambiental num passe de mágica porque são um milagre da tecnologia moderna, é  simplesmente querer fechar os olhos para uma questão muito maior: se o Brasil, incluindo a cidade de São Paulo, está ou não preparado para tais tecnologias. Não está, e não faltam sinais óbvios para chegar a esta conclusão.

Poluição ambiental se resolve com uma série de ações que extrapolam muito o elétrico. Deveriam começar por um rearranjo urbano sério, muito além da liberação da construção de edifícios próximos ao transporte público, que por sinal está trabalhando em seu limite e sem qualquer sinal de melhora. Planejamento sério deveria iniciar resolvendo as prioridades da realidade que está ai, não um delírio populista de intenções que ninguém sabe quais, para que ou a quem servem. É fato que uso de diesel aumenta a poluição, assim como é fato inequívoco que motor desregulado, diesel adulterado, semáforos quebrados, corredores de ônibus esburacados, motoristas mal treinados para a condução do veículo e com condição de trabalho precária, trajetos questionáveis, motociclista acidentado parando tudo, motoristas infratores não multados, e tantos outros detalhes que aumentam muito o consumo, portanto a poluição.

Não se resolve absolutamente nada com fórmulas mágicas e principalmente colocando todos ovos numa única cesta. É absolutamente incrível que nós, paulistanos, não tenhamos nos dados conta destas verdades. Pior, faz muito estamos brincando de colocar a mágica para todas soluções numa única cesta, não raro furada.

Não é sobre eletrificar, é sobre a cidade. Eletrificar é uma pequena parte da questão, que só funcionará caso o resto também funcione com uma mínima qualidade e precisão. Imagine que divertido ter uma frota de ônibus elétricos no meio dos apagões. Aliás, eles funcionam bem em alagamentos?


Rádio Eldorado FM 

Fica sugestão de pauta:
Como o sistema de bondes acabou, ou como foi sabotado?
Por que os trólebus foram desaparecendo?
O que está acontecendo com os automóveis elétricos aqui e fora?
Etc...

Não sou contra os elétricos, muito pelo contrário. Sou contra fazer mal feito, sem princípio, meio e fim, aliás, futuro?

Podem pesquisar também qual foi o projeto original da av. Santo Amaro para transporte de massa, Prefeitura Covas. 

E como se deu a escolha do monotrilho, av. Roberto Marinho, em vez do VLT que se aventou?
Aliás, seria interessante ouvir quem avisou que monotrilho daria caca.

Eu amo ônibus elétricos. Subia nos trólebus toda vez que podia. Sei a delícia que é qualquer veículo elétrico, mas tenho um mínimo de interesse e leitura para perceber que da forma como se está fazendo não ia dar certo.

Nem vou dizer para se colocar em pauta uma matéria profunda sobre as empresas de ônibus urbanos.



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