Insegurança faz com que 97% das mulheres temam se deslocar a pé
Para
Rádio Eldorado
SP Reclama - Estadão
Bom dia. Pura verdade. A violência no Brasil perdeu as regras e limites que toda criminalidade normalmente se impõe. Assaltar mulheres de baixa renda que saem para o trabalho de um ponto de ônibus de periferia, sendo que os assaltantes são vizinhos, filhos de vizinhos conhecidos, como já ouvi mais de uma vez, ultrapassa e muito o que se pode chamar de absurdo. E ninguém faz absolutamente nada, nem as autoridades, nem a própria comunidade onde vivem assaltadas e assaltantes. O medo impera. Ninguém sabe, ninguém vê, ninguém ouviu.
Ontem, na porta de uma academia de bairro rico, perguntei a uma jovem onde morava para pegar um Uber. Seis quarteirões dali, respondeu ela, e não ia a pé por medo.
Respostas como esta são regra. Medo!
Equilíbrio e justiça social de um país só são viáveis quando a cidade oferece condições para isto. Um é reflexo e produto do outro.
"São Paulo não pode parar", velho lema dos paulistanos, da forma como vem acontecendo é bem mais que um tiro no pé. A idiotice do desenvolvimento urbano desenfreado que se vem praticando por aqui vem há muito causando distorções sociais que nos recusamos a ver. O mundo inteiro tem provas cabais que o modelo não é este, e não é de hoje. Mas quem se interessa? Acham lindo, um progresso. Sim, continuamos progredindo para uma cidade de cada vez mais guetos, ricos, médios e pobres, onde cada um cuida do seu. Medo!
O primeiro passo para qualquer futuro digno é vender a ideia que somos todos paulistanos, sem selfies. Paulistanos!, não indivíduos que usurpam para si a mesma cidade, ou melhor, o mesmo espaço urbano, o seu espaço urbano.
São Paulo deixou há muito de ser uma cidade. Nos recusamos ver, tudo em nome de nossa ilusória segurança individual. Deprimente, e burro.
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