terça-feira, 9 de junho de 2015

pedalando contra o vento...

Estou em Angers, no Pays de la Loire, "pedalando contra o vento, sem lenço sem documento..." Não sei quantos dias vou aguentar pedalar no Loire por que realmente está um vento forte de proa. Um ciclista me disse que hoje está a 29 km/h - na cara. O primeiro dia foi o pior: primeira, segunda, primeira, segunda, opa... engatei a terceira, trinta metros depois segunda... Cada vez que dá uma lufada mais forte fico pensando no Zé Lobo e Rodrigo que estão fazendo o mesmo caminho, mas pegaram um trem para começar na outra ponta. Não fizeram isto por que sabiam do vento, mas por que tiveram que deixar as malas em Nantes, para onde estão voltando e onde devem entregar as bicicletas.
Estou esturricado pelo sol e com as pernas cansadas, mesmo tendo pedalado só 30 km, o que faço brincando em São Paulo. Pensei que o primeiro dia eu fizesse uns 40, no segundo uns 60... O tempo está mudando, vamos ver como fica amanha.
Já fiz uns 100 km, e vi um único buraco! Algumas irregularidades discretas, mas um único buraco, único! É incrível como o asfalto e mesmo a terra batida são lisos. Para se ter ideia ontem pedalei pelo menos 10 km com a garrafa de água solta entre os alforjes e não caiu. E olha que passei por trechos de terra, subi e desci de guia rebaixada, passei por trilho de bonde....
(Da janela do hotel onde estou dá para ver uma parada de ônibus. Um senhor cego está esperando seu ônibus. Todos ônibus que passaram pararam exatamente nele, abriram a porta e todos motoristas informaram que linha era. Fácil de perceber por que o senhor cego só respondia algo depois de um tempo que a porta de entrada se abria.
Voltando ao Pays de la Loire. Parei numa vila de 1.400 habitantes para almoçar. Absolutamente impecável. Aliás, todo o trajeto é impecável, tudo é impecável. Nossa natureza é muito mais rica e bela, mas não dá para pensar em montar uma estrutura de turismo como esta por que certamente haveria alguns probleminhas... Pena, por que é um negócio maravilhoso. Todos ganham, principalmente a população local. Não sei quanto a circulação de ciclista representa para o Pays de la Loire, mas certamente é muito.

Ontem dormi numa tenda típica do Himalaia, em forma de oca. Cheguei numa cidadezinha e vi o esforço que todos fazem para te acomodar. Uma senhora gentilíssima telefonou para Deus e o mundo para depois de muito tentar conseguir a tenda do Himalaia. Fui meio ressabiado, mas foi ótimo. É lógico que o banheiro é numa casinha do lado de fora com privada a seco, ou seja, você faz o Nº 2 e joga serragem de madeira em cima. Duro foi relaxar e conseguir..., mas consegui! São três tendas e três casinhas instaladas num gramado forrado com umas margaridinhas brancas minúsculas. Maravilhoso! Sai para caminhar e vi numas outras flores um beija-flor de no máximo 5 cm. Sem óculos achei que era um inseto, depois percebi que era um mini beija-flor. Estava ventando muito e o bichinho mantinha exata distância da flor agitada. Já tinha visto documentários sobre ele, mas só vendo para entender como é pequeno. De tão pequeno teria que fotografar muito de perto, uns 20 cm se tanto. Com o vento chacoalhando tudo, flor e beija-flor, simplesmente nem tentei. Depois disto passei acreditar em gnomos e coisas do gênero.

2 comentários:

  1. Salve Arturo, acompanho teu blog fazem ja uns 5 anos, minimo. As vezes mais, as vezes menos, depende do tempo. Morava em Curitiba, depois em Barcelona e desde o verao passado estou em Tours. Caso teu plano seja fazer uns 120km mais subindo o rio até aqui, entre em contacto, pelo google, e tracamos figurinhas e um café. Boa viagem!

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  2. Nich, boas. Eu vim direto para Orleans. Hoje o vento foi 26 km/h de proa com chuva. Não tive coragem. A quantidade de ciclista na estação fugindo do mau tempo foi divertida. Fiquei om a consciência mais leve. Não sei se consigo voltar a tempo para Tours. Infelizmente a viagem está acabando. Se conseguir será um prazer encontrá-lo. Abraço, Arturo

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