Por que escolher Redes
sociais, Qualidade e Equidade como tema da palestra no Velo City? Minha
intenção inicial era falar sobre a situação que estamos vivendo no Brasil, desmontado
rapidamente principalmente pela generalizada falta de qualidade. Incluo ai as
porcarias das ciclovias que tem sido feitas país afora e em especial em São
Paulo. O Brasil tem uma lei de licitação, a maldita 8.666, que, como piada, se
pode dizer que é lei da eterna (8) besta do apocalipse (666). Não deixa de ser
verdade. Na melhor das intenções a lei, que tem como prioridade o menor valor apresentado,
infelizmente vem servindo para uma baixa brutal na qualidade da coisa pública e
consequentemente na vida de todos nós, o que até o mais ignorante consegue
perceber.
Meu sonho sempre foi o de usar
a bicicleta na transformação da qualidade de vida da cidade. Para mim a
bicicleta definitivamente é um dos meios e não o fim. Bicicleta como objetivo
final é fanatismo não muito diferente de tantos outros que estão encurralando o
planeta. Aliás, bicicleta como fim é de uma pobreza e mediocridade sem tamanho.
Nada pior que uma boa intenção
piegas e ou carola, e é por ai que a humanidade está indo. Qual a saída? Meu
credo hoje é qualidade. Só a qualidade trará a justiça social desejada, a
equidade.
E por que “Rede social,
Qualidade e Equidade”. Quase óbvio.
Não estou inserido nas redes
sociais, mesmo assim posso afirmar com tranquilidade uma coisa: redes sociais
não são democráticas, tem um grau de qualidade baixo e por isto definitivamente
não levam a equidade. Como afirmar uma coisa destas sem conhecer? Desconheço as
redes, mas conheço o seu efeito, por que o simples fato de não participar delas
marginaliza. Hoje você tem que ter um celular inteligente (seja o que quer que
isto signifique) ou está fora, vira um desconhecido. É socialmente mandatário.
Ops! Como assim? Ou tem ou está fora? Ops! A história já viu histórias
semelhantes antes e não deu certo. Livrinho vermelho em novo formato?
Rede social não é democrática
por que é excludente principalmente entre os mais velhos, portanto com quem tem
mais vivência, experiência, sabedoria. Também não é democrática por que tudo
acontece muito rapidamente; mal dá tempo para digerir e pensar. E depende do
poder aquisitivo, do acesso ao aplicativo ou o que quer que seja.
A qualidade de informação e
pensamento que a rede social distribui e vende é muito baixa. Há uma diferença
enorme entre escrever com a mão e teclar com os dedões, diferença abismal entre
um texto rápido, imediatista, com abreviações, sem revisão, de poucas palavras,
e um livro. Slow food, meus caros, tem um sabor completamente diferente de fast
food. Fast food engorda, deixa mais lento, quando não mata. Escrever a mão é um
ato que envolve mais coisas que fazer letrinhas bonitinhas por que dá tempo ao
pensar, força o não errar. Quando se entra em assuntos mais aprofundados como,
por exemplo, um sistema cicloviário, até textos em blogs acabam sendo superficiais.
Aliás, vamos um pouco mais longe, no Brasil textos de jornais e revistas têm
sido reduzidos, enxugados, para aumentar o público leitor, o que fez baixar
muito a qualidade da informação, do pensamento, da troca, da democracia. A
história prova que rapidez só faz aumentar as diferenças sociais.
O poder da rede social ainda é
fato novo na humanidade. Toda novidade é impactante. Mais impactante ainda numa
sociedade pega de surpresa com o grau e escala de organização que teclar e
enviar tem tido. O resultado nem sempre é o esperado, vide o norte da África. Andy
Warhol disse algo como “um dia todos terão 15 minutos de fama” e eu digo que “hoje
qualquer um pode ter seus 15 minutos de poder”, o que não necessariamente é
democrático e definitivamente é um perigo para toda sociedade.
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