Estou em Angers, no Pays de la Loire, "pedalando contra o vento,
sem lenço sem documento..." Não sei quantos dias vou aguentar pedalar no
Loire por que realmente está um vento forte de proa. Um ciclista me disse que
hoje está a 29 km/h - na cara. O primeiro dia foi o pior: primeira, segunda,
primeira, segunda, opa... engatei a terceira, trinta metros depois segunda...
Cada vez que dá uma lufada mais forte fico pensando no Zé Lobo e Rodrigo que
estão fazendo o mesmo caminho, mas pegaram um trem para começar na outra ponta.
Não fizeram isto por que sabiam do vento, mas por que tiveram que deixar as
malas em Nantes, para onde estão voltando e onde devem entregar as bicicletas.
Estou esturricado pelo sol e com as pernas cansadas, mesmo tendo
pedalado só 30 km, o que faço brincando em São Paulo. Pensei que o primeiro dia
eu fizesse uns 40, no segundo uns 60... O tempo está mudando, vamos ver como
fica amanha.
Já fiz uns 100 km, e vi um único buraco! Algumas irregularidades
discretas, mas um único buraco, único! É incrível como o asfalto e mesmo a
terra batida são lisos. Para se ter ideia ontem pedalei pelo menos 10 km com a
garrafa de água solta entre os alforjes e não caiu. E olha que passei por
trechos de terra, subi e desci de guia rebaixada, passei por trilho de
bonde....
(Da janela do hotel onde estou dá para ver uma parada de ônibus. Um
senhor cego está esperando seu ônibus. Todos ônibus que passaram pararam
exatamente nele, abriram a porta e todos motoristas informaram que linha era.
Fácil de perceber por que o senhor cego só respondia algo depois de um tempo que
a porta de entrada se abria.
Voltando ao Pays de la Loire. Parei numa vila de 1.400 habitantes para
almoçar. Absolutamente impecável. Aliás, todo o trajeto é impecável, tudo é
impecável. Nossa natureza é muito mais rica e bela, mas não dá para pensar em
montar uma estrutura de turismo como esta por que certamente haveria alguns
probleminhas... Pena, por que é um negócio maravilhoso. Todos ganham,
principalmente a população local. Não sei quanto a circulação de ciclista representa
para o Pays de la Loire, mas certamente é muito.
Ontem dormi numa tenda típica do Himalaia, em forma de oca. Cheguei numa
cidadezinha e vi o esforço que todos fazem para te acomodar. Uma senhora gentilíssima
telefonou para Deus e o mundo para depois de muito tentar conseguir a tenda do
Himalaia. Fui meio ressabiado, mas foi ótimo. É lógico que o banheiro é numa
casinha do lado de fora com privada a seco, ou seja, você faz o Nº 2 e joga
serragem de madeira em cima. Duro foi relaxar e conseguir..., mas consegui! São
três tendas e três casinhas instaladas num gramado forrado com umas
margaridinhas brancas minúsculas. Maravilhoso! Sai para caminhar e vi numas outras
flores um beija-flor de no máximo 5 cm. Sem óculos achei que era um inseto,
depois percebi que era um mini beija-flor. Estava ventando muito e o bichinho mantinha
exata distância da flor agitada. Já tinha visto documentários sobre ele, mas só
vendo para entender como é pequeno. De tão pequeno teria que fotografar muito de
perto, uns 20 cm se tanto. Com o vento chacoalhando tudo, flor e beija-flor,
simplesmente nem tentei. Depois disto passei acreditar em gnomos e coisas do
gênero.
Salve Arturo, acompanho teu blog fazem ja uns 5 anos, minimo. As vezes mais, as vezes menos, depende do tempo. Morava em Curitiba, depois em Barcelona e desde o verao passado estou em Tours. Caso teu plano seja fazer uns 120km mais subindo o rio até aqui, entre em contacto, pelo google, e tracamos figurinhas e um café. Boa viagem!
ResponderExcluirNich, boas. Eu vim direto para Orleans. Hoje o vento foi 26 km/h de proa com chuva. Não tive coragem. A quantidade de ciclista na estação fugindo do mau tempo foi divertida. Fiquei om a consciência mais leve. Não sei se consigo voltar a tempo para Tours. Infelizmente a viagem está acabando. Se conseguir será um prazer encontrá-lo. Abraço, Arturo
ResponderExcluir