A funcionária da Dulca que me atendeu para aquele café
domingueiro, logo após eu ter lido as letras garrafais do título da Folha, foi
educadíssima e com calma ouviu de mim: “Como você se sente, sendo uma jovem com
alta qualidade de trabalho? Como é quando está no seu bairro (periferia, 20 km
do trabalho) e vê o pessoal que vive só de programa social e não quer
trabalhar? Como você se sente quando o pessoal olha para você como se você fosse
uma idiota que não quer receber bolsa família e ficar coçando em casa?”. Ela
fez um silêncio dolorido. E respondeu com uma incrível calma: “Sou da interior
da Bahia e lá ninguém entende o que eu estou fazendo. Tem gente que tem até 10
filhos e vive do governo. Eles recebem por filho nascido e vivem disto”.
Quem trabalha no setor hoteleiro, dentre outros,
sabe o que é conseguir funcionários em pequenas comunidades. O pessoal não quer
trabalhar ou acha que pode fazer o que bem entende no trabalho. Já temos um em
cada seis jovens que não querem nem trabalhar nem estudar! Mais de 16% querem
só coçar! Belo futuro. Os trouxas que paguem.
Ontem fiz questão de elogiar mais uma vez o trabalho do jovem Caio, um dos excelentes atendentes da Aro 27. Ester não estava lá mas merecia o mesmo. Fiz questão de dizer olho no olho que garotos como ele, Caio, são a verdadeira revolução deste país. “Vocês são os verdadeiros heróis da Pátria!” Os Caios e Esters é que estão
realmente construindo o futuro deste Brasil. Mas tem gente que não pensa assim.
Cada vez mais gente. Aterrorizante.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/142678-brasileiros-se-dividem-sobre-impostos-e-papel-do-governo.shtml
Tem um livro que explica um pouco esta dicotomia: "A Cabeça dos Brasileiros" de Alberto Carlos Almeida, baseados nos estudos de Roberto da Matta.
ResponderExcluir