terça-feira, 10 de dezembro de 2013

trabalhores trouxas X coçar esperto

Neste domingo, 08 de Dezembro de 2013, li na primeira página da Folha de São Paulo Brasileiros se dividem sobre impostos e papel do governo - Metade quer mais benefícios e metade quer menor dependência, diz Datafolha - Para 49%, seria melhor pagar menos tributos e buscar serviços no setor privado; 43% preferem contar com o governo”. Ups!!! E ai voltou a passar o filme da Argentina que vi sendo lentamente desintegrada pelo Peronismo, a Ruta Norte e sua continuação para o norte que toda vez tinha mais indústrias fechadas, os primeiros mendigos nas ruas de Buenos Aires, a primeira vez que ouvi com espanto e descrédito histórias sobre assaltantes, e a primeira puta que pasmado vi nas proximidades de calle Ayacucho com av. Santa Fé. Foi um processo contínuo de absurdos que presenciei especialmente entre 1969, quando encontrei uma Argentina viva, (aparentemente) pujante, e 1984, quando foram interrompidas minhas anuais viagens de férias para estar com minha família de lá. Mino, meu tio, sempre dizia que Brasil do futuro será Argentina de hoje, uma hipótese literalmente apavorante. Infelizmente os brasileiros não conseguem entender a extensão da tragédia.

A funcionária da Dulca que me atendeu para aquele café domingueiro, logo após eu ter lido as letras garrafais do título da Folha, foi educadíssima e com calma ouviu de mim: “Como você se sente, sendo uma jovem com alta qualidade de trabalho? Como é quando está no seu bairro (periferia, 20 km do trabalho) e vê o pessoal que vive só de programa social e não quer trabalhar? Como você se sente quando o pessoal olha para você como se você fosse uma idiota que não quer receber bolsa família e ficar coçando em casa?”. Ela fez um silêncio dolorido. E respondeu com uma incrível calma: “Sou da interior da Bahia e lá ninguém entende o que eu estou fazendo. Tem gente que tem até 10 filhos e vive do governo. Eles recebem por filho nascido e vivem disto”.

Quem trabalha no setor hoteleiro, dentre outros, sabe o que é conseguir funcionários em pequenas comunidades. O pessoal não quer trabalhar ou acha que pode fazer o que bem entende no trabalho. Já temos um em cada seis jovens que não querem nem trabalhar nem estudar! Mais de 16% querem só coçar! Belo futuro. Os trouxas que paguem.

Ontem fiz questão de elogiar mais uma vez o trabalho do jovem Caio, um dos excelentes atendentes da Aro 27. Ester não estava lá mas merecia o mesmo. Fiz questão de dizer olho no olho que garotos como ele, Caio, são a verdadeira revolução deste país. “Vocês são os verdadeiros heróis da Pátria!” Os Caios e Esters é que estão realmente construindo o futuro deste Brasil. Mas tem gente que não pensa assim. Cada vez mais gente. Aterrorizante.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/142678-brasileiros-se-dividem-sobre-impostos-e-papel-do-governo.shtml

Um comentário:

  1. Tem um livro que explica um pouco esta dicotomia: "A Cabeça dos Brasileiros" de Alberto Carlos Almeida, baseados nos estudos de Roberto da Matta.

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