O Palio que perdi foi do meu irmão. Era
absolutamente espartano, desprovido que qualquer coisa desnecessária. Murillo
pensava no carro como função, transportar daqui para lá e voltar, ponto! Cada vez
que tinha que trocar de carro era uma tourada, As brigas com os vendedores das
concessionárias eram homéricas. “Quero o carro sem nenhum acessório, se puder
até sem calotas!” Os vendedores o consideravam um louco, o que depois simplesmente
fazia toda a história da compra mais divertida para ele e os convivas;
gargalhável nos longos jantares e almoços regados a gin tonic, vinho, acompanhados
da melhor comida que o dinheiro pudesse comprar.
Fiat Panda |
Forma e função. Purismo. Bauhaus.
Viver. E o charme de passear por uma inteligência rara. Compreende quem pode.
Fiat 500, Citroën 2CV, Iseta, Mini Moris, Kombi... Compreende quem pode. Ser ou
ter? Qual é o preço da vida? “Pague!”
Qual é o preço da vida? Pensando como
ciclista:
Como ficaria uma Iseta com motorização
e câmbio de uma moto moderna? Resolvido seu maior problema. (A motorização
original era a mesma de uma Lambreta 175 de dois tempos.) E como ficaria com
uma carroceria monocoque e uso inteligente de plástico? Mais redimencionamento
de suspenção e freios. Aplicação de tecnologia atual para o projeto original.
Provavelmente teríamos um automóvel perfeito para uso urbano, mas com certeza
não seria aprovada no crash test. A questão é o crash test, os padrões atuais.
Qual o custo ambiental deles? Qual é o preço da vida – das outras e das nossas?
O Uno, um dos mais inteligentes
projetos da história, não passa no crash test. Deforma a célula de
sobrevivência... Sobre vivência.... De quem? Em que condições? A qual preço?
Quem se move com as próprias forças -
pedestres, ciclistas, patinadores, skatistas, cadeirantes, aves, quadrupedes, insetos,
peixes, lesmas..., quer manter-se vivo no meio desta loucura motorizada. Entre
os humanos conscientes, quem gosta da vida (no sentido mais amplo) está lutando
pela diminuição da velocidade do trânsito. Velocidade mata! Assim como
irracionalidade do uso indiscriminado de material acaba matando aos poucos, lentamente,
sem que se perceba.
Não sei com quantas peças é fabricado um
carro atualmente, mas tenho quase certeza que é um número muito maior que num
destes projetos de carros populares do pós Segunda Guerra Mundial, quando tudo
era escasso.
E as modernas bicicletas? Opção de
mercado? Ganho de qualidade? Para quem? Compreende quem pode.
Arturo, adorei o seu texto. Inteligente e perspicaz. Concordo 1000%. Estou vendendo o Puma e quero uma bike elétrica para usar o motor esporadicamente, mas é perfeita para a minha necessidade hoje.
ResponderExcluirMas esse mercadinho brasileiro é punk. Picaretagem geral. Talvez importe uma como pessoa física da China, ou compro um kit de R$1000 e instalo na minha M2.
Abração
...sakamoto, vá de bike, a escola, a bicicleta e a vida...a blogosfera tá boa hj.
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