Um dia um jogador
magro e relativamente fraco decidiu tomar as dores do jogador que Silvano tinha
deixado estatelado no chão. “Chega! Chega! Chega! Acabou, não vai mais...”, gritou
o magricelo parado, duro, com as mãos para trás, num sinal claro que não queria
sair no tapa. Silvano veio para cima, peitou, o magricelo foi ao chão de costas,
imediatamente se levantou, pôs se novamente parado, reto, duro e com as mãos
para trás. Silvano deu mais um passo para frente, encostou no magricelo e olhando
de cima para baixo com o rosto retorcido de raiva começou a urrar. Todos ao
redor só olhavam assustados sem esboçar qualquer intervenção, mesmo os mais
velhos e os que sempre colocavam panos quentes, apartando possíveis brigas.
Ninguém fez absolutamente nada a não ser manter distância. Silvano seguiu ne
sua fúria, agarrou a camiseta do magricelo e começou a torce-la, sem ter
qualquer reação. Passou a desfazer a camiseta em tiras, sem obter qualquer reação.
O magricelo ficou ali, duro, mãos tremulas para trás, apavorado por saber que
não teria socorro dos amigos, mesmo assim não parou de gritar “chega! chega!
chega!...” Quando só restava farrapos da camiseta Silvano deu-se conta de seu
surto, empurrou para o lado o magricelo, deu um tapa no peito de quem estava
mais próximo chamando-o de maricas e saiu do campo ofendendo todos. A partida
terminou ali com todos saindo no mais absoluto silêncio. Silvano não voltou
mais.
Seis meses mais tarde
veio a notícia. Silvano havia tido o mesmo comportamento em um campo próximo
dali. Um dia todos perderam a paciência e Silvano apanhou dos 21 jogadores que
estavam dentro de campo, os do seu time e do adversário. Saiu de lá para uma
UTI. Nunca mais se ouviu falar do Silvano jogador de futebol. Acabou!
“Sem violência, sem
violência, sem violência...” Alguém realmente acredita que um grito coletivo
vai fazer alguma diferença para os mascarados? Desequilibrado, desajustado e
covarde sem freio ou limite não ouve este tipo de pedido. Como agir? Como parar
os que arruínam a voz que clama um futuro melhor para o Brasil? Ou, em nome de discursos
ideológicos não realistas, falidos e mentirosos é válido ou mesmo obrigatório aceitar
meia dúzia destruindo tudo que está na frente. Não existe transição? Pelas
mesmas razões é regra mandatória ir contra a ordem instituída e seus
instrumentos. Muito parecido com a questão das drogas. Os usuários parecem preferir
o prazer do vício a qualquer custo, inclusive no silêncio em relação à
violência banhadas por montanhas de corpos ensanguentados. Vale para o currículo
universitário do recreio da cerveja e pinga no bar da esquina. O social é tão
ou mais importante que a formação cultural? Vale para os ciclistas imbecis que assustam,
xingam e até derrubam os outros em nome de seu treinamento, que está sendo
feito numa ciclovia de lazer ou num parque. Mas entre os iguais estes mesmos
são ciclistas, o que já basta para lhes dar razão.
Este é Brasil que temos
que derrubar.
(Proíbe tudo? Vamos
para o outro extremo? Taliban? Por favor... inteligência!)
Sem violência!
Concordo! Sem violência! Fascinante a revolução de Gandhi, não foi? Para isto é
necessário princípios. Que princípios temos no Brasil? Que valores? O discurso
que está no ar? Será completamente verdade ou mais uma série de frases ditas
por trás das mascaras? Eu prefiro conversar face a face, sem mascaras. E você?
Como pode um punhado de
baderneiros, vândalos, talvez ou provavelmente paus mandados, muito bem
mandados, covardes, pode destruir manifestações justas e autênticas de milhões?
A quem interessa? Como pode não cair a ficha do Brasil que manifesta por um
futuro que este Brasil que queremos superar é justamente acabar com o Brasil dos
mascarados.
Não sejamos covardes,
saiamos às ruas. Não sejamos covardes, mandemos todos mascarados em cana. Não
sejamos covardes, sejamos inteligentes, resgatemos o Brasil que realmente dá
certo. Ele existe. Fomos nós, todos nós, que de face aberta o construímos.
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