Acabei não indo ontem à noite, mas, como sempre faço, hoje
pela manha fui ver como estava a Virada Cultural de São Paulo. Circulamos um
pouco, no circuito dos palcos, e achamos estranho a pouca quantidade de público
andando pelas ruas e assistindo os shows. Em todas as edições passadas mesmo
cedo pela manha as ruas estavam bem cheias. Meio gente madrugadora e meio os bêbados
de última hora, mas bem populado. Olhei para o céu para ver o tempo. Não fez
tanto frio a noite, nem houve sequer ameaça de chuva. Noite agradável. Teresa
ponderou que pode ter sido a escolha dos convidados. Duvido. O pessoal que vem de
espírito aberto. “Deixa rolar”.
Sai do Largo do Arouche, deixei Teresa e Silvia, que iam ver
algo na Estação da Luz, e fui cumprir minhas obrigações com a diabete: correr e
nadar. Quando sai da piscina encontrei amigos conversando sobre a Virada. “Fizeram
arrastão...” Resolvido o mistério. Arrastão no meio da Virada Cultural? Uau! Não
há mais limites.
O que houve na Virada Cultural de São Paulo? A quem
interessa o que aconteceu? A quem interessa este empurra-empurra de responsabilidades
entre PM e Prefeitura que já aparece nas notícias? A resposta pode estar lá
atrás, em algumas posições populistas que protegem indiscriminadamente minorias,
jogando toda culpa de qualquer coisa sobre os ombros das autoridades de segurança
e principalmente dos ‘inimigos do rei de Paságarda’. Vale tudo. E deve ter
valido. A PM fez corpo mole? A administração petista quis deixar rolar...? O Serviço
de Inteligência foi pego de surpresa? O que realmente aconteceu? Provavelmente
a população vai engolir qualquer versão e fica por isto mesmo. Ganha a parte
que tiver a melhor verborreia.
Estranhos estes nossos dias. A administração do PT concentrou
todos eventos da Virada Cultural no Centro, extinguindo tudo o que acontecia na
periferia, bem ao contrário do governo anterior, dito por eles inimigo dos
pobres e oprimidos. No meio das conversas que ouvi alguém disse que a vinda da periferia
para o Centro teria sido a causa dos arrastões e outros tipos de violência que aconteceram
a noite e de madrugada. Definitivamente não concordo. Mas acho incrível matar a
diversão na periferia e querer todo mundo concentrado no Centro. Cheira a “sejam
escravos do transporte público” ou “viva a ‘democracia’ (tão repetida por eles)
centralizadora”. Ou terá a ver dar exposição a prédios do Centro invadidos por
movimentos sociais? Deixamos de pensar para cair numa esquizofrenia. Talvez
faça parte do projeto de radicalização em andamento.
E a violência, a quem interessa? Um dos que estavam na
conversa da piscina foi soldado em Israel. Fala pouco sobre o assunto, mas tudo
indica que viveu a coisa real, foi para o pau.Uns dias antes, na mesma piscina,
conversamos sobre a violência que vivemos no Brasil. Perguntei-lhe onde é pior,
se aqui ou lá, Israel, que vive um estado de guerra constante. “Aqui, muito
pior, aqui. Não há comparação”.
Espero que a Virada Cultural resgate seu charme de cultura
da paz e liberdade. Cultura de paz! E espero que no próximo ano esta Administração
petista, que até agora soube abrir estrategicamente suas portas para os
ciclistas, lembre-se deles e coloque vários bicicletários com segurança. Muito
ciclista, mas muito ciclista mesmo, circulando pela área do evento, sem ter onde
estacionar... Quando chegamos para tomar o café o segurança pediu que colocássemos
as bicicletas para dentro... “Como? desculpe, não entendi”.
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