sexta-feira, 3 de maio de 2013

O preço de uma pichação e a Teoria das Janelas Quebradas


Creio que já tenha escrito sobre uma palestra realizada dentro do edifício da Prefeitura de São Paulo, quando um dos administradores do mais conhecido como ‘Tolerância Zero’ de Nova Iorque, mostrou planilhas com o custo para a cidade de lixo, sujeira, pichações, mendigos e outros problemas ou distorções urbanas e sociais. Há correntes a favor e contra, principalmente entre a esquerda oportunista, mas não resta dúvida que qualidade, ou seja, regras, limites, baixa tolerância com distorções destrutivas, etc... dá resultado. Não há como negar.

Repito sempre: o melhor exemplo de tolerância zero, ou qualidade, como queiram, está numas filmagens antigas do Terminal Barra Funda de São Paulo, que mostram a mudança de comportamento dos passageiros dentro da área da CPTM e depois que cruzavam as catracas para usar o Metro.

Nova Iorque prova hoje que há uma diferença monstruosa entre procurar manter a ordem e reprimir diferenças. O contraste com um filme de propaganda da ‘comunista’ capital da Coreia do Norte é brutal. Questão de princípios... E tem partidos que colocam manifesto público aquele país...

A discussão vai longe, exceto no ponto onde ela bate na qualidade, portanto na diminuição de custos, no espalhamento do bem para todos, na educação, caráter... O resto é semântica, normalmente populista e destrutiva.

Dois textos abaixo completam esta postagem, um que circula em mensagem e outro fruto de uma breve pesquisa.
-------------------------------------------------------------------------

mensagem circulando na Internet, seguida de ponto de origem e texto do Wikipedia
TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS

Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Philip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social.

Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor.

Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia.

Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram.

Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito.
Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e da esquerda).

Contudo, a experiência em questão não terminou aí.

Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.


O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.
Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?
Não se trata de pobreza.

Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como o "vale tudo".

Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores.


Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais.

Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves.

Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade) , estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade.

Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujeira das estacões, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens.

Os resultados foram evidentes.

Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'.

A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana.

O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão 'Tolerância Zero' soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança.

Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.

Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja
em nosso bairro, na vila ou condominio onde vivemos, não só em cidades grandes.

A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc.

Pense nisso!

Provável link de onde foi traduzido o texto acima

---------------------------------------------------------------

“…..
According to scholars, zero tolerance is the concept of giving carte blanche to the police for the inflexible repression of minor offenses, homeless people and the disorders associated with them.[10][11][12] A well known criticism to this approach is that it redefines social problems in terms of security,[13] it considers the poor as criminals, and it reduces crimes to only "street crimes", those committed by lower social classes, excluding white-collar crimes.[14]

On the historical examples of the application of zero tolerance kind of policies, nearly all the scientific studies conclude that it didn't play a leading role in the reduction of crimes, a role which is instead claimed by its advocates. On the other hand, large majorities of people who living in communities in which zero tolerance policing has been followed believe that in fact has played a key, leading role in reducing crime in their communities.[14] It has been alleged that in New York City, the decline of crimes rate started well before Rudy Giuliani came to power, in 1993, and none of the decreasing processes had particular inflection under him.[14][15] and that in the same period of time, the decrease in crime was the same in the other major US cities, even those with an opposite security policy. But the experience of the vast majority of New Yorkers led them to precisely the opposite conclusion and allowed a Republican to win, and hold, the Mayor's office for the first time in decades in large part because of the perception that zero tolerance policing was key to the improving crime situation in New York City. On the other hand, some argue that in the years 1984-7 New York already experienced a policy similar to Giuliani's one, but it faced a crime increase instead.[14]

Two American specialists, Edward Maguire, a Professor at American University, and John Eck from the University of Cincinnati, rigorously evaluated all the scientific work designed to test the effectiveness of the police in the fight against crime. They concluded that "neither the number of policemen engaged in the battle, or internal changes and organizational culture of law enforcement agencies (such as the introduction of community policing) have by themselves impact on the evolution of offenses."[14][16]

The crime decrease was due not the work of the police and judiciary, but to economic and demographic factors. The main ones were an unprecedented economic growth with jobs for millions of young people, and a shift from the use of crack towards other drugs.[14][17]

etc...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário