quinta-feira, 25 de maio de 2023

Plano Diretor de São Paulo: liberou geral sem questionamentos

SP Reclama
O Estado de São Paulo

Para entender o que se propõe para o novo Plano Diretor de São Paulo, peço aos caros leitores deste jornal que peguem um mapa e um compasso, abram o compaço para 1.000 metros e formem círculos no entorno das estações de metrô. Vão descobrir que praticamente toda área da cidade estará livre para construção de edifícios de tamanho que vão bem além do bom senso, como os que temos visto pipocar por todos cantos. Informo que se usa como base de cálculo padrão, dado por pesquisas internacionais, que o pedestre médio caminha até 400 metros até o transporte, uma estação de metrô ou ponto de ônibus, depois disto, mais longe, a maioria passa para uma segunda opção de transporte, não raro o automóvel. Está em todos os manuais que vi ou li, brasileiros ou internacionais, não creio que tenha mudado, o ser humano continua o mesmo. O que se quer é um liberou geral, não resta dúvida. 
Um dos questionamentos que não está sendo feito pelos paulistanos é que o conceito tradicional de transporte coletivo não deve continuar o mesmo, seja pelas novas formas de mobilidade, seja pelo trabalho em casa, seja inclusive porque o automóvel não morreu, se ajustará e não desaparecerá, não há mais dúvida. A pandemia explicitou algo que estava no ar e que está ficando mais claro agora. 
Outro questionamento sobre este pipocar de edifícios altos e enormes deve ser feito sobre o fluxo de moradores decorrente. Não se fala em quantas moradias novas estão sendo criadas, de onde vai sair este povo, e o que vai acontecer com as moradias que foram 'abandonadas' por estes. Não há planejamento, sequer se discute propostas para esta mega movimentação urbana. O que importa é construir e vender os apartamentos, o resto... 
Finalmente, de onde está saindo ou sairá tanto dinheiro? Se este dinheiro existia, se existe, como não está contabilizado pelos economistas? É macro economia, um volume imenso de dinheiro, que não pode ser invisível. Pelo volume, se algo que se der errado vai sobrar para todo mundo, sem execeção, incluindo os que não compraram, não mudaram, não gostaram, não concordaram e nunca tiveram a intenção de mudar. Falo aqui também sobre projeções de dinheiro futuro, como está sendo contabilizado, como reverterá para o bem público, o que numa economia urbana deve estar claro. "Os novos moradores estarão próximos do transporte coletivo" é de um simplismo sem fim, próprio para simplórios.
Como é o cálculo desta história? Cabe a imprensa, a única que parece que vem nos orientando, follow the money.

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