segunda-feira, 1 de maio de 2023

Patinetes e outras mobilidades elétricas na Europa

Sim, nesta ordem: Patinetes e outras mobilidades elétricas na Europa, bicicletas elétricas entram aí, mas bicicletas mecânicas não como se esperava faz pouco tempo.


Em Paris estão para decidir ou decidiram via plebiscito se os patinetes continuam a circular pelas ruas ou serão definitivamente varridos da paisagem. Não sei devem ou não. Por um lado não resta dúvida que os patinetes elétricos por aplicativos é de uma praticidade incrível e ajudam muito na mobilidade e trânsito; por outra o seu mal uso causa inúmeros acidentes tanto no trânsito, em movimento, quanto quando estão parados, melhor, largados no meio da calçada ou rua. Já vi de tudo, senhoras tropeçando e indo para o chão, muito comum, até carro manobrar sem ver o patinete e sair com ele enganchado. 
Patinetes normais, sem motor, entre os adultos diminuiu muito em Paris, agora só mesmo entre a criançada que vai para a escola.

Fiquei no Leblon, Rio de Janeiro, e pasmei com a quantidade de bicicletas elétricas circulando pelas ruas, avenidas ou estacionadas a céu aberto com fortes travas. Como este canto da cidade é plano muitas destas bicicletas elétricas têm um assento sobre a roda traseira ou bagageiro e é comum ver duas pessoas na mesma bicicleta. A posição do ciclista em boa parte das bicicletas cariocas é baixa, bem diferente das usadas em São Paulo que via de regra se parecem mais com bicicletas normais. A razão é simples: ali é plano o calor da preguiça de pedalar, por isto toca motor elétrico e vamo que vamo.

Olhando a quantidade de elétricas que passavam ou estacionavam na padaria e vendo que para cada muitas elétricas aparecia uma ou outra rara bicicleta normal fiquei preocupado. Todos relatórios e notícias que têm sido divulgados apontam que o futuro é das bicicletas, patinetes e outros elétricos. O investimento mundial futuro nas mobilidades elétricas será pesado, já nas do arroz com feijão praticamente zero, diz um estudo longo e bem estruturado do UBS, Union Bancaire Suisse, um dos cinco maiores bancos do planeta. Os dados são baseados no que já está comprometido em orçamentos de governos para todas mobilidades, do metro ao patinete. 

Tanta bicicleta e patinete elétricos não será também por causa da novidade? Por que bicicletas convencionais passaram a não ser tão interessantes assim? "Precisa pedalar, que saco!" A bem da verdade não é novidade que qualquer motorizado leva vantagem sobre os modos movidos a arroz com feijão. O enorme sucesso do automóvel no ocidente e das scooters no oriente que o digam.
Por outro lado existe uma questão macroeconômica envolvida. Bicicletas são um péssimo negócio porque geram pouco capital direto e indireto. A fabricação é fácil, o custo para o comprador é baixo, a manutenção é pequena, o número de empregos gerados diretamente é baixo e com pouco valor agregado...

Qualquer negócio "elétrico" é mais rentável, gira mais dinheiro, emprego, alcança setores produtivos que a bicicleta mecânica não entra, dentre inúmeros outros fatores econômicos. Com certeza elétricos geram muito mais capital, mas muito mais mesmo, em sua cadeia de produção, distribuição, energia, e a cadeia direta e indireta de manutenção é muitíssimo mais vasta e com valor agregado completamente diferente, muitíssimo mais alto. Com outra imensa vantagem, emprega e mantem os que vierem do setor de bicicletas mecânicas, a do arroz com feijão. 
Faz toda diferença não só para setores econômicos, mas também para a política de todas a cores e linhas. Os interesses são outros, muito maiores, até relacionados com os setores automobilístico e motociclistico. Bingo!
Mais ainda; a geração integrada com o celular parece ter preguiça até de dirigir um carro, prefere rodar com um chofer. Pedalar? Posso estar errado, mas tudo indica que a humanidade está cada vez mais comodista, vide o setor de serviços e as academias que não param de crescer. Espero estar redondamente enganado.

Bicicleta tradicional, movida a arroz com feijão, é um negócio enxuto, seus benefícios, que são muito maiores que os custos, são difíceis de apresentar ao grande público, muitos deles complicados de calcular porque extrapolam e muito o âmbito direto do uso da bicicleta. Como se diz aqui no Brasil "é como esgoto: político não gosta porque ninguém vê (os inúmeros benefícios indiretos da bicicleta)".

Fato é que todo deslumbre, como este que o planeta está tendo com todas mobilidades elétricas, tem sua hora para acabar e terá seu preço. Ninguém está falando sobre os custos de produção, o descarte e o impacto ambiental causado pelas baterias elétricas, dentre outros, já que a cada dia ficam mais claro e questiona este deslumbre geral. 

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