segunda-feira, 28 de maio de 2018

Greve dos caminhoneiros: oportunidade única de aprender

Temos com a greve dos caminhoneiros uma oportunidade de ouro para aprender que Brasil temos e o que devemos fazer para melhorar. O país está entrando em colapso numa rapidez impressionante e há sinais que talvez a coisa não pare por aí. O que vamos tirar desta história toda? Vai depender de nossa capacidade de analisar todos os fatores envolvidos, e não estou falando sobre os fatores ligados diretamente ao protesto, à greve, como o preço do diesel, mas as consequências, estas sim são ouro puro da melhor qualidade para ser pesado, avaliado e trabalhado.
Situações de emergência expõe o nível de racionalidade e inteligência dos envolvidos nela. É aí que deve entrar o bom senso, a sabedoria, a experiência com a vida, e principalmente a capacidade de pensar em prioridades, ou a crise se aprofunda
Está claro que os brasileiros não primam pelo bom senso. Povo dualista, ou 'bipolar' como prefiro me referir aos brasileiros,  é a prova viva de falta de bom senso; pelo menos neste momento. Incrível é que no meio de toda esta bagunça a maioria dos que criaram o Brasil bipolar se retiraram de cena, e aí falo dos dois lados, a esquerda que não é esquerda e a direita completamente anacrônica e estúpida dos dias de hoje. 
Estamos mal. Acreditar na experiência, capacidade de pensar e em prioridades também não é nosso forte. Brasileiro tem profunda vergonha de sua história e quando olha para trás não consegue (ou quer) ver experiências vividas dentro de seu contexto para aprender algo. O isto ou o aquilo viraram verdades incontestáveis; as sutilezas não interessam. Vai tudo na ideologia, no dualismo pobre, na psicose bipolar.
Prioridade? A prioridade de melhorar a vida dos pobres imediatamente é uma ótima causa, a mais justa de todas, mas como a experiência da história diz que o "imediatamente" é tiro certo no pé a longo prazo. Mingau quente se come pelas bordas, aos poucos. O que temos hoje é prioridades a curtíssimo prazo, ou seja, sair desta e ver como voltamos ao normal o mais rápido possível. Mais: que lição tirar daí.


Leiam! Ouçam rádio! Vejam os raros programas de TV que tentam analisar a situação mais profundamente. Vejam os vários lados da questão. Este é o momento certo para procurar informação, a mais variada possível, se possível de qualidade, neutra, se não for neutra, pelo menos inteligente. É hora de aprender sobre o Brasil e quem somos. 

Respeite seu inimigo! Não são inimigos, são brasileiros, são diferentes, pensam diferente, mas é muito possível que queiram chegar ao mesmo fim, só que por caminhos diferentes.
Meter fogo em linha férrea, como está acontecendo numa das linhas da CPTM neste exato momento, é querer que a situação saia completamente do controle. É ir para o perde - perde geral, até para os mais radicais; infelizmente eles não percebem isto. 


A oportunidade que estamos tendo é rara, é bom aproveitarmos.

O lado bom é que se pode ver o que deveria ser uma cidade normal, com pouco trânsito, com tempo para fazer coisas, ler inclusive, ler muito. Fazia muito tempo que não sentia tanto prazer em pedalar nas ruas e avenidas. Esta é a São Paulo que eu pedalei, conheci e amei, e que sinto muitas saudades. A vocês que não faziam ideia, desfrutem.

Um comentário:

  1. Parabéns, pelo texto bem escrito e pela análise realizada, um verdadeiro RX da situação que estamos vivendo. Mas bom senso não é uma qualidade do brasileiro, como você mesmo o disse e espero que não queiram tirar vantagens da situação, porque infelizmente essa é uma característica bem brasileira. Também gostei da cidade vazia.

    ResponderExcluir