quinta-feira, 26 de março de 2015

Zurich não é a mesma...

Conheci Zurich em 1976, voltei para cá em 1994 e agora em 2015. Pulos de 20 anos no tempo. Sempre gostei desta cidade de espírito tão suíço. Pelo menos assim era. Zurich, como o universo, está globalizado, o que tira muito do charme preciso, careta, achocolatado, simpático cartesiano que ela tinha. A cidade cresceu uma barbaridade. Há construções modernas, algumas recém acabadas, por todas partes. No trem para cá já tinha ficado impressionado com a mudança que novas rodovias e ferrovias causam na bucólica paisagem suíça. Pelo menos as vaquinhas continuam marrons como o chocolate ao leite. Óbvio que na construção do novo procuram interferir o mínimo possível no meio ambiente, mas o espaço é pouco e não dá para passar desapercebida uma estrada ou ferrovia expressa.
Ainda dentro do trem fiquei grudado na janela procurando se veria algum ciclista nas estradas secundárias que serpenteiam pelas novas estradas e ferrovias. As velhas estradinhas, impecáveis, sempre tem um sobe e desce daqueles com curvas em grampo. Nos pedais deve ser uma pauleira. O único ciclista que vi, um homem de meia idade magro, musculoso, ciclista das velhas épocas, todo paramentado, pedalava em pé, giro após giro suado, como se estivesse subindo uma escada. Não é para qualquer um, pelo menos em alguns trechos. Quando a estrada acompanha o rio no fundo de vale deve ser um sonho para pedalar. As cores da paisagem são maravilhosas, uma mistura de azul límpido, branco da neve nos picos, pedras cinza-marrom, um pouco esverdeadas, com um verde capim vivíssimo logo abaixo fechando os dois lados do vale ponteados por neve que ainda não derreteu. E pequenas cidades engolidas pela modernidade de casas e galpões construídas não faz muito tempo.
Zurich começa sei lá onde, mas longe, bem longe. Quando estive aqui lembro que começava ali, não muito longe do centro. Hoje vai tão longe que some na leve névoa do lago. Já achei estranho quando desci do trem por que a estação de trem cresceu muito. Muita gente circulando. Fora da estação ficou patente que os tempos são outros. Era tudo muito calmo. Hoje é uma cidade do mundo. Praticamente só havia suíços vestidos como suíços. Hoje o zoológico é mais variado, pelo menos aqui no Centro. Provavelmente nos bairros deve ser mais tradicional.
Tive a grande sorte de ter visto a Itália italiana, Suíça suíça, Alemanha alemã, Holanda sem tantos turistas, mas mais ou menos a mesma coisa que é hoje. Quem é novo conhece um mundo praticamente pasteurizado, mais pobre do que a confusão que existia antigamente.
Mas o que mais me chamou a atenção é a quantidade de ciclistas circulando pela cidade, que é sensível. Mais do que isto fiquei impressionado com o comportamento de uma boa parte deles, muito agressivo em se tratando de Suíça e Zurich. É uma baba pedalar no meio da rua. Os motoristas são dos mais disciplinados do mundo, mesmo com a sensível quantidade de carros esportivos sofisticados e caros circulando. O problema é a forma como a maioria dos ciclistas passa pelo pedestre, principalmente a aproximação. Me senti incomodado. Aqui, como pedestre, prefiro um milhão de vezes atravessar a rua quando está vindo um carro ou até mesmo caminhão. Pode por o pé na rua que eles param mesmo. Diga-se a verdade, uma grande parte dos ciclistas também para, mas não são todos, não mesmo.

A maioria dos ciclistas é gente bem vestida indo para o trabalho. Quem passa em roupa de franga normalmente é courrier, que são bem educados e respeitam. Bacana mesmo é ver as meninas, incluindo as senhoras, pedalando chiquérrimas. Lógico que roupa de inverno, a maioria em cores sóbrias facilita. Bicicletas normais, uma ou outra elétrica.






2 comentários:

  1. ★♡★♡Sonho de Lugar★♡★♡

    ♫♫♫Parabéns pela Viagem!!!♫♫♫

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  2. É o artista ou um poeta a descrever a paisagem de Zurich ? Realmente é sonho os pequenos lugarejos q ainda não perderam sua identidade.Mas achei q vc fosse mais cosmopolita. Um cidadão do mundo. Mas do século XXI, Suiça , suiça, Italia , italiana; Alemanha, alemã , qto "saudosismo" e melancólico. Sorry.

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