Conheci Zurich em 1976, voltei
para cá em 1994 e agora em 2015. Pulos de 20 anos no tempo. Sempre gostei desta
cidade de espírito tão suíço. Pelo menos assim era. Zurich, como o universo,
está globalizado, o que tira muito do charme preciso, careta, achocolatado,
simpático cartesiano que ela tinha. A cidade cresceu uma barbaridade. Há
construções modernas, algumas recém acabadas, por todas partes. No trem para cá
já tinha ficado impressionado com a mudança que novas rodovias e ferrovias
causam na bucólica paisagem suíça. Pelo menos as vaquinhas continuam marrons
como o chocolate ao leite. Óbvio que na construção do novo procuram interferir
o mínimo possível no meio ambiente, mas o espaço é pouco e não dá para passar
desapercebida uma estrada ou ferrovia expressa.
Ainda dentro do trem fiquei grudado
na janela procurando se veria algum ciclista nas estradas secundárias que
serpenteiam pelas novas estradas e ferrovias. As velhas estradinhas,
impecáveis, sempre tem um sobe e desce daqueles com curvas em grampo. Nos pedais
deve ser uma pauleira. O único ciclista que vi, um homem de meia idade magro,
musculoso, ciclista das velhas épocas, todo paramentado, pedalava em pé, giro
após giro suado, como se estivesse subindo uma escada. Não é para qualquer um,
pelo menos em alguns trechos. Quando a estrada acompanha o rio no fundo de vale
deve ser um sonho para pedalar. As cores da paisagem são maravilhosas, uma
mistura de azul límpido, branco da neve nos picos, pedras cinza-marrom, um
pouco esverdeadas, com um verde capim vivíssimo logo abaixo fechando os dois
lados do vale ponteados por neve que ainda não derreteu. E pequenas cidades engolidas
pela modernidade de casas e galpões construídas não faz muito tempo.
Zurich começa sei lá onde, mas
longe, bem longe. Quando estive aqui lembro que começava ali, não muito longe
do centro. Hoje vai tão longe que some na leve névoa do lago. Já achei estranho
quando desci do trem por que a estação de trem cresceu muito. Muita gente
circulando. Fora da estação ficou patente que os tempos são outros. Era tudo
muito calmo. Hoje é uma cidade do mundo. Praticamente só havia suíços vestidos
como suíços. Hoje o zoológico é mais variado, pelo menos aqui no Centro. Provavelmente
nos bairros deve ser mais tradicional.
Tive a grande sorte de ter
visto a Itália italiana, Suíça suíça, Alemanha alemã, Holanda sem tantos
turistas, mas mais ou menos a mesma coisa que é hoje. Quem é novo conhece um
mundo praticamente pasteurizado, mais pobre do que a confusão que existia
antigamente.
Mas o que mais me chamou a
atenção é a quantidade de ciclistas circulando pela cidade, que é sensível.
Mais do que isto fiquei impressionado com o comportamento de uma boa parte
deles, muito agressivo em se tratando de Suíça e Zurich. É uma baba pedalar no
meio da rua. Os motoristas são dos mais disciplinados do mundo, mesmo com a
sensível quantidade de carros esportivos sofisticados e caros circulando. O
problema é a forma como a maioria dos ciclistas passa pelo pedestre,
principalmente a aproximação. Me senti incomodado. Aqui, como pedestre, prefiro
um milhão de vezes atravessar a rua quando está vindo um carro ou até mesmo
caminhão. Pode por o pé na rua que eles param mesmo. Diga-se a verdade, uma
grande parte dos ciclistas também para, mas não são todos, não mesmo.
A maioria dos ciclistas é
gente bem vestida indo para o trabalho. Quem passa em roupa de franga
normalmente é courrier, que são bem educados e respeitam. Bacana mesmo é ver as
meninas, incluindo as senhoras, pedalando chiquérrimas. Lógico que roupa de
inverno, a maioria em cores sóbrias facilita. Bicicletas normais, uma ou outra
elétrica.
★♡★♡Sonho de Lugar★♡★♡
ResponderExcluir♫♫♫Parabéns pela Viagem!!!♫♫♫
É o artista ou um poeta a descrever a paisagem de Zurich ? Realmente é sonho os pequenos lugarejos q ainda não perderam sua identidade.Mas achei q vc fosse mais cosmopolita. Um cidadão do mundo. Mas do século XXI, Suiça , suiça, Italia , italiana; Alemanha, alemã , qto "saudosismo" e melancólico. Sorry.
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