Mesmo de longe tenho acompanhado São Paulo. A manifestação contra
a paralisação da construção das ciclovias paulistanas conseguida pelo
Ministério Público, ocorrida ontem, com só 350 ciclistas, segundo a Folha de
São Paulo, mostra o caminho errado que tomaram as coisas, em particular o
movimento pró bicicleta. Este número de ciclistas representa muito pouco o
universo dos ciclistas, principalmente dos usuários que já pedalam como modo de
transporte.
Seria interessante que os ciclo-ativistas fizessem uma avaliação
mais neutra sobre o que está acontecendo e de suas ações. Não tenho a menor
dúvida da importância histórica de muitos ativistas de ponta, mas estes só
chegarão ao seu objetivo se olharem e dialogarem com a sociedade com mais
sabedoria. Um carro a menos se faz necessário, mas todo motorista é um inimigo,
ou pior, um assassino em potencial, o discurso vira uma besteira sem tamanho. Boa
parte dos ativistas dirige e já fui vítima de barbeiragens grosseiras tendo eles
e ciclistas ao volante. Como sou ciclista e não caio nestas besteiras encarei
como conflitos normais do trânsito, que aliás ocorrem em todas partes do
mundo.
O discurso centrado em ciclovias é retrógrado, pobre. É preciso
dar segurança ao ciclista, pedestre, pessoas com deficiência... (estou farto de
repetir isto); ou seja, é preciso utilizar o espaço público disponível de forma
mais equilibrada, justa, social. Ciclovia segrega; e não é preciso ir mais
longe.
Estou na Itália e fiquei pasmado por que o discurso por aqui é o
mesmo. Enfim, a burrice é planetária.
Pelo que entendi o Ministério Público não foi contra a segurança
do ciclista, menos ainda contra a bicicleta, mas está questionando
procedimentos desta administração da Prefeitura que não estão claros ou foram
simplesmente omissos, mesmo sendo obrigatórios em lei. Com o detalhe: pelo sim
ou pelo não, Haddad e mais alguns desta administração do PT em São Paulo
participaram dos governos Lula ou de sua brilhante companheira recém
eleita Dilma, portanto são passíveis de algumas dúvidas.
O fato é que quem está dentro da coisa da bicicleta já deve ter
ouvido a tempo que havia fumaça saindo das ciclovias. Com já disse aqui, ouvi
mais de uma vez o "faz", no estilo três macaquinhos, num discurso
tipo "se for para nosso lado...". Isto, meus caros, é uma vergonha,
se não uma burrice sem tamanho, para ser extremamente polido. Quem apoia isto
está sacaneando todos nós, cidadãos, principalmente os ciclistas.
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