Não consigo entrar dentro deste turbilhão das redes sociais.
Tive e continuo tendo dificuldades no mundo da Internet. É muita coisa junta, um
belo atoleiro. Não sei tirar bom proveito. Olho para as pessoas ao meu redor e sinto
que até os mais articulados neste cosmos tem um buraco negro de inteligências que
se perdem para o outro lado, o desconhecido, num suposto vazio, aonde ninguém
sabe o que é e o que dará.
Estamos num vazio. De tão cheio.
Esta loucura de viver sempre acelerado, sem nunca perder
tempo, lembra Joseph Goebbels, Ministro da Comunicação de Hitler, que tinha
como princípio da propaganda nazista algo como “minta, minta sempre e persistentemente,
que um dia a mentira se transformará em realidade”. Viva, viva sempre e persistentemente, que uma
hora a vida se transformará em realidade. Assim como nos contos de fada!
“Prefiro ser uma metamorfose ambulante” escrita por Raul
Seixas comete um pequeno erro. Somos inevitavelmente uma metamorfose ambulante.
“O tempo não para” não parou para Cazuza e não para para ninguém. Os
pensamentos mudam, tem uma dinâmica surpreendente que não podemos controlar. As
palavras podem parecer continuar as mesmas, mas a metamorfose do pensamento não.
O natural é fazer a digestão dos pensamentos, deixa-los
passar pelo intestino e ai obrar. Pelo menos para ter algum foco. Faz-se hoje como
pato caipira: cada passo uma cagada. É a maravilhosa dinâmica pop dos 15
minutos de sucesso preconizado por Andy Warhol, hoje, nas redes sociais, sucesso
dos 15 segundos, se tanto. Seria ótimo adubo não fosse o excesso de acidez.
Esta nova revolução tem um ganho semelhante ao do surgimento
das fotografias, principalmente a partir da máquina fotográfica popular da
Kodak, a caixotinho de antes de 1900, que começou a mostrar a face real dos
habitantes deste planeta numa escala sem precedentes. Mas são imagens, algumas
fortes, não realidade. Internet e redes sócias mostram o “espírito” das
pessoas. Mas, de novo, não a realidade. Tal como numa foto a rede social mostra
o ser, estar, dentro da perspectiva do autor e autor.
Felizmente não estou ficando esquizofrênico nem paranoico,
pelo menos não sozinho. Tem um montão de gente mais instruída e esclarecida que
também não está entendo nada. Para onde estamos indo? Não faço ideia. Só sei que
nunca vi uma baderna tão grande como a que vivemos hoje. Não adianta falar nada
com a maioria. Cada um tem sua verdade limítrofe ao ortodoxo.
No meio desta baderna restará a bicicleta, com seu silêncio
e consequente distanciamento (http://escoladebicicleta.blogspot.com.br/2014/05/bicicleta-silencio-e-distanciamento.html).
Podes crer! Poderia aqui contar um pouco
da importância de ter uma bicicleta num cenário real de guerra, mas isto é uma
outra história; e que história!
Recomendo assistir o programa Painel deste domingo, 25 de
Maio:
http://globotv.globo.com/globo-news/globo-news-painel/v/globonews-painel-discute-possivel-perda-de-sentido-de-ordem-do-brasil/3369433/Também recomendo a leitura de "Seres sem rumo", de José Souza Martins, pulicado no Aliás, O Estado de São Paulo, de Domingo, 11 de Maio de 2014. Achei!!! http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,seres-sem-rumo,1164950,0.htm
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