terça-feira, 5 de novembro de 2013

50 mil dividido por...


A capa da Veja São Paulo desta semana vem com um paulistano que gasta R$ 50.000,00 (sim, 50 mil Reais) por balada. O cara se acha o máximo, o último biscoito do pote, o farol da sociedade... E é, depende da referência. Para uma imensa fatia do bolo da sociedade brasileira isto é que é ser rico de verdade.
Eu tive a benção de ter convivido um pouco com vários planetas sociais, o que me ajuda muito a ter uma visão menos fantasiosa e mais neutra do caldeirão das vaidades. Daí minha profunda irritação com esta história de construir um Brasil dividido, dos bons coitadinhos de um lado, contra a malvada elite do outro. Elite? O que é elite? Quem é elite? O crime é ser rico? Quem é rico? Elite ou zelite? O que é riqueza, um babaca que gasta toneladas de dinheiro para se exibir socialmente? Mauricinhos, patricinhas, peruas, yuppies...? Sob que parâmetros? PQP! Quanta pobreza! Quanta mediocridade! A zelite define o que é elite? Chiquérrimo! Brilhante! Deveras inteligente. Bem Brasil do nunca antes.

Mino formou-se numa nas melhores do Brasil, Danti Alighieri e depois a Poli, tornou-se presidente da Plavinil. Dentro do setor da bicicleta acabei conhecendo a história não o Mino meu querido tio, mas o Mino profissional, responsável por uma fábrica, chefe de muitos funcionários. Estes ex-funcionários da Plavinil contavam com prazer sobre um Mino sempre preocupado com os funcionários da fábrica, um Mino que entrava com frequência na linha de produção, conversava, perguntava sobre a família de cada um, acompanhava os problemas dos funcionários, era querido, respeitado. Este mesmo Mino que segundo o critério deste pessoal do Brasil do nunca antes, era o malvado, representante da elite.
Mino teve uma vida boa. Sempre foi muito preocupado com a qualidade de vida de toda família, bem ao modo italiano. Os quatro filhos estudaram em bons colégios e faculdades, tiveram uma casa de férias, fizeram viagens... Mino  sempre teve um preocupação verdadeira com o futuro do Brasil.

Eu, Arturo. Sempre tive preocupação com os diferentes, principalmente por que eu próprio sou um diferente. Nasci assim. Simples: sou hipo-hiperglicêmico, disléxico e para completar tenho DDA, o que me fez um filho, irmão, aluno, amigo, ..., e sobrinho bem “diferente”, para dizer o mínimo. Gostaria de ter sido um sobrinho mais fácil e dói não ter aproveitado melhor o convívio com Mino. De certa forma aproveitei, pelo exemplo. Mino, Zico, Jandir  e mesmo meu pai, com quem a coisa foi bem difícil, me deixaram uma riqueza sem tamanho: ter claro que só conhecimento e trabalho coletivo pode construir um futuro perene. Mino, em particular, não gostava nada de falácia e inocentes úteis. Infelizmente não tive maturidade para ouvir, trocar ideias, discordar sem engrossar ou mesmo agredir. O meu comportamento deixou como sequela o distanciamento de meus primos, uma perda muito grande, irreparável.
Luta de classes...

http://vejasp.abril.com.br/blogs/pop/2013/11/04/rei-do-camarote-vira-meme-e-ganha-gifs-animados-e-montagens-na-internet/

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