sábado, 30 de novembro de 2013

Pedalar onde o bom senso diz não vá

Ontem tive que dar uma entrevista para a TV Câmara de Guarulhos. Fui pedalando. De minha casa até a Câmara de Guarulhos é algo em torno de uns 25 km, um pouco mais, sem grande problema. A questão é por onde ir depois de Vila Maria, Zona Norte de São Paulo e praticamente divisa com Guarulhos. Vila Maria alta e Jardim Japão; ou cruzar o viaduto de Vila Maria sobre a Dutra (no sentido da rua Bicicleta, Vila Guilherme) e pegar a rodovia? A dúvida me corroeu dia e noite anterior. Tenho menos medo do trânsito do que de perder a bicicleta num assalto. Assalto? Dizem que na descida para o Terminal de Cargas Fernão Dias, no Jardim Japão, onde há uma pequena favela, a coisa complica. Já passei inúmeras vezes por lá e nunca tive problema. Enfim, por onde ir?

A segunda questão é tempo de viagem, resolvido saindo bem cedo de casa, o que é um dos meus prazeres. Pedalar com os primeiros trabalhadores do dia, vendo a vida da cidade aflorando, faz bem. Posso até ouvir o “São Paulo”, do Cesar Camargo Mariano,  uma homenagem musical pouco conhecida e difícil de se igualar. O caminho por dentro de Vila Maria, em paralelo a Dutra, é um serpentear com leves subidas e descidas, não muito mais longo, mas bem mais demorado. E ai, e ai... Dutra ou Vila Maria? Por dentro é muito simpático, cruzando praças/parques, com uma variação de paisagens, arquiteturas, verde, pessoas e vida bem interessante. Por dentro tem sombra e muito menos poluição. As últimas vezes foi por dentro.
Acordei, café da manha, sai, fechei o portão no lusco-fusco, subi para a Paulista, desci para o Centro, meia pedalada e a Luz, parada para um expresso na Barra Funda, daí para o Pari, cruzei a Ponte de Vila Maria, enfim chego na encruzilhada. E ai, por dentro ou Dutra? Paro, olho para frente e para o lado, na avenida que dá na Dutra. Penso rápido: “Viva a emoção da Dutra. Dali até a saída em Guarulhos tem uns 8 km de estrada. Faz tempo que não pedalo com o barulho dos caminhões. Vamos lá!”

Conheço bem este trecho da Dutra. Dei consultoria para o projeto do sistema cicloviário de Guarulhos e fiz este caminho inúmeras vezes em carro e bicicleta. O problema de segurança do ciclista está nos acessos e saídas que são realmente muito perigosos, e mais uns trechos curtos onde não há acostamento, mas que não são um drama. Ir para Guarulhos pela Dutra é muito menos perigoso que voltar por ela para São Paulo. Na volta os motoristas estão em fim de viagem, cansados, irritados por que devem encontrar a Marginal Tiete congestionada, um prato cheio para se envolverem em acidentes.

Indo para Guarulhos, tirando a tensão de cruzar o acesso à Rodovia Fernão Dias, que é numa descida e os carros vêm muito rápido, e os trechos que não tem acostamento, o pedal é tranquilo. O ideal é sair da estrada assim que se chega em Guarulhos, ou na avenida Guarulhos ou na primeira passarela, um pouco mais a frente. A partir desta passarela o trânsito se adensa, não há acostamento, a coisa fica pesada.
Não recomendo a ninguém pedalar em rodovia conurbada, ou seja, em trecho de rodovia dentro de perímetro urbano. Eu pedalo por que tenho treinamento específico para este tipo de situação e faz parte do meu trabalho ver como está sendo usada qualquer via pelos ciclistas. Sou pago para isto. Há uma quantidade significativa de pedestres e ciclistas circulando pela Dutra, como por todas as estradas conurbadas, e a qualidade vida destes me interessa. Acredito que um dia chegaremos a ter calçadas e ciclovias em todas as estradas conurbadas.

Depois da entrevista, que ainda não está disponível na Internet, fiz o caminho para voltar por dentro, mas distraído acabei caindo novamente na Dutra. Acesso e saída da Fernão Dias são muito perigosos. A forma correta de cruzar um acesso ou saída de estrada é pelo caminho mais curto, ou seja seguindo pelo acostamento, quase parando ou parando, olhando para trás, e cruzando em 90 graus. Nunca! repito: Nunca siga em frente como se fosse um carro. Nunca! repito: Nunca fique no meio da pista. Os motoristas vindo a mais de 80 km/h não conseguem ver o ciclista. Esta é a principal causa de morte de ciclistas em estradas. Voltando ao retorno para São Paulo, o resto do trajeto na Dutra foi tranquilo por que eu, pedalando com calma, estava mais rápido que o trânsito congestionado. O cuidado ai é nunca ficar na lateral de caminhões em movimento. Fácil. Com cabeça e bom senso, bem vindo a São Paulo.
Cheguei em casa com a alma lavada, leve, feliz. O stress da semana foi tão bem lavado a alma que não tive sequer forças para trabalhar. Desliguei por completo, tive um fim de tarde tranquilo e dormi como um anjo.

Antônio Olinto, que já fez a volta ao mundo em bicicleta, o outro dia estava dizendo que hoje não se deve sair pedalando dos grandes centros, tanto pelo perigo do trânsito da estrada conurbada, como o de assalto ou mesmo latrocínio, que cada dia está mais comum. Lembrem que São Paulo tem índices de violência muito mais baixos que o resto do Brasil, mesmo assim não é recomendável em algumas estradas. Este trecho da Dutra é tranquilo, mas o mesmo não pode dizer dos primeiros quilômetros da Rodovia Ayrton Senna, paralela à Dutra, que tem ótimo acostamento, mas também bandido de todo tipo e da pior espécie.
Leia dicas de segurança de como pedalar na estrada em: http://escoladebicicleta.com.br/cicloturismo.html.

domingo, 24 de novembro de 2013

Pedido de desculpas

O Estado de São Paulo
"São Paulo Reclama"

Pedido de desculpas

Venho por meio desta pedir desculpas a funcionária da La Bufalina de Higienópolis por ter entrado, olhado, esperado, perguntado e ainda por cima comprado produtos, tendo assim perturbado o dia, o trabalho e o humor desta funcionária. Aliás, aproveito para fazer o mesmo pedido de desculpas a inúmeros funcionários, atendentes e prestadores de serviço desta cidade, que a cada dia prestam um serviço mais atencioso, educado, eficiente, prestativo a mim, cliente. Diariamente fico feliz em notar que cresce o número de cidadãos que demonstram sem qualquer contrangimento que trabalhar é uma obrigação desagradável, socialmente injusta. Fui educado por mamãe a esperar o fim da conversa dos outros e sei que tenho que ser mais paciente com quem está atrás do balcão Mamãe sempre dizia que feio ouvir as ligações de celular que não terminam mais. Mamãe, não se preocupe, estou ficando surdo e não consigo entender nada que eles falam, até por que cada dia a música das lojas é mais alta, mas confesso que morro de curiosidade. Finalmente, mamãe me ensinou que quando se encontra uma pessoa com cara enfadonha e ou de mau humor, como a da funcionária da La Bufalina (ou de inúmeros outros negócios), devesse pedir desculpas pelo inconveniente. Bom... espero que todos leitores me desculpem pelo inconveniente, afinal eu devo ser o único cliente chato.

Neste blog aproveito e faço um pedido de desculpas muito especial a algumas bicicletarias em especial, já que não sou rico, não posso ficar gastando, chego com uma bicicleta simples, roupas normais, sem sapatilha ou capacete. E pior, não trago minha bicicleta no rack de um carro importado. E para terminar sempre procuro umas coisas esquisitas. Coisa de pobre, eu sei, mas fazer o que? Não sou um biker chic

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Parabéns, estamos próximos do milhão!


Acidentes de trânsito matam 980 mil pessoas no Brasil em 31 anos

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,acidentes-de-transito-matam-980-mil-pessoas-no-brasil-em-31-anos,1099082,0.htm

1 milhão divido por 31 dá dízima periódica?

22 de Novembro de 2013para:
Fórum do Leitor

O Estado de São Paulo

Os 980 mil mortos no trânsito e a distorção nos percentuais
Bom, provavelmente já chegamos ao milhão de mortos no trânsito. Só o impostômetro consegue superar a velocidade de nossas mortes no trânsito. A forma de cálculo de mortos por 100 mil tem como base o total da população do país. Caso seja feito o cálculo com base no número de motocicletas existentes e circulantes no Brasil a coisa muda radicalmente de figura. O Brasil tem hoje aproximadamente uma motocicleta para cada 10 habitantes, o que multiplica os mortos no modal motocicleta por 10. O mesmo deveria ser feito para cada um dos modais para calcular o grau de risco destes. Com certeza o discurso feito em relação às bicicletas mudaria um pouco. Por exemplo, o número de ciclistas circulando em São Paulo (assim como na maioria das cidades do Brasil) cresceu proporcionalmente muito mais que a evolução do número de ciclistas mortos. Outro detalhe: o número oficial de ciclistas na cidade de São Paulo tem como base a pesquisa O.D. Metro, que tem dois filtros, para trabalho e modo principal, o que descarta uma grande quantidade de ciclistas que todos sabem que está ai. A pesquisa do milhão da mesma forma guarda uma discreta distorção de normalmente só contar quem morre no local, deixando de lado os que morrem no hospital, pelo menos uns 35% a mais, segundo especialistas. Números sempre são preciosas referências, mas é necessário interesse e um mínimo de curiosidade para saber o que eles realmente apontam e principalmente ocultam.

Antes de 1996 o Brasil tinha um código de trânsito, que foi revisto, o que urge fazer de novo.
Arturo Alcorta


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

As novidades e nossa inocência

Murillo Marx, meu irmão, constantemente chamava a atenção sobre a "besteira" de nossa crença na novidade. O olhar deslumbrado para o que parece inédito é um dos grandes erros na avaliação de nosso tempo ou de qualquer ciclo histórico, prejudicando uma avaliação mais ampla e correta dos fatos; também diminuindo a sensibilidade para a qualidade da criação, por mais simples que pareça.
Murillo, professor de história da arquitetura e livre docente de história do urbanismo da USP, tentou me ensinar a ter um olhar horizontal sobre os fatos, principalmente os relativos às mudanças sociais e urbanas. O interessante é que Murillo só veio a entender o por que da bicicleta muito no final de sua vida, não faz muito tempo, depois de ter ouvido o Renato Zerbinato falando num congresso.
Ontem no jantar meu pai nos mostrou com lágrimas nos olhos um filme da BBC sobre um automaton, "o escritor" que está no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=FUa7oBsSDk8), mas não consegui baixar aqui. Mas o vídeo abaixo faz a vez. De qualquer forma vejam também o da BBC, até pelo seu tom britânico e o contraponto com este americano. Há uma ótima versão francesa. Vale pela maravilha do 'brinquedo' e pela diferença de culturas expressando exatamente o mesmo tema.
Afinal, o caldo de cultura de cada um que tem gosto particular. E como estamos numa época onde o indivíduo está muito fragilizado, não se trocam receitas, não se faz o outro provar o gosto, mas fala-se de boca cheia sobre a nossa incrível novidade. Bem humano.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

NY - Ciclistas e impunidade

Esta matéria do NY Times poderia ser a continuação de várias conversas e discussões sobre a questão da segurança no trânsito de Nova Iorque e as comparações com São Paulo, como a que tive com o Celso Jatene faz uns dias. Ou pode ser um truco naquele discurso apavorante sobre o nosso trânsito. Poderia também dar corda aos que dizem que segurança para o ciclista só existe nas cidades europeias, como Amsterdã ou Paris, o que só em parte é verdade. Não é hábito dos ciclistas locais aliviar os pedais nos cruzamentos e mesmo os melhores e mais mulherengos ciclistas ou pedestres apavoram quando as altas e gostosas loiras holandesas passam batido a mil raspando sem olhar para o lado ou pedir desculpa. Quando tem semáforo e fiscalização todos param, inclusive elas, mas nos centros históricos com suas ruas estreitas e sem visibilidade nas esquinas, esquece. Fora pedalar na calçada, contramão, na faixa de pedestre... O ato de pedalar libera. Os pedestres que o temam. Acontece o mesmo em todas as partes.
Os conflitos com os carros, de todo tipo, também são parecidos, aqui, ali, lá, em NY, Paris ou Holanda; um pouco mais, um pouco menos. Uns estão um pouco mais evoluídos, outros nem tanto, mas a história do trânsito e transporte mostra que a situação só melhora quando há um acordo social, quando a conversa fica civilizada. Ou seja: respeito aos acordos sociais firmados em leis.



Caution: Danger in the Traffic Lanes


To the Editor:
To the Editor:
Re “Is It O.K. to Kill Cyclists?,” by Daniel Duane (Sunday Review, Nov. 10):
No, it is not O.K. to kill cyclists with impunity, but neither is it O.K. to kill pedestrians, which happens a couple of hundred times a year in New York City. The problem is not a cultural predisposition against bicyclists; it is that nobody obeys traffic laws anymore, and that’s at least partly because nobody is enforcing them.
I’m all in favor of the quiet, cleanliness and sustainability of bicycles as alternatives to motor vehicles, but the first and best sustainable transportation is walking, and New York has the largest population of pedestrians in the country. I am one of them.
I walk 15 to 20 miles a week on the streets of Manhattan, and have for 40 years, and I never cross a street anymore without taking my life in my hands.
Every time a light turns red, I can count on two or three cars going through it. Every time my light turns green, I can count on right-turners charging through my crosswalk. And through all these years and all these miles, I can count on the fingers of one hand the number of times I have seen anyone ticketed for this lawbreaking.
I strongly urge the new mayor to put the same kind of resources into regulating New York City traffic that his predecessor put into facilitating it. Enforcing our traffic laws would protect pedestrians, cyclists and drivers alike, would make a tremendous contribution to public civility, and could create a windfall for the depleted city coffers.
DAVID BERMAN
New York, Nov. 10, 2013
To the Editor:
Daniel Duane makes it abundantly clear that bicyclists hit by cars do not have any chance in court, as they do not have any rights on the road.
I grew up in the Netherlands, where everybody rides a bike for years before he gets behind the wheel. Thus, all drivers started out as bicyclists and know how to think like a bicyclist.
At 26, I moved to Connecticut, and my first purchase was a bike. Within a year I had given up biking altogether after several near accidents.
Advocating more bike lanes is fine, but how about this: In the Netherlands, any new road comes with a bike lane.
JACOB IJDO
Iowa City, Nov. 10, 2013
To the Editor:
Cyclists have a right to be on the road, and we have a responsibility to protect them. A socially just solution will require these actions:
In all instances cyclists will be deemed to have the right of way when in a bicycle lane (akin to a pedestrian in a crosswalk) and adhering to the law (the corollary is that cyclists will be fined heavily for violating the law when directly observed or documented by camera surveillance).
A driver whose car strikes a cyclist will suffer strict penalties and be responsible for medical costs, commensurate with the consequence of inattention.
All future bicycle lanes will be placed between the curb and the right side of parked cars.
The violation of traffic laws by cyclists can be very irritating but is no excuse, ever, for a driver to violate their civil right to life and safety.
PHIL CORSELLO
Denver, Nov. 11, 2013
To the Editor:
As a three-times-a-week bicycle rider in Marin County, I make this plea to some cyclists in San Francisco (and elsewhere): Please make yourselves visible after dark. 
Driving in the city at night, I have had close shaves with cyclists wearing dark clothes on bikes with no lights or feeble ones.
GARY FRIEDMAN
San Rafael, Calif., Nov. 11, 2013
To the Editor:
Daniel Duane argues that drivers are not being held accountable for traffic accidents involving cyclists, but glosses over the fact that cyclists are not being held accountable for the menace they are to pedestrians.
Moving down the food chain to little old lady pedestrians like me, I have been sideswiped, swarmed, yelled at, chased and directly hit by cyclists speeding down hills, avoiding lights, talking on phones, eating and racing.
While they may be losing to the cars on the road, they are running circles around the walkers in the parks, on the streets and on the sidewalks.
Unless and until cyclists pay attention to the traffic laws, stop at lights, obey speed laws and have respect for pedestrians, they are going to be targets. Maybe that same pedestrian they sideswiped yesterday is driving a cab today.
LOIS LEATHERMAN
New York, Nov. 11, 2013
To the Editor:
Daniel Duane asserts that the law does not adequately punish drivers who accidentally kill cyclists.
As the friend of someone responsible for such a tragedy, I would like to remind Mr. Duane that the absolute and hollowing trauma of ending an innocent life weighs more heavily than any fine or confinement that may follow.
It is never O.K. to kill cyclists, and no one knows this better than those who live every moment with the overwhelming guilt of having done so.
MAZDAK BRADBERRY
Madison, Wis., Nov. 11, 2013
 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

eu preciso de um paraciclo

Isto é que fiquei sabendo sobre como fazer um pedido de instalação de paraciclo no Município de São Paulo:
A Secretaria de Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo, SVMA SP, até pouco tempo teve o direito de comprar e distribuir os paraciclos em forma de grampo amarelo por que usou a lei que lhe dá competência para melhorar a condição ambiental da cidade. O processo de instalação e uso destes grampos vinha se tornando comum, rotineiro, mas a competência legal passou para a Secretaria Municipal de Transportes. Hoje o processo todo está parado até que se acerte as formalidades legais necessárias, o que espero que seja rápido.
O cidadão pode e deve fazer o pedido de instalação do paraciclo em local público, até como forma de pressão, mas só as autoridades competentes tem o poder de decidir se instalam ou não, e onde e quando será instalado.

Paraciclos - vários modelos

 

 

 

Excelente por que trava toda bicicleta
 

 

 

 

 

 

 

aumenta o número de vagas, uma para cima, uma para baixo
 



A solução para sua bicicleta não ser roubada...

Não sei como será nas outras cidades, mas aqui em São Paulo até pouco tempo a Prefeitura respondia rapidamente ao pedido de colocação dos grampos amarelos, os paraciclos que começam a se espalhar pelas ruas.
É importante saber que a rua é espaço público regido por leis que, no geral, visam manter o melhor uso possível para o coletivo. No caso de qualquer mobiliário, que via de regra é colocado no espaço dos pedestres e deficientes, a lei dá prioridade para a livre circulação destes. Outra razão para controlar o que está sobre a calçada refere-se ao que existe no subsolo e a possível necessidade de sua manutenção.
Enfim, procure o órgão responsável pela calçada, ou qualquer outro espaço público, antes de instalar qualquer coisa de seu interesse.
Paraciclo de feitura simples no Ipiranga. Com uns retoques no projeto fica ótimo
Lembre-se que um paraciclo não significa certeza de segurança para a bicicleta, mas a posição do paraciclo pode dificultar a ação dos ladrões.

Bicycling: How to Lock Your Bike


Locking Tips
How to Lock Your Bike

Some foolproof advice on reducing the odds of theft—or at least increasing your chances of getting your stolen bike back

ByEmily Furia and Gina Welch
Photo: Charlie Layton

HOW TO LOCK IT
1. Find something sturdy to lock the bike
[34] to. Make sure thieves can’t simply lift the bike over it.

2. Watch out for scaffolding and “sucker poles”—shake them first to ensure they’re solidly in the ground. As Kryptonite product manager Don Warren puts it, “The bike is only as secure as what you’re locking it to.

3. Wheel theft is on the rise. If you can’t lock one of yours, take it with you. But don’t park the bike that way long—thieves will start to strip it.

4. Don’t use a U-lock around your bike’s top tube
[35], says Michael McGettigan, owner of Trophy Bikes in Philadelphia. A thief could use the frame as a lever to pop it open. Use the lock to secure a wheel to your down tube.

5. Locks are about buying time. A burly chain at least 12mm thick will delay thieves the longest.

6. Remove the front wheel
[36], then lock both wheels together with the frame, bike mechanic Ruzal suggests.

DO THIS NOW
Mark your bike
“A thief’s big concern is, ‘Can I sell this bike in 30 minutes?’” McGettigan says. “Thieves don’t want one that’s easily identifiable.” Write your initials at 12 o’clock and 6 o’clock on each tire with a Sharpie.­ Or pen your name on the top tube and cover it with layers of clear packing tape. A thief can remove it with some effort, but it probably won’t be worth the hassle.

Take a mug shot

Write your bike’s serial number in marker on paper and have someone photograph you displaying it next to your bike. Also take shots of identifying details and keep them stored in your phone. There’s no theft without proof of ownership. Have yours ready.

Buy new locks
That Craigslist find might be a bargain, but it could be compromised or outdated.


WHERE TO LOCK IT

Know your neighborhood
Talk to a local bike shop. The staff should be well versed on the amount of theft occurring in the neighborhood and may have some targeted advice about where (or where not) to lock up. Or check with a local advocacy organization.

Steer Clear
Avoid stoops where people hang out on milk crates, McGettigan says—loiterers may tip off thieves. Don’t lock at train stations; park a block away so no one will think you’re gone all day. Best case: well-lit areas with foot traffic, near buildings with video surveillance.

Still Want More? Go on the record

On Bike Shepherd, you can enter your bike’s serial number into a national database and buy three scannable, tamper-­resistant QR stickers for the frame. The idea is to make a would-be thief wonder if selling the bike will pose a hassle. BikeSpike uses GPS to locate your bike—and cellular technology to share that location in real time.


http://www.bicycling.com/news/featured-stories/how-lock-your-bike?cm_mmc=Facebook-_-Bicycling-_-Content-Story-_-how-to-lock
E dicas em português:
http://www.escoladebicicleta.com.br/estacionamento.html

Para terminar um filme de terror:
 

domingo, 17 de novembro de 2013

os bondes de São Paulo

Me lembro bem dos bondes de Santos, mas não consigo me lembrar dos de São Paulo. Dos trilhos não só lembro como algumas vezes os vejo por ai quando abrem o asfalto para algum conserto, como aconteceu na reforma recente do Largo da Batata. Infelizmente um grande amigo, Luiz Fernando Calandrielo, conhecido entre ciclistas como 'Tio Lú', já se foi. Ele trabalhava no Gabinete do Prefeito quando da última viagem de um bonde paulistano e participou da despedida final. Ouvi dele o relato triste.
Desde minha primeira viagem à Europa renovei minha paixão pelos bondes. Pelo que sei o custo de implantação é relativamente alto, mas os benefícios para a cidade são muito positivos e perenes. Um dos meus sonhos é ver o corredor av. Santo Amaro - Nove de Julho com bondes, o que acredito que recuperaria toda aquela área. Vale para a Celso Garcia, outra avenida completamente degradada, mui provavelmente pelo excesso de ônibus, barulhentos, poluidores, desordenados, cheios, pobres.
Para o ciclista a linha do bonde pode ser um problema, principalmente para quem usa pneus mais finos, incluindo os híbridos, que se encaixam nos trilhos e mandam para o chão os distraídos. Aliás, fica a recomendação para quem for a Amsterdã: é bem divertido ver os escorregões, bicicleta para um lado e ciclista tropicando para o outro e tombos propriamente ditos. Tobias me levou a um café para mostrar a deliciosa diversão. Entre mortos e feridos salvam-se todos, alguns um pouco indignados.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pedala São Paulo – debate no MIS São Paulo

Fui convidado para o evento e debate do MIS promovido pelo Pedala São Paulo, que aos poucos parece que vai tomando jeito. Na área externa do MIS estavam expostos ou em processo de trabalho os 37 paraciclos injetados em plástico, grandes, para duas bicicletas e com painel de informações, que fazem parte do projeto e que serão entregues a cada uma das 37 Subprefeituras de São Paulo, onde deverão ser expostas. Nesta ação ficou mais claro o que está por trás destes paraciclos um tanto desajeitados, mas certamente chamativos, provocativos. Creio que este seja o ponto. De um projeto sem sentido passei a olhar os paraciclos como um possível marco do pedalar em São Paulo. Vamos ver quanto se agrega de valor a eles, principalmente na linha da campanha do projeto todo.

Na ante sala do auditório do debate cafezinho feito na hora, água, bananada sem açúcar, uma micro barrinha (gostosa), e uma simpática exposição de miniaturas de bicicletas encaixotadas e enfileiradas. Tirando uma miniatura de bicicleta com caixinha de música tocada em andamento muito rápido, agudo e irritante, a exposição foi bem simpática, bem pensada. Fica a sugestão para a próxima: bicicleta e silêncio estão sempre afinados.
E então me jogaram de paraquedas no debate. Mediado por Renata Falzoni, com João Paulo Diniz e Eduardo (?) do próprio Pedala São Paulo, Celso Jatene, Secretário de Esportes do Município de São Paulo, Ronaldo Tonobon responsável pela bicicleta na CET SP, e Daniel Guth, ativista da bicicleta. E eu, lá não sei como.

O auditório poderia estar mais cheio, o que foi uma pena, como ressaltou o Diniz. Renata avisou que vai estar disponível no site do Bike é Legal. http://www.espn.com.br/bikeelegal é o link.
Algumas considerações sobre o bom debate de ontem:

Renata me perguntou sobre equipamento de segurança, provocando sobre a questão do uso do capacete. Zolino já havia citado o tema quando fez o “Boa tarde, bem vindos...” Penso que o movimento da bicicleta já deveria ter mudado o disco do capacete que está arranhado, pulando... Creio que já chegamos ao usa quem quer..., capacete é lindo..., e não atormenta quem não quer usar. Estranho; o discurso da bicicleta é pela liberdade, ou não? Será que perdi alguma coisa? Nunca é muito lembrar que uso de capacete no esporte tem eficiência muito diferente da do uso no transporte. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, velocidades completamente diferentes... Muda o disco, vamos lá, tem coisa mais importante para ouvir...
Celso Jatene discordou de Daniel Guth sobre as melhoras em NY e acabou servindo como mais um exemplo de uma velha mania nacional: posicionar-se firmemente em cima do que ouviu de alguém. “E os taxis de NY (que são agressivos com os ciclistas) ...” Tive a impressão que Jatene estava dando uma discreta estilingada na palestra que Janette Sadik Khan fez aqui em São Paulo, ela que é responsável pelas bicicletas em NY... Celso disse que nunca pedalou por aquelas paragens...

Tonobon contou que a CET SP está sendo acionada pelo Ministério Público para dar explicações e talvez retirar todos acalmamentos de trânsito implantados nestes últimos anos. Só pode ser piada, para não dizer ignorância, talvez personalismo. Merece uma atenção especial de todos, pedestres, ciclistas, skatistas, patinadores... A ação prejudica muito a vida principalmente pessoas com deficiência. Diminuir velocidade do trânsito, principalmente em esquinas e interno de bairro é crucial para a retomada da vida da cidade, como se tem provado mundo afora. Esta besteira que somos diferentes é irritante. É óbvio que somos diferentes, mas segurança no trânsito é ciência pura, muito de física, e ai só maluco imagina que a física possa ser diferente aqui. Na física não existe esta coisa de contabilidade criativa, sem dúvida uma espécie de economia fantasiosa, esquizofrenia populista. Populismo mata! Técnicas de engenharia para segurança no trânsito são ipsis litteris idênticas na Lua ou em Marte, aqui em São Paulo, em todo Brasil. Um detalhinho aqui outro ali, mas a essência é ipsis litteris a mesma.

Eduardo

Diniz falou sobre a falta de coletividade brasileira, o que está absolutamente correto. Eduardo apontou profissionalismo... e não precisa mais nada. Os dois empresários fazem parte dos que criaram o Pedala São Paulo.

Deixo aqui meu pedido de desculpas para o Tonobon. Algo gozado me distraiu nos bastidores e comecei a rir no final da fale dele. Tomei uma discreta bronca de Renata merecida.
No meio das discussões e de meus pensamentos me dei conta do que ocorreu aqui em São Paulo com esta transição de governos. Na época do Serra, os Secretários Eduardo Jorge, Walter Feldman, Stela Goldstein, e alguns funcionários do segundo escalão, empurraram a coisa da bicicleta, em alguns momentos na porrada, principalmente contra a posição da CET. Hoje é um segundo escalão que me inspira confiança, meio que capitaneados por Ronaldo Tonobon, que foi colocado onde está pelo Chico Macena. O Prefeito Haddad ainda em que provar sua real posição. Falar é uma coisa. Realizar é outra. Espero que realizem. Estou na torcida e se precisar estarei colaborando. Bicicleta não tem partido, mas infelizmente no Brasil é ligado a vontades pessoais. São Paulo não foge a regra.

as causas dos acidentes com os motoboys da periferia

No debate do Pedala São Paulo Celso Jatene defendeu os motoboys de São Paulo com o famoso “eles vem da periferia...”, como se isto justificasse qualquer coisa. Sim, ao que tudo indica a maioria dos motociclistas acidentados veem de baixo da pirâmide social, mas isto justifica o que? “Eles tem que ser educados...” Não, tem que ser treinados. Diminuição de acidentes se faz com treinamento. Educação é uma outra coisa, diz respeito à universalidade, a horizontalidade de conhecimento e capacidade do uso do conhecimento disponível, de preferência para o bem e de forma produtiva. Treinamento é vertical, objetivo, está ligado a resultado. 

Pavlov! Condicionamento! Pega um urso, coloca ele sobre uma chapa de ferro, coloca uma música tipo Danúbio Azul, vai esquentado a chapa até as patas do urso ficarem quentes e ele começar a se movimentar, faz ele ir dar passinho para frente, girar, passinho para trás, sempre com a música tocando. Repete até o urso ficar condicionado a ouvir a música e sair “dançando”, sem a chapa quente. A mesmíssima coisa que se faz em qualquer religião. Ou com o cachorro, bebe, criança, ginasta olímpico, piloto de F1 ou de moto velocidade, ciclista profissional, batedor de falta e pênalti, médicos, operários, bombeiros, pessoas com deficiência.... Treinamento. Qualidade.
Chapa quente do treinamento para segurança no trânsito tem nome e se chama “multa”. É a multa, a punição rápida e rasteira, sem lenga-lenga, que traz a segurança, que evita mortes, feridos, o colapso do sistema hospitalar, aleijados... “Multa educativa” é má fé ideológica e desprezo pelo coletivo.

Se educação resolvesse problema de segurança num sistema como o do trânsito seria uma maravilha, mas não resolve. Em qualquer procedimento de segurança não há lugar para divagação. Divagou, fodeu-se!
Misturar segurança no trânsito com o estrato social dá merda. A prova irrefutável está ai. Ou todos temos segurança, ou ninguém tem. Básico!

17 de Novembro - Dia Mundial das Vítimas de Trânsito



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A salvação da bicicleta no Brasil

para:
Fórum dos Leitores

O Estado de São Paulo


Exatamente como construir casas populares sem esgoto.
Acabei sendo rude com Fernando Ferro, Deputado Federal de Pernambuco, PT, já de cara, na nossa apresentação, feita antes de entrar no auditório do debate realizado dia 07 de Novembro passado, na Brasil Cycle Fair, Center Norte, sobre a questão tributária do setor da bicicleta no Brasil. Ele parecia não conseguir entender bem qual o papel e a importância real do setor da bicicleta em todo o contexto da implementação de melhorias para os ciclistas. Também não entendeu bem quando eu coloquei que a bicicleta só estava tão visível por causa da adesão da classe média aos pedais. Mas falou sobre a diminuição dos impostos das bicicletas, melhorias nas cidades para ciclistas e educação de todos. É o que o povo quer, mas é muito simplista...

Fernando Ferro contou que no fim da década de 80 fizeram uma pesquisa em Recife que apontava que o primeiro modal de transporte, com 38%, era pedestre, e que o segundo modal era bicicleta. Ele achou estranho aquilo, mas os fatos superaram a desconfiança. Disse ele que a partir dai começou a se interessar pela bicicleta. Morrei em Recife em 1981 e voltei depois para morar em Olinda em 1986 e sei bem como era, até porque meu veículo era a bicicleta, minha velha amada preta de guerra. Naquela época não via a bicicleta quem não queria ou quem era desvinculado da realidade, principalmente a do povão.

A pergunta que deixo aqui é como qualquer militante da esquerda, de um partido como o PT (Partido dos Trabalhadores), podia se surpreender com o uso da bicicleta em larga escala? Eles não vivem afirmando que vieram da base? Não se dizem os verdadeiros conhecedores da realidade da massa, dos trabalhadores, dos mais pobres e oprimidos? Então, nunca tinham visto ou desconheciam a massa de ciclistas trabalhadores das fábricas, comércio e serviço que circulavam pelas madrugadas periféricas rumo ao relógio de ponto? Era impossível que sindicalistas e toda esquerda não tivesse visto o trânsito de bicicletas rodando por Jaboatão dos Guararapes, Recife, Olinda, Paulista, em qualquer hora do dia, mesmo com o calor de racha coco. Difícil acreditar que não tivessem sido instigados pelas notícias dos imensos bicicletários das grandes fábricas de São Paulo e do ABC (e Diadema), da confusa saída diária da multidão de ciclistas operários da Fundição Tupy de Joinville, famosa, comentada até por industriais de direita. ...Cubatão, Guarulhos, Rio Claro, Paranaguá, Baixada Fluminense, toda cidade do litoral, sertões...., em todo Brasil, milhões e milhões de ciclistas, pelo menos uns 30 milhões naquela época... invisíveis? Mesmo atuando com os sindicatos dentro de Caloi e Monark, que produziam 95% das quase 3 milhões de bicicletas/ano no Brasil, este pessoal não conseguiu imaginar onde poderia estar toda esta incrível produção?

“Bicicleta é coisa de pobre” era a frase que estava na ponta da língua de todos; ou seja, todos sabiam da existência da bicicleta – todos. Naquela época, décadas de 60, 70, 80, 90, a massa de ciclistas trabalhadores era proporcionalmente maior que hoje. Os números do IBGE de 1981 provam que a bicicleta era o principal modo de transporte do Brasil, deixando muito para trás, comendo poeira, qualquer outro modal de transporte por veículo. Eles, a dita esquerda, desconheciam?

Hoje Fernando Ferro defende um projeto de lei sobre redução de impostos para bicicletas. Como ele, Fernando Ferro, será visto dentro do partido e das esquerdas que apoiaram sem restrição o zero IPI para automóveis e se calaram sobre os até 42% de impostos incidentes sobre o setor da bicicleta?

Espera-se que a preocupação final não seja com os resultados políticos, como é de praxe. Para boa parte destes novos beneméritos da bicicleta o produto final entregue à população deve retornar em votos. Tipo assim: construir ciclovias bem visíveis para melhorar a segurança dos ciclistas; não importando que a produção nacional de bicicletas básicas e populares seja de baixíssima qualidade, cheia de defeitos, portanto inseguras, muito insegura. Por exemplo, como construir casas populares de baixa qualidade e sem esgoto.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

50 mil dividido por...


A capa da Veja São Paulo desta semana vem com um paulistano que gasta R$ 50.000,00 (sim, 50 mil Reais) por balada. O cara se acha o máximo, o último biscoito do pote, o farol da sociedade... E é, depende da referência. Para uma imensa fatia do bolo da sociedade brasileira isto é que é ser rico de verdade.
Eu tive a benção de ter convivido um pouco com vários planetas sociais, o que me ajuda muito a ter uma visão menos fantasiosa e mais neutra do caldeirão das vaidades. Daí minha profunda irritação com esta história de construir um Brasil dividido, dos bons coitadinhos de um lado, contra a malvada elite do outro. Elite? O que é elite? Quem é elite? O crime é ser rico? Quem é rico? Elite ou zelite? O que é riqueza, um babaca que gasta toneladas de dinheiro para se exibir socialmente? Mauricinhos, patricinhas, peruas, yuppies...? Sob que parâmetros? PQP! Quanta pobreza! Quanta mediocridade! A zelite define o que é elite? Chiquérrimo! Brilhante! Deveras inteligente. Bem Brasil do nunca antes.

Mino formou-se numa nas melhores do Brasil, Danti Alighieri e depois a Poli, tornou-se presidente da Plavinil. Dentro do setor da bicicleta acabei conhecendo a história não o Mino meu querido tio, mas o Mino profissional, responsável por uma fábrica, chefe de muitos funcionários. Estes ex-funcionários da Plavinil contavam com prazer sobre um Mino sempre preocupado com os funcionários da fábrica, um Mino que entrava com frequência na linha de produção, conversava, perguntava sobre a família de cada um, acompanhava os problemas dos funcionários, era querido, respeitado. Este mesmo Mino que segundo o critério deste pessoal do Brasil do nunca antes, era o malvado, representante da elite.
Mino teve uma vida boa. Sempre foi muito preocupado com a qualidade de vida de toda família, bem ao modo italiano. Os quatro filhos estudaram em bons colégios e faculdades, tiveram uma casa de férias, fizeram viagens... Mino  sempre teve um preocupação verdadeira com o futuro do Brasil.

Eu, Arturo. Sempre tive preocupação com os diferentes, principalmente por que eu próprio sou um diferente. Nasci assim. Simples: sou hipo-hiperglicêmico, disléxico e para completar tenho DDA, o que me fez um filho, irmão, aluno, amigo, ..., e sobrinho bem “diferente”, para dizer o mínimo. Gostaria de ter sido um sobrinho mais fácil e dói não ter aproveitado melhor o convívio com Mino. De certa forma aproveitei, pelo exemplo. Mino, Zico, Jandir  e mesmo meu pai, com quem a coisa foi bem difícil, me deixaram uma riqueza sem tamanho: ter claro que só conhecimento e trabalho coletivo pode construir um futuro perene. Mino, em particular, não gostava nada de falácia e inocentes úteis. Infelizmente não tive maturidade para ouvir, trocar ideias, discordar sem engrossar ou mesmo agredir. O meu comportamento deixou como sequela o distanciamento de meus primos, uma perda muito grande, irreparável.
Luta de classes...

http://vejasp.abril.com.br/blogs/pop/2013/11/04/rei-do-camarote-vira-meme-e-ganha-gifs-animados-e-montagens-na-internet/

Um jantar para lá de agradável - inteligente


Daniel Guth ontem deu um jantar para um grupo de amigos. Mikael, convidado especial, na sua estadia de 36 horas no Brasil, de passagem para Lima, Peru, entre eles. Melhor dizendo, indubitavelmente todos fomos convidados especiais. Ótimo jantar, ótima recepção; muito obrigado Dani.

O pessoal convidado é todo ligado à bicicleta, gente que vejo eventualmente em eventos, quando infelizmente não se consegue conversar. Muito bom reunir e ficar longe das amarras do trabalho bicicleta, poder viajar noutras pastagens, baboseiras, indagações, futilidades, atualidades, intelectualidades, maioneses... Quanta pretensão! “Passa o vinho tinto ai... Sobre o que estávamos conversando mesmo? KKKKK....” Como é bom a inteligência livre! Dani tem este dom de ampliar amigos e bons horizontes.

Nada mais chato que estar meio daqueles que só se atêm a um credo. Esta é minha dificuldade de conviver com boa parte dos ciclistas. A bicicleta pela bicicleta me remete a arte pela arte, o que é uma chatice sem tamanho. Sou artista plástico, trabalhei no meio por mais de 15 anos e me afastei do metiê por que não aguentava mais a mesmice. Deixei uma carreira já relativamente estruturada para trás para recomeçar e me divertir através da bicicleta, o que sem dúvida foi uma benção de vida. Arte pela arte? Os seguidores do genial Marcel Duchamp e congeneres, os seguidores do umbigo pelo umbigo, bicicleta pela bicicleta, balada pela balada, moda pela moda, mercado pelo mercado, monotonia pela monotonia,... que me perdoem, mas a vida vai muito além, é mais Inteligente e infinitamente mais divertida.


Boa companhia, inteligência farta, bons vinhos, água gelada, maravilhosa torta de palmito, saladinha verdinha, bom azeite de oliva, sal marinho, muita boa conversa, risadas, fluidez de gente... Nada melhor para acordar bem no dia seguinte. Sem ressaca! Novamente, obrigado Dani.