quarta-feira, 20 de junho de 2012

Poluição

Um dia entrei em casa, depois de dar uma voltinha com os meus cachorros, sentei, o Zumbi subiu no meu colo e o cheiro de poluição de seu pelo chegou a me incomodar. Confesso que fiquei deprimido. Pensei nos meus netos, nas crianças, nos cachorros que passeiam pelas calçadas. E olha que no bairro a maioria dos carros e motos está em bom estado, não soltam fumaça que se possa perceber, e ônibus só a dois quarteirões de distância.
            Na mesma época eu estava trabalhando num projeto em outro município, que não tem controle veicular, e cada vez que circulava pedalando naquelas ruas e avenidas voltava para casa preto de poluição e cheirando horrorosamente mal. O que saia do nariz era assustador. Motociclista sabe bem do que estou falando. A diferença é que com a bicicleta eu procuro ficar o mais longe possível de ônibus e caminhões.     Foi quando pedalei pela primeira vez no meio do trânsito pesado de Paris que percebi quão ruim é a qualidade de nosso ar. Não consegui sentir praticamente nenhum cheiro, mesmo ao lado de um ônibus. Estava de camiseta branca e ela continuou branca. Em casa cheirei minhas roupas e praticamente nada. O mesmo para o caos de Nova Iorque.
            Não sei o que acontece, mas a cada ano que passa tenho mais problemas com a garganta. Não é uma questão de variação de temperatura, nem de frio, porque em Paris variações e frio foram maiores que as nossas e sai de lá perfeito. Deve ser o ar daqui. Mesmo com o novo diesel, se é que já está sendo distribuído, o número de veículos circulando aumentou tanto que é possível sentir o ar mais pesado. Antigamente até que era divertido surfar com a bicicleta no mar de carros parados. Perdeu a graça. Aliás, nem para bicicletas há mais espaço. Nem ar. Agora, mais que nunca, os caminhos alternativos são a saída saudável para o ciclista. Avenidas? Tá louco.
            Se servir de consolo para nós das duas rodas, quanto mais próximo do solo pior a poluição. Motoristas respiram um ar muito pior que ciclistas por estar mais baixo e próximo da fonte poluente, o cano de escapamento. Ouvi isto em 1997 da boa figura Andreas Marker, na época trabalhando para a GTZ, Cooperação Técnica Alemã. E soube sobre a questão do tamanho das partículas de poluição. Quanto mais fino o particulado pior. Tempos depois foi publicado que a forma como medimos poluição não é adequada e que as medidas da CETESB pouco servem. Estamos muito longe de ter a qualidade de ar de outros países ricos. Triste.

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