Na mesma época eu estava trabalhando
num projeto em outro município, que não tem controle veicular, e cada vez que circulava
pedalando naquelas ruas e avenidas voltava para casa preto de poluição e
cheirando horrorosamente mal. O que saia do nariz era assustador. Motociclista
sabe bem do que estou falando. A diferença é que com a bicicleta eu procuro
ficar o mais longe possível de ônibus e caminhões. Foi quando pedalei pela primeira vez no meio do trânsito pesado
de Paris que percebi quão ruim é a qualidade de nosso ar. Não consegui sentir praticamente
nenhum cheiro, mesmo ao lado de um ônibus. Estava de camiseta branca e ela
continuou branca. Em casa cheirei minhas roupas e praticamente nada. O mesmo
para o caos de Nova Iorque.
Não sei o que acontece, mas a cada
ano que passa tenho mais problemas com a garganta. Não é uma questão de
variação de temperatura, nem de frio, porque em Paris variações e frio foram maiores
que as nossas e sai de lá perfeito. Deve ser o ar daqui. Mesmo com o novo
diesel, se é que já está sendo distribuído, o número de veículos circulando aumentou
tanto que é possível sentir o ar mais pesado. Antigamente até que era divertido
surfar com a bicicleta no mar de carros parados. Perdeu a graça. Aliás, nem para
bicicletas há mais espaço. Nem ar. Agora, mais que nunca, os caminhos
alternativos são a saída saudável para o ciclista. Avenidas? Tá louco.
Se servir de consolo para nós das
duas rodas, quanto mais próximo do solo pior a poluição. Motoristas respiram um
ar muito pior que ciclistas por estar mais baixo e próximo da fonte poluente, o
cano de escapamento. Ouvi isto em 1997 da boa figura Andreas Marker, na época
trabalhando para a GTZ, Cooperação Técnica Alemã. E soube sobre a questão do
tamanho das partículas de poluição. Quanto mais fino o particulado pior. Tempos
depois foi publicado que a forma como medimos poluição não é adequada e que as
medidas da CETESB pouco servem. Estamos muito longe de ter a qualidade de ar de
outros países ricos. Triste.
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