sexta-feira, 22 de junho de 2012

“Ciclista fura sinal e morre em colisão com micro-ônibus”

O Estado de São Paulo
São Paulo Reclama:

A pergunta é: por que o adolescente cruzou o sinal vermelho? A resposta mais óbvia e comum é que a maioria dos ciclistas evita perder o embalo. E a pergunta que ninguém faz é sobre a qualidade da bicicleta e sua capacidade de frear. Bicicletas, como a que está no foto da reportagem, costumam ser de baixa qualidade e ter sistema de freio precário ou que simplesmente não funciona. Ainda pela foto, acredito que os freios sejam de aço recoberto por plástico e os manetes de freio em plástico, uma combinação sem qualquer eficiência.
Quem trabalha em rodovias, principalmente as concessionadas, dizem que o número de acidentes causados por falha mecânica da bicicleta é muito alto, acima de 35%, o que não é tão difícil de comprovar. Basta revirar o lixo de bicicletarias de bairro. Os fabricantes de bicicletas no Brasil que estão oficializados (com CMPJ e etc..) afirmam que o índice de informalidade do setor é altíssimo, próximo aos 50%. Muita bicicleta montada sequer tem alguma marca que indique procedência. Não há qualquer controle oficial, assim como desconheço a existência de pelo menos um técnico ou perito especializado em bicicletas trabalhando no Brasil. Se houvesse provavelmente no número de acidentes envolvendo ciclistas seria muito menor.
Não há qualquer número oficial, mesmo que especialistas de trânsito e transporte reconheçam que mui provavelmente a bicicleta é o veículo mais usado no Brasil, com uma frota que seguramente ultrapassa 50 milhões de bicicletas, segundo as entidades representativas do setor (legalizado). O último senso do IBGE que incluiu a bicicleta foi em 1981.
Nesse imenso desprezo e desrespeito oficial, a responsabilidade sempre vai recair sobre o ciclista, principalmente os de baixa renda que são presa fácil de fabricantes, contrabandistas e bicicletarias despreparadas ou de má fé.

Artigo publicado no caderno Cidades/Metrópole, pg. C6, Sexta-feira, 22 de Junho de 2012, do jornal O Estado de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário