São Paulo Reclama:
A
pergunta é: por que o adolescente cruzou o sinal vermelho? A resposta mais
óbvia e comum é que a maioria dos ciclistas evita perder o embalo. E a pergunta
que ninguém faz é sobre a qualidade da bicicleta e sua capacidade de frear.
Bicicletas, como a que está no foto da reportagem, costumam ser de baixa
qualidade e ter sistema de freio precário ou que simplesmente não funciona. Ainda
pela foto, acredito que os freios sejam de aço recoberto por plástico e os
manetes de freio em plástico, uma combinação sem qualquer eficiência.
Quem
trabalha em rodovias, principalmente as concessionadas, dizem que o número de
acidentes causados por falha mecânica da bicicleta é muito alto, acima de 35%,
o que não é tão difícil de comprovar. Basta revirar o lixo de bicicletarias de
bairro. Os fabricantes de bicicletas no Brasil que estão oficializados (com CMPJ
e etc..) afirmam que o índice de informalidade do setor é altíssimo, próximo aos
50%. Muita bicicleta montada sequer tem alguma marca que indique procedência.
Não há qualquer controle oficial, assim como desconheço a existência de pelo
menos um técnico ou perito especializado em bicicletas trabalhando no Brasil.
Se houvesse provavelmente no número de acidentes envolvendo ciclistas seria muito
menor.
Não
há qualquer número oficial, mesmo que especialistas de trânsito e transporte reconheçam
que mui provavelmente a bicicleta é o veículo mais usado no Brasil, com uma
frota que seguramente ultrapassa 50 milhões de bicicletas, segundo as entidades
representativas do setor (legalizado). O último senso do IBGE que incluiu a
bicicleta foi em 1981.
Nesse
imenso desprezo e desrespeito oficial, a responsabilidade sempre vai recair
sobre o ciclista, principalmente os de baixa renda que são presa fácil de fabricantes,
contrabandistas e bicicletarias despreparadas ou de má fé.
Artigo
publicado no caderno Cidades/Metrópole, pg. C6, Sexta-feira, 22 de Junho de
2012, do jornal O Estado de São Paulo.
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