Sexta-feira, 02 de Junho de 2012,
estive no evento realizado na Assembleia dos Deputados do Estado de São Paulo e
promovido pelo Partido Verde relativo ao Dia do Meio Ambiente. Foi uma
experiência assas interessante e ao mesmo tempo um tanto assustadora. O evento foi
levado por políticos ligados a grupos evangélicos, com leitura de Salmo, agradecimentos
a Deus, cantorias gospel, e homenageados: “o secretário de Saneamento e
Recursos Hídricos Edson Giriboni; a atriz Letícia Sabatella, ativista social e
ambiental; a jornalista e cicloativista Renata Falzoni; o projeto
TAMAR-Ubatuba, o Portal Ciclo Vivo; e a estilista que atua com moda sustentável
Consuello Matroni” (lista retirada do site do PV); mais o Prefeito de Rio das
Pedras e Marcelinho Carioca (não citados pelo site do PV).
Entre os acontecimentos que me
pareceram “exóticos”, o Prefeito de Rio das Pedras recebeu sua homenagem e fez o
agradecimento para “meu pastor”, no caso o presidente da mesa (Deputado do
Estado de São Paulo pelo PV), como se aquilo fosse uma conversa entre amigos de
culto e o povo ali sentado (eleitores) simplesmente não existisse.
Outra situação que não entendi bem
foi uma das razões para a homenagem para Marcelinho, que parece ser um empreendimento
que os dois, Marcelinho e alguém da mesa diretora, têm em conjunto. De novo, e me
desculpem, mas não entendi bem o que eles falaram; ou se entendi direito
prefiro não ter entendido.
Creio que todo aquele evento esteja
gravado na TV Assembleia SP para quem quiser ver. Desculpem, mas que Assembleia
era aquela, a do povo de São Paulo ou a de Deus? Não tenho a menor dúvida que dentro
da casa que representa o povo qualquer solenidade ou evento de caráter oficial deve
se ater a um formalismo chato, mas neutralizador, que serve exatamente para respeitar
todos credos, raças, gêneros, etc.., sem qualquer exceção. Protocolo, meus
caros, protocolo! O Estado não deve ser laico?
Infelizmente a política no Brasil
virou uma terra de ninguém. Gostaria de conhecer alguém que se sente
representado para entender as coisas. Vai ver que mudou algo que eu ainda não
pesquei e que é bom. Eu não consigo enxergar. Sinto o Brasil de meus sonhos profundamente
traído e quero achar um caminho para reconstruí-lo. Isto que está ai é...
Na manha seguinte ao evento na
Assembleia aconteceu uma reunião promovida pelo Ciclocidade e Ciclobr para preparação
de um documento reivindicatório que será entregue aos candidatos à Prefeitura
de São Paulo. A reunião foi clara, objetiva, focada, demonstrando que temos uma
nova geração de lideranças que sabe o que quer e faz corretamente. O documento que
será criado tem por base uma pesquisa realizada, que está tabulada, foi apresentada
e discutida de maneira neutra, madura para entrar em outro estágio de revisão e
só então sairá o documento final; como deve realmente deve ser feito.
Sai de lá realmente feliz,
principalmente porque venho, desde os anos 80, chamando as lideranças da
bicicleta para fizessem isto, sem grande sucesso. Até criei uma espécie de manual
para criação de um documento reivindicatório no site Escola de Bicicleta - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloativismoEB.html
- para ver se estimulava outros manifestos, mas desconheço algum resultado. Ficaria
muito feliz se estiver enganado. Aqui em São Paulo principalmente eu e o Sérgio
Luís fazíamos toda eleição um documento reivindicatório próprio para o momento
e eleição e saíamos entregando, mas definitivamente dois pássaros não fazem
revoada. Hoje, pelo que vi, temos uma bela revoada de pássaros que querem voar
longe e conhecem um norte. Parabéns garotada!
Acredito que o Brasil está passando
por um dos piores momentos da história que eu vivi. Quando tudo está
aparentemente tranquilo é que as pessoas relaxam e põe tudo a perder. Não se
perde oportunidades. Dinheiro não nasce em árvore. Não tenho dúvida que o
Brasil está desperdiçando uma oportunidade única para construir um futuro. O
que temos é uma imensa ilusão, ou pior ainda: uma monstruosa enganação. A base
de sustentação do país hoje, infraestrutura, educação, saúde, segurança social,
é muito mais frágil do que era antes. Cidades justas, equilibradas, com futuro,
não se fazem com IPI baixo, estímulo ao carro individualista, TV e linha branca.
Se isto ai é socialismo, sou mico de circo de cavalinhos.
E ai vivencio estes dois exemplos
sociais, um oficial, de partido político importante, numa casa de
representantes importantíssima no cenário brasileiro; e o outro realizado por um
grupo de jovens “internéticos” da sociedade civil. Pena que vocês não estivem juntos para ver os
eventos tirar suas próprias conclusões.
Arturo, lindo texto! É emocionante ler e ouvir suas palavras. Forte Abraço.
ResponderExcluirArturo, muito feliz com todas as suas palavras, não só pelos elogios à revoada de pássaros da garotada, mas por todas as reflexões que vocẽ vem postando aqui. Tenho certeza que o nosso trabalho é continuação do seu e que é muito importante ter você por perto! Abraço
ResponderExcluirArturo, sua modéstia omitiu um fato importante, essa garotada de hoje tem o vento soprando e forte à favor, praticamente não é necessário pedalar é só equilibrar. As gerações antecessoras pelo contrário, tinham que pedalar com forte e contra!
ResponderExcluirTexto maravilhoso como sempre, abraço forte!
Arturo, estava lá na Ciclocidade, onde me senti honrado de estar no mesmo espaço de debate que você. Já vi palestras suas, já li textos seus e sei de toda a luta que você vem travando por uma cidade melhor. Obrigado e parabéns (por tudo, inclusive pelo texto!).
ResponderExcluirBonito e triste seu texto camarada... a situação do pv é uma lástima, lamentavelmente. A participação e respeito mutuo é importantíssimo e é legal ver que isso têm acontecido nessa garotada que somos todos nós. Um abraço pra tudo nóis, juntos somos fortes!
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