Em 1992 morava no Itaim Bibi e
fui trabalhar na Caloi. Ia praticamente todos dias de bicicleta, e algumas
vezes cheguei a pegar a estradinha de terra que vai da ponte João Dias, passa pelo
Centro Empresarial e termina na avenida Guarapiranga, então os fundos da
fábrica da Caloi. Algumas poucas vezes cheguei a ir em frente e seguir até a
usina da Traição, passando em frente ao Parque Burle Marx, onde há uma espécie
de barranco que dá para brincar de mountain bike. Eduardo Ramires quis
transformar a área em local de treinamento, mas não conseguiu.
Na época era possível cruzar o
rio pela antiga ponte João Dias, que estava desativada, e sair na ou Marginal Pinheiros
ou na estradinha de terra junto à linha do trem, onde hoje está a Ciclovia
Marginal Pinheiros. Era divertido porque não havia ninguém, mas alguns dias o
cheiro do rio era insuportável, outros a quantidade de mosquitos
impossibilitava respirar, e em algumas raras situações o clima ficou tenso,
principalmente debaixo da João Dias, onde apareciam uns tipos nada agradáveis.
Numa tarde havia um carro de polícia guardando um presunto queimado, cena nada
agradável.
Uns anos depois voltei lá sozinho
para checar como estava o trecho que vai da avenida Guarapiranga pelo canal e
segue até a barragem da Represa Billings pelo rio, um pedaço bem interessante
para pedalar e reurbanizar. Mais outros anos e segui em frente numa vistoria, a
pedido de Reginaldo Paiva, da CPTM, acompanhando a linha do trem até Grajaú,
onde hoje está uma estação do Metro-CPTM e terminal de ônibus. Só me falta
pedalar pelo trecho que vai da barragem até a ponte do Socorro, o que hoje é
fácil porque é coberto pela ciclovia. Também nunca pedalei no trecho do Jóquei
/ Jardins e da USP / Alto de Pinheiros, que acaba de receber mais um trecho da
ciclovia.
Apesar de gostar da
experiência e do entusiasmo da maioria, sempre fui contra colocar uma ciclovia
às margens do Pinheiros. Vento, mosquitos, cheiro, inutilidade para modo de
transporte e principalmente custo foram e são meus argumentos. Desde o primeiro
momento sempre vi a bicicleta como modo de transporte, portanto enxerguei e
sonhei com um plano cicloviário completo e integrado para deslocamentos
práticos, o que tira o sentido de levar os trabalhadores para as margens do
rio. Continuo acreditando nesta tese. Há
nesta ciclovia do Pinheiros a questão do alto custo de implantação. O que está
implantado lá custou muito e não deve parar por ai. O custo mais pesado ainda
virá com as pontes de acesso, estas sim dinheiro pesado, muito pesado. A meu
ver, antes desta ciclovia de uso quase que exclusivo para lazer, deveria ser
implantado uma rede de caminhos internos nos bairros na escala do Centro
Expandido, mais até Santo Amaro numa ponta, e até Penha noutra pelo menos.
Participei de várias reuniões
para vários planos ligados ao rio Pinheiros. O primeiro foi o da Eletropaulo, o
que depois gerou um projeto que pretendia ligar o Parque Ibirapuera com a
Cidade Universitária da USP pela av. Juscelino Kubistchek, passando pelo Clube
do Mé, que hoje o Parque do Povo, com uma bela ponte de pedestres ciclistas cruzando
o rio em paralelo a ponte Cidade Jardim, seguindo avenida do Jóquei até o
portão principal da USP. Este foi um projeto que deu dor no coração não ter
saído do papel porque fazia sentido. A Ciclo Faixa de Domingo veio décadas
depois, seguiu basicamente o mesmo trajeto, precisa de uma logística de
funcionamento bastante complicada e não é perene como a idéia original.
Parece que ainda não morreu o
projeto de construção da ciclovia na margem do rio oposta a que hoje tem a
ciclovia. Não foi para frente porque o processo seguiu os passos normais da
coisa pública e naquela margem há muito cacique tomando conta do terreiro, pelo
menos uns cinco, se não me falha a memória. Tem Governo Federal, Estadual e
Municipal; mais órgãos e concessionárias. Um rolo sem tamanho. Pelo que entendi,
um dia o Serra cansou do andor e mandou que o Portella, então Secretário de
Transportes Metropolitanos, a toque de caixa implantasse a ciclovia que hoje
existe. E logo saiu do papel, passando por cima de “detalhes” e oposição
interna. De uma certa forma repetiu-se o que já havia acontecido na Ciclovia
Radial Leste. “Cumpra-se!”
Reginaldo Paiva sonhou em
aproveitar as margens da linha da CPTM a partir de Engenheiro Evangelista,
construir uma ciclovia ai, que desceria para a margem do Pinheiros, seguiria no
sentido Santo Amaro, cruzaria o rio numa estrutura apoiada nos tubos da SABESP
que passam paralelo a ponte do Socorro, pegaria uma via de serviço que praticamente
termina no Largo 13, Santo Amaro. Nem sequer entrou em pauta por causa da reforma
da linha para instalação da linha CPTM / Metro lilás.
Sonhos e trabalho para aproveitar
as margens do Pinheiros não falta. Hoje vejo a questão como uma forma de
recuperar os grandes rios, Tiete e Pinheiros, para São Paulo, o que é vital se
quisermos um futuro para esta cidade. A ciclovia em si considero um engana
bobos. Meu sonho é usar a bicicleta para ajudar a resgatar as cidades para a
vida. Quando o Governo nos convidou, ciclistas, para apresentar a idéia da
ciclovia Pinheiros, estava em processo a ampliação das pistas da marginal Tiete.
Nesta mesma reunião falei que os ciclistas deveriam aproveitar a oportunidade
para demandar do Poder Público a assinatura de um termo de compromisso, com
prazos claramente estabelecidos, que definissem a desocupação das margens do
Tiete, afastando os carros da água, melhorando a permeabilidade, e devolvendo
para a população o que nunca lhe deveria ter sido tirado: o direito a conviver com
seus rios. Esta é a única razão pela qual me parece aceitável esta ciclovia do
Pinheiros.
Li a matéria na revista “Infraestrutura Urbana” – janeiro 2013 – “BICICLETÁRIO MODAL” mencionando o projeto para a estação ferroviária José Bonifácio.
ResponderExcluirO ICZ – Instituto de Metais não Ferrosos – faz um trabalho de divulgação da Galvanização por Imersão a Quente, processo mais eficiente de proteção do ferro e aço contra a corrosão, através de palestras gratuitas em entidades de ensino. Temos alguns slides que mostram “Bikestation” com sistemas semelhantes ao proposto para a estação ferroviária José Bonifácio, onde as canaletas e todas as demais estruturas metálicas são galvanizadas. Conquistamos com isso, além do aumento de vida útil das estruturas, a sustentabilidade do produto e a segurança para os usuários.
Aqui no Brasil nos deparamos hoje com várias aplicações com aços galvanizados por imersão a quente, como pórticos de sustentação em ferrovias, postes de iluminação, defensas metálicas (guard rail), grades de proteção, guarda corpos, pórticos de sinalização e seria bastante interessante que esta tendência dos bicicletários também se beneficiasse deste processo.
Atenciosamente,
Eng° Paulo Silva Sobrinho
Coordenador Técnico
ICZ – Instituto de Metais Não Ferrosos
Fone/Fax: (55-11) 3214-1311
paulo.sobrinho@icz.org.br
http://www.icz.org.br
http://www.portaldagalvanizacao.com.br