Infelizmente praticamente todas as
pontes desta cidade, principalmente as mais novas, foram projetadas para a
passagem de única e exclusiva de veículos motorizados. Ciclistas e pedestres ou
não tem espaço para circular, ou só conseguem chegar a elas com grande risco. Ouvi
dentro da Prefeitura a seguinte pérola: “Se (o pedestre) quer cruzar o rio
(Pinheiros) que pegue um ônibus”. Como se nada menos que 34% da população paulistana,
que se locomove unicamente a pé, não existisse. Ir e vir é direito
constitucional, mas não se respeita. Bom, enfim, cruzar pedalando as pontes
desta metrópole não é tarefa tranqüila, mas necessária e não raro uma experiência
visual que vale a pena.
Quem passa na Ponte Cidade
Universitária talvez tenha visto que já construíram uma rampa de acesso para o
que em breve será a continuação da Ciclovia Marginal Pinheiros. Mais uma obra
caríssima para uso quase restrito de lazer. Imagino que deva ser ligada ao
trecho já existente e com este novo acesso os 25 km de ciclovia (se não me
falha a memória) terão ao todo 3 acessos: Jurubatuba, Vila Olímpia e Cidade
Universitária. Havia sido prometido o
acesso ao Parque Villa Lobos e Parque do Povo, e um próximo da ponte João Dias,
mas não consegui ver as obras, portanto deve se restringir a estes 3 acessos.
O custo desta ciclovia na margem Pinheiros
deveria despertar atenção, mas todo mundo está feliz e fazer qualquer
comentário é tido como uma chatice inconveniente. Triste. Só dá para entender que
a população aceite os acessos hoje existentes partindo da premissa que “qualquer
coisa que vier é boa”. Definitivamente não partilho deste princípio. O que
resta é ter a esperança que a pintura vermelha não seja tão escorregadia como a
plicada no primeiro trecho, que derrubou uma quantidade grande de ciclistas,
incluindo alguns profissionais.
Acabei meu dia pedalando no Parque
do Povo, que a cada dia fica mais simpático e agradável. A ciclovia é estreita
e é preferível pedalar no sentido anti-horário para ir junto com o pessoal. Tenho
muito mais medo de ciclista vindo no sentido horário que de pedalar no
trânsito. É mais agradável que pedalar no Ibirapuera onde há muito pseudo-ciclista
pseudo-treinando nos dois sentidos; uns loucos. A saber: números apontam os
parques como os locais mais perigosos para pedalar na cidade, com o Parque Ibirapuera
praticamente invicto. Interno de bairro é muito mais seguro.
Como a Ciclo Faixa de Domingo só
abre nos domingos durante o dia, com uma logística bem trabalhosa e custo
operacional alto, que também parece não interessar a ninguém, tenho que voltar
pedalando no meio do trânsito. Sei quem sou e qual é o jogo, e sigo tranqüilo,
sem atritos. Só sinto pelo desinteresse dos paulistanos pela bicicleta como
modo de transporte. Praticamente tudo que foi implantado em São Paulo nestes
últimos anos, que é muito pouco se comparado a outras capitais mundiais, tem um
cheiro de politicagem barata. E o paulistano pedala nela.
"Infelizmente praticamente todas as pontes desta cidade, principalmente as mais novas, foram projetadas para a passagem de única e exclusiva de veículos motorizados"
ResponderExcluirOs engenheiros e órgãos desconhecem o § 5º do artigo 68 do CTB, que obriga toda ponte a ter passagem adequada de pedestres?
Os órgãos de fiscalização da engenharia e sindicatos não alertam para isso?
O Min. Público, pretenso defensor da lei, deixa frouxo?
Havia escrito esses versinhos muito toscos no total impulso, quando vi ciclofaixa de 75cm que inauguraram em Curitiba, mas eles servem para muito mais coisa:
ResponderExcluirVERSINHOS SOBRE A REALIDADE CICLOVIÁRIA BRASILEIRA:
Faz qualquer coisa,
faz mal-feito.
Faz o que dá pra fazer,
faz de qualquer jeito.
Não precisa planejar, consultar, estudar,
nem fazer bem feito.
É só fazer bastante propaganda,
que eles até acreditam que estamos na Holanda.
Muito bom o artigo, e esses versos tb, e bora planejar amanhã!
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