A notícia é velha, mas é bem possível que os estragos ainda estejam sendo sentidos por quem não tem nada a ver com a história.
Vocês se lembram, o maluco cruza o caminhão e para o rodoanel por cinco horas. Agora se sabe que o maluco teve um chilique e inventou a história que estava preso a uma bomba. Tudo mentirinha, delírio, ou sabesse lá por que razão. Não importa, fato é que o caminhão ficou cruzado no Rodo Anel por cinco horas.
Detalhe, a brincadeirinha dele praticamente parou boa parte da Região Metropolitana de São Paulo, o que representa parte de algo em torno de 18% do PIB brasileiro, por volta de uns R$ 1.6 trilhões, nada mais, nada menos, simples assim. Quanto exatamente, se alguém não divulgou. Óbvio que deve ter um número. Tem uma *estimativa básica, que está no final.
Imagine agora, o sujeito confessa o crime de farsa, sim, crime previsto em lei, mas não vai responder pela brutal perda financeira que seu discreto chilique causou à cidade, todos paulistas e brasileiros? Só vai responder por um crime menor? Falso o que? Desculpem, mas qual é a piada que não entendi. Chega!
Quando nós, brasileiros, vamos tomar consciência e parar de pagar pelas besteiras, pequenos crimes, estupidezes e loucuras do próximo? Já pensou no tamanho desta nossa piedade sem fim?
Hoje acaba de sair a notícia de mais uma operação da PF contra golpes que nos lesaram em R$ 26 bi. Faz uns dias outra notícia sobre o sumiço de sei quantos R$ bi. E assim seguimos. Mais dias passados e não me lembro mais quantos bi. "Só se fala em bi? Não é possível!" Se fosse mil, já seria um absurdo, mas nós somos os campeões, portanto bi, tri, tetra, penta... exa... Quanto maior o roubo, melhor? Sadomasoquismo patriótico?
No Congresso Nacional não anda a votação um projeto para punir devedor contumaz, aqueles que sabem que se derem calote um dia serão beneficiados por uma renegociação ou anistia. Quem paga esta conta? Quem paga mesmo? A bunda, desculpem, o bolso da bunda de todos os que cumprem as regras corretas do jogo.
Chega!
Faz muito que não aguento mais ver o povo pagar o poste que o bêbado derrubou, a parada de ônibus depredada por farra, janelas quebradas por diversão, pichações, entulho jogado no meio da rua provocando enchente, trambiques, etc....
O caminhão bomba no Rodo Anel foi um caso isolado que eventualmente acontece? NÃO!
Motociclista estendido no chão já chegou a 70 por dia, e a cada vez que eles se acidentam vira um caos no local, no entorno e até muito distante. Tem custo para todos, menos para quem foi responsável? É isso?
Para entender o tamanho do problema de uma simples e corriqueira ocorrênciade trânsito: um dia a CET fechou o acesso da marginal Pinheiros para a av. Euzébio Matoso. Fui saber o que tinha acontecido e me disseram que o Viaduto Guadalajara tinha alagado. "Como assim? O Viaduto Guadalajara está a 14 km daqui". Sim, efeito cascata, em menos de 20 minutos parou tudo, Radial Leste, Ligação, Consolação, Rebouças. Euzébio.
Então, será que um motociclista no asfalto não tem reflexos maiores? Ou dois idiotas discutindo por danos menores, ou o que quer que seja. Quanto custa a brincadeira sem graça?
Você já ouviu que algum dos responsáveis por estas ocorrências tenha sido responsabilizado e obrigado a pagar o custo para a cidade, ou seja, para todos cidadãos? Eu não. Se queremos parar com os discretos golpes nossos de cada dia, temos que parar de pagar do nosso bolso pelo erro consciente dos outros.
Só lembrando: Brasil é vergonhosamente detentor do maior caso de corrupção da história recente: o Petrolão. Só sumiram Euro$ 64 bi. O que se seguiu, foram todos absolvidos por erro processual. O dinheiro? Ninguém sabe, ninguém viu. E assim segue a pacata vida brasileira.
*Estimativas mais recentes mencionam:
- A crise de mobilidade na cidade de São Paulo custa, por ano, mais de R$ 40 bilhões, o que equivale a aproximadamente 1% do PIB brasileiro e 7,5% do PIB paulistano, segundo estudos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
- Outro estudo, de 2014, estimou que os congestionamentos na região metropolitana de São Paulo somavam em média 300 km por dia e custavam **R120 bilhões.
- Em termos de custos pecuniários diretos, estudos anteriores (com dados de 2008) indicaram um custo variável por km (CV) de aproximadamente **R712,04 na época.
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