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O Estado de São Paulo
Pouco depois de Serra ter assumido o governo do Estado ele apresentou o projeto da nova marginal Tiete com ampliação do número de faixas rodantes. Fui numa das apresentações internas. Projeto apresentado, houve quem argumentasse sobre a qualidade das águas do Tiete. Eu disse que se tivesse poder só autorizaria o projeto caso fosse assinado um documento por parte do Governo do Estado se comprometendo a devolver para o rio a faixa da esquerda, contígua às águas, criando um princípio de mata ciliar e parque linear. Expliquei que com o termino do trecho norte do Rodoanel, portanto passado o tempo de necessidade urgente do alargamento, com o qual concordava pelas razões econômicas apresentadas, a devolução da faixa esquerda seria possível, traria inúmeras vantagens, inclusive econômicas, para toda população. E quase apanhei, literalmente, inclusive de uma das peças chave do ambientalismo no Brasil.
Uma faixa de rodagem devolvida ao rio, para começar, a primeira do que deve ser, melhor, obrigatoriamente terá que ser, é crucial para o bem estar da região metropolitana, em particular das cidades que ficam a suas margens. Esta é uma luta que se tem que iniciar já.
Um tempo depois de inaugurado o primeiro trecho da Ciclovia rio Pinheiros encontrei Fábio Bueno, que contou que para a grande surpresa do Governo do Estado, da Cetesb e Sabesp, o número de reclamações sobre a qualidade das águas havia explodido, o que foi inesperado, mas ótimo. Nunca o rio Pinheiros tinha sofrido uma pressão tão positiva pela sua despoluição.
Tendo trabalho algumas vezes com os holandeses, e tendo visitado outras tantas os Países Baixos, incluindo Holanda, entendo a importância crucial de ter ciclistas pedalando junto às águas. Eles acabam naturalmente se transformando em guardiões.
No caso do rio Tiete o primeiro passo é devolver uma faixa de rodagem às águas com vegetação primária. Até que se tenha mais espaço e um controle maior das enchentes, sou contra a implantação de uma ciclovia ali. Já vivi uma enchente do rio Tiete e sei que as águas sobem numa velocidade que dificulta ou impossibilita a fuga de um ciclista para local seguro. Ademais, uma faixa de rodagem é muito estreita para a criação de uma ciclovia mais vegetação primária para formação de mata ciliar.
Em entrevista para a Rádio Eldorado FM, a Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende, falou sobre a situação atual do rio, sobre o que se vem fazendo para sua melhora, sobre o alocamento de R$ 20 bi em verbas, e sobre a situação de coleta e tratamento de esgoto nas cidades. Em particular citou Guarulhos que em 2017 tinha só 2% de esgoto tratado, sim, 2% de esgoto tratado. Fui consultor do projeto cicloviário de Guarulhos, que por sinal sumiu, ninguém sabe, ninguém viu, e nas vistorias técnicas vi a situação. Num destes dias, o córrego que corre paralelo a Av. Santos Dumont tinha a aparência e consistência de um todinho grosso, difícil de esquecer, nojento. Passei mal. Lembrando o perfil de todas administrações passadas, todas ditas "de responsabilidade social", fiquei mais irritado ainda. Guarulhos é um dos maiores orçamentos do país e ao mesmo tempo um dos mais sérios poluidores do rio Tiete. Que se reverta a situação.
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