domingo, 31 de agosto de 2014

O preço da improvisação (nas ciclovias)

31 de Agosto de 2014
O Estado de São Paulo
São Paulo reclama
sobre: O preço da improvisação
Notas & informações / A3 / Domingo, 31 de Agosto de 2014
Bicicleta está na moda e pedalar tornou-se chique, revolucionário, seja lá o que signifique isto. Fora a moda e o revolucionário, o número de ciclistas nas ruas já está para lá de sensível e não para de crescer e, tardiamente, é necessário melhorar a condição de uso e segurança da bicicleta como modo de transporte. É lógico que este é bom momento para oportunistas. Está ai o ponto de partida da coisa toda atabalhoada.
O que se pode falar se os brasileiros perderam a noção do que é uma cidade, do que é a vida em comum, o que é espaço público, o que é uso coletivo? Vivemos o salve-se quem puder. Como fazer entender que ou todos têm segurança ou ninguém tem segurança efetiva? Esta é a base da segurança efetiva. Ainda não percebemos que medidas unilaterais têm resultados minimente duvidosos? O ciclista quer a sua parte, é lógico. Mas como convencer que ciclovias podem causar (e causam) acidentes de toda espécie?
E ai entra o capacete. Capacete dá segurança? Quem quer a resposta que leia a farta documentação científica existente; ou divirta-se com a jocosa carta que a European Cyclists’ Federation divulgou quando o Governo Espanhol pensou em obrigar o uso do capacete; ou o que diz o governo da França; ou...; ou...; ou... Divirtam-se. Emplacar? Por que não se investigou antes de escrever a respeito? Como foram as experiências anteriores? Porque não deram certo?
Fala-se muita besteira. Faz-se muita besteira. Infelizmente a insensatez corre cada dia mais solta e desvairada na questão da segurança no trânsito, e não só da bicicleta, de todos. É claro que é necessário agir. Num país muito pouco afeito a planejamento o que fazer: tocar em frente da forma que der ou tentar planejar para depois tentar fazer?
Eu faria diferente, mas quem sou eu? O que adianta falar?


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