sexta-feira, 25 de julho de 2014

...feliz aposentadoria.

Ontem voltei de uma reunião no Bike Anjos, http://bikeanjo.org/, pedalando com uma leveza deliciosa n’alma e coração. Missão cumprida. Estou aposentado. Daqui para frente quero simplesmente ser um usuário da bicicleta, sem nenhum comprometimento com políticas, ativismo, reuniões, manifestações e etc... Para quem está na brincadeira desde antes de 1982, data que normalmente digo que foi o início, já é tempo. Saio deste pedaço feliz da vida por que esta nova geração tem uma qualidade de trabalho e ação que qualquer pai cuidadoso deseja para seus filhos. Sim, os considero meus filhos, já que não os tive, ironia de uma vida de amores pela bicicleta.
Fomos, eu, Renata Falzoni e Zé Lobo, e outros que infelizmente não estiveram ali dando seus depoimentos, convidados pelos organizadores da conversa via internet http://bikeanjo.org/2014/07/24/mapabikeanjo2014/ contar o início do ciclo ativismo no Brasil. http://www.youtube.com/watch?v=4AP1tnP_kYo&feature=youtu.beInfelizmente não pude fazer uma correção na hora, mas a faço agora. Fora os que eram ciclistas ou usuários da bicicleta, deve-se render homenagem aos que já estavam dentro da coisa pública e que também devem ser chamados de ciclo ativistas, principalmente Antônio Miranda, responsável pelos Manuais.... (tem um nome não me lembro, mas manuais para sistemas cicloviários). E Sérgio Luís Bianco ((e equipe)), um sonhador que deixou um legado difícil de explicar, mas deveras consistente.  
Do pessoal que está com o bastão só me preocupa um resto de inocência que ainda carrega, coisa da idade. Tenho um pouco de medo que sejam muito usados como inocentes úteis. O Brasil de hoje é bárbaro, grosseiro, estúpido, como nunca visto antes. Por inocente útil todos nós passamos, faz parte da vida, dos arranjos sociais; o problema é o grau e quem nos leva. Imagine só, lá ouvi a fofoca que o Tato, Secretário de Transportes, que, também por fofoca, nos primeiros dias da administração Haddad foi contra a bicicleta, hoje, quem diria, está pedalando diariamente. Populismo faz milagres! E ainda que vão fazer uma reunião em Brasília para definir o futuro da bicicleta. Ops? Não fizeram porra nenhuma nestes 11 anos de PT, agora, em cima das eleições, estão chamando para reuniões? Cadê o Semob? Cadê o Bicicleta Brasil? Desculpem, fizeram, o IPI zero para automóveis, que desintegrou as cidades, piorou muitíssimo as mobilidades, aumentou a violência urbana, o desnível social..., e encurralou o setor automobilístico (é divertido ficar repetindo isto). A bicicleta ganhou nesta história, mas se é para ganhar assim... prefiro perder.
Minha preocupação com esta meninada é infinitamente menor que minha certeza que o trabalho que fazem é de ótima qualidade. São esforçados, sérios, trabalhadores, inteligentes, acima de tudo dignos. Estão amadurecendo rapidamente. Aliás, já são bem maduros, o que lhes falta, e ainda me preocupa, virá com o tempo. Assim é a vida.

O interessante que estou ouvindo Concert for George, e está tocando Something, do George Harison, música do Abbey Road dos Beatles. Abre com o McCartney tocando um parente do cavaquinho num crescente informal e leve de instrumentos até a entrada do Eric Clapton e todos convidados para finalizar num ‘somethig’ de arrepiar. Casa com a história, minha e de Renata, e da bicicleta. Abbey Road original é de 1969. Naquele ano gastamos o disco de tanto toca-lo em nossas férias de Guarujá, onde tínhamos liberdade para conversar, pedalar e aprontar juntos, exatamente como os primeiros acordes do McCartney neste Something do concerto. Depois de uma curta separação típica de vestibular e faculdade, quis a vida e a força do carinho que sempre tivemos um pelo outro, e da bicicleta que nos juntou novamente, que começássemos um caminho nisto que hoje é chamado de ativismo. Renata, com sua inteligência e gênio forte, à frente fazendo crescer forte o novo estilo no público, e eu, um tanto avesso ao social, nos bastidores. Os primeiros tempos, o início do mountain bike aqui em São Paulo, foi de poucos instrumentos, leves, alegres. E finalmente, com a entrada desta nova tropa de ciclo ativistas, a música ganhou ares de orquestra. 

Boa sorte a esta nova geração. Parabéns pelo trabalho. Sigam em frente. Eu vou pegar onda. Abraços e beijos.

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