Infelizmente em algumas cidades as melhorias para o uso da bicicleta só saem a tapa. Parece não importar às autoridades que o número de ciclistas circulando aumente a cada dia e com este fenômeno os problemas consequentes do abandono e desordem provocada pela ausência do próprio poder público. Só depois de muito incidente, acidente, muita imprensa, muita pressão popular, algumas infelizmente pesadas e desagradáveis, é que o Poder Público se mexe. Tem sido assim mundo afora principalmente em cidades que tem uma qualidade de vida baixa ou que são diretamente desumanas.
A bicicleta
sempre empurrou os espíritos a lutar por seus direitos. Movimento
cicloativista, como é chamado hoje em dia, existe desde os primórdios destes
veículos de duas rodas. Paris, Londres e várias outras mais importantes capitais
e cidades da época chegaram a ver manifestações imensas, com milhares de
ciclistas organizados, já bem antes de 1900. Com apoio dos clubes de ciclismo
movimentos forçaram mudanças sociais: melhorias nas condições de trabalho, maiores
liberdades para mulheres, voto feminino, melhorias para a condição de uso da
bicicleta, construção de vias especiais... O que acontece hoje não é novidade,
a não ser pela posição anacrônica, portanto vergonhosa das autoridades.
Um dos
focos atuais de luta em São Paulo é a construção da Ciclovia Eliseu de Almeida,
uma importante ligação entre os bairros dormitórios e o trabalho da Zona Oeste.
Muitos ciclistas passam por esta avenida, que é caminho alternativo entre a Rodovia
Raposo Tavares e a completamente saturada av. Francisco Morato, corredor de
ônibus e continuação da BR 101, Regis Bittencourt. Boa parte dos ciclistas vai
pela Eliseu de Almeida porque é fundo de vale, portanto plana, e muito menos
movimentada. O que eles não sabem e o detalhe desta história: há um projeto de
ciclovia que deveria estar pronto faz muito tempo.
A Ciclovia
Eliseu de Almeida faz parte de um projeto maior, que inclui uma segunda ciclovia
ligando a própria Eliseu à favela Paraisópolis, passando pelo Estádio do
Morumbi, o do São Paulo Futebol Clube, e uma rede cicloviária complementar de
95 km no interno dos bairros. Este projeto complementar propõe a reurbanização,
paisagismo, recuperação 7 córregos, criação de novos parques, melhorias para
pedestres, pessoas com deficiência, etc... Bicicletário, para-ciclos, ruas
acalmadas, melhoria de calçadas, totens indicativos e explicativos, ponte para
ciclistas e pedestres, plano de educação, monitores-ciclistas... Foi colocado no
projeto muito trabalho e dinheiro público, privado e internacional (ITDP.org).
Mesmo quem
acompanhou o projeto não sabe ao certo o que aconteceu, porque não foi construída
pelo menos a Ciclovia Eliseu de Almeida, o trecho mais necessário e urgente.
Não faz muito morreu um ciclista ali, o que reacendeu os ânimos. Dá raiva porque
o processo foi todo bem amarrado e tinha tudo para sair. Contam que, mais uma
vez o determinante foi o poder da assinatura de uma única pessoa, que
simplesmente não quis. A lei assim o diz. Ponto final. O fato é que além da
necessidade do ciclista qualquer melhoria cicloviária traz benefícios para toda
a população, em especial para mulheres, mães, crianças, idosos, o que está
provado e comprovado por inúmeras experiências.
São poucas
as cidades do Brasil que tem um grupo de cidadãos usuários da bicicleta tão bem
articulados e com tamanha capacidade de pressão coletiva. E eles estão se
mexendo. Como referência e querendo ajudar entre em contato com http://www.ciclocidade.org.br/.
No projeto, haveria uma ciclovia no canteiro central ao se terminarem as obras. O local é PERFEITO para uma ciclovia, porque:
ResponderExcluir1- Como o Arturo já citou, é uma avenida plana em meio à topografia acidentada do entorno (Morumbi, Taboão, Butantã)
2- O canteiro central é bem largo, sem vegetação.
3- Possibilita uma ligação direta desses bairros e adjacências até a USP, Jockey Club e Marginal do Pinheiros, e portanto, até a ciclovia dessa Marginal.
4- Não é necessário desapropriar nada, tirar faixa de rolamento de carros, nada, nada. Está tudo pronto!
5- O número de ciclistas que utilizam a avenida já é grande, mais de 500 diariamente, mesmo com o asfalto péssimo de muitos trechos e o grande número de veículos.
Lendo seu post lembrei que recebi um informativo/propaganda nesses dias que antecederam o primeiro turno das eleições. Era do Marco Aurélio Cunha, vereador pelo PSD, informando que por emenda parlamentar dele, o canteiro central (pseudo ciclovia) da av. sumaré estava sendo reformada. Po%%@, a ciclovia da Eliseu é tão mais importante (e olha que moro do lado da sumaré). Enfim. Será que pressionar algum vereador não ajudaria. Com certeza, seria feito nas coxas e fora do projeto original.... Enfim, entendeu porque nos contentamos com pouco, Arturo?
ResponderExcluirA pseudo ciclovia da Sumaré não é mais pseudo - nem ciclovia. Com a reforma de 700 milhões do vereador Cunha ela virou uma cachorrocorredorovia.
ExcluirÉ isso que sai quando os vereadores são pressionados. Naquele mato só cachorro entra.