quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sai Eliseu, sai! Movimento de reivindicação


Infelizmente em algumas cidades as melhorias para o uso da bicicleta só saem a tapa. Parece não importar às autoridades que o número de ciclistas circulando aumente a cada dia e com este fenômeno os problemas consequentes do abandono e desordem provocada pela ausência do próprio poder público. Só depois de muito incidente, acidente, muita imprensa, muita pressão popular, algumas infelizmente pesadas e desagradáveis, é que o Poder Público se mexe. Tem sido assim mundo afora principalmente em cidades que tem uma qualidade de vida baixa ou que são diretamente desumanas.

A bicicleta sempre empurrou os espíritos a lutar por seus direitos. Movimento cicloativista, como é chamado hoje em dia, existe desde os primórdios destes veículos de duas rodas. Paris, Londres e várias outras mais importantes capitais e cidades da época chegaram a ver manifestações imensas, com milhares de ciclistas organizados, já bem antes de 1900. Com apoio dos clubes de ciclismo movimentos forçaram mudanças sociais: melhorias nas condições de trabalho, maiores liberdades para mulheres, voto feminino, melhorias para a condição de uso da bicicleta, construção de vias especiais... O que acontece hoje não é novidade, a não ser pela posição anacrônica, portanto vergonhosa das autoridades.

Um dos focos atuais de luta em São Paulo é a construção da Ciclovia Eliseu de Almeida, uma importante ligação entre os bairros dormitórios e o trabalho da Zona Oeste. Muitos ciclistas passam por esta avenida, que é caminho alternativo entre a Rodovia Raposo Tavares e a completamente saturada av. Francisco Morato, corredor de ônibus e continuação da BR 101, Regis Bittencourt. Boa parte dos ciclistas vai pela Eliseu de Almeida porque é fundo de vale, portanto plana, e muito menos movimentada. O que eles não sabem e o detalhe desta história: há um projeto de ciclovia que deveria estar pronto faz muito tempo.

A Ciclovia Eliseu de Almeida faz parte de um projeto maior, que inclui uma segunda ciclovia ligando a própria Eliseu à favela Paraisópolis, passando pelo Estádio do Morumbi, o do São Paulo Futebol Clube, e uma rede cicloviária complementar de 95 km no interno dos bairros. Este projeto complementar propõe a reurbanização, paisagismo, recuperação 7 córregos, criação de novos parques, melhorias para pedestres, pessoas com deficiência, etc... Bicicletário, para-ciclos, ruas acalmadas, melhoria de calçadas, totens indicativos e explicativos, ponte para ciclistas e pedestres, plano de educação, monitores-ciclistas... Foi colocado no projeto muito trabalho e dinheiro público, privado e internacional (ITDP.org).

Mesmo quem acompanhou o projeto não sabe ao certo o que aconteceu, porque não foi construída pelo menos a Ciclovia Eliseu de Almeida, o trecho mais necessário e urgente. Não faz muito morreu um ciclista ali, o que reacendeu os ânimos. Dá raiva porque o processo foi todo bem amarrado e tinha tudo para sair. Contam que, mais uma vez o determinante foi o poder da assinatura de uma única pessoa, que simplesmente não quis. A lei assim o diz. Ponto final. O fato é que além da necessidade do ciclista qualquer melhoria cicloviária traz benefícios para toda a população, em especial para mulheres, mães, crianças, idosos, o que está provado e comprovado por inúmeras experiências.

São poucas as cidades do Brasil que tem um grupo de cidadãos usuários da bicicleta tão bem articulados e com tamanha capacidade de pressão coletiva. E eles estão se mexendo. Como referência e querendo ajudar entre em contato com http://www.ciclocidade.org.br/.




3 comentários:

  1. No projeto, haveria uma ciclovia no canteiro central ao se terminarem as obras. O local é PERFEITO para uma ciclovia, porque:

    1- Como o Arturo já citou, é uma avenida plana em meio à topografia acidentada do entorno (Morumbi, Taboão, Butantã)
    2- O canteiro central é bem largo, sem vegetação.
    3- Possibilita uma ligação direta desses bairros e adjacências até a USP, Jockey Club e Marginal do Pinheiros, e portanto, até a ciclovia dessa Marginal.
    4- Não é necessário desapropriar nada, tirar faixa de rolamento de carros, nada, nada. Está tudo pronto!
    5- O número de ciclistas que utilizam a avenida já é grande, mais de 500 diariamente, mesmo com o asfalto péssimo de muitos trechos e o grande número de veículos.

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  2. Lendo seu post lembrei que recebi um informativo/propaganda nesses dias que antecederam o primeiro turno das eleições. Era do Marco Aurélio Cunha, vereador pelo PSD, informando que por emenda parlamentar dele, o canteiro central (pseudo ciclovia) da av. sumaré estava sendo reformada. Po%%@, a ciclovia da Eliseu é tão mais importante (e olha que moro do lado da sumaré). Enfim. Será que pressionar algum vereador não ajudaria. Com certeza, seria feito nas coxas e fora do projeto original.... Enfim, entendeu porque nos contentamos com pouco, Arturo?

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    1. A pseudo ciclovia da Sumaré não é mais pseudo - nem ciclovia. Com a reforma de 700 milhões do vereador Cunha ela virou uma cachorrocorredorovia.
      É isso que sai quando os vereadores são pressionados. Naquele mato só cachorro entra.

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