A primeira vez que me chamaram muito a atenção foi em Nova Iorque, por volta de 2010, principalmente pela forma completamente anárquica como eram usadas pelos entregadores de mercadorias. Para eles, a maioria de origem oriental, provavelmente chineses, não havia regra nem lei. Vinham de todo lado, de qualquer forma, em qualquer velocidade, e, não sei por que, todas com saco plástico branco cobrindo o selim. Uma verdadeira loucura. “Quando você compra uma (bicicleta elétrica) você ganha dois destes orientais malucos, para quando o primeiro ficar num acidente você poder continuar as entregas com o segundo”, brincava eu.
Não me
interessei pelo assunto nem quando a Porto Seguro lançou, com muita propaganda,
as primeiras elétricas Made in Brazil. Teria tido acesso a uma com certa
facilidade, mas não quis.
Hoje aqui
em São Paulo já começa ser normal ver algumas bicicletas elétricas circulando.
Homens de terno, mulheres bem vestidas, e até mesmo alguns esportistas de fim
de semana pedalando na subida mais rápido que a gordura certamente permitiria.
Sucederam as adaptações de motores 2 tempos em bicicletas normalmente de
qualidade bem precária, que em sua maioria provavelmente rapidamente
desintegrou – literalmente.
Já faz um
bom tempo que o Reginaldo Paiva, Coordenador da Comissão de Bicicletas da ANTP,
Associação Nacional de Transportes Públicos – http://portal1.antp.net/site/default.aspx
- está cantando a bola, até bem pouco praticamente sem retorno, que a questão
da bicicleta elétrica tem que ser vista com atenção e que urge fazer alguma
coisa para organizar sua existência. Sei como é porque venho a mais de 30 anos
gritando pela qualidade da bicicleta no Brasil sem que praticamente ninguém dê
ouvidos. Se a quantidade de gente que se arrebenta em bicicletas de baixa
qualidade é absurda e não se faz nada, por que pular para o próximo tema, as
elétricas? - Pensamento errado! Por que não tentar evitar um novo complicador,
o próximo motivo para o caos? – Pensamento correto. Quem sabe as elétricas
abrem as portas para a qualidade das bicicletas? Não custa sonhar.
E na
última reunião da Comissão da Bicicleta da ANTP, que guardou um espaço especial
sobre as elétricas, lá fui eu e dei com uma sala lotada de gente que sabe para
o que veio e onde quer chegar, alguns bons representantes da sociedade civil, indústria
e de seis cidades: São Paulo, Santos, Campinas, Sorocaba, São Caetano, São
Carlos. E ai caiu minha fixa que o problema é maior do que meus olhos
distraídos percebem. Ou se acerta agora ou teremos mais um veículo para
confundir a lógica do bom senso.
Para todos
está claro que urge a regulamentação das bicicletas motorizadas, tanto para controlar
a qualidade do mercado como para estabelecer um padrão jurídico sobre o assunto.
Está em jogo a definição legal do que é uma “bicicleta elétrica”, suas
atribuições técnicas.
A outra
questão, também urgente, é que o pessoal da reunião diz que já há muitas
reclamações de ciclistas que se sentem agredidos por (condutores de) elétricas,
principalmente quando partilham a mesma ciclovia. Me faz lembrar a velhinha enlouquecida
que circulava a milhão pelas ciclovias de Amsterdam numa cadeira de rodas de 2
tempos. Imagino que aqui no Brasil, com toda a ortodoxia dos ciclistas com
relação a seus direitos (a tudo e contra todos), ser ultrapassado por um
ciclista eletricamente motorizado deve causar ataques de irritações e fúrias. “Como
pode?” “Tem que ir para a rua, com os carros...” “A ciclovia é nossa....”
Tirando os
exageros e falando sério: não chegamos sequer a um mínimo de equilíbrio nas
relações entre os automóveis, ônibus e caminhões e todo e qualquer modal de
transporte que não seja motorizado. Muitos dos problemas desta novíssima safra
de ciclistas são causados pelos próprios, mas justamente agora que a bicicleta está
recebendo alguma infraestrutura é uma sacanagem permitir a invasão de outros veículos,
desregulamentados e muito mais rápidos. A eterna inexistência do poder público
como órgão regulador dos conflitos normais de uma sociedade pode fazer da
bicicleta elétrica uma fábrica de tomates amassados. Cabe a sociedade civil propor
e pressionar soluções.
Arturo,
ResponderExcluirComo defensor da bicicleta elétrica, veja que não são mais rápidas que as normais (as de boa qualidade com cambio. Nos EUA está regulamentada a velocidade máxima de 25km/h e na Europa dependendo do país a 30km/h. Não regulamentação aqui no Brasil e espero que não tenha, pois as autoridades vão fazer merda. Ninguém atropela ninguém por causa disso. O grande problema como você deve saber muito bem, é o condutor irresponsável que se vê em carros, motos e até carroças puxadas por burros. Deixa quieto que o mercado se acomoda dentro da "bagunça Brasil". Abraço, Luiz
Arturo, tenho uma elétrica que deve chegar a uns 20 - 25 km/h e acho que esse é o limite de velocidade adequado para ser usada em ciclovias e ciclofaixas, acima disso, deixa de ser "bicicleta". Assim como vc, espero por uma regulamentação - séria - para evitar que meia dúzia de usuários irresponsáveis - que usam motores potentes em ciclovias e ciclofaixas e realmente usam a potência dos motores - acabem com a imagem dessa ótima opção de mobilidade.
ResponderExcluirGde abraço
Outro dia, fui passear com a minha esposa e a minha filha pequena no Leblon.
ResponderExcluirFiquei assustado com o que vi. Várias bicicletas circulavam pela calçada a uma velocidade desapropriada. Ainda ouvi: Nossa, hoje está impossível de andar aqui.
Bicicleta na calçada? Calçada cheia. E ainda mais elétrica. Isso ainda vai dar algum problema.
Acho que a melhor maneira se classificar esses veículos é como é feito na Europa: se tem acelerador igual moto é uma MOPED. Se o motor (elétrico) só é acionado pelo ato de pedalar, portanto funcionando como um auxiliar, é uma PEDELEC. A experiência de conduzir estas últimas é semelhante à de uma bicicleta normal. Já as MOPEDS são ciclomotores elétricos, não deveriam ter a mesma regulamentação de bicicletas.
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