terça-feira, 8 de setembro de 2020

A revitalização da agenda urbana: de novo? Até quando?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

A revitalização da agenda urbana (Opinião; O Estado de São Paulo) só vira quando houver o interesse da sociedade brasileira em viver coletivamente. Podemos chamar de coletivo viver junto, desconhecendo e temendo até o vizinho de porta, protegendo-se em meio a grades, muros, fortalezas e seguranças particulares, sempre olhando cuidadosamente para interesses próprios? Existe cidade onde "o que é público não é de ninguém"? Há muito vivemos o "nós e eles", onde civilidade foi substituída por particularidades bem particulares, o que vem refletindo diretamente na vida e desenvolvimento de nossas cidades. Para revitalizar nossas cidades precisamos entender no que a transformamos.
Jorge Wilheim em seu livro "Projeto São Paulo, propostas para a melhoria da vida urbana", de 1982, e que em boa parte fez parte do Projeto de Governo Franco Montoro para o Estado de São Paulo (1983 - 1987), em linhas gerais já propunha o que é agora reapresentado pelo manifesto lançado pelo CAU/BR - Eleições municipais: entidades de Arquitetura e Urbanismo lançam Carta aos Candidatos. Pouco saiu do papel. Por que? As cinco diretrizes do manifesto: • Arquitetura e Saúde: O papel dos arquitetos e urbanistas como promotores da saúde pública nas cidades; • Cidades Sustentáveis: Urbanismo e meio ambiente: como reinventar as cidades no pós-pandemia?; • Governança e Financiamento: Cidades não se fazem de improviso. Como torná-las menos desiguais?; • Paisagem e Patrimônio: Qualidade de vida nas cidades: paisagens e história; e • Mobilidade e Inclusão: Circulando pela cidade: novas dimensões da mobilidade urbana; são questões que já foram apresentadas inúmeras vezes e que deveriam estar minimamente resolvidas nas cidades brasileiras. Por que pouco ou nada se fez? Por que chegamos a esta bagunça? Sem ter respostas honestas nada mudará. Fora o "pós pandemia" são temas praticamente obsoletos no hemisfério norte do planeta. Das 51 propostas chama atenção a citação da preservação da memória urbana, que nestas últimas décadas foi estraçalhada em nome de propagandas baratas e enganosas. Sem memória, sem olhar para trás, não há futuro.

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