terça-feira, 31 de julho de 2018

a sensatez de uma punição merecida

Lá pela década de 70 uma das cidades mais sujas da França era a que ficava do outro lado do lago e mais próxima de Lausanne, Suíça. Quem contou isto foi Bernard Zen Ruffinen, um suíço. A razão era simples: os suíços cruzavam o lago e iam se divertir com a liberdade que tinham na França. Na Suíça jogar qualquer coisa no chão é ter problema certo, tanto com a polícia como com os locais sempre atentos à boa ordem das coisas e sem o menor constrangimento em apontar o dedo para quem faz coisa errada. Outra história veio do Dani, outro suíço, que vivia no Brasil e já tinha se acostumado à falta de regra do trânsito brasileiro. Numa cidade suíça pequena, praticamente sem trânsito, ele cruzou a rua fora da faixa de pedestre. Um motorista viu, parou o carro e foi dar uma tremenda bronca. Chatice? Desnecessário? Por isto eles são a Suíça e nós somos...
NY não foi a primeira cidade a ter a política de tolerância zero, mas é a mais conhecida. Demorou, mas deu certo; hoje NY é uma cidade segura, cheia de turistas, que continua se recuperando de um tempo onde tudo foi permitido. A mudança ocorreu porque ficou provado que ilegalidade, irresponsabilidade, inconsequência tem um custo alto e empobrece todos, independente do nível social, e inviabiliza o futuro. 

Proposta de lei descartada 
Quando mandei as propostas projetos de lei do que viria a ser este Código de Trânsito Brasileiro promulgado em 1997 estavam algumas que não foram aprovadas e uma em particular que foi descartada de cara por considerada absurda. Pois bem, a descartada propunha que acidentes provocados por infrações gravíssimas tirasse o direito do responsável de ter atendimento gratuito no sistema de saúde. Provocou o acidente, não só paga pelos danos à terceiros, à coisa pública, custos para a sociedade (congestionamento) e próprio tratamento. Malvado? São Paulo chegou a ter mais de 30% dos leitos hospitalares ocupados por motoboys que se orgulhavam em ser chamados de "cachorros locos". Até pouco eram 70 atendimentos \ dia de SAMU e ou Corpo de Bombeiros, com seus respectivos congestionamentos monstros e custos imensuráveis. Mossoró chegou a ter 78% dos leitos ocupados por motociclistas. Estes números se repetem neste Brasil afora sem lei. Acidentes absurdos, idiotas, injustificáveis, com um custo altíssimo, direto e indireto, imediato, de médio e longo prazo. E que se danem os outros que necessitam de tratamento médico.
Bumbum lindo? No bumbum de quem?
Lembrei da história deste projeto de lei considerado absurdo e imediatamente descartado por causa da confusão que está dando a mulherada querer ficar com bumbum lindo a qualquer custo; o maior gerador de notícias do momento. Fora a questão da pobreza de espírito como as mulheres brasileiras veem e entendem o que é beleza, que por si só é deprimente, existe a questão de quem é a responsabilidade legal sobre os erros que estão acontecendo. É do Estado que não fiscaliza? Dos órgãos responsáveis pela medicina? Das pseudo médicas e charlatonas? E de mais ninguém???? As irresponsáveis que foram atrás da beleza a qualquer custo são vítimas? As pseudo médicas e charlatonas sem dúvida são claramente culpadas. E sem dúvida as que aceitaram correr risco na busca da beleza a qualquer custo, seja pela lei quanto pela burrice sem tamanho, o pior de tudo. Hora, quem não cumpre a lei, mesmo que seja por desconhecimento, não incorre em crime? Sim, incorre em crime. Ponto final. As vítimas não são só vítimas, neste caso são responsáveis pelos próprios atos. De novo, quem paga os custos da palhaçada somos todos nós. 

Temos que parar de passar a mão na cabeça dos que fazem coisas erradas, conscientes ou não de seus atos ilegais. Porque toda a população tem que pagar um dizimo para cobrir a imbecilidade do próximo? Mesmo em situações menos polêmicas como o simples entortar um poste, derrubar uma árvore, quebrar um muro numa colisão você alguma vez em sua vida ouviu que o estado veio cobrar pelos danos ao patrimônio público? 

Que Brasil você quer? Eu quero um Brasil com direitos e deveres, um Brasil sem coitadinhos, onde se cumpra a lei e a maioria não pague pelos erros e inconsequências de uma minoria irresponsável. 

segunda-feira, 30 de julho de 2018

lixeiras subterrâneas X mapas e postes

Até que enfim estão começando a instalar as primeiras lixeiras subterrâneas em algumas cidades do Brasil. Do lado de fora é uma lixeira comum, mas abaixo dela há um grande depósito de lixo que é limpo de tempos em tempos por um caminhão especial. É fácil encontra-las lá fora. As vantagens são inúmeras: é quase impossível transbordar, o volume de resíduos recolhido é grande, a sujeira não fica a vista, não emite cheiro, evita ratos e baratas... É civilizado, mais barato, mais sensato. A população vai adorar. 
O problema é que na maioria de nossas cidades grandes não temos mapas de subterrâneo, portanto é difícil saber onde é possível cavar para instalar uma destas volumosas lixeiras. Se na minha rua, que foi totalmente reconstruída faz uns 8 anos o pessoal não sabe por onde passa o que, imagine numa rua comum onde cada companhia de serviço público cava onde quer para passar seus canos e ou dutos? Tem outro problema, os postes. Estas lixeiras costumam ser instaladas nas esquinas, exatamente onde aqui no Brasil se faz plantação de postes. Você já contou quantos postes tem numa esquina? Poste é poste, portanto têm contar os postes de luz, os de energia, mais os postes de sinalização, os de semáforo, e em muitas esquinas os de orientação, aqueles que indicam um caminho. Quantos postes! Então, onde se encontra espaço para a instalação de lixeiras modernas? Quanto custa contornar estes detalhes de nossas cidades?
Será que um dia teremos bicicletários subterrâneos como os de Tóquio? Eu duvido. 
Tem gente que não entende quando eu tanto martelo sobre a importância dos mapas urbanos. Tai um exemplo, dos muitos que se pode dar justificar a existência de mapas corretos do solo, subsolo, e de corte das construções. 







terça-feira, 24 de julho de 2018

Nos falta agir!

Um especial da Folha de São Paulo, E agora, Brasil? Transporte urbano - Um diagnóstico do transporte urbano, os problemas e as propostas vindas de pesquisas, dados nacionais e internacionais e análises, traz mais uma vez apontamento de soluções para o caos que já vivemos há muito em nossas cidades brasileiras e que pelo andar da carruagem só tende a piorar. O texto acima linkado é boa leitura para aqueles leigos que pelo menos esboçam alguma preocupação com o futuro da própria vida. A notícia velha e gasta, que não precisa estar estampada na matéria da Folha, é que nossa sociedade, tão congestionada e poluída, não faz nada consistente para pressionar por melhorias factíveis, sensatas, e principalmente perenes. Zero! Não basta a leitura e falatório; é necessário ação.
Estou lendo O triste fim de Policarpo Quaresma do Lima Barreto, escrito em 1915. Leitura maravilhosa, de uma qualidade rara, mas deprimente: o Brasil praticamente nada mudou nestes 100 anos. Nossa incapacidade de objetividade e de ter bom senso continua praticamente a mesma. As mazelas são praticamente as mesmas.

O nosso problema não é um plano, o que de certa forma já existe por que há mais ou menos um consenso sobre o que se deve fazer, para onde devemos ir. Alguns erros em nosso país são tão grosseiros que não precisamos sequer de plano; temos que agir, consertar, e não repetir os mesmos erros, mas nem isto fazemos. O nosso problema é a inércia completa. Ou será a inépcia completa? Fico com inépcia. 
Até que a molecada, a geração mais nova, conseguiu empurrar bravamente algumas coisas para frente, mas dentro de um plano restrito e com os vícios típicos da juventude, o que leva a saturação de bons resultados em um prazo relativamente curto, prejudica um planejamento maior e a sedimentação do bem e do bom. 
O Como avançar / Propostas para melhorar o transporte urbano no país / Mudar a forma de financiamento do setor, eliminar a prioridade do carro e reduzir vias de trânsito são algumas das sugestões para uma política nacional de desenvolvimento simplesmente repete o óbvio,  o que o planeta civilizado está cansado de saber, fazer, e viver de seus bons resultados. Não faço aqui uma crítica à Folha de São Paulo, muito pelo contrário, dou parabéns. Não há outra forma. Repete, repete, repete, repete, que talvez um dia entre nas cabecinhas. A inércia brasileira é o escárnio do que somos. Inépcia é sempre vergonhosa, mas nem isto nos toca mais.

Como ficaremos depois das eleições? Quem irá mudar nossas vidas? Ninguém além de nós mesmos, de nossa vontade de bem fazer.

O que oito sábios demoraram 40 dias para construir um único imbecil destrói em 4 minutos; ditado árabe. Você prefere ser sábio ou continuar imbecil?

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Brasil bossa nova X Brasil do nunca antes

Ontem foi comemorado os 60 anos da Bossa Nova e fiz questão de soltar um texto em comemoração. Em 1958, quando foi lançado o single 78 de João Gilberto cantando Chega de Saudade eu tinha 3 anos, portanto não fazia a menor ideia do que era o Brasil. A bem da verdade até meus 20 e tantos anos também não fazia. Sabia o que era meu mundinho, já tinha uma boa leitura, era interessado, ouvia, conhecia um pouco deste país, mais que a maioria, mas saber mesmo não sabia. Vou mais longe: poucos sabem.

Nasci e fui criado até os 11 anos no meio do Jardim Europa, rua Sofia 20, uma realidade rica, bonitinha, desértica, solitária para uma criança. O que posso dizer dos anos bossa nova são sensações que captava dos que me rodeavam, gente que tinha orgulho e queria construir um país. Digo país, portanto digo "para todos", não só para a elite que pertenci. Para todos. A palavra de ordem era fazer bem feito, com qualidade, criatividade, com o bom jeitinho brasileiro, o que significava fazer com imaginação e inteligência resolvendo problemas com que se tinha à mão, nem sempre a condição ideal.

Dentro do meu meio social tinha de tudo, o que é normal, mas via de regra era exemplo quem trabalhava a sério, quem não fazia corpo mole, quem procurava tratar com dignidade todos, independente do nível social e educacional. Éramos educados para sim ou sim dar bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, muito obrigado e tratar as pessoas com gentileza e paciência. Todos, sem exceção, inclusive nas camadas mais pobres tinham os mesmos princípios. Naquela época esta civilidade social era patente a todo brasileiro. A ordem repetida com insistência era "primeiro a responsabilidade, depois (se sobrar tempo) a diversão". Gente de má fé ou pouca vontade era exposta e afastada discretamente ou caso necessário de maneira marcante. A busca era pelo bem. Nem tudo era uma maravilha, longe disto, mas a intensão no ar era a melhor possível.

O Brasil era um único país, mesmo dividido principalmente pelo abismo social. De uma forma simplória acreditava-se que o progresso, no sentido da construção de riquezas, ajustaria as coisas e o país teria um futuro brilhante. “Brasil, o país do futuro”. Muito dos erros cometidos foram naturais das situações e dificuldades típicas da época, principalmente a quantidade e qualidade da informação disponível. A saber, na virada dos anos 50 para 60 era comum ficar horas esperando para se conseguir fazer uma ligação telefônica. Poucas estradas eram asfaltadas. Muita gente não tinha sequer acesso ao rádio, a maioria pelo simples fato de não receber energia elétrica. O conhecimento não circulava com facilidade. Sabíamos do grave problema social existente, mas a consciência da realidade era outra, menos sensibilizadora. 

Acredito na boa fé da maioria dos que apoiaram a mudança para o que temos hoje. É óbvio que houve acertos, sempre há. Lá atrás ouvimos e acreditamos em falácias. Hoje são "as verdades" que fundamentaram o Brasil do nunca antes. Acusa-se o passado de tudo o que for possível sem colocar aquele Brasil no correto contexto histórico e mundial. Contextualizada a história ganha peso e medida muito diferente do discurso que é colocado. 
Mas nem isto é preciso para descobrir que o Brasil nunca foi como hoje; podia ter mil problemas, mas não a barbárie. Hoje quem pode foge do país, vai viver fora. 

Espero que a apoteose do Brasil do nunca antes tenha acontecido neste fim de semana de pacadão no TRF4 ao "funk do plantonista maluco". E ainda se tem coragem de dizer que o "Samba do crioulo doido" é politicamente incorreto. Como?
Chega de saudades? Nunca. Saudades que nunca acabam de um Brasil que tinha futuro.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Bossa Nova, 60 anos

"Bossa Nova, 60 anos" com a foto de João Gilberto jovem e seu violão estampado na primeira página do Caderno 2 deste O Estado de São Paulo de 10 de Julho de 2018 remete a anos dourados não só de minha infância. 
No pé desta página uma caixa traz a analise de Luiz Zanin Oricchio com o título "Bossa Nova foi a trilha sonora de um país otimista e seguro de si". Li e não parei de chorar. Onde foram parar os nossos sonhos. Só pode entender que viveu aqueles tempos. 
Para quem não sabe o que esta data significa para este país, faz uns anos, talvez década, fizeram um levantamento para saber quais as 10 músicas mais tocadas em todo mundo e Tom Jobim, portanto muito da Bossa Nova, tem aí 4 músicas: Garota de Ipanema, Wave, Águas de Março, Samba do Avião. A verdade é que Bossa Nova vendeu e continua vendendo ao mundo um Brasil mágico, leve, amigável, numa imagem positiva incomparável. Nada, nem futebol, gravou de forma tão agradável na memória de boa parte da população mundial.

Eu vivi na minha infância e juventude um Brasil que estava sendo empurrado para frente por gente de bem que trabalhava para construir um futuro orgulhoso para todos. Tentava-se também descobrir o Brasil real e tirar o melhor dele. É óbvio que alguns erraram, uns poucos foram ruins, mas no geral era gente do bem, trabalhadora, lutadora, séria, que entendia o que era fazer parte de um país, mesmo quando as diferenças eram grandes. A qualidade de nossa música nos ajudou muito neste espírito nacional, começando com o estouro da Bossa Nova e seguindo em frente com seus frutos, incluindo a Tropicália e seguindo até bons anos depois. Nossa música!

Primeiro lançado em single de 78 rotações com Chega de Saudade em um lado e no outro Bim Bom, também genial. 
Vale a pena ouvir o LP Chega de Saudade lançado em 1959, ainda hoje atual.




segunda-feira, 9 de julho de 2018

Prova Ciclística 9 de Julho 2018 desrespeitada

Hoje aconteceu mais uma a Prova Ciclística 9 de Julho, uma das mais tradicionais provas de ciclismo do Brasil. Fiquei assustado como estava vazia de público. Logo soube que ontem foi realizada uma prova de ciclismo de 3 horas no autódromo de Interlagos. Esta não pode ser realizada na data prevista por causa da greve dos caminhoneiros e então a realizaram ontem, um dia antes da 9 de Julho. Para quem está de fora e gosta do esporte é uma estupidez sem tamanho. 
A Prova Ciclística 9 de Julho é realizada desde 1947 e já foi notícia de primeira página de jornal, teve grande público, foi uma festa para São Paulo. Creio que não estou errado quando afirmo que o ciclismo não foi enterrado por completo em razão da força da 9 de Julho. Está recuperando seu brilho e não dá para entender qualquer razão que ofusque sua importância. 

Encontrei o Perassolo lá. Para quem não sabe, Perassolo tem uma das mais preciosas coleções de bicicletas, peças, acessórios e outros de valor histórico que tenho notícia ou vi. Mesmo quando comparada a coleções da Europa e Estados Unidos o acervo dele é de arrepiar, raríssimo. Bem, era. Sim, era. Pessarolo depois de muita luta não conseguiu apoio para montar seu museu e está vendendo a coleção. Como ele disse "Tem bicicleta que vai desaparecer, vai ficar escondida na casa do comprador e ninguém mais vê-la". Deprimente!

Não consigo acompanhar o que está acontecendo com o acervo do Valter Busto, o mesmo que dava forma ao MUBI, Museu de Bicicleta de Joinville, uma simpatia de museu hoje fechado e despejado. Não consigo porque o coração profundamente triste não deixa. O MUBI ficou aberto e teve grande sucesso de público por quase 20 anos. Era longe o museu mais visitado de Joinville. Por causa de política, segundo Valter, e por conta de nossa legislação imbecil, como todos nós sabemos, o acervo está guardado longe do público, o que é mais um crime contra a história do Brasil, da qual a bicicleta tem uma importância pouco reconhecida. O acervo de Valter é imenso, único. Vergonha!

O Brasil só terá ciclismo de ponta, com representantes no Giro d'Italia, Tour de France e outros, o dia que entender que uma prova como a 9 de Julho é patrimônio histórico esportivo dos brasileiros não só tem que ser preservada, mas respeitada e engrandecida. Patrimônio histórico é crucial para a formação de uma cultura, de um orgulho, da construção de bom futuro. O Brasil nunca mostrou um mínimo de interesse pela preservação de sua história. É vergonhoso.

Sobre a prova deste ano, foi linda, como sempre disputada, várias categorias, premiação, gente feliz, muitos amigos, mas esvaziada. Precisa falar mais?









sexta-feira, 6 de julho de 2018

futuro Macroanel Rodoviário e os ciclistas

É inegável a necessidade da construção do macroanel rodoviário circundando a região Metropolitana de São Paulo. Não dá para pensar numa logística de cargas minimamente racional, crucial para o desenvolvimento e sustentabilidade econômica e social da Metrópole e Estado de São Paulo, e do Brasil, sem esta obra. A matemática econômica é simples: só a região metropolitana de São Paulo responde por mais de 15% do PIB do Brasil. Coloque aí as regiões metropolitanas de Campinas e Baixada Santista com seu porto, o maior e mais importante do país, mais o fluxo de bens vindo do interior e não há o que se discutir.
O ideal seria que esta obra fosse levada adiante em conjunto com um macroanel ferroviário. Ou até mesmo só o macroanel ferroviário, ligado ao anel ferroviário no entorno da Metrópole, sem o rodoviário, utopia, por diversas razões impossível neste momento. O anel ferroviário no entorno da região Metropolitana de São Paulo é prioritário, uma lenga-lenga que nunca termina, até por falta de pressão da população e do setor produtivo. Parece que depois da greve dos caminhoneiros estamos tendo uma luz de inteligência no fim do túnel e a palavra "trem" começa a ser pronunciada apropriadamente.

Por que pressionar desde já:
Um dos maiores problemas de segurança para ciclistas e pedestres são estradas conurbadas, estradas que cortam cidades ou bairros ao meio. O número de acidentes nesta situação, muitos fatais, é alto. A simples implantação de uma passarela local tem se apresentado uma solução de resultados duvidosos ou até inseguros. Por diversas razões muitas das passarelas acabam sub-utilizadas. Em vários locais os acidentes acontecem exatamente debaixo da passarela. Não se pode simplesmente responsabilizar a população que evita o uso das passarelas, há de se buscar a verdade dos fatos e dar soluções que atendam às necessidades reais da população. 
O problema de estradas conurbadas é crítico principalmente no litoral paulista. Quem já viu o pesado trânsito de ciclistas em Bertioga, Guarujá, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, por onde o futuro macroanel rodoviário deve passar, sabe sobre o que estou falando. O problema também existe em menor escala, mas nem por isto menos sensível, em outras locais por onde o projeto deve passar.
ciclista invisível na Dutra
Como exemplo conto que autoridades afirmavam (2011) que não havia ciclistas circulando na Rodovia Dutra entre a Hélio Smidt e Bonsucesso, em Guarulhos, mas uma contagem (oficial) apontou a passagem de um ciclista a cada 27 segundos. Ciclistas e pedestres podem estar invisíveis, mas são fato, existem, estão lá, principalmente em estradas conurbadas.
Se deixarmos que o projeto do marcoanel rodoviário siga seu andar costumeiro a possibilidade de que pedestres, ciclistas e população conurbada, seja deixada para segundo plano é grande. A matéria do O Estado de São Paulo | A10  | Política | quarta-feira, 27 de Junho de 2018  tem como sub título "Plano final terá participação da sociedade" me lembra histórias do passado que sempre se repetem. Fica muito mais barato entender que a realidade mudou e trabalhar desde o início em cima dela, com vistas no futuro. 

Finalmente, tem a questão ambiental, mas vale lembrar que para o meio ambiente não existe nada pior que a pobreza. Riqueza uma série de problemas para o meio ambiente, mas que com inteligência são muito mais facilmente contornáveis (?) que os gerados pela pobreza.

Por onde passará o macroanel rodoviário:
Sorocaba - Campinas: rodovia existente  SP 075
Campinas - Jacareí: rodovia existente - Dom Pedro I
Jacareí - Mogi das Cruzes: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Mogi das Cruzes - Bertioga: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Bertioga - Guarujá: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Guarujá - Santos - Praia Grande: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Praia Grande - Pedro de Toledo / Régis Bitencourt BR 116: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Pedro de Toledo - Juquiá: rodovia existente sinuosa, estreita, completamente inapropriada para um rodoanel
Juquiá - Sorocaba: rodovia existente inapropriada para um rodoanel


É inegável a necessidade da construção do macroanel rodoviário circundando a região Metropolitana de São Paulo. Não dá para pensar numa logística de cargas minimamente racional, crucial para o desenvolvimento e sustentabilidade econômica e social da Metrópole e Estado de São Paulo, e do Brasil, sem esta obra. A matemática econômica é simples: só a região metropolitana de São Paulo responde por mais de 15% do PIB do Brasil. Coloque aí as regiões metropolitanas de Campinas e Baixada Santista com seu porto, o maior e mais importante do país, mais o fluxo de bens vindo do interior e não há o que se discutir.
O ideal seria que esta obra fosse levada adiante em conjunto com um macroanel ferroviário. Ou até mesmo só o macroanel ferroviário, ligado ao anel ferroviário no entorno da Metrópole, sem o rodoviário, utopia, por diversas razões impossível neste momento. O anel ferroviário no entorno da região Metropolitana de São Paulo é prioritário, uma lenga-lenga que nunca termina, até por falta de pressão da população e do setor produtivo. Parece que depois da greve dos caminhoneiros estamos tendo uma luz de inteligência no fim do túnel e a palavra "trem" começa a ser pronunciada apropriadamente.

Por que pressionar desde já:
Um dos maiores problemas de segurança para ciclistas e pedestres são estradas conurbadas, estradas que cortam cidades ou bairros ao meio. O número de acidentes nesta situação, muitos fatais, é alto. A simples implantação de uma passarela local tem se apresentado uma solução de resultados duvidosos ou até inseguros. Por diversas razões muitas das passarelas acabam sub-utilizadas. Em vários locais os acidentes acontecem exatamente debaixo da passarela. Não se pode simplesmente responsabilizar a população que evita o uso das passarelas, há de se buscar a verdade dos fatos e dar soluções que atendam às necessidades reais da população. 
O problema de estradas conurbadas é crítico principalmente no litoral paulista. Quem já viu o pesado trânsito de ciclistas em Bertioga, Guarujá, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, por onde o futuro macroanel rodoviário deve passar, sabe sobre o que estou falando. O problema também existe em menor escala, mas nem por isto menos sensível, em outras locais por onde o projeto deve passar. Como referência conto que autoridades afirmavam (2011) que não havia ciclistas circulando na Rodovia Dutra entre a Hélio Smidt e Bonsucesso, em Guarulhos, mas uma contagem (oficial) apontou a passagem de um ciclista a cada 27 segundos. Ciclistas e pedestres podem estar invisíveis, mas são fato, existem, estão lá, principalmente em estradas conurbadas.
Se deixarmos que o projeto do marcoanel rodoviário siga seu andar costumeiro a possibilidade de que pedestres, ciclistas e população conurbada, seja deixada para segundo plano é grande. A matéria do O Estado de São Paulo | A10  | Política | quarta-feira, 27 de Junho de 2018  tem como sub título "Plano final terá participação da sociedade" me lembra histórias do passado que sempre se repetem. Fica muito mais barato entender que a realidade mudou e trabalhar desde o início em cima dela, com vistas no futuro. 

Finalmente, tem a questão ambiental, mas vale lembrar que para o meio ambiente não existe nada pior que a pobreza. Riqueza uma série de problemas para o meio ambiente, mas que com inteligência são muito mais facilmente contornáveis (?) que os gerados pela pobreza.

Por onde passará o macroanel rodoviário:
Sorocaba - Campinas: rodovia existente  SP 075
Campinas - Jacareí: rodovia existente - Dom Pedro I
Jacareí - Mogi das Cruzes: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Mogi das Cruzes - Bertioga: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Bertioga - Guarujá: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Guarujá - Santos - Praia Grande: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Praia Grande - Pedro de Toledo / Régis Bitencourt BR 116: rodovia existente, possivelmente será ampliada
Pedro de Toledo - Juquiá: rodovia existente sinuosa, estreita, completamente inapropriada para um rodoanel
Juquiá - Sorocaba: rodovia existente inapropriada para um rodoanel

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Piada brasileira na Rússia: uma questão de inteligência


Pegou muito mal as 'brincadeiras' que torcedores brasileiros fizeram com as russas no início da Copa. Não vi os vídeos, mas para dar tanta notícia devem ter sido bem inapropriadas. É desnecessário ressaltar que não há nenhuma novidade neste tipo de comportamento canarinho em campos do exterior.
Ter limites é imprescindível, mas quais limites? Que forma de limites? Eis a questão.

Do Brasil de hoje ainda resta uma imagem internacional de país alegre e cordial. Onde está o limite entre a alegria e o exagero desagradável? A resposta está na inteligência. Brincadeiras devem ter um mínimo de inteligência ou se transformam em desagradáveis ou até mesmo em situações abomináveis.

Diz o budismo que "não existe liberdade sem disciplina". Assim como não existe liberdade sem inteligência, e aqui está o ponto. O nosso problema é que chegamos aqui, neste hoje do Brasil do nunca antes, sem disciplina e muito menos inteligência. Disciplina social para entender a importância do coletivo, do conjunto, da civilidade. A inteligência perdemos há muito com esta história de querer fazer justiça social dando todo apoio a todo e qualquer tipo de pobreza. Pobreza de bens é uma coisa; pobreza cultural, intelectual ou de civilidade é outra completamente diferente. "Quem gosta de pobreza é intelectual pois pobre gosta mesmo é de luxo" afirmou o genial e saudoso Joãozinho Trinta. Diria eu que 'quem gosta de pobreza ou é medíocre ou tem profunda má fé'. Não se constrói distribuindo pobreza. A única forma de construção é distribuir riqueza.

O comportamento inapropriado de brasileiros lá fora começa aqui dentro do Brasil, em cada segundo ou centímetro de nossa sociedade. Estamos um país pobre porque matamos nossa inteligência. Diversão brasileira é na base do pancadão, muita cerveja (e outras cositas mas), churrasquinho, conversa alegre de bêbados... (dane-se o vizinho!) ditas expressões populares que devem ser estimuladas e ressaltadas, segundo muitos.
A verdade é que com distorções ocorridas nas últimas décadas o Brasil se transformou numa piada asquerosa: um dos mais injustos, violentos, corruptos, pobres... A piada brasileira na Rússia não passa de um reflexo fiel do Brasil brasileiro de hoje.
O Brasil do nunca antes que deveria ter sido o primeiro passo para um ajuste social mais que necessário e urgente, deu lugar a um politicamente correto medíocre e feroz, que confunde correto com condenação sumária e castra o exercício da boa brincadeira em nome de liberdades e direitos. Castra porque não fala em nome da razão libertária, mas do ódio, da revanche, de ideologias nada funcionais. Aí vira uma confusão o que é liberdade e o que é libertinagem. E dá nisto.

“As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade” - Umberto Eco
Em nome de uma pretensa justiça deram asas para os imbecis. Agora, a quem interessa esta libertinagem generalizada?