segunda-feira, 9 de abril de 2018

Neta feliz

Faz uns dias tive a benção de ver minha neta, Maria Clara, rindo, feliz, brincando, atormentando o irmão Guilherme. Normalmente está com cara fechada, enclausurada no celular como a maioria dos de sua idade adolescente. Seu rosto descontraído, dentes expostos, fala divertida, gestos soltos e inconsequentes, me fez dormir feito um anjo. Está viva! Há vida na frente daquela telinha do celular.
Ela não faz nada além de refletir a sociedade que está em volta. Outro dia sua mãe teve a ousadia de checar as mensagens dentro do cinema. Estou furioso até agora. A primeira vez que vi acontecer uma situação destas metade da plateia se levantou e quase arrancou a tapas do cinema o idiota e seu celular. Hoje a falta de respeito é generalizada e é raro alguém reclamar.
Não é só uma questão de respeito, mas de saúde mental. A cada dia saem mais estudos científicos provando que a era digital, em especial o celular, é uma droga viciante tão perigosa quanto bebida ou crack. Mesmo que não fosse, está sendo um exagero e isto é perigoso.
A era digital explodiu o tempo, fragmentou tudo em nano pedacinhos. Biologicamente somos exatamente os mesmos de sempre. Esta brutal mudança está pondo a prova nossa incrível, praticamente ilimitada, capacidade de adaptação. Será que vai dar certo? Todos estes progressos são tão maravilhosos como parecem? Se todo progresso é assim maravilhoso, porque o automóvel está sendo tão contestado? É simplesmente uma questão de equilíbrio. Nos recusamos a aprender com o passado, com os fatos incontestáveis.

Aos 17 anos vi um amigo, completamente chapado, perder a noção de que lado do espelho estava. Não sabe até hoje. Surtou e nunca mais voltou.
Surtamos. Alguém tem dúvida disto?



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