segunda-feira, 12 de outubro de 2015

o sinal de Mariana

Acabei de passar por uma situação que oferece mais uma possibilidade da causa do acidente fatal da jovem ciclista modelo Mariana. Eu vinha pela av. Faria Lima e um pouco antes do cruzamento onde aconteceu o acidente olhei para o semáforo e vi a luz verde para os ciclistas. Continuei pedalando e tirei o olho do semáforo. Voltei a olhar para ele quando estava praticamente no cruzamento e o semáforo estava verde. Quando estava cruzando a rua Chopin Tavares de Lima percebi que eu estava no semáforo verde para o ônibus. A luz verde para o ônibus é muito mais forte que a vermelha para os ciclistas, e uma está colada na outra, tornando a luz vermelha quase invisível. Ou seja, no momento de distração o verde passou do semáforo do ciclista para o semáforo do ônibus, e como os dois semáforos estão juntos, encostados e alinhados, eu simplesmente não percebi.  Meu cérebro fez uma linha contínua e única dos dois sinais verdes.
Eu gostaria de ver o laudo da Perícia para o acidente de Mariana. Será que eles vão levar em consideração o problema de sinalização, ou seja, o erro técnico de projeto e implantação? Ou mais uma vez se vai ficar na dualidade da responsabilidade ou do ciclista ou do motorista? 
Em que momento se vai acionar a Justiça pela responsabilidade técnica do poder público? Em que momento a sociedade vai se interessar por estes detalhes cruciais?

3 comentários:

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  2. Não sei se no Brasil acontece algo pareceido, mas aqui na Europa algumas pessoas começam a questionar o uso da palavra "acidente" em eventos como este. Aqui se começa a defender que o termo "acidente" implca em ausência de culpa, o que induz a um sentimento de impunidade no trânsito. Quando lemos ou escutamos na midia sobre um "acidente", aceitamos a possibilidade da inexistencia de culpados, a partir dai, conscientemente ou não, nos condicionamos a um comportamento irresponsavel nas ruas.
    Aqui, como ai, é raro um motorista ser responsabilizado por um acidente salvo quando alguma lei foi evidentemente quebrada, e é isso que este movimento tenta mudar. As pessoas devem ser conscientes que subir em um automovel de uma tonelada e o acerelar a 50 km/h é algo que envolve riscos muito importantes, e que ao assumir este risco as pessoas devem assumir a responsabilidade por possiveis consequencias. Um pedestre ou um ciclista assumem esta responsabilidade quase que automaticamente pois, na maioria das vezes, as consequencias recaem sobre si proprio mas, na grande maioria dos casos, os motoristas e, aparentemente, os engenheiros de trafego, não são capazes de levar isso em conta quando assumem o seu papel de agentes de risco.
    Entendo que neste caso a culpa pende para o lado do engenheiro responsavel pelo projeto de fluxo e sinalizaçao, ou talves na execuçao, realmente nao posso dizer, mas o principio é o mesmo. Devemos evitar chamar de acidente quando uma ou mais pessoas que deveriam conhecer os riscos envolvidos, os aceitaram de forma irresponsavel.
    (desculpe a falta de acentos... teclado frances ;)

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  3. Nich, ótimo comentário. Não sei como a justiça brasileira entende a palavra "acidente", mas sei que um dos grandes problemas é a papelada usada para o julgamento e estabelecimento de pena. É frequente que o julgamento dê problema porque alguma burocracia não foi corretamente apresentada, perícia, B.O., apresentação do processo, procedimentos de advogados inexperientes... Para se ter ideia da bagunça brasileira, o Estado de São Paulo é o que tem o melhor índice (um ano luz a frente dos outros estados) de crimes que são julgados: 20%. São Paulo é um oásis. Em alguns estados os índices são próximos a zero e mesmo assim pouco confiáveis. abraço

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